Asas Negras escrita por Carolina Amann


Capítulo 10
Capítulo 10




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Entrei em casa totalmente encharcada, no fundo, de nada havia adiantado voltar com Ethan, eu estava toda molhada e cheia de problemas. Subi as escadas devagar e olhei em meu celular. 6:23 hrs, o café seria servido tradicionalmente as 8:30 e Cida acordaria as 7:45 como era de costume. Eu tinha pouco mais de uma hora para me entender com o Punk. Respirei fundo e entrei em meu quarto, larguei as roupas molhadas no cesto do banheiro e troquei em meu quarto, sem me incomodar com o fato de as cortinas estarem escancaradas e minha janela dar de frente para a janela do João Paulo. Ele estava olhando. Fingi não notar esse fato, atravessei o quarto, nua, ate meu guarda-roupa e vesti minha lingerie preta de renda. Só então olhei para ele. Fingi surpresa, mas devo ser mesmo uma péssima atriz, pois ele abaixou a cabeça e, cobrindo o rosto com a mão, riu. Ri também, me aproximei da janela e puxei a cortina até restar apenas uma pequena fresta, de onde ele pudesse ver meu rosto. Peguei um caderno de desenhos e um canetão em minha escrivaninha e escrevi “O que o senhor está olhando?”, em seguida virei para ele. Punk sorriu de um jeito triste e pegou o celular. Em poucos minutos, uma mensagem chegou para mim. “Tô admirando a menina que me trocou por uma babaca e engomadinho”. Suspirei, virei a folha do caderno e escrevi. “Ninguém trocou ninguém ok? Ele é só um cara que conheci esses dias”, virei mais uma vez e continuei “É meu amigo.” Ele me olhou de modo desconfiado e digitou algo em seu telefone. Segundos depois pude ler “Não era oque parecia” Virei os olhos. “Tá com ciúmes?” respondi com um sorriso maroto. Isso o irritou profundamente, ele virou os olhos e respondeu “Nem um pouco.”. Sorri, ele definitivamente estava com ciúmes. “Vem cá :(” rebati. “Não” ele respondeu. Abri um pouco mais as cortinas, eu ainda não havia posto roupa. Repeti “Vem cá :(”. Ele engoliu em seco e respondeu “Tá chovendo”. “Vem cá :(”. “Vou me molhar”. “Vem cá :(”. “Posso ficar doente :/”. “Vem cá :(”. “Tá”.

Comemorei minha vitória silenciosamente, vesti a enorme camiseta branca que roubei dele, abri as janelas e joguei a escada. Ele escalou o muro que separava nossas casas, passou pela delicada cerejeira que havia em meu quintal e escalou até meu quarto. Em seguida entrou, recolheu a escada, fechou a janela e lascou-me um beijo.  E novamente, eu perdi a noção do tempo, do espaço, da vida... Eu podia beijá-lo eternamente e, por um segundo, não me importei com nada. Mas dessa vez quem se afastou foi ele.

- O que foi isso? – perguntei confusa.

- Nada, tava só conferindo uma coisa – respondeu ele, com aquele jeito despojado.

- Conferindo o que?

- Você ainda é minha. – disse ele, com um sorriso que ia de orelha a orelha.

- O que quer dizer com isso? Eu não sou de ninguém. – respondi na defensiva, na verdade eu estava morta de vergonha.

- Você não beijou ele, se tivesse feito isso teria escovado os dentes depois, como você sempre faz. Você ainda é minha, princesa. – disse ele, me puxando para um abraço sufocante.

- Cala a boca – disse me soltando dele – Idiota, é lógico que eu não fiquei com ele. – completei. Ele sentou na minha cama e me puxou para o colo dele, me deu um selinho, em seguida beijou as pontinhas de meus dedos, uma por uma.

- Desculpa, sei que tô sendo idiota, mas eu não posso te perder pequena. – ele encostou a testa dele na minha – Eu te amo. Desde o primeiro dia, desde quando te vi ali, sozinha naquela sala enorme. Gritando por ajuda em silêncio, eu te amo. Eu sempre te amei, acho que sempre vou amar, amor é eterno não é mesmo? – ele me beijou de novo, dessa vez foi mais doce e delicado.

Pela segunda vez no dia, fiquei sem reação. Eu não sabia o que dizer. Uma parte de mim achava que era muito fácil, eu só precisava responder “Eu também te amo”. Não seria uma mentira, eu amava o Punk de certa forma. Sempre amei -o, mas como amigo. Eu não sabia se gostava dele de outra forma, se queria algo mais. Eu gostava de beijar ele, gostava de estar com ele, gostava do fato de ele gostar de mim, mas... Isso era amor?

Ele esperava uma resposta, como ela não veio, perguntou:

- Você me ama princesa? – senti certa fragilidade em sua voz e me peito se apertou pelo o que eu iria dizer. Não seria a resposta que ele queria, mas pelo menos seria a verdade.

- Não sei. Quero dizer, você é meu amigo e a gente sempre tá junto e eu sempre achei amei você, mas isso... Eu nunca tinha olhado por esse lado, é tudo muito novo. Desculpa.

- Não me ama então? – disse ele de uma forma desesperadoramente triste.

- Não sei. – eu realmente não sabia.

- Entendo... – ele me deu outro selinho, em seguida um beijo na testa. – Vou te conquistar princesa – completou ele. Punk me pôs em minha cama e abriu a janela, pendurou a escada e disse – Tenho que ir agora, daqui a pouco a Cida acorda – ele sorriu e me deu outro beijo na testa – Passo aqui depois do almoço, vamos sair ok?

- Tá, mas pra onde vamos? – falei com um sorriso.

- Isso é surpresa – ele respondeu de forma despreocupada, talvez nem ele soubesse ainda. – Até mais, princesa. – ele desceu a escada de corda, podia ouvi-lo resmungar baixinho – Auro, que apelido besta. Auro, pffft.

Sorri para mim mesma enquanto recolhia a escada e fechava a janela, ele era mesmo um idiota.


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