Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 15
Capítulo 15




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- De onde veio isso? – perguntei com a voz entrecortada. Eu sentia como se o sangue houvesse congelado em minhas veias. Ethan trocou um olhar preocupado com o médico, eu não havia percebido que ele estava ali até então.

- Não estava aqui antes – respondeu Haziel, em seguida completou – Alguém mais esteve nesse quarto Ethan?

- Não doutor, eu estava aqui o tempo todo, saí apenas para atender um telefonema de extrema urgência. Mesmo assim, não fiquei fora por mais de cinco minutos.

- Acho que vocês estão complicando as coisas – disse Punk, que até a pouco estava alheio a discussão – Ela pode simplesmente ter entrado pela janela – completou ele, apontando para as cortinas que tremulavam do outro lado do espaçoso quarto. Ethan franziu os lábios.

- Não me lembro de ter aberto as janelas – Punk deu de ombros, eu quase podia ouvir uma resposta atravessada saindo de seus lábios, eu havia esquecido de que ele não ia com cara de Ethan (embora não houvesse nenhum motivo para isso aparentemente). Antes que ele começasse uma briga, decidi me pronunciar.

- Bom de qualquer forma não é nada importante – peguei a pena e coloquei-a em minha bolsa.

- Acho que tem razão. – disse o médico, mas seu tom de voz indicava outra coisa – Agora, se puderem nos dar licença, a paciente precisa de repouso. Ethan, por favor, tenha a bondade de fechar as janelas antes de sair. – e assim foi feito.

Saímos os três do quarto e entramos no mesmo elevador pelo qual havíamos subido minutos antes. A descida pareceu-me ainda mais longa do que a subida. Embora eu já estivesse mais aliviada, Punk olhava com desdém para Ethan, que por sua vez ignorava-o totalmente, perdido em seus próprios pensamentos. Quando deixamos o hospital, Ethan despediu-se.

- Bem, vou indo. Me avise caso houver alguma novidade. – virou-se e afastou-se rapidamente, sem ao menos esperar uma resposta.

- Nós vamos também – disse dirigindo-me à Punk que ainda estava de cara amarrada.

Ao chegar em frente a nossas casas, despachei João Paulo com um beijo na bochecha. O final de semana havia sido extremamente exaustivo e eu pretendia dormir pelo resto da tarde. Ao invés disso, encontrei meu avô sentado na sala de estar em frente a um tabuleiro de xadrez. Ele sorriu.

- Estava me perguntando aonde estavam todos – disse ele, em seu ar brincalhão. Eu sorri de forma cansada e ele pareceu perceber – Aconteceu alguma coisa querida?

- Ah vô... Aconteceram tantas coisas...

- Por que não me conta enquanto disputamos uma partida? Faz tempo que não jogamos juntos, estou com saudades de ganhar de você – brincou ele. Sorri.

- Veremos quem vai ganhar dessa vez!

Enquanto jogávamos, narrei para o meu avô todos os eventos curiosos daquele final de semana. Tendo o cuidado de omitir somente a parte de boate Apocalipse. Ao final da narrativa ele soltou um suspiro.

- As coisas estão acontecendo mais rápido do que imaginávamos... – disse ele com um olhar vago.

- Como assim vô? – perguntei ansiosa, já tinha me cansado da impressão de que todos sabiam de algo e não me contavam.

- Nada filha, no tempo certo tudo vai se esclarecer – disse ele naquele tom paternal de sempre – E quando a sua avó... Bem eu e ela já estamos aqui por muito tempo, é normal que isso aconteça é o ciclo da vida. Mesmo nós, não somos eternos.

- Por que está falando essas coisas vô? – eu disse com lágrimas nos olhos, não podia suportar a ideia de que eles morressem.

- Por nada, filha, por nada. Só quero que saiba que independente de onde nós estejamos, sempre vamos te amar Aurora e sempre estaremos com você. Xeque-mate.

- O que? – arregalei os olhos, ele havia encurralado meu rei com sua dama – Isso não é justo! Quero uma revanche!

Jogamos xadrez pelo resto da tarde, quando deu 19 horas, fui para o meu quarto e me deitei. Eu estava exausta e amanhã era segunda-feira. Não levou muito tempo para que eu pegasse no sono.


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