Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 17
Capítulo 17




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O sinal para a quarta aula bateu e Punk ainda não havia chegado, dali a 45 minutos seria o intervalo e eu não estava certa quanto ao fato de que ele chegaria. Era também provável que ele estivesse suspenso na sala da supervisora, dependendo do horário em que tivesse chego ou do número de atrasos da semana. Mesmo assim eu me sentia desconfortável. O maldito do Daniel não parava de olhar para mim, hora piscando, hora sorrindo de forma maliciosa. Aquilo estava me dando nos nervos. O professor de biologia entrou e pediu silêncio, em seguida anunciou:

- Gostaria de apresentar a vocês o nosso novo assistente de laboratório, ele está cursando a Universidade Militar, na área de biologia e a partir deste ano estará trabalhando conosco. Se precisarem de algo do laboratório peçam a ele. Entre, Ethan Mitsrael.

Meu coração deu dois pulos quando o vi entrar pela sala sorrindo e se apresentar. Eu imaginava que Ethan fosse um pouco mais velho, mas nunca pensei em algo como a faculdade. Senti uma tensão no ar. Olhei para o lado e vi Daniel encarando-o fixamente, as narinas infladas de ódio. Ethan também o olhava, porém disfarçava melhor seu desconforto. Meus olhos iam de um para o outro, era como se eles fossem brigar ali mesmo, eu me perguntava o porquê daquilo. Até onde eu sabia eles nunca haviam se encontrado antes, mas... tudo é possível.

- Olá, vocês podem me chamar de Ethan, espero conseguir ajudá-los em tudo o que precisarem. – ouvi um “tsc” irônico vindo da carteira de Daniel,  fechei os olhos e, por algum motivo, rezei baixinho para que eles não começassem uma briga. Algo me dizia que se isso acontecesse, todos nós estaríamos ferrados.

Nesse instante, Punk entrou na sala, com o ar despreocupado, murmurando um “desculpa pelo atraso” que todos sabiam ser da boca para fora. Seu olhar parou em Ethan, em seguida voou para mim e depois parou em Daniel. Ele estreitou os olhos, mas assim que abriu a boca para falar, foi interrompido pelo professor.

- João Paulo, sente-se, por favor. Este é Ethan, o novo assistente de laboratório. – Ethan sorriu e Punk soltou um grunhido de desgosto, vindo do fundo de sua garganta. Em seguida sentou-se em seu lugar, a exatas quatro fileiras de distância do meu. Vi seu rosto se transformar em uma feição emburrada, eu entendia perfeitamente o porquê.  A verdade é que minha mente estava a mil, comecei a ligar todos os fatos estranhos que tinham me acontecido neste final de semana. As vozes que ouvi em minha cabeça enquanto beijava o Daniel, o corvo em meu quarto, o assassino (que na verdade era a assassina) cujo alvo aparentemente era eu e o fato de ele (que na verdade era ela, ou não. Daniel tinha acabado de dizer coisas estranhas sobre isso) conseguir falar depois de levar seis tiros e saber tanto sobre mim, o desmaio de minha a avó... Parei Ethan ligou para o meu telefone fixo, mas eu nunca passei nenhum dos meus números para ele. Vovó não carregava celular nem agenda telefônica, então como é que... Suspirei e continuei o raciocínio, o hospital extremamente esquisito, a estranha troca de olhares entre Punk e o médico, como se todos soubessem de algo que eu ignorava, a pena negra que havia desaparecido, simplesmente “brotar” ao lado da maca de minha avó, o meu provável início de relacionamento com Punk. Tudo isso se resumia a três pessoas, que por mais incrível que pareça, estavam reunidas naquela sala.

Bati a testa no caderno que estava em cima da mesa. Quando diabos tudo ficou desse jeito?


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo talvez demore um pouquinho para sair ok? Mesmo assim, espero que tenham lido até aqui e que tenham paciência comigo hehe