Save Me escrita por Effy


Capítulo 3
I don’t like to be alone / POV Megan


Notas iniciais do capítulo

Então, ia postar só sexta, mais fiquei tao animada com os comentarios que a inspiração simplesmente fluiu. Mil obrigadas pra JCristBee por estar acompanhando. Boa leitura galere ((:



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- Cara, sabe a rua atrás do shopping? – ele perguntou meio afoito

- Sei, o que foi Dylan?! Sua voz ta meio nervosa – perguntei meio desconfiado

- Cara, vem rápido pra cá. É a Megan. – a voz de Dylan parecia trêmula

- Chego aí em dois minutos. – disse e desliguei o celular e fui correndo pro carro.

**

Foi tudo muito rápido, eu lembro de ter brigado com Ellen no bar, ter pego uma garrafa de tequila, eu acho, junto com as chaves do carro. Dirigi até um lugar deserto onde poderia beber e pensar, era quase que uma rotina. Não sou cachaceira, é só que tem um turbilhão de coisas na minha cabeça e não consigo pensar, não é uma justificativa, mas tequila ajuda a desanuviar a mente.

Dirigi até uma colina, bem longe da cidade, desliguei o carro, peguei meu casaco, e a garrafa e fui sentar no capô do carro. Bebi, pensei em Ellen, bebi de novo, pensei no futuro de Nick, bebi mais um pouco, pensei no meu próprio futuro, bebi mais, e finalmente pensei em Dexter, e quando resolvi beber para continuar pensando, a garrafa já estava vazia. Como não tinha chegado a lugar nenhum com meus pensamentos, decidi voltar para casa, deitar na minha cama e deixar todos meus pensamentos desajustados fazerem uma bagunça em minha mente.

Voltei para dentro do carro, não me sentia muito tonta, comecei a dirigir. Estava quase em casa, era só passar pela rua detrás do shopping, virar a direita, descer dois quarteirões e já estaria em casa. Quando fiz a curva na rua detrás do shopping, senti meus olhos fechando, involuntariamente, a próxima coisa que vem a minha memória é ver que tinha subido em cima do meio fio e batido em uma árvore, deve ter sido meio de leve, eu não estava correndo. Depois, meus olhos se fecharam violentamente, e o gosto interno de minha boca que era de tequila, agora tinha gosto de sangue.

Fiz um esforço maior do universo para abrir meus olhos, e quando o fiz vi um rosto familiar, Dylan eu acho, estava no telefone com Dexter, ouvi algo sobre mandá-lo vir aqui porque algo aconteceu comigo. Não demorou muito, Dylan percebeu que eu abri meus olhos

- Graças a Deus! – ele disse aliviado olhando pra mim

- O-o que aconteceu? – eu disse meio tonta, ainda estava dentro do carro, ótimo, meu cinto de segurança tava emperrado

- Não sei direito – Dylan disse tentando tirar meu cinto de segurança – eu tava indo pro shopping quando vi teu carro em cima do meio fio, - ele disse fazendo esforço pra tirar meu cinto – e pelo visto – ele olhou no banco de trás, aonde estava a garrafa de tequila – a mocinha andou bebendo. Cê subiu com o carro no meio fio e te encontrei desacordada, liguei pro Dexter e tava esperando ele chegar pra chamar a ambulância

- Sem ambulância – eu disse ofegante – me ajude a sair daqui e tudo vai ficar bem.

- Sim, senhora – ele disse. Voltou a tentar tirar o cinto, mas tava emperrado mesmo. Dexter não demorou a chegar, e quando ele desceu do carro e me viu, sua cara não foi boa

- Megan?! Meu Deus, ta tudo bem? – ele disse saindo desesperado do carro que até a porta ficou aberta.

- Acho que sim, minha cabeça dói um pouco. – eu disse piscando

- Claro que dói, ta meio cortada. – Dexter foi meio rude, mas eu mereci

- Cara – Dylan se virou pra ele – o cinto ta emperrado

- Deixa eu ver isso ai de perto – Dexter disse, e Dylan abriu passagem. Dexter chegou perto demais de mim que eu ate tentei me afastar.

- Deus! Megan! – ele disse olhando pra minha situação – Esse carro fede à tequila! Cê ta doida?! Beber e dirigir?! Inacreditável – ok, agora eu me sinto como uma garotinha de 5 anos que acabou de colocar o dedo na tomada quando a mamãe disse pra não colocar.

- Tá emperrado – eu disse, meio obvia

- Não me diga – Dexter disse irônico

- Vou ligar pra um amigo meu da oficina, pra rebocar teu carro – Dylan disse

- Se eu conseguir sair de dentro dele né

- Dramática – disse Dexter fazendo força pra tirar o cinto. – Não vai sair, tenho um canivete no carro, vou buscar e cortar o cinto e tentar te tirar daí – ele disse olhando pra mim. Deus, que olhos azuis perfeitos. Meu celular, dentro da minha bolsa começou a tocar

- Vai pro inferno – eu disse quando vi que a chamada era de Ellen

- Educação bateu na porta, mas não tinha ninguém em casa – Dylan comentou

- É complicado – eu disse, evitando falar no assunto. Dexter voltou com o canivete e começou a cortar o cinto.  – Ai, ai, tudo dói.

- Eu nem encostei em você – Dexter disse em sua defesa – pronto, tirei o cinto. Deixe eu te tirar daí.

- Não precisa, acho que sei descer do carro sozinha – foi só dizer isso que uma tontura repentina me bateu e eu cambaleei

- Claro – Dexter começou irônico, rindo da situação – obviamente. Deixe de ser teimosa, estou te ajudando, mesmo quando estou bravo contigo – ele disse meio ranzinza. Ele tentou delicadamente me tirar do carro, me pegou no colo

- A bolsa – eu disse

- Abusada – ele comentou.

- Eu pego – Dylan se ofereceu. Dexter me levou até seu carro e me colocou no banco de trás, pegou minha bolsa com Dylan e a me entregou.

- Cara – Dexter disse – tenho que levá-la até o hospital ou coisa do tipo

- Não! – eu protestei – Basta me deixar no bar – continuei. Dexter olhou bravo

- É melhor cê deixar a Megan no bar mesmo, ou em casa. Eu fico aqui esperando o mecânico chegar, depois te ligo pra saber como ela tá. – Dylan disse, que menino meigo!

Dexter entrou no carro, com cara de bravo.

- Onde que fica o bar? – ele perguntou

- Na quinta com a Boulevard, segunda esquina. – eu disse tentando achar meu celular, e o bendito voltou a tocar. – Não quero saber de você! – eu disse pro celular

- Como é?! – Dexter indagou

- Você não. To falando da Ellen que não para de me ligar, sim, eu falo com meu celular – ele deu um riso fraco.

- Você realmente não é normal – ele disse ligando o som, começou a tocar “Give me Love” do Ed Sheeran

Give me love like never before
'cause lately I've been craving more
And it's been a while but I still feel the same
Maybe I should let you go
You know I'll fight my corner
And that tonight I'll call ya
After my blood is drowning in alcohol
No I just wanna hold ya”

- Eu amo essa musica – eu disse

- Sério?! Eu não achei que esse fosse o tipo de musica que você gosta. – Dexter parecia surpreso

- Digo o mesmo. Ali! – eu apontei pro bar – É ali. – Dexter entrou no estacionamento e me ajudou a descer do carro.

- Vamos – ele disse segurando até minha bolsa – te acompanho

Entramos no bar e Ellen estava no balcão, e quando ela me viu, pude ver fogo em seus olhos

- Megan?! Aonde que você tava?! Fiquei te ligando feito louca! – Ellen não reparou que eu tinha um corte na testa, mas reparou em Dexter

- Fui dirigir um pouco, e encontrei meu amigo, Dexter – apontei para Dexter que colocava minha bolsa no balcã0

- Oi Sra. Pritch – ele disse meio tímido

- Pode me chamar de Ellen – mãe oferecida é fogo! – Megan! – acho que ela reparou no corte – o que é isso na sua testa?!

- Então – eu comecei

- Fala logo a verdade garota – ela falou, Dexter sentou no banquinho, eu fiquei de pé

- Depois que saí brava daqui, e meio bêbada, fui dirigir, fiquei tonta no volante, subi no meio fio, bati a cabeça no painel, cortei a testa e Dexter me achou, fim. – resumi os fatos

- Megan! Você ta bem?! – ela realmente parecia preocupada

- Me poupe, Ellen, sinceramente. Antes de eu sair daqui você me veio com seus sermões de novo, então não vem falando que se preocupa comigo! – acho que era a tequila que estava falando – Quer saber?! Chega, vou falar tudo, Ellen, porque você, ah, você não merece sair impune. Porque é muito fácil você jogar a culpa em mim, como você sempre fez. Porque Mark me largou?! Por causa da Megan. Porque Pierre me deixou antes de Nick nascer?! Por causa da Megan. Porque o aquecimento global acontece?! Por causa da Megan e suas crises. Porque que ainda existe desigualdade no mundo?! Por causa da Megan. Tudo você me culpa, quando na verdade, tem medo de assumir responsabilidades, não tem coragem de assumir seus erros, não sabe como corrigi-los, porque é muito mais fácil culpar a Megan do que resolver ser a mãe que o Nick precisa.

- Megan – ela disse como um aviso

- Não, chega. Chega por hoje. Esse acidente? Foi culpa sua Ellen. Você me dá nos nervos, a ponto de deixar minha mente fervilhando e o único jeito de eu conseguir pensar, é ficando bêbada. To cheia de você hoje. Te vejo de manhã – peguei minha bolsa, e Dexter veio junto.

Encostei em seu carro e tentei por meus pensamentos em ordem

 - Você foi um pouco severa com ela – ele disse de mansinho

- Se você soubesse da metade do que eu já passei por causa dela, iria me incentivar a voltar lá e falar mais – tentei pôr ordem nas palavras

- Vem, - ele disse me cercando – te deixo em casa. – ele abriu a porta do passageiro, e eu entrei.

O caminho foi meio silencioso. Indiquei a ele o caminho, ele estacionou de frente pra casa e entramos.

- Vou cuidar do teu curativo, me certificar que você estará em sua cama e vou embora. – ele disse sendo carinhoso e cuidadoso

- Você não precisa – eu disse, tentando não causar mais problemas do que eu já causei hoje

- Eu sei, mas eu quero. Porque agora, eu te entendo. – ele disse quando estávamos indo em direção da cozinha

- Tem uma caixa de primeiros socorros aqui – eu disse abrindo um armário e dando a caixa pra ele

- Ótimo, agora senta aí e fica quieta – ele disse meio mandão

- Sim senhor. – tentei sorrir

- Nick, teu irmão, ta em casa? – ele disse ao abrir a caixa

- Não, deixei-o na casa da minha tia, na cidade vizinha. Amanhã eu o busco – tentei não contorcer o rosto, mas tava doendo

- Ah, se doer muito, avisa – ele disse tomando cuidado ao fazer o curativo

- Você sabe que eu não fiz de propósito – tentei conversar – o modo que eu agi naquele dia

- Hm – ele realmente tava concentrado no machucado

- Tem tantas coisas que eu faço, que não são de propósito, mas mesmo assim não deixa de magoar as pessoas

- Tá tudo bem, Megs – ele pegou o band-aid

- Não, não tá. – eu disse olhando em seus olhos – você tentou ser meu amigo, um bom amigo, e eu só te afastei de mim. Não foi certo, estou tentando não fazer mais isso

- Sei que você consegue. Pronto, curativo feito. – ele começou a organizar a caixa. Me levantei, fui até a sala, onde tinha um espelho e vi a minha situação.

Não era um corte muito profundo, tava meio de leve e o curativo realmente foi bem feito.

- Acho que uma pequena cicatriz do lado esquerdo da minha testa não vai arruinar minha vida – eu disse analisando meu rosto

- Dramática. Vamos, vou te por no quarto. Tenho certeza de que você não consegue subir a escada nesse estado. – e novamente, ele me pegou no colo, subiu os dois lances de escada.

- Segunda porta – apontei para meu quarto.  Ele me pôs no chão e eu abri a porta.

Dexter entrou no meu quarto, analisou-o e me pareceu surpreso

- O que foi? – eu perguntei enquanto tirava os travesseiros da cama

- Nada, só não parece contigo. O quarto

- Não o decorei ainda. Faltam as idéias – tirei meu tênis e sentei na cama. – Obrigada, Dex.

- Amigo é pra isso, Megs. Agora, vai deitar, teu dia foi longo hoje. – ele disse arrumando as cobertas

- Vo-você poderia ficar só mais um pouco – perguntei enquanto me ajeitava – não gosto de ficar sozinha.

- Claro, Megs. – ele disse sentando ao meu lado. – fico até você dormir, combinado?

- Sim. – sorri

- Finalmente, um sorriso teu. Achei que teria que vender meu rim pra poder vê-lo. – ele disse brincando

- Depois a dramática sou eu né?! – sorri novamente. – Sabe do que eu mais gosto na musica?

- Hm?! – ele não entendeu

- Na musica do carro

- Ah, sim, o que?

- É que a pessoa da musica não é corajosa o suficiente para agüentar o amor, por isso ela precisa afogar seu coração no álcool, mas sempre continua a pedir por amor. É como se soubesse que não pode ser salvo, mas continua a pedir por salvação. É esperança.

- Realmente, olhando por esse lado – ele pareceu pensativo. Eu ri fraco. – Nunca imaginei esse teu lado, Megan

- Acredite, nem eu. Não costumo ser assim, acho que começou quando eu mudei pra cá

- Então já é uma coisa boa. Eu gosto desse lado

- Eu também. – estava tão cansada que não percebi que já estava meio que abraçada com Dexter, encostei minha cabeça em seu ombro e provavelmente dormi. Esperava que ele não fosse embora, o dia foi muito difícil, ele o fez mais fácil.

“Give me love 'cause lately I've been waking up alone”


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Notas finais do capítulo

Se gostou comente, xx.