A lua brilhava no céu, acompanhada das estrelas perfeitamente desenhadas. Paris, como de costume, emitia seu brilho a cada esquina que andávamos. Ryan e Hanna haviam desistido de dar um volta de carro até eu realmente convencê-los de que Paris foi feita para andar a pé, observando tudo a sua volta. 

Hora ou outra, Hanna contava algo engraçado que fazia Ryan rir. Eles andava de mãos dadas, como quando eram namorados e era um dos únicos casais que eu conhecia que não havia mudado o jeito de se relacionar após o casamento. Eu sorria vendo aquelas atitudes e percebi o quanto eu desejava ter alguém do meu lado que fosse me tratar como Ryan tratava Hanna.

- Está no mundo da lua, Jess? - Hanna havia percebido que eu estava distraída e com o pensamento longe. 

- Só estou observando o quanto vocês se encaixam juntos. - sorri. 

- Também acho. - Ryan disse beijando-a. 

- Estou com fome. - era Hanna. - Que tal irmos comer?

- Você acabou de comer bolo de café. Está começando a ficar faminta como uma grávida? - Ryan ria. 

Segui-os até a porta de um restaurante, mas não tive a intenção de ficar. 

- Se importam se eu for dar uma volta? - perguntei antes de entrar no lugar.

Hanna me olhou.

- Pode ir, acho que você precisa de um tempo sozinha, não é?

Assenti com a cabeça e saí andando. Conseguia ver a torre Eiffel ao longe. Ela brilhava mais que tudo. Eu adorava ficar observando-a e pensando em como seria bom ser algum daqueles casais que ficavam sentados juntos, longe o suficiente para ficarem abraçados olhando-a.

Vez ou outra, escutava alguma música francesa tocando e sorria, mas me impressionei ao passar na frente de uma casa e ouvir Comfortably Numb. Era minha música preferida desde quando tinha quinze anos. Talvez fora a música que me fez parar à beira do Rio Sena e me sentar, deixando minhas pernas balançarem. Me senti calma pela primeira vez em horas e acabei deixando meu corpo cair pelo chão. 

Olhava o céu, imaginando como algo poderia ser tão perfeito como aquilo. Só naquele momento, pude me lembrar de que desde quando conhecera Matt, não havia mais saído para ver as estrelas por passar tempo demais com ele. Era ele. Ele quem me fazia pensar que existia algo mais perfeito. Ele que me fez amar. 

Mas agora não importava.

Ele não estava ali. 

*

Voltei ao apartamento sozinha, mas antes passei no restaurante para dizer para Hanna que não estava no clima de ficar na rua. 

Abri a porta com cuidado e olhei para baixo ao ver que eu estava pisando em um papel. Peguei-o, e coloquei em cima da mesa. Parecia uma carta, mas era coisa de Hanna e Ryan, por isso nem preocupei em vê-la.

Entrei no meu quarto e tentei dormir. O que mais gostava naquele apartamento era a vista para a torre Eiffel, mas minha distração estava em pensar no que Matt estaria fazendo. 

Fechei os olhos, me deixando ser consumida pelo sono, levando meus pensamentos para longe de mim.