Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 14
Capítulo 14




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Entrei  na recepção do hospital e dirigi-me a moça que estava no balcão.

- Por favor, eu gostaria de saber em que quarto encontra-se a paciente Ângela Maria do Prado, sou neta dela. – A ansiedade era tanta que eu estava ofegante. Punk estava ao meu lado com a mão no meu ombro.

- Só um minuto senhorita, vou checar o sistema – ela digitou o que supus ser o nome de minha avó em seu computador e em seguida exclamou – Sinto muito, não temos registro de nenhuma paciente com este nome aqui.

- O que? Mas isso é impossível, tem que estar aí em algum lugar. Talvez na sessão de pronto atendimento ou emergência... É uma senhora idosa, foi encontrada desmaiada na rua a no máximo 20 minutos atrás... – dei-me conta de que não lembrava-me de ter dito meu sobrenome ao Ethan -Talvez o garoto que a trouxe não saiba seu nome completo, por favor, cheque mais uma vez!

Ela digitou algo e deu alguns cliques na tela – Sinto muito senhorita, o último caso de pronto atendimento que temos registrado aqui é de um atropelamento de uma homem a cerca de 45 minutos atrás.

- Mas o qu... – fui interrompida pela chegada de um doutor negro e de aparência bem cuidada.

- Está tudo bem Martha, eles estão comigo – disse ele, em seguida dirigindo-se a mim e ao Punk, disse – Por favor, me acompanhem, vou levá-los até a paciente. – E saiu comigo e João Paulo em seu encalço.

 Eu não conseguia entender o que estava acontecendo, por que minha avó não estava nos registros do hospital? Como se pudesse ler meus pensamentos, o doutor disse.

- Eu sou o Dr. Haziel. Por favor, perdoe a confusão logo na entrada, mesmo este sendo um renomado hospital, ás vezes ocorrem enganos no caso de pacientes especiais como sua avó. – falou ele, enquanto entrávamos no elevador.

- Pacientes especiais? Perdoe-me, mas o que pretende dizer com isso? – perguntei confusa, senti uma intensa troca de olhares entre Haziel e Punk, era como se estivessem conversando com os olhos.

- Ah, compreendo... Bem não é nada, apenas uma expressão – respondeu ele com um sorriso – Não se preocupe, não é nada. Aliás sua avó encontra-se em perfeitas condições, ela precisa apenas de repouso absoluto e poderá ir para casas em dois dias.

- Eu vou poder vê-la? – perguntei ao médico, ao mesmo tempo algo me dizia que estávamos subindo há muito tempo, o prédio não parecia tão alto visto de fora.

- Sim, já estamos chegando.

Cerca de 10 minutos se passaram antes que o elevador parasse. Quando as portas se abriram vi-me em frente a um corredor circular de paredes pintadas em um branco límpido. O doutor caminhava a frente, eu e JP atrás. Havia portas dos dois lados do corredor, andamos até que paramos em frente a uma delas. Não havia números nem letras identificando e imaginei como alguém se localizaria num lugar daqueles. O doutor abriu a porta e nós entramos.

O quarto era totalmente branco por dentro também. Paredes, armários, cortinas, lençóis... Tudo extremamente claro e limpo.

Dirigi-me a maca e encontrei minha avó adormecida, seu peito subia e descia conforme o movimento de sua respiração. Uma lágrima escorreu, ela parecia mesmo bem, mais jovem do que eu conseguia me lembrar. Um fino edredom branco cobria seu corpo até o tórax. Sorri em silêncio, mas esse sorriso não durou muito tempo. Na cômoda ao lado da cama, estava uma pena negra.


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