Olhei no relógio da cozinha. Era meia noite em ponto. Matt estava sentado em um banco perto do galpão me observando preparar um pouco de café para nós dois. Ainda não tinha ido embora, pois continuamos a conversar sobre a foto, o garotinho e nosso antigo amor. 

Lá fora, o céu estrelado havia sido escondido pelas nuvens que previam uma chuva.

- Nunca pensei que ia te encontrar novamente. - disse mastigando uma bolacha. - Me lembro que quando fiquei sabendo do acidente, mamãe me disse que você poderia não voltar. Perguntei pra onde teria ido e ela apenas chorou. 

Sorri, mas o relato me trouxe tristeza. Minha vida havia mudado completamente após o acidente.

- Por que vocês se mudaram? 

- Meu pai pediu transferência para outra cidade. Nossa situação financeira não estava boa. 

- E como você lembra de mim? 

- Eu não sei... realmente não sei, porque eu era bem novo. Acho que foi algo especial e eu sofri muito quando você "sumiu". - fez aspas no ar. 

Fiquei olhando-o. Ainda estava entendendo como as coisas haviam acontecido tão rápido. Minha procura de anos havia terminado e  eu sabia que seria o início de uma nova fase.

- Matt... 

- O quê? 

- Esquece, é besteira. - disse me virando para a cafeteira. 

Ouvi Matt se levantar e parar atrás de mim. Suas mãos passavam pelos meus ombros. Eu senti o cheiro do café, e confesso, a combinação do seu toque com o cheiro do café me trouxe uma felicidade inexplicável. 

- Diga, Jess. Nada é besteira.

Suspirei e comecei a falar a medida que me virava pra sua frente.

- Na noite em que te conheci, fiz um pedi as estrelas cadentes pela primeira vez. - sorri. - Eu sei, é bobagem, mas eu desejei encontrar o garoto da foto. E eu encontrei. - mordi o lábio.

Matt me olhava fixamente. Abriu um sorriso e inclinou a cabeça. 

- Eu sempre confiei nas estrelas cadentes. - disse calmamente. 

Naquele momento, eu não sabia muito bem como me sentia. Vendo Matt me olhar, eu poderia sentir como uma criança novamente. Pude me sentir apaixonada, pude me sentir completa. As coisas estavam acontecendo do jeito mais perfeito.

Abracei-o. Teria que pedir que fosse embora, ou as coisas entre nós dois esquentariam. 

- Se você quiser, eu vou embora. - Matt disse como se tivesse lido meu pensamento. 

Balancei a cabeça, assentindo. 

Abaixando a cabeça, Matt me beijou outra vez e virou as costas, andando em direção a porta.

Não me lembro o que exatamente veio a minha mente, mas eu segurei seu braço, fazendo com que ele parasse e ficasse de frente a mim outra vez. 

- Não... quero que fique. - disse sorrindo e certa de minha decisão. 

Correspondendo meu sorriso, Matt passou a mão pelo meu pescoço. O som que havíamos ligado a poucos minutos atrás estava começando a tocar Walking After You. Era a música perfeita.

Matt conduzia meu corpo lentamente pelas paredes da casa. Eu sentia sua mão passar por todo o meu corpo e sua respiração perto do meu corpo. Lentamente, Matt tirou minha blusa de frio e ficou por alguns segundos olhando o roxo em meu braço. Se abaixou e beijou a área machucada. Eu sentia um pouco de dor, mas fiquei aliviada ao sentir seu toque. 

Passei a mão por seus cabelos. Sentia o cheiro da sua colônia por cada parte de seu corpo e gostava daquilo. Fechei meus olhos, beijando seu pescoço. Matt segurava meu cabelo enquanto prendia meu corpo junto ao seu. Andamos um pouco até chegar na porta de meu quarto. Matt me deitou na cama, fazendo com que seu corpo ficasse em cima do meu. Sentia apertar firme minha coxa. Passei a mão pelas suas costas e senti arrepios quando ele beijou meu pescoço.

Em poucos minutos, cada peça de roupa que eu usava estava no chão. Passei a mão pelo seu corpo, até chegar no zíper de sua calça e abri-la. Puxei sua camiseta e logo estávamos envolvidos em beijos e abraços calorosos que eu desejava nunca terem que acabar. 

Lá fora a chuva começou a cair, seguida de relâmpagos que iluminavam todo o quarto escuro. Em meio ao barulho da chuva e de gemidos, tudo o que importava era nós dois. 

- Talvez isso seja o começo de tudo. - disse me levantando de cima do corpo de Matt.

- É o começo de tudo. - Matt afirmou puxando meu corpo novamente para junto do seu corpo, onde tornaríamos um só ser.