Matt's P.O.V.

Eu me perguntava o que era pior, Jess ter sumido sem atender minhas ligações e ao menos mandar uma mensagem ou como tudo terminou naquela noite. E o que sobrou? Eu, ali, sentado na frente do espelho tentando pensar em como encontrá-la e contar sobre tudo. Não sabia se ela iria acreditar em mim, mas eu precisa tentar. Precisava vê-la novamente e sentir o seu cheiro tomar conta do meu quarto. 

Nas mãos, que por sinal estavam todas machucadas, tinha o CD que ela iria me dar naquele noite. Stop The Clocks. Oasis. Tinha que ser justo Oasis? Ela sabia minhas bandas preferidas, e além de tudo, sabia que eu pensaria nela quando ouvisse todas aquelas músicas. E eu realmente estava pensando. 

Wonderwall tocava no último volume e eu não sabia ao certo se desligava o som ou se continuaria pensando nela e lembrando dos mesmo motivos. Pensava se agora, ela estava bem ou se sentia minha falta. A imagem de seu rosto claro, seus cabelos negros, seus olhos negros e seu sorriso me veio na cabeça. Eu gostava do jeito que ela sorria quando eu dizia algo engraçado, gostava do modo com que ela cantava sem perceber quando estávamos juntos e gostava do jeito que ela me beijava. Mas tudo agora estava distante demais de mim.

Senti o vendo frio entrar pela janela e mexer as cortinas. Meus rosto estava dolorido e meu corte ardeu. Precisava de um tempo sozinho, mas não queria parar de procurá-la. Estaria realmente na França? O que estava fazendo? Será que ela pararia pelo menos por um segundo para me ouvir? 

Deitei na cama e fechei os olhos tentando imaginar o que ela estava pensando, ou melhor, se estava pensando em mim e se iria responder minha carta.

*

Jesica's P.O.V.

Outra dia amanheceu e eu mentiria se dissesse que havia melhorado. Pelo contrário, as coisas continuavam difíceis. Difíceis até demais. 

Levantei com dificuldade e andei até a cozinha. Era sempre bom sentir o cheiro de café logo pela manhã. 

- Bom dia. - Hanna estava animada, como sempre. - Como está? 

Fiz uma careta.

- Ai, Jess. Vá atrás dele logo, você não tem nada a perder. 

- Mas... - tentei argumentar, mas nenhuma desculpa me veio na cabeça. 

- Quer saber? Eu acho que ela não tem outra. Você é quem está aí paranoica. Tudo bem, aquela vadia apareceu dizendo que era namorada dele, mas já pensou que pode não ser verdade? Vai ver era uma ex namorada... ou algo do tipo. 

Quis contestar, mas fiquei sem palavras. Misturei café no leite e comecei a tomar. Hanna me olhava fixamente. 

- O que foi? - disse olhando-a por cima da xícara. Tive vontade de rir, mas segurei. 

- Você é uma besta. - senti o impacto de uma bolacha voando em minha cabeça. 

Fiz sinal para tacá-la de novo, mas Hanna impediu. 

- Estou grávida! - ela ria.

- Depois eu quem sou a boba. - ri. 

*

Ao longe, observava o sol de pôr. O céu foi tomado por um laranjado bonito e vivo. Observava da minha janela todo aquele espetáculo. No som, Wonderwall tocava baixo e eu não sabia se chorava ou ria. 

O rosto de Matt veio em minha mente, seguido pelas palavras "Eu te amo". Fui consumida por uma vontade estranha e saí correndo. 

- Onde vai com tanta pressa, Jess? - Ryan perguntou. 

- Vou atrás do amor da minha vida. Talvez eu o mate, mas quem sabe tudo fique bem. 

Ainda ouvi Ryan rir, ao mesmo instante que eu fechava a porta.