Blue Roses And Tears escrita por nataliafairy


Capítulo 10
Capítulo 9 - Quebra-cabeças part 1


Notas iniciais do capítulo

Nenhum personagem de HP nos pertence, é tudo da queridona Jk. Os personagens que nos pertencem são os criados por nós (dããã!) em prol da história de universo altenativo Blue Roses and Tears.



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Nunca pensei que poderia me sentir assim.

Como se nunca tivesse visto o céu antes.

Quero desvanecer dentro de cada beijo seu.

Todos os dias eu te amo, mais e mais.

Ouça meu coração, pode ouvi-lo cantar?

Dizendo-me que te dê tudo.

As estações podem mudar do inverno à primavera.

Mas eu te amo.

Até o fim dos tempos.

 

            Os lábios de Cedric moviam-se contra os de Hermione, de uma maneira nada cuidadosa, os lábios quentes continuavam ansiosos. Cedric afastou-se para que ambos pudessem se lembrar de como respirar, mesmo que isso fosse inútil. Não conseguindo ficar muito tempo longe de Hermione, Cedric ainda tinha seu rosto perto do dela.

            Começou a traçar uma linha com seus lábios pela mandíbula de Hermione e sentiu-a vacilar por um instante, ele sorriu e mordiscou-lhe o lóbulo da orelha. Hermione estremeceu e afastou-o, relutantemente.

            _ Desculpe... – murmurou Cedric, vendo que passara alguma linha imaginária.

            Não era proposital, ele parecia estar esperando por isso a tanto tempo que simplesmente não conseguia se controlar. Hermione sorriu.

            _ Você é mesmo muito bobo! – concluiu.

            _ O quê? – perguntou Cedric confuso.

            _ Quem mais pediria desculpas? – perguntou Hermione, explicando-se.

            _ Bem, eu achei que devia... – disse Cedric, encolhendo os ombros.

            _ É isso que te torna tão irreal! – exclamou Hermione.

            _ Não sou irreal, eu estou bem aqui! – protestou Cedric – Você pensar que isso não está acontecendo confirmaria meu maior medo.

            _ Eu acredito... – respondeu Hermione – Quero acreditar... – completou.

            _ Por você faz isso? – perguntou Cedric nervoso, de repente.

            _ Hã? – perguntou Hermione, confusa.

            _ Me faz a pessoa mais feliz do mundo e depois tenta dizer que não foi real! – respondeu Cedric, cruzando os braços.

            Hermione revirou os olhos.

            _ Perdão! – exclamou Hermione, debochadamente.

            _ Agora eu não sei se te perdôo! – respondeu Cedric virando seu rosto para o lado. Ele ainda estava de braços cruzados e sorria.

            _ O que eu posso fazer para você mudar de idéia? – perguntou Hermione.

            _ Não sei... – respondeu Cedric, suspirando – Você sabe? – perguntou, maliciosamente.

            _ Hum... – Hermione fingiu estar pensando.

            Ela se inclinou em direção ao rosto de Cedric e pressionou seus lábios contra os dele. Uma, duas, três, quatro vezes... E depois se afastou, sorrindo. Cedric suspirou profundamente.

            _ Nem pensei que você entenderia... – comentou ainda um pouco impressionado.

            _ Como Rudy diz: “As quietinhas são as piores!” – respondeu Hermione.

            _ Não sei como me sinto sobre isso... – disse Cedric pensativo.

            _ Como você se sente? – perguntou Hermione, sem entender.

            _ Sobre você não ser boazinha... – disse Cedric. – Sem ser comigo!  - completou.   

            _ Ah, sim! Eu saio por aí o tempo todo brincando de menina malvada com os outros! – debochou Hermione.

            _ Menina malvada? – os olhos de Cedric ficaram vazios.

            _ O que você está fazendo? – perguntou Hermione.

            _ Montando a imagem na minha cabeça... – respondeu Cedric, risonho.

            _ Está gostando? – perguntou Hermione, cruzando os braços na frente do corpo em desaprovação.

            Cedric olhou para Hermione e balançou a cabeça afirmativamente.

            _ E você nem sabe o que eu pensei... – comentou, rindo – AI! – protestou quando Hermione lhe deu um tapa no braço.

            _ Onde está o menino que pediu desculpas? – perguntou Hermione, em repreenda.

            _ Não tem nenhum menino aqui. – disse Cedric mais sério.

            _ Hey! Por que você está mais sério do que eu? – perguntou Hermione, sem entender a reação de Cedric.

            _ Nada. – mentiu Cedric, ele ainda se sentia incomodado em ser chamado de menino, era bobo e infantil, por isso não queria dizer nada.

            _ O que é? – insistiu Hermione, chegando seu rosto perto do dele – Por favor, me diga! – continuou com sua boca a centímetros da dele.

            _ Você está jogando sujo. – repreendeu Cedric segurando-se ao máximo para não se render àquele perfume.

            _ Vale tudo no amor e na guerra! – respondeu Hermione, rindo.

            _ Não sei se sua curiosidade se encaixa em nenhum desses... – contrapôs Cedric – Mas como posso negar-te algo? Só se afaste um pouco, por favor, eu meio que não consigo raciocinar com...

            Hermione estava rindo abertamente e Cedric cerrou suas mãos em punhos.

            _ Sério, se você quer que eu te responda ao invés de te atacar agora mesmo, se afaste! – advertiu Cedric, segurando-se.

            Hermione se afastou com as mãos levantadas em sua defesa.

            _ Melhor? – perguntou em uma distância normal.

            _ Suportável. – respondeu Cedric – Bem... Você vai me achar um idiota! – ele hesitou.

            _ Você quer que eu chegue perto outra vez? – “ameaçou” Hermione. Ao ver a expressão de Cedric completou – Só chego se você me disser!

            _ Eu... me sinto... – tentou começar Cedric – Quando você me chama de menino eu meio que... me sinto como um.

            Hermione olhava incrédula.

            _ Que ridículo!... – começou Hermione.

            _ Eu disse! Por isso não queria te contar! – interrompeu Cedric, sentando de lado para Hermione, com os braços cruzados. – Agora você me acha ridículo... – completou.

            _ Eu não te acho ridículo! – protestou Hermione, mas Cedric ainda não a encarava.

            _ Uhum... – murmurou Cedric.

            _ Eu estou falando sério! – insistiu Hermione. – Cedric você pode olhar para mim? – perguntou.

            Ele encarou-a com seus olhos em fogo-cor-de-mel. Hermione hesitou por um momento.

            _ Eu não te acho ridículo, acho ridícula a sua reação. – disse Hermione, por fim. – Você é mais velho que eu...

            _ Não, não! – protestou Cedric – Você não entende... As coisas que você diz, o seu jeito é tão maduro para sua idade, que eu me sinto muito pouco perto de você e a idade parece a única coisa que nos põe em pé de igualdade...

            _ Isso é irônico! – disse Hermione, rindo e balançando a cabeça.

            _ Irônico? Você achou engraçado? – perguntou Cedric frustrado e incrédulo.

            _ Irônico. Sim, acho irônico - respondeu Hermione – Veja, na situação em que me encontro... é irônico, porém nunca acharia graça de algo que tenha atormentado você. Mas sou eu que me sinto um nada ao seu lado, a disparidade entre nós chega a doer...

            _ Você é a pessoa mais incrível que eu já conheci! – protestou Cedric.

            _ Me encanta que aos seus olhos seja assim... – respondeu Hermione.

            _ Não só aos meus olhos! – protestou Cedric, mais uma vez. – Você não faz idéia de quantos queriam estar em meu lugar neste exato momento... no bar deve ter mais de vinte!

            _ Não vamos discutir o que os seus olhos vêem... – interrompeu Hermione. – Sim, os seus! – completou, quando Cedric fez ma careta em desaprovação. – Você gostaria de saber o que os meus vêem?

            _ Eu... adoraria! – disse Cedric dando preferência a segunda parte da fala de Hermione: sua pergunta.

            _ Eu vejo um menino corajoso, que acha que pode fazer tudo. Ele é muito bobo, mas admirável. Ao sorrir, ele arranca um sorriso meu, sua teimosia me irrita, sendo eu igualmente teimosa! Por trás de sua expressão superior há um menino divertido. Ah, menino! Esse menino brinca com o meu coração! E ele não deve ser sentir mal por ser chamado de menino... Ele é um lindo menino, e só para mim como um presente interno, ele é meu menino... – Hermione terminou seu discurso, sem ar e com a sensação de que dizer tudo aquilo era muito fácil, estranhamente fácil.

            Após conseguir suspirar profundamente, deixando o ar entrar em seus pulmões, Hermione sentiu sua mente ficar enevoada. Cedric havia tomado seus lábios mais uma vez e ela sabia que nem que fosse a centésima vez, ela continuaria sentindo como se tivesse ido a Lua e voltado. Mesmo estando colados um no outro, ainda parecia haver uma distancia entre ambos a ser preenchida.

            _ Já se convenceu? – perguntou Hermione com o rosto ainda próximo do dele.

            _ Foi um impulso... – disse Cedric – Eu não me convenci, mas com você falando assim...

            Ele pressionou seus lábios contra os de Hermione mais uma vez, e ela riu por entre esse beijo.

            _ Você vai terminar uma dessas frases? – perguntou Hermione mais uma vez, só que dessa vez ela talvez não se importasse dele não terminar.

            _ Quando você fala desse jeito – continuou Cedric. – tão... apaixonadamente, você sempre põe tanto no que diz...

            _ Foi apaixonadamente inspirado para te descrever. – respondeu Hermione.

            _ “Em vão tenho lutado comigo mesmo, nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente.” – Cedric recitou, perfeitamente em sua voz de veludo.

            Hermione suspirou para o príncipe a sua frente.

            _ Orgulho e preconceito... – afirmou para Cedric - Era uma dos livros que você estava segurando, nunca havia ouvido falar... mas fiz uma pesquisa! – disse Cedric abrindo um lindo e grande sorriso.

            _ Pesquisa? Você foi pesquisar o que eu estava lendo? – perguntou Hermione, incrédula.

            _ Eu estou viciado em você! – disse Cedric, abrindo os braços.

            Hermione recostou-se de costas em seus braços abertos. Cedric a abraçava, envolvia em seus braços e ambos pareciam se encaixar perfeitamente, como a peça que falta em um quebra-cabeça.

            _ Como um vício? – perguntou Hermione, entrelaçando sua mão livre na dele, com a esquerda Cedric acariciava o braço de Hermione. – Bom ou ruim?

            _ Ah... um pouco dos dois. – respondeu Cedric, rindo.

            _ Dos dois? – voltou a perguntar Hermione sem gostar da parte de ser ruim. Cedric beijou-lhe a cabeça.

            _ Bom porque você é o melhor vício que alguém poderia ter. Ruim porque eu quero estar ao seu lado e ter você ao meu, só ao meu. Isso é tão egoísta! Sinto que não me controlo quando se trata de você, e não gosto de perder o controle. – explicou-lhe Cedric.

            _ Sei o que você quer dizer... – disse Hermione.

            Ela realmente sabia, essa noite principalmente. Tudo que sempre foi tão controlado em sua mente era facilmente manifestado por sua boca, com palavras e beijos secretos.

            Agora, nos braços de seu príncipe encantado, Hermione se sentia completa. Nos braços de sua donzela nada indefesa, Cedric sentia-se completo. Um quebra-cabeça quando completo simplesmente parece... certo.

            ●●●

            _ Rose, Rose! Ignore! – pedia Kate, enquanto Chris segurava a amiga.

            John ainda gargalhava, Rose tremia de raiva.

            _ Sinceramente, garoto, você se fingir de hiena não vai ajudar muito agora! – Moon reprimiu John.

            _ Cara, não é uma idéia muito boa... – comentou Rudy – Ela já está ficando vermelha... – preveniu.

            _ Melhor! – respondeu John debochadamente. – Vai combinar com o cabelo dela! Só estou esperando pegar fogo!

            Todos prenderam a respiração.

            _ VOCÊ QUE VAI FICAR SEM CABELO!!! – berrou Rose, atirando-se na direção de John. Agora Rudy ajudava Chris a segurá-la.

            Mesmo sendo retirada de perto de John rapidamente, Rose conseguiu atingir-lhe dois tapas nos braços que John ergueu na frente de seu rosto, em sua defesa.

            _ Vou ter que começar a andar de varinha na mão para falar com você! – disse John, rindo enquanto olhava as marcas vermelhas em seus braços.

            _ Você vai ter sorte se tiver uma próxima vez! – disse Rudy, virando-se para John.

            _ Qual é o seu problema, cara? – perguntou Chris, também de frente para John.

            Agora Rudy e Chris faziam uma barreira que separava Rose, do lado direito sendo acalmada pelas meninas, e John, do lado esquerdo, ainda rindo abobadamente.

            _ Rose, é melhor você sair daqui... – disse Rudy com seus olhos queimando em John. – Vá tomar um pouco de ar.

            _ Você vai quebrar o nariz dele? – perguntou Rose, olhando John com três vezes mais ódio do que Rudy estava. John pareceu gostar.

            _ Provavelmente. – respondeu Rudy, sorrindo. Isso pareceu convencer Rose.

            Rose suspirou e abriu caminho por entre Rudy e Chris.

            _Vocês vão tirar a fortaleza humana? – perguntou John, debochadamente. – E se a ruiva louca quiser me atacar?!

            Ao passar por John, Rose pisou no pé do sonserino com seu salto agulha, fortemente, devo acrescentar. John soltou um gemido audível e fechou as mãos em punhos.

            _ Eu só saio dessa relação aleijado! – exclamou John, ainda morrendo de dor.

            Enquanto andava para longe, Rose levantou sua mão, ainda de costas, sem parar de andar. Bem... ela não levantou a mão para mandar um adeusinho.

            _ Que menina bem educada! – John gritou de volta.

            Rose bateu a porta do banheiro feminino tão brutalmente, que até no outro lado cheio do bar todos puderam ouvi-la.

            _ O que foi aquilo? – Isa perguntou a John.

            Rudy e Chris gesticulavam ferozmente com Kate e Moon do outro lado da mesa. Parecia que as meninas não aprovavam o uso de brutalidade... nesse caso...

            _ Eu fui atingido verbal e fisicamente. – respondeu John. – Inúmeras vezes! – acrescentou.

            _ Aaaaah... você gosta de Rose! – acusou Isa incrédula.

            _ Da ruiva maníaca? – debochou John. – Você não viu o que ela acabou de fazer comigo?

            _ Sim. – respondeu Isa. – Ela chamou sua atenção...  _ O que a sua mente maligna está pensando? – perguntou John, ao ver o sorriso malicioso que cresceu no rosto de Isa.

            _ Oh! – Isa parecia ter compreendido algo. Depois começou a rir descontroladamente.

            _ O que é isso, Isa? – perguntou John, assustando-se com a reação da amiga. – Jack! Medo! – John se dirigiu a Jack, vendo que Isa tinha perdido completamente sua sanidade mental.

            Jack mantinha um olhar furioso para suas mãos que seguravam uma taça vazia de whiskey de fogo.

            _ A taça te fez alguma coisa? – perguntou John, tentando chamar a atenção do amigo, inutilmente.  

            _ Desista dele! – disse Isa, ela não mais sorria.

            _ Qual é o problema? – quis saber John.

            _ Granger... – respondeu Isa, amargamente.

            _ Aaaah... Ela saiu com... – começou John.

            _ Ced, é saiu. – completou Isa.

            _ Ced? – perguntou John, rindo – Quem bom que Jack não está te ouvindo...

            _ Como se ele ouvisse! – respondeu Isa, com um olhar triste que logo se dissipou. – De qualquer forma, você parece ter deixado aqueles dois bem irritados... – disse apontando para Rudy e Chris.

            _ Eu me importo muito se eles estão irritados ou não! – disse John, debochadamente.

            _ Eu vou falar com aquele ali! – disse Isa, sorrindo perigosamente.

            _ Mas ele tem namorada, certo? – perguntou John. – É... não que isso importe.

            Isa bateu no ombro de John.

            _ Ai! Eu já não fui agredido o suficiente por hoje? – protestou o sonserino.

            _ Não estou falando de Rudy! – disse Isa, ofendida. – Estou falando do amigo dele.

            _ Do qual você nem sabe o nome...? – comentou John, provocando a amiga.

            _ John... É para isso que eu estou indo lá, sabe as pessoas não lêem mentes, geralmente é preciso se apresentar para saber o nome de alguém. – respondeu Isa, igualmente maliciosa.

            _ Ok, desisto! – disse John, levantando os braços em derrota.

            Isa se levantou e começou a andar em direção ao outro lado da mesa redonda, levando consigo olhares desejosos. A maneira com a qual Isabella Nalick andava era confiante e sensual, ela estava sempre de cabeça erguida, já era algo natural que ela fazia: roubar olhares desejosos. Nunca, porém, de quem ela queria. Este olhar já fora roubado, e agora queimava de raiva.

            _ Olá! – disse Isa, sentando-se na cadeira entre Rudy e Chris.

            Ambos ficaram meio embasbacados, sem fala. Moon pulou no colo de Rudy, este se assustou, para logo depois sorrir da reação da sua recente namorada.

            _ Muito animadinho, Sr Steiner! – repreendeu-o Moon, em um sussurro.

            _ Como não ficar? Acabo de ver uma deusa... – Rudy sussurrou de volta.

            Moon olhou-o chocada.

            _ Pular em meus braços! – completou galantemente o lufa-lufa. – É difícil de acreditar que eu tenha tanta sorte...

            _ Saiu bem dessa... – respondeu Moon alisando os cabelos de Rudy.

            _ A inspiração me pega e eu dou um espetáculo! – disse Rudy, presunçoso.

            _ Modéstia é uma das características que eu mais amo em você! – disse Moon, debochadamente.

            _ Eu amo o seu sarcasmo! – rebateu Rudy, quando Moon sorriu, ele comprimiu os lábios. – E seu sorriso... e sua boca... – Rudy era um homem hipnotizado.

            _ Foi com essas palavras que você me ganhou da primeira vez! – disse Moon com os lábios a centímetros do de Rudy.    

            _ É o suficiente para que eu te ganhe uma segunda? – perguntou Rudy.

            Segundos depois o casal apaixonado estava entrelaçado em um envolvente beijo.

            Chris conversava animadamente com Isa, Kate também estava na conversa, embora não comentasse nas falas com segundas intenções lançadas por Isa e Chris.

            _ Então você também gosta de quadribol? – perguntou Chris, como um dos batedores da Lufa-lufa.

            _ É um jogo muito interessante... – respondeu Isa, “ajeitando” a gola da jaqueta de Chris. – Os jogadores são tão ágeis! – disse subindo a mão para o pescoço dele. – Seus movimentos são tão... – Isa parou sua frase no meio e suspirou, suas mãos voltaram a seu colo.

            Kate agora se excluiu totalmente da conversa, que havia ficado por demais constrangedora.

            _ É com certeza um esporte muito interessante... – disse Chris, rígido em seu lugar.

            _ Isa! Fala comigo!!! – interrompeu John – Eu não agüento mais o Jack Altista!

            _ John, se liga! – disse Isa, olhando-o significativamente.

            _ Alguém tem que “ligar” o Jack! Cadê a tomada? – perguntou John.

            _ Essa foi realmente fraca! – disse Isa, ela queria se livrar de John, rapidamente. – Vai caçar sua ruiva!

            John fazia menção de responder, mas seu rosto se iluminou com a idéia de atormentar aquela ruivinha irritante.

            _ Depois me conta como foi! – disse Isa para John, antes que ele fosse embora.

            _ Divertido... sempre divertido! – respondeu John, saindo com um sorriso malicioso.

            Ao se levantar, porém, John encontrou um obstáculo, foi tudo muito rápido, John apenas se levantou e encontrou a mão de Rudy vindo de encontro ao seu nariz com um lindo soco.

            _ RUDY! – interveio Moon.

            _ Promessa é dívida, Moon... – disse Rudy em sua defesa, enquanto John se contorcia de dor com as mãos no nariz.

            _ Mas você também prometeu: nada de sangue! – disse Moon, agora ela e Isa separavam os dois.

            Moon de frente para Rudy e Isa ajudando John.

            _ Você está vendo algum sangue? – perguntou Rudy, apontando para John.

            Moon olhou para John. Apesar de o soco ter sido forte e o nariz de John estar provavelmente latejando agora, não havia sangue.

            _ Viu? Rose fica feliz, você fica feliz, e eu também! – disse Rudy. – Todos ficam felizes!

            _ E quanto ao John? – perguntou Moon, ainda sem aprovar o comportamento agressivo de Rudy. Apesar de todas as meninas judiarem dos garotos.

            _ Com licença? – pediu John, retirando Moon do seu caminho com toda a delicadeza. – Qual é o seu problema?! – perguntou, uma vez que estava frente a frente com Rudy.

            _ Só estava fazendo um favor a uma amiga... – respondeu Rudy, calmamente.

            _ O que você estava pensando?! – perguntou John, empurrando Rudy. Ele estava muito zangado.

            _ Chega! – interveio Isa, ficando entre os dois. – Abaixem o nível de testosterona! John, -  ela virou para o amigo. – não compre briga! Vai tomar um ar...

            John ainda olhava para Rudy com raiva.

            _ John... – pediu Isa. Depois algo lhe ocorreu. – Não estrague a diversão!

            John deixou de olhar Rudy, sua raiva deixada de lado e sua expressão foi suavizada.

            _ Diversão... certo! – disse John antes de desaparecer da vista de todos.

            A tensão foi dissolvida e todos voltaram ao que estavam fazendo, antes de Rudy resolver cumprir uma promessa.

            ●●●

            Rose adentrou o banheiro proclamando todo o tipo de xingamento que ela conhecia para descrição de um único ser que atormentava      seus pensamentos.

            _ Aquele ser desprezível, babaca, idiota, retardado, cheio de si! – berrava Rose, encarando seu reflexo no espelho. – Grande merda que ele é! Aquele filho da...

            Rose parou no meio da frase, pois reparou o quão descontrolada estava, quando viu duas bruxas saírem do banheiro encolhidas e com os olhos arregalados de medo.

            _ Desculpe... – Rose murmurou, antes que elas saíssem.

            Ela precisava se acalmar, mas ainda sentia seu sangue fervendo em suas veias. Viu que suas bochechas estavam por demais vermelhas, então jogou um pouco de água em sua nuca e relaxou completamente. Quando abriu os olhos outra vez, Rose estava melhor, recomposta. Foi quando seu olhar tornou-se fixo, de repente, e sua visão começou a ficar inebriada, até que não sobrasse mais nenhum vestígio da imagem de seu reflexo, e sua visão fosse uma névoa branca.

            A névoa começou a se dissipar e uma imagem perfeita se formou na mente de Rose, isso indicava que aquela cena aconteceria em pouco tempo, talvez ainda aquela noite (manhã já passava das 01h00min). Assim funcionavam as suas visões, ela não controlava quando as teria e a nitidez com a qual elas apareceriam, dependiam do quanto elas estavam longe de acontecer. Se estivessem mais perto eram mais nítidas, se estivessem mais longe iam ficando inebriadas.

            A cena vista por Rose baseava-se em John beijando uma garota, que ela não viu quem era. A garota pareceu assustar-se e até resistir no início, mas depois se entregou aos braços do sonserino. Com um flash de luz Rose estava de volta, olhando para seu reflexo no espelho.

            _ Ugh! Será que até nas minhas visões esse idiota vai me atormentar? – protestou Rose, para logo depois sorrir maliciosamente – Pobre menina! Ela que vai ficar atormentada...

            Quando Rose estava saindo do banheiro feminino, pode ver John, também saindo do banheiro masculino. Ele apalpava o nariz, com as sobrancelhas franzidas. O rosto de Rose se iluminou.

            _ Levou um soco? Aiiii! – disse Rose, rindo de John.

            _ E mais uma vez, fui agredido por sua culpa. – disse John, parecendo sério, mas ele estava feliz de tê-la encontrado. Brigar com ela parecia uma necessidade.

            _ Devo uma ao Rudy! Sangrou? – perguntou Rose, animadamente.

            _ Não. – respondeu John, secamente. - Eu devo uma a sua amiga.

            _ Moon! – exclamou Rose, amaldiçoando a grifinória. 

            _ É, pelo visto ela não é muito fã de violência... – disse John, sorrindo.

            _ Isso é irônico. – disse Rose, já que todas as meninas viviam agredindo os meninos.

            _ Isso está estranho... – disse John, apoiando-se na parede, de frente para Rose. – Você não gritou, se descabelou, ou tentou me matar e nós já levamos três minutos inteiros nessa conversa...

            _ Você fala como se eu fosse uma descontrolada! Você nem me conhece! – disse Rose, tentando não se descontrolar.

            _ Claro... porque todo mundo sai gritando e batendo em um desconhecido. – disse John, sarcasticamente – Você é bem normal! – completou, rindo.

            _ A opinião dos outros sobre como eu sou não me importa, eu nunca mudaria por isso. – respondeu Rose, segurando-se para não deformar aquela cara risonha.

            _ Isso é um pouco arrogante, você não acha? – perguntou John, sabendo que estava conseguindo deixar Rose nervosa.

            _ Há! Você falando de ser arrogante? – debochou Rose – De qualquer forma, eu não me expressei bem. Eu só ouço comentários construtivos...

            _ E dizer para você ser normal não é construtivo?  - perguntou John, atiçando a ruiva.

            _ Não vindo de você! – respondeu Rose, rispidamente. 

            _ Você parece achar que me conhece... – disse John, balançando a cabeça – Você está ciente de que só nos conhecemos a algumas horas, certo? E estávamos brigando!

            _ Como se existisse uma conversa entre nós na qual eu não tivesse que te corrigir! – disse Rose.

            _ Você não Poe dizer “discutir”, ou “ter idéias contrárias”?! Tem que ser você corrigindo a mim?! – disse John, endireitando-se para ficar frente a frente com Rose. – Você é teimosa e maluca!

            Rose olhou-o chocada, para logo depois responder, nervosamente.

            _ E você é arrogante e metido!

            _ Uuuuuh! E a hostilidade começa a infestar o ar novamente! – debochou John.

            _ Você é um garotinho muito ridículo! – respondeu Rose.

            _ Minha garota, estamos chegando a um entendimento! – disse John, sorrindo.

            _ Eu tenho um nome! Mas que droga! – protestou Rose.

            _ Eu também! – respondeu John,. – E da última vez que eu chequei não era “garotinho ridículo”.

            _ Mas é o que você é! – disse Rose, superiormente.  – Um garotinho ridículo!

            _ Para você também! – respondeu John, ignorando seu ego ferido.

            Rose olhou-o confusa, o que John havia dito não fazia sentido.

            _ Você também é minha garota. – explicou John.

            Rose ficou alguns segundos calada, pasma. Logo depois estava com raiva, ma antes que pudesse responder, John disse:

            _ Nossa! Você fiou desse jeito pela possibilidade de ser “minha garota”?

            _ Há! – debochou Rose. – Não existe possibilidade de eu ser “sua garota”!

            _ Você parece muito certo disso. – contrapôs John.

            _ Nunca fui fã de serpentes! – respondeu Rose.

            _ Quer provar do meu veneno? – atiçou John, divertido.

            _ Você não conseguiria me morder... – respondeu Rose, perto de John, perto demais.

            O sonserino sorriu maliciosamente.

            _ É uma aposta? – desafiou John.

            _ Eu na apostaria com alguém que vai perder. – respondeu Rose. – É injusto...

            _ É uma aposta? – insistiu John – Ou está com medo, garota?

            _ Ótimo! Apostado! – respondeu Rose, no mesmo instante.

            Em um rápido movimento, John puxou Rose ao encontro com seus lábios. Ele a sentiu rígida, como se não tivesse assimilado o que estava acontecendo, pela rapidez com a qual ele aconteceu. Logo depois, ela começou a reagir, se debatendo, mais John não iria ceder ao protesto. Desde o momento em que os seus lábios encontraram os de Rose foi como uma explosão, como se o fogo que havia nela derretesse o gelo nele contido. John pressionou Rose mais fortemente contra o seu corpo, sentido-a diminuir os protestos até eles já não mais existirem. Quando Rose se entregou ao beijo por completo, entrelaçando suas mãos na nuca de John, ele sentiu como se nada fosse tão bom quanto aquilo que estava sentindo.

            Quando John puxou Rose para aquele beijo avassalador, ela não fazia idéia do que tinha acontecido, só sentiu um frio em seu estômago, como gelo acalmando o fogo que por demais ardia em seu interior. Não! Ele a estava beijando! Rose imediatamente começou a se debater contra os braços dele, John por sua vez, pressionou-a ainda mais contra seu corpo, não deixando outra escolha se não entregar-se aquele momento fora do normal.

            John afastou-se milímetros de Rose para sorrir com seus lábios ainda nos dela. Suavemente, mordiscou-lhe o lábio inferior.      

            _ Simpatiza com serpentes, agora? – perguntou John, sorrindo maliciosamente, seu rosto ainda a centímetros de Rose.

            Rose roçou seus lábios nos dele, sensualmente. John pareceu ter sido tomado por uma nova onde de desejo, foi quando Rose o atingiu fortemente na virilha. John ajoelhou-se, contorcendo-se de dor.

            _ Não. – respondeu Rose, antes de sair e deixar o sonserino para trás.

            ●●●

            Na mesa a conversa continuava animada, Rudy e Moon eram um casal apaixonado, Isa e Chris continuavam com o duplo sentido e Kate assistia as duas cenas, entediada.

            Do outro lado da mesa, Jack também estava sentado em silêncio, Kate quis ser solidária... antes não tivesse.

            _ Parece que nos largaram, não é? – perguntou Kate para Jack, tentando puxar assunto.

            Jack apenas encarou-a sem dizer nada.

            _ Sabe, todos saíram em pares.. e nós aqui. – insistiu Kate.

            Jack ainda não havia proferido uma palavra sequer.

            _ A-N-T-I-P-Á-T-I-C-O! – concluiu Kate – Bem, se você não vai respondeu é melhor! Assim eu posso só falar, falar, falar, falar, falar...

            Jack não dava o braço a torcer, mas Kate não agüentava mais não ter com quem falar.

            _ E eu não preciso fingir estar te ouvindo... Isso também é uma boa razão! – continuou Kate – Viu? Olha quantas razões... Isso é bem feliz, certo?

            Jack olhava para Kate, incrédulo, e parecia estar perdendo o controle.

            _ Feliz, feliz, feliz, feliz, feliz, FELIZ! – repetia Kate irritantemente.

            _ Chega! – cedeu Jack – Por favor! O que eu preciso para fazer você parar?

            _ Só fale comigo! É muito chato ficar aqui sozinha... Só você parece gostar de se afogar na amargura. – disse Kate, aliviada por ter começado uma conversa.

            _ Eu estou com um problema, então acho que tenho o direito de estar chateado. – respondeu Jack, sem emoção.

            _ Mas você deveria? – perguntou Kate – Sabe, nem sempre as pessoas que gostamos sentem o mesmo por nós...

            _ Do que você está falando? – perguntou Jack, fingindo não entender.    

            _ Estou falando da cara que você fez pelo fato da Mi ter saído com o Ced. – especificou Kate -  E por eles ainda não terem voltado...

            Jack cerrou as mãos em punhos e sua respiração começou a ficar pesada.

            _ Quer um conselho? – perguntou Kate.

            _ Não... – respondeu Jack, mas ela o ignorou.

            _ Bem, eis o que eu acho que você deveria fazer: tire essa cara de infeliz e siga em frente, continue sendo amigo dela... Talvez possa dar umas “investidas”... Mas cara, quando você vir que ela está feliz, não fique no caminho dela. – Kate disse em seu “momento psicóloga”.

            _ E quanto a mim? Eu... não sei o quão infeliz poderia ficar. – disse Jack, sem ter noção de com quem estava falando. Uma desconhecida. Ele não se importava, precisava falar.

            _ Bem, você deverá achar felicidade na felicidade que ela senti. – concluiu Kate – Caso contrário, você nunca gostou dela realmente.

            _ Certo... – desistiu Jack – Se determinadas partes dessa noite não tivessem acontecido... – lastimou – tudo seria diferente...

            _ Sim. – concordou Kate – mas esse não é o caso.

            _ Não... não é o caso. – repetiu Jack, mais para o seu coração que para Kate. Como aquela menina havia feito aquilo com ele?

            Nesse momento Jack e Kate foram acordados de sua “sessão terapia” pó uma Rose que havia sentado ao lado de Kate, e não parecia muito feliz. Na verdade, resmungava coisas incompreensíveis.

            _ Hunf! Dah! “Minha garota”! Minha garota no seu...

            _ Rose, o que houve? – perguntou Kate com um pequeno sorriso sem entender.

            _ Ele... – foi a única coisa que Rose pôde dizer.

            _ Ele? Rose você está bem? – perguntou Kate rindo da Expressão de Rose.

            _ O John, Kate! Ele! – Rose gritou, para logo depois resmungar de novo.

            _ Ah! – exclamou Kate, ainda rindo.

            Exatamente nessa hora, John chega mancando e senta-se muito cuidadosamente ao lado de Jack.

            Kate o acompanhou com o olhar, quanto ele se sentou ao lado de Jack ela virou-se para Rose e disse risonha:

            _ Poxa! O cara chega mancando e você ainda reclama? Acho que fez o melhor que pôde!

            Rose olhou-a com uma sobrancelha levantada.

            _ Por favor, Katherine, dirija os seus duplos sentidos ao Chris, ele com certeza irá apreciá-los mais do que eu! Ah, é! A loira já tomou o seu lugar! Então o que você continua fazendo aqui me irritando? – perguntou Rose, com raiva e malcriada.   

            Kate arregalou os olhos.

            _ Ta bom! Eu não brinco mais!

            _ Rose revirou os olhos.

            _ Desculpa, Kate! É que... ele me tirou do sério!

            _ Tudo bem... mas por que ele te tirou do sério? – perguntou Kate, a curiosidade transbordando em sua voz.

            Rose suspirou.

            _ Bem... – Rose começou a contar toda história.

            Bem ao lado das duas, estavam Jack e John, muito entretidos na sua própria conversa para prestar atenção em algo mais.

            _ Cara... – Jack comentou, rindo. A conversa com Kate realmente havia ajudado.

            John fez uma pequena careta de dor e perguntou:

            _ O quê?

            _ Eu sabia que essa ruiva era quente, mas... nem você conseguiu dar conta do recado? E ainda voltou mancando! – Jack ria no meio das frases.

Ao contrário de Rose, John sorriu divertido.

            _ Pelo menos eu peguei... – próprio enfatizou, para logo depois acrescentar maldosamente num jeito sonserino. – Mas parece que o Diggory foi melhor com a Granger do que eu com a esquentadinha! Há quanto tempo eles saíram?

            Jack fechou a cara.

            _ Touché. – comentou sem emoção.

            _ Cara, não fica assim. Até a garota veneno já arranjou alguma diversão! – disse John, dando tapinhas nas costas de Jack e apontando para Isa, que ainda conversava animadamente com Chris.

            _ Você tem sérios problemas em dizer os nomes reais das pessoas, né? – perguntou Jack, balançando a cabeça.

            John riu, relembrando-se de certa esquentadinha.

            Chris e Isa gargalhavam de uma piada, que Chris havia contado.

            _ Ah, ta. Não foi tão engraçado assim! – disse Chris.

            _ Eu sei... eu só estava tentando seduzir você. – disse Isa normalmente.

            Chris pareceu ficar congelado na cadeira.

            _ O quê? – ele perguntou surpreso.

            _ E então, você vai me beijar ou não? – perguntou Isa, sorrindo.

            A cara de Chris era pura excitação, ele rapidamente inclinou-se para beijá-la, quando sentiu alguém segurando o seu braço.

            _ Chris! – ele ouviu a voz de Kate gritar. – Desculpe interromper! – ela dirigiu-se a Isa. – Vem comigo! – terminou puxando Chris.

            _ O quê? Não! – exclamou Chris, tarde demais, ele já estava sendo levado para o outro lado da mesa.

            Isa levantou uma das sobrancelhas e cruzou os braços.

            _ Ah! Eu te ligo! – exclamou Chris, enquanto era puxado por Kate.

            _ O quê? – perguntou Kate confusa.

            _ Ah, estou passando tempo demais com a Mi! – exclamou Chris. – Eu te um recado por uma coruja! – gritou para Isa, que já havia virado o rosto em outra direção.

            Logo que chegaram ao lado de Rose, Chris se soltou.

            _ É bom que seja importante. – disse Chris de cara amarrada.

            _ E é! Conta para ele, Rose! – disse Kate elétrica.

            ●●●

            Moon e Rudy haviam terminado mais um de seus beijos melosos que os isolava de seus outros amigos, quando Moon exclamou:

            _ Cedric!

            _ Ok... Não era isso que eu esperava ouvir! – disse Rudy, encarando Moon.

            _ Não! – protestou Moon – Não seja ridículo!

            _ De novo: não era isso que eu esperava ouvir! – respondeu Rudy.

            _ Desculpe... – disse Moon, retirando o cabelo de Rudy de seus olhos. – É que... uma coisa acabe de me ocorrer.

            _ O quê? – perguntou Rudy – Deixe-me adivinhar, envolve o Ced!

            _ E a Mi. – completou Moon. – Você não acha que eles já saíram a um bom tempo?

            _ Oh! – exclamou Rudy – Ele não perde tempo!

            _ Rudy! – repreendeu Moon, com um tapa em seu braço.

            _ Ai! – protestou Rudy. – O que aconteceu com “violência não resolve nada”?

            _ Eu não estava prestes a quebrar seu nariz! – respondeu Moon.

            _ Ninguém quebrou o nariz de ninguém... – contrapôs Rudy.

            _ Que seja Rudy! – disse Moon, parecendo chateada.

            Rudy olhou-a arregalando os olhos.

            _ Com licença? – interrompeu Lívien, a garçonete.

            Moon e Rudy voltaram sua atenção para ela.

            _ Sabem aquela menina que estava com vocês? – perguntou – Vestido bege, olhos castanhos...

             Rudy olhou para Moon.

            _ Eu não digo nada! – ele avisou – Meu braço já está bem por hoje...

            _ Muito engraçado! – exclamou Moon. – Ela... saiu. – agora Moon dirigia-se a Lívien.

            _ Sim... – disse Lívien, sem entender nada – Vocês podem entregar isso para ela, por favor?

            _ Claro... – respondeu Rudy.

            _ Você quer saber por que eu estou preocupada? – Moon disse, de repente. – Porque você nem me perguntou!

            Rudy e Lívien a encararam com os olhos arregalados.

            _ Querida... – comentou Lívien – Você está bem? – perguntou, olhando para os outros copos de cerveja amanteigada que não pertenciam a Moon, mas que estavam à sua frente.

            Rudy começou a gargalhar.

            _ Não são meus! – apressou-se Moon a dizer.

            _ Claro... – respondeu Lívien, corando e saindo.

            _ Pare de rir! – Moon disse para Rudy     que ainda gargalhava descontroladamente.

            _ Moon, o que foi? – perguntou Rudy, parando de rir aos poucos. – Já estão pensando que você está bêbada!

            _ Eu... – começou Moon – Sabe, eles estão lá fora há um bom tempo...

            _ O que você está PENSANDO?! – perguntou Rudy histérico. – Os duplos sentidos eram de brincadeira! Você não acha que...

            _ Rudy! Rudy! – interrompeu Moon – Eu não acho nada, calma! O que eu quis dizer, é que eles não têm nada acertado... Bom, o Cedric para dizer a verdade.

            _ O que você quer dizer? – perguntou Rudy, mais calmo.

            _ Ele ainda tem algo com a Chang, certo? E ainda tem o Torneio, algo que será perigoso e estressante. – explicou Moon. – Eu só espero que a Mi não saia machucada nisso tudo... Ela é uma garota boa.

            _ Sim. – concordou Rudy – Mas você tem que admitir, seria uma reviravolta.

            _ Reviravolta? – perguntou Moon.

            _ Cedric é aquele garoto de outro, que provavelmente terá uma carreira no ministério, namoraria alguém como a Cho e... Pronto! É isso, seria feliz. – começou Rudy – E a Mi é aquela menina modelo com espírito heróico, que provavelmente acabaria como auror e mãe de família. O “mercado” de namorados se abriu bem amplo para ela, vamos admitir... mas graças a um jogo de quadribol tudo muda.

            _ Esse encontro muda tudo o que estava previsto para eles! – completou Moon, entendendo.

            _ Foi uma coisa muito rápida, eu nunca vi Cedric com esse brilho no olhar. E só levou alguns dias...

            _ Do que eu ouvi e observei da Mi nesses anos que somos da mesma casa... Eu nunca a vi fazer certas coisas sem pensar, como fez esse ano. – comentou Moon.

            _ Muitas mudanças ocorreram esse ano. – disse Rudy, dando um sorriso.

            _ Reviravolta... – concluiu Moon.

            Os dois ficaram pensativos.

            _ Sabe, as ações deles... – disse Rudy. – mexeram com a vida de todo mundo!

            _ É... – disse Moon – Nós... e todos! Deve ser algo do destino.

            _ Um quebra-cabeça a ser montado... – concordou Rudy – Falando em quebra-cabeça... Mistério! – disse Rudy, olhando para o papel em suas mãos. – O que estará nesse papel?

            _ Não, Rudy! – protestou Moon. – Isso não é para você!

            _ Ah, Moon! – reclamou Rudy, impedindo as tentativas de Moon de retirar o papel das mãos dele.

            _ Rudy, isso não é legal! – insistiu Moon.

            _ Ah! O que você diz não conta! Você já tomou todas! – contrapôs Rudy, rindo.

            _ Mas eu não... Rudy Steiner! – repreendeu Moon.

            _ Moon, você não pode ignorar as evidências... – disse Rudy, apontando para os copos vazios.

            _ Quais? Você sendo curioso ao extremo de ler o que não é seu? – debochou Moon.

            _ Minha Lua, você já está alucinando... – Rudy gargalhava, agora.

            _ Tem razão, Rudy. – desistiu Moon. – Eu estou alucinando, vai abre o bilhete!

            _ Sério? – perguntou Rudy, incrédulo.

            _ Você quer me fazer pensar de novo? – perguntou Moon, debochadamente.

            Rudy não precisou de nem mais um segundo para abrir o pequeno pedaço de pergaminho.

            Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás dizer, fazer ou sentir... Mas ao primeiro nascer do Sol, após horas de fantasias, tudo será um passado inexistente.

            _ O quê?! – perguntou Rudy, sem entender nada.

            _ Não faço idéia... – admitiu Moon – Hey! Já devíamos ter voltado...

            _ Hã? – voltou sua atenção para Moon.

            Ela apontou para o relógio acima de Rudy, pendurado na parede, que marcava 02h30min da manhã.

            _ Ah... – Rudy entendeu.

            _ Gente! – Moon chamou.

            Kate gesticulava para Chris, enquanto Rose bufava em seu lugar. Jack e John pareciam achar a atitude da ruiva muito engraçada, principalmente quando ela percebeu os olhares risonhos dos dois e mostrou-lhes a língua. Isa estava com Kate, Chris e Rose, mas agora parecia mais interessada em saber a história do que em obter diversão.

            _ Hey! – chamou Moon mais uma vez, agora todos prestavam atenção. – Está na hora, vamos levantando...

            Todos se levantaram preguiçosamente, e encaminharam-se para a porta. Os meninos ficaram para trás, para pagar a conta. Cada um colocou a sua parte, então outro bolo de notas foi jogado na mesa.

            _ O que você está fazendo? – perguntou John, confuso.

            _ Estou pagando minha parte... – respondeu Rose, casualmente.

            _ Por quê...? – quis saber John.

            _ Para não passar a noite lavando pratos? – sugeriu Rose – Geralmente temos que pagar a conta, sabe.

            Rudy, Chris e até Jack abafaram um riso.

            _ Sim, nós garotos - contrapôs John – Você não precisa pagar...

            _ Isso parece meio injusto com vocês, não? – apontou Rose.

            _ Mas... É questão de educação e... – tentou John.

            _ É uma questão de educação minha também! – interrompeu Rose – Eu também bebi e comi o que vocês estão pagando.

            John olhou para Rose como se tivesse visto algo MUITO engraçado. Na mesma hora que Rose viu seu sorriso ela se lembrou de quando aquele mesmo se formou sobre seus lábios, sentiu um arrepio percorrer sua espinha, e logo depois ficou com raiva.

            Rose lembrou-se que queria matar John, e se repreendeu por estar falando com ele tão “civilizadamente”.

            _ Quer saber?! Se você quer pagar, ótimo! – disse Rose, estressada com John, e seu desrespeito, além de com ela mesma e sua burrice. – Finja ser um “cavalheiro”, todos sabem que você é retardado mesmo!

            Rose foi para junto de Moon e Kate, agora, Jack, Chris e Rudy riam abertamente. John também sorriu, levemente.

            _ Posso saber como é que eu virei um retardado por tentar ser educado? – perguntou John.

            Os meninos deram de ombros, esse tipo de coisa sem noção parecia fazer com que eles esquecessem suas diferenças. Uma vez que elas foram lembradas, os meninos se dividiram nos grupos: Rudy e Chris; Jack e John.

            ●●●

            Dentro da carruagem Cedric e Hermione conversavam. Entrelaçados em um abraço. Eles simplesmente falavam... curiosidades sobre cada um, coisas sem importância, que eles não tiveram tempo para descobrir, com a rapidez com a qual tudo aconteceu.

            _ Então você descobriu hoje?  - perguntou Hermione – Só hoje? Sortudo! Nem teve que se atormentar um pouquinho!

            _ Ah, eu fui atormentado! – respondeu Cedric com sua voz de veludo. – Porque meu coração sempre soube, mas eu não via, isso não quer dizer que ele não sofreu do mesmo jeito.

            Um sorriso involuntário cresceu no rosto dos dois, e eles entrelaçaram suas mãos. Só faltava escorrer mel das palavras de cada um, era muito bobo, eles estavam agindo bobamente ou, pode-se dizer, apaixonadamente.

            _ Minha vez! – anunciou Cedric. – Quais são... suas flores preferidas?

            _ Por que você quer saber disso? – perguntou Hermione. – É inútil...

            _ Ai que você se engana! – contrapôs Cedric – Essas são informações preciosas para uma futura reconciliação.

            _ Você já está considerando que vamos brigar? – perguntou Hermione, chocada.

            _ E você não estava pensando nisso? – argumentou Cedric – Com nossos gênios...

            Hermione estava considerando isso, mas ainda assim era assustador. Como ele sabia? Ele sentia o mesmo? Ou simplesmente adivinhou? Era tão estranho pensar junto com alguém... compartilhar involuntariamente seus medos, incertezas e alegrias...

            _ Certo. – Hermione desistiu de sua batalha mental – É difícil de explicar...

            _ Até com flores? – perguntou Cedric, incrédulo. – Tem algo em você que seja fácil de explicar?

            Hermione riu e Cedric também, ao ouvi-la rir.

            _ Gosto de rosas. – disse Hermione.

            _ Convencional... – apontou Cedric. – Mas, não acabou ainda, certo?

            _ Rosas azuis... – completou Hermione, Cedric olhou-a de cenho franzido.

            _ Azuis? – questionou.

            _ Disse que não era normal... – respondeu Hermione.

            _ Não, é que eu sempre gostei da cor azul. – disse Cedric surpreso.

            _ Claro! Você é menino! – contrapôs Hermione.

            _ Preconceituosa... – Cedric fingia reprimi-la.

            Hermione riu mais uma vez.

            _ Ria Srta Granger! – disse Cedric, fazendo-a rir ainda mais. – Analise as rosas: vermelhas – paixão, algo passageiro; e sangue, freqüentemente sinônimo de coisas ruins.

            Brancas – São tão serenas, celestes... irritam por seu jeito calmo de ser.

            Amarelas – Claras, cor-do-sol. Temos, porém, dias chuvosos.

            Hermione levantou dos braços de Cedric, para olhá-lo nos olhos. O que ele disse era, quase palavra por palavra, o que ela pensara quando Jack lhe ofereceu rosas vermelhas.

            _ Não! E aquelas que são de um rosa claro, acho que salmão.... – continuava Cedric. – Vermelho e braço; intensa paixão e cor serena! O que estavam pensando?

            Hermione puxou-o para pressionar seus lábios contra os dele. Cedric se assustou, mas nem cogitava em protestar, quando a própria Hermione os separou.

            _ Impulso. – se desculpou – Próxima pergunta?

            _ Vamos pular as perguntas... – disse Cedric, chegando para frente, voluntariamente, agora.

            _ Por quê? – começou a perguntar Hermione, mas parou no meio da pergunta.

            _ Bem, eu estava pensando em te beijar de novo. – respondeu Cedric, sem saber que não era essa a pergunta de Hermione.

            _ Não! – tentou explicar Hermione.

            _ Ok... você que começou. – defendeu-se Cedric.

            _ Não foi o que eu quis perguntar. – especificou Hermione.

            _ Qual é sua pergunta? – Cedric desistiu, perguntando gentilmente.

            _ Por que... – começou Hermione – Por que você acha que me ama?

            _ O quê? – Cedric estava confuso. – Eu não acho, Hermione, eu sei!

            _ Sabe? – Hermione perguntou hesitante. – Por que você achar que sabe?

            _ Aonde você quer chegar? – questionou Cedric.

            _ Eu não sei... – respondeu Hermione – Talvez saber o porque me faça acreditar.

            _ Você não acredita quando digo que te amo? – perguntou Cedric, ele parecia magoado.

            Hermione abaixou os olhos, porque não conseguia encarar os dele, não depois de tê-los magoado. Nada de bom pode durar?

            _ Não mesmo! – respondeu Cedric.

            Hermione se assustou, era como se ele tivesse lido seus pensamentos. Bem, eles pensavam de maneira parecida, e totalmente distinta! Eles eram muito parecidos e totalmente diferentes.

            _ Você quer que eu especifique? – perguntou Cedric – Não há problema para mim em dizer...

            Aí está uma diferença, era muito mais difícil para Hermione verbalizar as coisas que sentia do que percebê-las. Já Cedric, mesmo não percebendo logo de cara, ao fazê-lo não tinha medo de gritar aos quatro ventos.

            _ Hermione Granger, - Cedric começou, e Hermione ouvia, esperando ser convencida. – eu amo o jeito com o qual você sorri, como se tivesse cinco anos de idade, como você fala as coisas sem penar quando está nervosa, como você precisa estar sempre certa, quando você está feliz e seus olhos adquirem um brilho hipnotizante, gosto das nossas brigas, nossas conversas... Eu amo todos os seus defeitos tanto quando suas inúmeras qualidades.

            Ao fim do discurso de Cedric, Hermione tinha lágrimas nos olhos, ela o abraçou fortemente e chegou a ficar sem ar.

            _ Calma, calma... – pedia Cedric, impressionado com o afeito de suas palavras.

            _ Eu te amo. – Hermione sussurrou uma vez que conseguiu respirar normalmente.

            _ Eu sei! – ele respondeu sorrindo.

            _ Quer saber por que? – Hermione perguntou retoricamente, afastando-se de Cedric para olhá-lo nos olhos.

            Cedric hesitou por um instante. Ele não tinha certeza se queria saber. E se ela listasse as coisas que todos diziam ser perfeitas nele? Mas aí uma nova curiosidade o invadiu, dando a ele o motivo para ouvir. O que ela diria?

            _ Hum? – foi a única coisa que ele conseguiu pronunciar.

            _ Há tantas... – começou Hermione – Na verdade, eu odiava isso tudo antes, sabe?

            _ Odiava? – questionou Cedric.

            _ Sim, - respondeu Hermione. – por que eu amava tudo aquilo, portanto, odiava.

            _ Estou confuso. – admitiu Cedric.

            _ Sabe quando você sorri ao ver outra pessoa fazê-lo? – começou Hermione – Adoro isso! E quando você se atrapalha nas palavras, quando perde a calma. Isso é hilário! Seu jeito, protetor me irrita, mas é adorável... Ah! Às vezes você fala sem pensar também, mas eu geralmente fico com vergonha quando algo escapa de meus pensamentos, mas você não.

            Tudo que ela dizia eram “elogios” antes nunca ouvidos por Cedric, e mesmo os que havia ouvido, eram apresentados a ele de uma forma totalmente diferente. Hermione falava com uma facilidade antes nunca tida por ela, não havia medo naquela noite.

            _ E como você consegue ser educado quando está brigando? – continuava Hermione – Acho que você só foi grosso quando era muito sério e depois sempre tinha um “perdão” e um tipo de repreenda interna...  Mas você também é muito chato!

            Cedric teve que rir dessa última.

            _ Sério! – disse Hermione – “Blá, blá, blá, a Cho é legal!”, “Ui, ui, ui, o Torneio é uma honra!”, “Dawson é um assassino sanguinário, se abaixa!” – completou Hermione, fingindo desviar de um feitiço.

            _ Eu nunca disse isso! – protestou Cedric rindo. Ele segurou as mãos de Hermione.

            _ É preciso resumir... – defendeu-se Hermione – Senhor “Não vou soltar sua mão”.

            _ Ah... me desculpe por isso! – disse Cedric referindo-se a seu ataque na vinda, dentro da carruagem.

            _ Você queria me fazer ter um ataque, né? – acusou Hermione.

            _ Eu queria impedir que o Dawson te atacasse. – retorquiu Cedric.

            _ Pelo motivo bobo que fosse! – disse Hermione – Eu não queria... não quero soltar.

            Os dois ficaram olhando as mãos entrelaçadas abobalhados, quando foram interrompidos pela porta sendo escancarada. Rudy apareceu do lado de fora.

            _ Estão descentes! Podem entrar! – ele gritou para os outros.

            Cedric olhou feio para o amigo, mas Rudy abriu um enorme sorriso, a razão de sua felicidade estava nas mãos de Cedric, literalmente.

            Todos entraram na carruagem e o clima se dividia entre felicidade e tensão. Jack em particular estava com uma cara... Apesar de ele ter ouvido o que Kate dissera, ele estava transpirando raiva, por Cedric, é claro.

            A carruagem estava se preparando para partir, quando se ouviu batidas leves, mas sonoras na janela. Era estranho, aquelas batidas eram quase boas de se escutar, por isso ninguém respondeu.

            _ Vamos! – disse John – Deve ser o vento...

            _ Ah, é! – debochou Rose – O vento agora tem mãos e sai batendo em janelas!

            _ Só me espera criar um campo de força antes de me bater de novo! – retorquiu John.

            _ Não conte com isso! – ameaçou Rose.

            As batidas continuaram insistentes.

            _ Alguém abre essa porcaria de porta! – ordenou Jack, desejando estar longe dali.

            John, que estava ao lado da janela, abriu a porta. Atrás dela estava uma figura feminina deslumbrante de cabelos negros como seus olhos, que apesar de sua cor, ardiam em fogo. Todos os meninos endireitaram-se involuntariamente nos bancos quando a menina sorriu maliciosamente e disse, com sua voz doce e sombria:

            _ Jack, querido, já de mal humor?

            _ Juliet... – saudou Jack.

            _ Será que há lugar para mais um? – perguntou a menina que se intitulava Juliet.

            _ Claro! – todos os meninos pareciam responder ao mesmo tempo.

            Ela sorriu mais uma vez, ser sorriso arrepiava a todos, de um jeito bom e ruim.  Ela era deslumbrantemente sensual, o cheiro de seu perfume quando ela entrou parecia deliciosamente intoxicante. Sua beleza era diferente, por exemplo, da de Isa, mesmo esta sendo belíssima e sedutora, a beleza de Juliet era algo diferente, chegava a ser algo assustador, tinha algo nela que era sombrio, mesmo sua doce voz e lindo sorriso tinham um toque de escuridão. Ela era uma versão 10 vezes mais avançada de Jack.

            _ John, querido, como você está? – perguntou Juliet cordialmente.

            _ Juliet Von Danger! Por onde você andou? – perguntou John, ele parecia surpreso em vê-la.

            _ John... Eu estou sempre indo e vindo – respondeu Juliet – Mas já soube que terá um Torneio este ano!

            _ Sim... – concordou John.

            A carruagem já havia começado sua viagem e a mente de Hermione estava onde a de todos também estava: a recém-chegada que se intitulava Juliet. Hermione não sabia porque, mas sentiu algo estranho que assim que viu o rosto de Juliet, como se já a conhecesse de algum modo. Mas nunca a tinha visto em Hogwarts, provavelmente pelo fato dela estar sempre “indo e vindo” e, pelo jeito dela... por ter cumprimentado logo Jack e John...  

               _ Isabella! Mais bela seria impossível! – Juliet cumprimentou a loira.

            _ Sua chegada é sempre um presente para meu ego! – agradeceu Isa – Como vai?

            _ Bem... – respondeu Juliet.

            E por agora ter cumprimentado Isa, Juliet devia ser sonserina.

            _ Humpf! – resmungou Juliet – Mas soube que nossa casa não foi a escolhida. – ela olhou para Cedric.

            Hermione apertou a mão de Cedric que ela segurava, instintivamente. Ele sorriu. 

            _ Não só minha casa... Juliet certo? – disse Cedric, colocando o braço livre em torno da cintura de Hermione.

            Juliet confirmou balançando a cabeça.

            _ Eu sou Cedric Diggory e esta é Hermione Granger, o melhor amigo dela também ganhou.

            _ Dois campeões, sim eu soube... – disse Juliet. – Então, ele é seu “amigo”? – perguntou de um jeito malicioso.

            _ Sim. – respondeu Hermione. – Desde os 11 anos.

            _ Que bonitinho... – comentou Juliet, sempre um pouco sombria – Mas você não acha perigoso?

            _ Quase um suicídio. – respondeu Hermione, olhando rapidamente para Cedric, este murmurou quase que inaudivelmente algo como “Que indireta, hein?”

            _  Porém dois de seus amigos são escolhidos para o torneio... – comentou Juliet sorrindo de lado – Como a vida é engraçada, não é?

            _ Se você tiver uma queda para humor negro... – respondeu Hermione.

            Juliet riu.

            _ Certamente. – respondeu.

            A carruagem parou.

            _ Chegamos... – anunciou Jack.

            John abriu a porta.

            _ Jack, querido! – disse Juliet, olhando para o sonserino. – Senti falta da sua voz! Por que tão calado?

            Jack não respondeu.

            _ Hum... – Juliet ficou pensativa – Você vai me contar quando chegarmos à nossa casa. – Não era uma pergunta.

            _ Claro, claro... – concordou Jack.

            Satisfeita Juliet se levantou para sair, ao fazê-lo deixou a mostra lado direto da sua cintura. Somente Hermione viu, ou talvez somente ela tenha prestado atenção, uma meio-lua, deitada como um sorriso, marcada na pele de Juliet. Diferentemente de Isa, não era uma tatuagem e sim uma... cicatriz.

            Hermione se sentiu atraída por aquela imagem, mas não sabia por que. Quem se machucaria assim? Mas o que chamava a atenção de Hermione não como aquilo foi gravado, e sim o que foi gravado. Era uma sensação estranha.

            _ Amor... – uma voz de veludo veio despertá-la. Ela e Cedric já estavam sozinhos agora, em frente ao quadro da mulher-gorda.

            _ Onde estão os outros? Como chegamos aqui? – perguntou Hermione confusa.

            _ Os outros se despediram e foram para suas respectivas casa. – explicou Cedric – Moon já entrou... – ele apontou para a passagem do quadro ainda aberta – Você parecia meio aérea.

            _ Eu... nem percebi que o tempo passou. – respondeu Hermione chocada.

            _ Sim... – Cedric esperava que lhe dissesse no que estava pensando, mas como isso não aconteceu, ele ignorou relutantemente. – Você deveria ir dormir.

            _ Certo, deve ser sono. – concordou Hermione.

            _ Não queria que essa noite acabasse. – comentou Cedric.

            _ Eu sim. – discordou Hermione.

            Cedric olhou-a confuso.

            _ Quero acordar amanhã e comprovar que não foi tudo um sonho...

            _ Não importa quanto tempo isso dure você será sempre meu sonho... – disse Cedric, puxando Hermione para um beijo de despedida.

            Hermione prendeu a respiração e arregalou os olhos, mas depois não pensou duas vezes antes de se entregar ao beijo. Ambos se inundaram nos perfumes de cada um, seus sabores. Continuando as carícias Cedric mordiscou-lhe os lábios, e Hermione pressionou seu corpo contra o dele. Cedric soltou uma exclamação.

            Hermione viu que nenhum dos dois possuía autocontrole naquela hora, então se afastou relutantemente.

            _ Eu preciso ir embora... – era quase uma desculpa.

            _ Certo. – disse Cedric afastando-se.

            _ Boa noite! – disse Hermione antes de entrar em sua casa. 

            _ Boa noite... – Cedric respondeu enquanto o retrato se fechava. – Meu amor... – completou.

            Hermione se derreteu do outro lado do retrato. Moon estava esperando por Hermione do outro lado do retrato com uma cara sorridente.

            _ Oi! – Hermione exclamou, quando viu que Moon ainda estava esperando-a. – Você ainda está aí...

            _ Eu não vi nem ouvi nada! – assegurou Moon – Mas olha que eu nunca te imaginei... Muito bom trabalho! – concluiu.

            Hermione sentiu um calor subir para suas bochechas, ela sorriu de leve, envergonhada.

            _ Não fique assim... – confortou-a Moon – Daquilo você não pode ter vergonha!

            _ Moon... – Hermione parecia pedir que ela parasse.

            _ Ok, ok! – concordou Moon – Eu te esperei porque tinha que te entregar isso. – ela estendeu um pedaço de pergaminho – Rudy teria te entregado, mas você estava meio... aérea.

            _ Ah... obrigada. – disse Hermione pegando o pergaminho. – O que é?

            _ Sabe aquela moça que atendeu a gente? – perguntou Moon.

            Hermione balançou a cabeça afirmativamente.

            _ Então, ela pediu que entregássemos a você... – explicou Moon – Mas eu não entendi nada...

            _ Você leu? – acusou Hermione.

            _ Quê?! – Moon percebeu o que havia deixado escapar. – Eu... eu não! Foi o Rudy!

            Hermione riu.

            _ Não tem problema Moon... – acalmou-a Hermione.

            _ Você não vai ler? – perguntou Moon.

            _ Amanhã eu vejo, afinal, não deve ser nada de importante... – respondeu Hermione.

            _ Não sei o que era, mas não entendi uma palavra! – comentou Moon, enquanto as duas dirigiam-se aos respectivos dormitórios.

            _ Agora eu estou muito cansada para enigmas. – respondeu Hermione – Amanhã eu dou uma olhada no “mistério da garçonete”.

            Moon riu.

            _ Boa noite, Mi! – disse Moon, quando chegaram ao dormitório de Hermione.

            _ Boa noite. – respondeu Hermione, ela necessitava de uma boa noite de sono.

            Moon se foi. Hermione adentrou o dormitório tentando não fazer nenhum barulho, não podia haver testemunhas sobre o que ocorreu naquela noite, a não ser os que estavam envolvidos. Hermione viu seu uniforme em cima de uma cadeira ao lado da cama e resolveu colocar o bilhete no bolso da capa, assim mesmo que se esquecesse dele o encontraria de novo alguma hora do dia e o leria. Após fazê-lo caiu na cama feito uma pedra, em menos de 5 segundos, dormia profundamente.

●●●

            Cedric vagava pelos jardins de Hogwarts, ainda escurecidos, nas primeiras horas da manhã. Ele não conseguira ir para seu dormitório, por que não cogitava a possibilidade de dormir, não poderia. Ele se deitou em um dos bancos e ficou observando a Lua, enquanto várias coisas passavam por sua cabeça... sorrisos, olhares, toques... Não, não teria como dormir aquela noite.       Quem ama não dorme. Cedric sentiu que em suas veias corria sangue ardente, que seu coração estava em fogo: era febre do amor. Febre que tirava seu sono, mas não o deixava cansado ou abatido. Era como se nada mais ele pudesse fazer sem tê-la ao seu lado. Dormir, comer, nem pensar direito ele conseguia! Essa era, contudo, uma situação frustrantemente agradável. Então, por ali ele ficou... observando a Lua e lembrando-se do brilho de certos olhos.

            NA MANHÃ SEGUINTE.

            Cedric adentrou o dormitório masculino correndo, não vira o tempo passar enquanto encarava a Lua, e os primeiros vestígios do Sol. Portanto, precisava correr se quisesse ficar apresentável, afinal, passara a noite em claro e sua aparência não devia ser das melhores (isso é possível?). Apesar da noite em claro, Cedric não se sentia cansado, nem um pouco, ele sentia-se elétrico e ansioso para o que esse dia tinha a oferecer.

            _ Ced! – exclamou Rudy – Cara, onde você esteve?

            _ Não dormi essa noite. – explicou Cedric, entrando no banheiro para tomar banho.

            _ Isso eu já sei, já que você não estava aqui! – respondeu Rudy, do lado de fora do banheiro – A questão é com quem você ficou acordado?

            _ Rudy! – repreendeu-o Cedric – O que você está pensando de Hermione?

            _ Eu? O quê? Quem falou em Hermione? – perguntou Rudy, confuso.  

            _ Com quem mais? Você estava pensando em quem? – questionou Cedric.

            _ Bem... – Rudy franziu o cenho – Mas ela não estava nervosa com você? Por causa da Isa...

            _ Sim, mas depois da música... – Cedric disse sorrindo – Tudo... ficou muito melhor.

            _ Cara, você está bem? – perguntou Rudy.

            _ Certo, Rudy! – debochou Cedric – Como se eu não tivesse visto a sua cara quando você nos viu na carruagem!

            _  Ok... É melhor você ficar um tempo sozinho! – sugeriu Rudy, quando Chris adentrou o dormitório.

            _ O que foi? – perguntou Chris aos sussurros.

            _ O Cedric pirou. – respondeu Rudy, igualmente baixo.

            Chris riu e saiu aos cochichos com Rudy. Cedric não se importava, só pensava em vê-la de novo. A garota que o fez sonhar acordado para assim não precisar dormir. Ele transpirava excitação, o segundo encontro depois da grande noite... Ele necessitava ver aquele sorriso mais uma vez, tê-la em seus braços mais uma vez.

            ●●●

            As escadas caracóis que levavam a saída da casa Lufa-lufa pareciam não ter fim, porque cada segundo equivalia a uma hora e cada batimento cardíaco equivalia a mil. Quando finalmente alcançou o Grande Salão os olhos de Cedric não paravam quietos, igualmente ao seu coração, assim que avistou cachos soltos ao longe a situação mudou. Seu coração parou e seus olhos se congelaram em uma única imagem, ela estava sozinha... Ótimo!

            _ Olá! – saudou Cedric sorrindo abertamente para Hermione.

            Ele não pôde abraçá-la, beijá-la, não pôde fazer nada do que almejava fazer. Então, simplesmente sorriu, talvez fosse um sorriso exagerado, mas sua alegria era exagerada.

            _ Oi... – respondeu Hermione estranhando aquela alegria toda. – Por que tão feliz?

            _ Por que você não me diz? – perguntou Cedric igualmente sarcástico.

            _ Eu não poderia... – disse Hermione.

            _ Ontem foi a noite mais feliz da minha vida... – disse Cedric – Posso dizer que esse é o dia mais feliz.

            _ Do que você... – começou Hermione, mas logo sua expressão confusa mudou para nervosa. – Ah! Foi tão bom com a Isabella que vocês remarcaram, é?

            _ Não estou falando da Isa, e você sabe.  – disse Cedric, cansado de Hermione fingir amnésia.

            _ Ah... Sei? – Hermione não entendia nada – Do que você está falando, então?

            _ Hermione! – Cedric já estava impaciente, essa embolação toda não era necessária – Estou falando de depois que você saiu da mesa para o bar...

            Hermione corou.

            _ Agora você lembra! – disse Cedric ao ver que ela havia ficado envergonhada.

            _ Ao contrário... – respondeu Hermione, encarando o chão.

            _ Ao contrário? – Cedric estava começando a se preocupar.

            _ Eu não me lembro de muita coisa depois que eu saí da mesa... – disse Hermione, ficando roxa – Na verdade, eu não me lembro de nada! Eu tento, ou melhor, tentei a manhã toda, mas não consigo! É vergonhoso, mas... Talvez haja a possibilidade de que eu tenha bebido um pouco demais... Eu...

            _ Você o quê?! – Cedric interrompeu-a sem acreditar no que ela dizia.

            _ Eu sei, eu sei. – disse Hermione – Não é nada parecido comigo, eu nem sei o que pensar...

            _ Você não se lembra... – disse Cedric de uma forma por demais dolorida que assustou Hermione.

            _ Cedric? – ela chamou assustada.

            Cedric, porém, não ouvia. Não! Não! Ela estava completamente bem! Como... como ela podia simplesmente esquecer? Não! Foi no meio de todas essas perguntas sem respostas que Cedric se lembrou de Rudy e de como ele parecia não saber o que tinha acontecido, depois Chris... Isso era uma piada? Teria sido um sonho? O maior medo de Cedric estava ali, diante de seus olhos. Teria nada daquilo acontecido?

            De fato, sim, tudo aconteceu. Todos os beijos, todas as juras de amor. Mas não sei se vocês se lembram de certa fruta oferecida à Hermione como elemento decorativo nessa história, ela foi oferecida como elemento crucial. Pois a partir de seu poder essa história tem uma continuação. Essa fruta há algum tempo foi banida do comércio bruxo. Porém, ainda há quem a distribua: ciganos. Eles vagavam pelo mundo como um povo nômade, vendendo suas especiarias, a fruta é uma delas, mas não pode ser vendida. A fruta deve ser dada a quem o cigano que a possui considere necessitado, essa pessoa poderá fazer o que sempre quis, mas por medo nunca se atreveu.

            Há, porém, um preço a ser pago... Quem comer da fruta terá coragem para fazer tudo o que quiser, dizer o que for.

             “Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás fazer, dizer ou sentir...”.

            Contudo, o preço a se pagar por essa “experiência” é que você poderá vivê-la, mas não poderá lembrá-la. Assim que você dorme, tudo o que você viveu, todas as coisas relacionadas às atitudes que você tomou por efeito da fruta serão esquecidas por você e por todos envolvidos.

            ”Mas ao primeiro nascer no Sol, após horas de fantasias, tudo será um passado inexistente.”

            É isso que dá a você a coragem de dizer ou fazer tudo o que você quer ou quis. A certeza, mesmo que inconscientemente, de que nada terá sido real. Tudo teria dado certo, tudo seguiria seu curso... Se Cedric não tivesse passado a noite apaixonadamente acordado.

            _ Cedric? – Hermione o chamava pela milésima vez.

            Nada, absolutamente nada fazia sentido para Cedric naquela hora. A única coisa de que tinha certeza era da dor que sentia cortar-lhe o ser, arrancar-lhe todas as esperanças. E de repente, sentiu raiva, muita raiva. Sentiu raiva por Hermione não lembrar, sentiu raiva por não ter esquecido também, sentiu raiva por sentir.

            _ Cedric o que eu fiz? – perguntou Hermione preocupada. – Eu estou ficando preocupada! O que eu fiz?

            _ NADA! Nada Hermione! – gritou Cedric, assustando-a – Você foi a mesma garota perfeitinha de sempre, dizendo um monte de besteiras porque estava bêbada!

            Os olhos de Hermione se encheram de água. Cedric se sentiu mal no mesmo instante, queria pedir desculpas e confortá-la, mas temia que ela também não se lembrasse de tal conforto. Simplesmente olhou-a com culpa e ressentimento, e não pôde mais olhar. Então, se foi.

            Hermione observou-o ir e sentiu seu rosto molhado. Limpou as lágrimas inutilmente, pois elas sempre voltavam a molhar-lhe o rosto. Ela não entendia o que havia feito para receber aquelas palavras e sentia-se horrível....

            Hermione colocou as mãos nos bolsos e sentiu algo dentro de um deles, era um pedaço de pergaminho.

            ”Todos seus desejos mais profundos viverás. Não terás medo, nada temerás fazer, dizer ou sentir... Mas ao primeiro nascer do Sol, após horas de fantasia, tudo será um passado inexistente”

            _ Que droga é essa?! – Hermione amassou o papel e jogou no chão.

            Quem aquele garoto pensa que é? Por que ele fez isso? Será que não se pode passar um dia sem machucar a Hermione?

            _ Alguém quer me destruir um pouco mais? Eu ainda não estou soluçando nem nada! – Hermione gritou de raiva e rancor.

            _ O que aconteceu? – uma voz preocupada.

            Hermione sabia de quem era a voz, a reconhecia sempre que ela aparecia ocultando seu dono.

            _ Ah, Jack! – Hermione lamentou, abraçando-o.

            _ Calma, calma! – Pediu Jack, abraçando-a de volta.

            Magicamente, Hermione realmente se acalmou e podendo respirar de novo ela se afastou para dar espaço a Jack.

            _ Desculpe... – ela murmurou.

            _ Não se desculpe! – repreendeu-a Jack – Diga-me o que aconteceu.

            _ Sabe... Nem eu entendi. – admitiu Hermione.

            _ Ainda assim está chorando... – apontou Jack – Por favor, me diga o que houve.

            _ Por que você quer tanto saber? – perguntou Hermione, por conta da súbita bondade de Jack.

            _ Você... – começou Jack – Seu bem estar é importante para mim.

            O coração de Hermione parecia ter ficado três vezes maior, ela sentia uma imensa gratidão. Contou a história para Jack, que também disse que não se lembrava dela ter feito algo.

            _ Você não fez nada ontem... – disse Jack, depois de ouvir a história, só a parte que Hermione se lembrava.

            _ Eu não sei... – respondeu Hermione – Como há coisas de que eu não me lembro, então? São como borrões, e eu sei que algo está faltando.

            _ Tenho que admitir que comigo aconteceu o mesmo. – concordou Jack.

            _ Sério? – Hermione parecia surpresa.

            _ Mas aconteceram muitas coisas ontem, não somos capazes de lembrar cada detalhe. – argumentou Jack – É normal alguns borrões na memória, porque às vezes nem percebemos o que aconteceu para nos lembrarmos...

            _ Mas é diferente.... – insistiu Hermione. – Essas memórias... Eu sinto que as tenho, mas não posso vê-las.

            _ Não esquenta com isso, Mi! – disse Jack – Se você não lembra provavelmente não era importante. E quanto ao Diggory... – ele pronunciou o nome com nojo. – Ele é um idiota por te fazer derramar somente uma dessas lágrimas! Eu vou dar a ele um motivo para que chore!

            Jack começou a se afastar decididamente.

            _ Jack! – Hermione o impediu de continuar – Não, não vale à pena.

                        _ Não? – Jack debochou.

            _ Eu não tenho como te agradecer... Eu não sei como você me agüenta! – Hermione disse sorrindo – Mas não faça nada a ele...

            _ Você realmente gosta dele, certo? – Jack perguntou já sabendo a resposta.

            _ O quê? Eu... – Hermione se espantou.

            _ Deixa pra lá, Mi! – interveio Jack – Que desperdício... Que burrice! – ele parecia com raiva.

            _ Jack não interfira. – disse Hermione ao ver o olhar raivoso de Jack – Só por ficar comigo, só por estar aqui por perto... Isso já te faz o melhor amigo!
            Jack sorriu amargamente.

            _ Você não precisa pedir... – disse Jack com um olhar triste que ele tentava esconder – Eu vou sempre estar ao seu lado, sou obrigado, eu acho...

            _ Desculpe... – Hermione disse, sentindo-se culpada.

            _ Não se desculpe por me ter por perto! – Jack repreendeu-a – Você nem imagina o auto-sacrifício em que você acabou de se meter!

            Hermione sabia que essa última frase deveria ter sido dita ao contrário, sabia que ela deveria tê-la dito a Jack, e se desculpou por não poder se sentir da mesma forma.

            _ Com fome? – Hermione perguntou.

            _ Você? – Jack perguntou de volta.

            _ Na verdade, não. – respondeu Hermione – Mas você vai me obrigar a comer do mesmo jeito...

            _ Certo. – concordou Jack.

            _ Me acompanha até minha mesa? – perguntou Hermione.

            _ Acompanho-te aonde você quiser! – respondeu o velho Jack divertido.

            ●●●

Já é hora de dormir e eu não posso mais ficar
O sol já vai raiar outra vez
Mas antes de ir embora eis o fim da história
Foi tudo uma grande encenação
Ninguém ama ninguém
O amor é só uma história que eu conto para você dormir.
O amor é só uma história que eu já cansei de ouvir.

            Cedric se encontrava outra vez no mesmo banco, mirando o mesmo lugar da noite passada. Seus olhos ardiam por causa do Sol, mas ele não se importava. Ardia muito mais a dor em seu coração. Era uma dor que subia para sua garganta, queimando-a. Cedric não se importava se ninguém mais se lembrasse do que havia acontecido, até agora ele mesmo queria esquecer, mas o fato de Hermione não se lembrar o estava matando. Era exatamente por isso que Cedric não queria se apaixonar novamente. Para ele o amor significava dor. Na única vez em que ele amara alguém, jurou por nunca mais fazê-lo de novo. Quem era essa menina para em tão pouco tempo fazê-lo tão perdido e dolorosamente apaixonado?

            _ Cedric! – ele ouviu chamarem.

            _ Sim... – suspirou levantando-se do banco.

            _ Eu te procurei por toda parte! Por que está aqui sozinho? – perguntou Cho Chang.

            _ Bom... nada. Só estava pensando em... – começou Cedric.

            _ Você já ouviu do Baile de Inverno? – interrompeu-o Cho, animadamente.

            _ É... não. Que baile? – perguntou Cedric.

            _ Ah, Cedric! Parece até que você está em outro planeta! – respondeu Cho – De qualquer maneira, haverá um baile após a primeira tarefa...

            _ A primeira tarefa... – Cedric repetiu a frase. Ele havia se esquecido completamente.

            _ Sim! – disse-lhe Cho sorrindo. – Então... eu só queria que você soubesse... já que os campeões terão que dançar com o seus pares na frente de todos...

            Cedric sorriu de volta. Como era lindo aquele sorriso...

            _ Está com fome? – ele perguntou.

            _ Morrendo. – respondeu uma radiante Cho.

            ●●●


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Notas finais do capítulo

Tá aí gente! Vocês não sabem quantas vezes tentamos fazer upload desse cap! O servidor da Nyah sempre caía. E ainda tivemos que separar o cap pela quantidade de palavras! ¬¬ Bem, tá aí a part 1; Beijos Nary.