Lembranças De Oliver escrita por Duda Nyan, Lua Negra


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Duda: Cara, acho que enrolamos bastante para postar, o capítulo estava pronto há um tempão, acho que a culpa é toda minha pela demora: eu pegava o caderno da Lua e nunca conseguia copiar o capítulo.
Briguem comigo, protestem, mas por favor (POR FAVOR!), não abandonem a fanfiction.
Aproveitem a Leitura.

Lua: Hehe a Duda está certa, é tudo culpa dela, briguem com ela, não foi por falta de aviso. Mas conseguimos postar, então aproveitem e boa leitura.



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- Srta. Stonly posso saber por que está rindo?

- Nada Sr. Winfrey. Só me lembrei de uma cena engraçada.

Eu ri por dentro (não sei por quê), por fora manti a expressão de surpresa.

Puxei minha carteira para o lado da dela, comecei a ler silenciosamente o capítulo do trabalho, mas não aguentei de curiosidade.

- Por que estava rindo?

Ela ficou em silêncio.

- Oi, por que você estava rindo? - Perguntei novamente.

- Imaginei um golfinho assassino mordendo a bunda da Mary Wirth.

Não aguentei e comecei a rir, acho que não seria má ideia, só falta o golfinho.

Voltei a ler, assim que acabou a aula peguei minha mochila e saí da sala.

- Carlie, podemos jantar juntas hoje para planejarmos o trabalho?

- Pode ser.

- Ok. Vemos-nos lá no refeitório?

- Sim.

Ela se virou e foi pelo outro corredor. Continuei por onde eu ia, espero que o lago esteja vazio.

Agora é uma boa hora para colocar o headphone, não há muito movimento no corredor.

Sentei no banco de sempre, coloquei "Today Marks the 1st Day" do 2PM, fiquei olhando o movimento calmo daqui, acho que é bom o fato de não ter muitas pessoas.

Hoje o dia está nublado, é tão bom olhar o céu cinza.

- Terra chamando Li. - É Leonard.

- O-oi.

- Você vem bastante aqui, não é?

- Acho que não.

- Já te vi aqui várias vezes desde que as aulas começaram.

- Então... Acho que sim.

- Nós não nos falamos desde a semana passada, o que aconteceu?

- Nada.

- Era só você me ver que ia para a outra direção. Isso definitivamente é alguma coisa. - Permaneci em silencio, afinal eu não quero que aconteça com ele o que acontece com quem se aproxima de mim. - O que você quis dizer com "Não quero que nada aconteça com você"?

- Nada em especial.

- Ok. Mudando de assunto, o que você está escutando? - Ele apontou para o headphone.

- "Numb" do Linkin Park.

- Sério? Eu amo essa música. - Ele puxou o headphone do meu ouvido e pôs no dele.

- Hey me devolve.

- Não. - Ele subiu no banco e colocou as mãos no headphone. Subi no banco também, tentei tirar o headphone dele, o que não deu certo já que ele é mais alto que eu.

Desconectei o headphone do celular e me sentei.

- Agora me devolve?

- Sim. - Ele se sentou derrotado.

- Gosta mesmo de Linkin Park?

- Minha banda favorita. Qual é a sua?

- Fall Out Boy.

- Leonard. - Um garoto gritou da outra margem do lago, acho que vi uma garota baixinha atrás dele. Deve ser impressão minha.

- Tchau Li. Por favor, não fuja mais de mim.

Ele foi correndo até o garoto. Observei-o ir.

Fiquei olhando para o vazio, até que ouvi um miado, pensei que aqui não tinha gatos.

Virei para trás e olhei o felino preto perto do bosque.

- Miau. - O felino está indo para o bosque, levantei-me e o segui me senti hipnotizada por ele.

Ele começou a correr, continuei seguindo-o. Paramos em uma clareira onde há um coreto, parecia ter sido deixado pelo tempo, várias trepadeiras haviam crescido em volta dele, fora o ar de "estou aqui desde sempre".

Eu segui o gato que subiu pelas escadas e observei tudo a minha volta.

O gato subiu na cerca do coreto, comecei a acaricia-lo, há uma coleira em seu pescoço, onde está escrito: Shin.

Tem um menino vindo para cá, eu conheço esse cabelo liso com franja de lado em caimento perfeito, é o Hiro Nakamura.

- Carlie?

- Hiro?

- Legal ver você por aqui, quanto tempo não é?

Fiquei surpresa, achei que nunca mais o veria.

Flashback on

Faz uma semana que estou aqui nesse orfanato, felizmente estou conseguindo que ninguém se aproxime de mim.

Estou sentada na grama olhando as crianças jogarem futebol, enquanto os meninos maiores lutam e as meninas ficam babando em um pôster do Justin Bieber (eca odeio ele).

- Olá, percebo que não fez muitos amigos por aqui. Meu nome é Hiro, e o seu? - Um garoto asiático, pelos traços e pela altura deve ser coreano, vestido de camiseta branca, camisa vermelha xadrez aberta, calça jeans e tênis adidas me estendeu a mão.

- Carlie. - Eu não quero falar com ele.

- Lamento pelo o que aconteceu ao menos você conheceu seus pais.

- Obrigado, mas isso não vai mudar o que aconteceu.

- Eu não conheci meus pais, fui abandonado aqui ainda bebê somente com um papel escrito: Hiro Nakamura.

- Isso deve ser difícil de aceitar...

- E é, acho que não devia estar te contando isso. - Não mesmo.

- Sem problemas. Uma dúvida: você é coreano?

- Acho que sim, mas tenho nome de japonês. Ainda assim sou coreano com muito orgulho. - Foi a primeira vez que ri desde que meus pais morreram.

Às vezes eu conversava com ele, mas evitava me aproximar demais.

Eu sempre ria quando alguém falava que ele era chinês ou japonês, ele sempre dizia ser coreano e com muito orgulho.

Não passou muito tempo, ele foi adotado por uma família de japoneses, fiquei triste, já que ele foi meu único amigo distante mais próximo possível por ali.

Flashback off

- Menos que 1 ano.

- Por favor, não conte a ninguém do Shin.

- Eu não vou contar por dois motivos: eu não tenho para quem contar e eu não sou fofoqueira.

- Obrigado.

Eu desci do coreto para ir à biblioteca, Hiro não me seguiu nem falou nada, mesmo tendo passado pouco tempo juntos, ele me conhece bem.

Passei por Neide e subi na estante e fiquei observando o movimento da biblioteca por um bom tempo olhei o no relógio daqui, já está na hora de tomar banho para me encontrar com Lueny.

Coloquei a primeira roupa que achei, um vestido sem alças azul claro, mini-jaqueta jeans e sapatilha violeta.

Fui para o refeitório, encontrei Lueny no corredor, depois sentamos em uma mesa vazia. Ficamos um bom tempo em silêncio nos encarando.

- Quem vai ficar com a primeira parte? - Quebrei o silencio.

- Não sei, com qual você quer ficar?

- Pode ser a primeira.

A cozinheira serviu o jantar, eu e Lueny entramos na fila como todos os outros alunos.

Comemos em silencio. Até que Leonard e outro garoto (um pouco mais alto que eu, cabelo loiro escuro - não tanto quanto o do Leo -, olhos verdes) apareceram, Leo está com uma camiseta preta com o Pacman e os fantasminhas desenhados, blusa de frio branca por baixo, calça jeans escura e all star preto cano médio.

- Oi Leo.

- Oi Beto. - Eu e Lueny dissemos em uníssono.

- Oi Li.

- Oi Lu. - Também falaram juntos.

Nós quatro rimos da situação.

- Carlie, esse é o Alberto ou Beto. - Disse Leo.

- Oi. - Respondi. - Leo, essa é Lueny.

- Oi Leo. - Ela riu, não entendi o motivo.

Estávamos em silêncio, todos estavam se encarando, pelo menos eu ainda não tenho nada a dizer. Leo começou a jogar ervilhas em mim.

- Para Leonard. - Reclamei.

- Não. - Ele está muito teimoso hoje.

Ele continuou, enchi o garfo com purê de batata e enfiei na boca dele, que se engasgou. Lueny e Beto riram.

- Da próxima vez você desiste rápido.

- Pode ter certeza. - Ele ainda estava tossindo.

Beto e Lueny conversavam enquanto eu encarava Leo, eu sinceramente não consiguia prestar atenção em mais nada.

- Carlie, temos que ir fazer nosso trabalho.

Saímos do refeitório, andamos sem rumo pelo corredor.

- Podemos fazer o trabalho no seu quarto?

- Não, a britadeira, digo a Britney, - minha colega - está lá. Pode ser no seu quarto?

- Sem problemas.

- Mas a sua colega não vai reclamar?

- Eu não tenho colega.

- Legal. Eu só preciso pegar meu laptop.

Depois fomos para seu quarto (que é igual o meu, só que as paredes são azuis claras) e terminamos a primeira parte do trabalho, que ficou perfeita.

- E pensar que antes minha mãe que me ajudava a fazer tudo.

- Como assim?

- Ela morreu junto com meu pai num acidente de carro em que apenas eu sobrevivi.

- Parece o que aconteceu comigo: meus pais foram assassinados num assalto e só eu sobrevivi. - Eu sabia que ela já havia aparecido na TV.

- Entrou esse ano na escola? - Perguntei tentando mudar de assunto.

- Sim, foi à única maneira de eu conseguir sair do orfanato.

- Eu também. Que coincidência, agora só falta você me dizer que também vê criaturas sombrias.

- Mas vejo. - Ficamos em silêncio, depois começamos a rir.

Conversamos por mais ou menos meia hora sobre o que gostamos, a maioria delas são as mesmas.

Dormi que nem percebi, acordei 3h com frio, me levantei e estava voltando para o meu quarto.

- De novo por aqui?

- É a mesma coisa que pergunto Leonard. - Ele está com o mesmo pijama da última vez, só que agora seu cabelo está arrumado.

- Eu já disse que sou sonâmbulo?

- Eu já disse que é mentira?

- Acho que sim. - Rimos.

- Então essa é mais uma aventura Leonardiana pelos corredores? Boa sorte.

- É sim. E você, o que está fazendo por aqui?

- Terminei uma parte de um trabalho e acabei dormindo no quarto da Lueny, agora estou voltando para o meu.

- Ah. Nada de diretora hoje?

- Por sorte, não. Mas é melhor que eu volte antes que ela me ache.

- Ok, eu te acompanho. - Nem vou contestar do jeito que ele está teimoso hoje, duvido que vá me ouvir.

Ele me acompanhou como disse, mas permanecemos o caminho inteiro em silêncio.

- É aqui, tchau.

- Tchau.

- E vá dormir mocinho.

- Vou só se me desejar boa noite.

- Boa noite, agora é para ir.

- Ok. - Ele segurou meu rosto com as duas mãos e deu um beijo em minha testa. - Boa noite e até amanhã.

- Até.

Entrei no quarto, felizmente a britadeira está roncando como sempre, dormi com um sorriso afetado no rosto.

- Carlie? - A britadeira está me chacoalhando.

- O que? - Resmungo ainda tentando acordar.

- Você vai chegar atrasada na aula se não for tomar banho agora. Não pense que eu vou fazer isso por você novamente.

- Obrigado brita, digo Britney.

Ela saiu do quarto e eu fui tomar banho.

Estou andando pelo corredor e bocejando.

- Está com sono Carlie? - Será que estou sonhando?

- Muito. Depois de vagar a noite pela escola, você não sente sono Leonard?

- Não.

- Credo.

Senti meus joelhos brigarem com a gravidade, e caí em cima de Leo, que tem sardinhas no final do pescoço, foi à última coisa que vi antes de tudo ficar escuro.

Que ambiente estranho, acho que estou na enfermaria.

- Olá senhorita, está se sentindo melhor? - Disse uma mulher idêntica a Neide, só que vestida de enfermeira.

- Só estou com um pouco de dor na cabeça.

- Tome essa aspirina. - Ela apontou para o copo de água com o comprimido se dissolvendo. - Que educação a minha, sou Nadine Kristina.

- Carlie. - Tomei a aspirina.

- O menino que te trouxe pediu para você procurá-lo no intervalo.

- Muito obrigado. Já posso voltar para a sala?

- Sim - ela fez uma anotação em sua caderneta - leve isso para a professora, assim não levará falta.

- Tchau.

Estou indo para sala, sinto uma tontura acompanhada de um frio horripilante, conheço isso. Olho para trás e me deparo com a figura preta encapuzada segurando uma foice, naturalmente começo a correr, depois de algum tempo, percebo que o despistei. Entrei em minha sala, entreguei o papel para a de professora de ciências e me sentei em meu lugar, enquanto olhava pela janela, fiquei pensando nas sardinhas fofas do Leo "Não posso me apaixonar por ele, estaria pondo sua vida em risco" "Mas de que adianta ficar repetindo isso, não vai adiantar de nada". O sinal tocou, saí da sala.

Fui para o meu quarto, me joguei na cama e comecei a chorar, por quê?

Apaixonei-me pelo Leonard, algo que não devia acontecer, agora espero que ele não morra.

Enxuguei as lágrimas e fui almoçar, depois eu vou ao quarto da Lueny para terminar o trabalho.

Achei estranho ela não estar aqui no refeitório, eu sempre a vejo aqui. Tanto faz, peguei algumas coisas para comer e fui para o quarto dela, só que passei no meu antes para pegar um pacote de Doritos que mantenho escondido no guarda roupas (como o consegui é segredo).

Chegando lá, passo por Beto no corredor, ele parece estar chorando.

- O que houve Beto?

- Não é nada.

- Mentira, se não fosse nada você não estaria chorando desse jeito.  – Seu estado está precário.

- Mas eu não quero falar!

- Então eu vou insistir.

- Ok, eu briguei com Lueny, satisfeita?

- Sim e não. Vai deixar assim? Vai continuar chorando por isso?

- Vou e provavelmente sim.

- Não vai e eu não vou deixar.

- Como assim?

- Peça desculpas por brigar com ela no jantar, se for para que você peça perdão eu dou um jeito de arrastá-la.

- Mas é culpa dela!

- Não importa de quem é a culpa, se você pedir desculpas mesmo se ela for à errada, vai fazer com que ela se sinta melhor.

- Obrigado, acho que você é uma boa amiga. Agora sei por que Leonard...

- Leonard o que?

- Leonard nada, tchau. – Ele saiu correndo pelo corredor antes que eu pudesse arrancar qualquer informação dele

- Bobões. - Repeti para mim mesma.

Fui para o quarto de Lueny. Bati na porta, pensei que ela não abriria achando que é o Beto. Mas ela abriu até rápido.

- Oi.

- Oi... Pode entrar. – Ela disse dando espaço para eu passar.

- Obrigada. – Eu entrei e pus as bandejas em cima das camas - Por que você foi embora ontem? – Ela perguntou enquanto eu tirava o laptop da mochila.

- Ah... Por que... Ahn... – Me enrolei.

- Não precisa falar se não quiser. Eu sei que sou chata.

- Não é isso... É que eu não estou muito acostumada com pessoas.

- Tudo bem, então dizem que eu nem sou uma. – Ri baixinho.

Assim que terminei de comer eu abri meu laptop e o liguei, estava tirando os livros a bolsa:

- Você gosta daquele tal de Leo do refeitório? – Dessa vez ela me pegou de surpresa, não sei nem como responder.

- Ahn, não sei direito. Só não quero que ele se machuque.  – Fui sincera.

- Hum... É uma pena, ele parece gostar muito de você.

- E você e o Beto? – Perguntei me retorcendo de curiosidade.

- Não tem “Eu e Beto”. – Ela falou com firmeza na voz.

- Você não gosta dele? – Eu sei que me meto demais na vida dos outros.

- Não!

- Sei... – Fiz cara de “finjo que acredito” e de “depois eu vou te zoar”.

Voltamos a fazer o trabalho.

- Li? – Ela me chamou.

- Lu! – Respondi.

- Quer ser minha colega de quarto?

Essa pergunta me pegou de repente. Estou com medo de aceitar e acontecer alguma coisa com ela, mas de certa forma, eu sinto que ela é igual a mim, não fisicamente (óbvio), mas sim o brilho no olhar que consegue afastar a todos com uma só palavra, a mesma coisa que não me deixa ter amigos, nem me aproximar de alguém.

- Sim.

Lueny P.O.V. on

- Srta. Stonly, por que está rindo? – Perguntou o Sr. Winfrey.

- Só lembrei de uma cena engraçada.

Carlie havia colocado sua carteira ao lado da minha. Ela está em silêncio, lendo o capítulo do trabalho.

- Por que você estava rindo? – Ela perguntou, fingi não ouvir.

- Oi, por que você estava rindo? – Ela insistiu. Bolei uma desculpa rápido.

- Imaginei um golfinho assassino – para mim eles são – mordendo a bunda de Mary Wirth.

Ela riu, parecia criar algo maligno.

Assim que o sinal tocou, ela saiu da sala, fui atrás. Afinal, temos que discutir sobre o trabalho.

- Carlie, podemos jantar juntas hoje para planejarmos o trabalho?

- Pode ser.

- Ok, nos vemos no refeitório? – Afinal, não sei onde fica seu quarto.

- Sim.

Virei-me e continuei andando pelo corredor. É estranho ter pessoas nas salas agora. Senti um ímpeto e entrei em uma que parecia vazia.

- Lueny? – Ênfase no “parecia”, Beto está nela.

- Não, o Dumbleodore.

- Essa doeu tanto que não vou nem dormir hoje. – Eu ri.

- Foi mal. É sua sala?

- Não, é a do Harry Potter.

- Essa doeu tanto que não vou nem dormir hoje. – Repeti sua frase, ele riu.

- Vamos ficar acordados juntos? – Eu ri.

- Bobo.

- Sou mesmo. Até mais que isso, sou um amendobobo.

Fiquei em silêncio.

- Vem cá. – Ele pegou meu braço e me puxou apressadamente pelos corredores até o lago.

- Você é louco!

- Não totalmente.

- Isso não foi uma pergunta, foi uma afirmação.

- Muito obrigada. – Ele riu.

Quando olhei para a outra margem, Carlie estava em cima do banco tentando tomar o headphone que estava em Leonard. Dá para ouvir os gritos daqui.

- Leonard. – Beto gritou em meus ouvidos e acenou para o garoto na outra margem do lago.

- Quer me deixar surda?

- Não.

- Você o conhece? – Apontei para Leo.

- Sim.

- São amigos?

- Mais ou menos. Não somos melhores amigos, mas o conheço há bastante tempo.

Leo está vindo em nossa direção, Carlie não está no banco (Será que ela se teleportou?).

- Oi. – Leo disse para Beto e para mim.

Segurei a risada. Tudo ficou em silêncio.

- Você é amiga da Carlie?

- Mais ou menos.

- Mais para mais ou mais para menos?

- Sei lá.

O silêncio voltou.

 -Tchau garotos. – Saí de perto deles e fui para o meu quarto.

Fiquei pensando em Beto e acabei dormindo.

Meu celular despertou e eu fui tomar banho.

Vesti minha blusa roxa de mangas, calça jeans com detalhes azuis, coloquei minha sapatilha vermelha de laço com uma caveira em cima.

Saí do quarto e fui para o refeitório, encontrei Carlie no corredor, depois sentamos em uma mesa vazia. Ficamos em silêncio durante bastante tempo.

- Quem vai ficar com a primeira parte? – Ela perguntou.

- Não sei. - Mentira, eu não quero ficar com a primeira parte. – Com qual você quer ficar? – Tentei ser gentil.

- Pode ser a primeira. – Ainda bem, me salvei.

A cozinheira serviu o jantar, entramos na fila como os outros alunos. Comemos em silêncio, não ousei dizer nem uma palavra, nem ela.

Até que Beto apareceu junto com Leonard. Segurei a risada. Beto está lindo com uma camiseta branca com o Mario estampado, calça jeans escura e tênis verde, ele realmente per-fei-to!

- Oi Beto.

- Oi Leo.

Eu e Carlie falamos ao mesmo tempo.

- Oi Lu.

- Oi Li.

Eles também disseram em uníssono. Nós quatro rimos.

- Carlie, esse é o Alberto ou Beto. – Disse Leo.

- Oi. – Ela respondeu. – Leo, essa é a Lueny. – Ela o apresentou como se eu não o conhecesse, na verdade, ele não me conhece.

- Oi Leo. – Não segurei a risada. Por que será que toda vez que o encontro eu me lembro da cena do corredor?

Depois disso todos ficaram em silêncio, até que Leonard começou a jogar ervilhas em Carlie, a vi explodir.

- Para Leonard. – Ela reclamou.

- Não. – Ele a provocou.

Ele continuou, ela encheu o garfo com purê de batata e enfiou na boca dele, não segurei a risada, foi muito engraçado vê-lo se engasgar.

- Da próxima vez você desiste rápido. – Ela o alertou.

- Pode ter certeza. – Ele confirmou ainda tossindo.

- Eles parecem duas crianças. – Beto puxou o assunto.

- Concordo.

- Acho que menti, o considero meu melhor amigo, mas não sei se sou o dele.

- Carlie está quase babando por ele.

- E ele por ela. – Rimos das expressões bobas deles.

- Foram feitos um para o outro.

- E nós também. – Ele pareceu ter deixado essa frase escapar.

- Carlie, temos que ir fazer nosso trabalho!

Levantei-me e ela me seguiu.

Andamos sem rumo pelo corredor.

- Podemos fazer o trabalho no seu quarto? – Acho que se fossemos para o meu eu iria começar a pensar em Beto, e é o que eu menos quero nesse momento.

- Não, a britadeira, digo a Britney está lá. Pode ser no se quarto? – Droga.

- Sem problemas. – Acho que com ela lá e o trabalho, fica fácil não pensar nele.

- Mas a sua colega não vai reclamar?

- Eu não tenho colega.

- Legal. Eu só preciso pegar meu laptop.

Depois fomos para o meu quarto.

Terminamos a primeira parte do trabalho.

- E pensar que minha mãe me ajudava a fazer tudo.

 – Ajudava?Como assim?

- Ela morreu junto com meu pai em um acidente que apenas eu sobrevivi.

- Parece o que aconteceu comigo: meus pais foram assassinados em um assalto em que apenas eu sobrevivi.

- Entrou esse ano na escola? – Ela tenteou mudar de assunto, ainda bem.

- Sim, foi à única maneira de sair do orfanato.

- Eu também. Que coincidência, agora só falta você me dizer que também vê criaturas sombrias. – Na mosca. De certa forma, senti que ela é igual a mim.

- Mas vejo. – Ficou um silêncio desconfortável no quarto, até que começamos a rir.

Conversamos por um bom tempo, depois acabamos dormindo.

Acordei 7h e Carlie não está aqui. O que será que aconteceu? Será que ela não gostou de mim? Vai saber... Depois eu pergunto.

Fui para a sala e Carlie não estava lá.

Apareceu no meio da 2° aula, não parecia muito bem, nem falei com ela.

Quando a aula acabou ela saiu da sala e nem foi pelo corredor que dá nos dormitórios.

Como é hora do almoço, estava indo em direção ao refeitório, quando vi uma garota alta, branca, de cabelos loiros lisos que está com quatro garotas, do lado direito dela está uma japonesa de cabelos (muito) lisos e bem pretos, a do seu lado esquerdo é um pouco mais baixa do que a loira, também tem cabelos lisos só que são ruivos, as duas mais altas estão mais ao fundo, uma é morena e a outra é branca (elas me lembram de Gossip Girl).

A loira líder acabou esbarrando em uma garotinha de cabelos lisos loiros escuros e olhos verdes que parece ter uns 7 ou 8 anos.

- Pirralha, olhe por onde anda! – Gritou à loira.

- D-des-desculpa! – Gaguejou a garotinha.

- Desculpa nada. – Ela agarrou o braço da garotinha.

- Kelly, deixa ela, vamos embora. – Chamou à japonesa.

- Não Kristine! Ela vai ter o que merece. – Ralhou Kelly.

- É sério Kelly, vamos embora. – Reclamou à ruiva.

- Cala a boca Claire!

- Kelly, ela é só uma criança. – Alertou à morena alta.

- E daí? Ela trombou em mim, você viu Stephanie. – Kelly reclamou como uma menina mimada.

- Podemos nos meter em encrenca. – Acrescentou à branca.

- Não estou nem aí Chelsea. – Ralhou Kelly. – Essa pirralha vai ter o que merece! – Repetiu. - Escuta aqui: quem você pensa que é esbarrando em Kelly Alcabraz? – Ela perguntou para a garotinha.

Eu fui em direção a elas, não posso deixá-las bater na garotinha.

- Solta ela! – Ordenei me sentindo o Super Men.

- E quem é você?

O Supermen?

Chelsea cochichou algo no ouvido de Kelly.

- Ah, você é a orfãzinha? – Ela riu.

- Sou e daí?

- Isso não é de sua conta, então caí fora antes que você se machuque.

- Engano seu, agora isso passa a ser de minha conta e eu não tenho medo de me machucar. – Rebati.

- Ah é? – Kelly soltou a menina, veio em minha direção, me empurrou e eu caí no chão.

Levantei rápido e com raiva, eu vou impactar a órbita craniana dessa garota (jeito elegante de dizer: “Vou arrancar a cabeça dela”).

Ela me viu levantar e me empurrou de novo, só que dessa vez foi mais fraco.

Ela se virou de costas. Fui até ela e chamei.

- Kelly. – Ela virou-se (baka) e eu dei um soco tão forte, que jorrou sangue de seu nariz.

- Sádica maluca! – Gritou Chelsea.

- Você vai ver! – Kelly ameaçou, ela saiu do corredor com a gangue dela.

- Que medo. – Ri enquanto elas iam embora.

Olhei para o lado e a garotinha loira está me olhando com adoração.

- Oi, meu nome é Lynn.

- Eu sou Lueny. –Respondi.

- Lueny do 9° ano A?

- Sim. Como você sabe?

- Meu irmão mais velho fala muito de você.

- Quem é o seu irmão?

- O Beto. – Ela disse saltitante.

- É mesmo?

- Sim, é mesmo... Tenho 8 anos. – Ela falou de repente, o que foi estranho.

- E você, o que está fazendo aqui?

- Eu vim ver meu irmão... – Começou – Até que a Kelly da sala dele me pegou.

- Espere um pouco: Kelly é da sala dele? – Perguntei curiosa.

- É. – Respondeu Lynn. – Ela e a gangue. – Ela disse com desdém. – Os nomes das bruxas até combinam: Kelly, Kristine, Claire, Stephanie e Chelsea.

- É... – Respondi rindo.

Ela me observou por um minuto.

- Você gosta do meu irmão?

- Ahn... Não sei. – Respondi surpresa com a pergunta comprometedora.

- Ele gosta de você!

- É mesmo?

- É mesmo. – Ela repetiu.

- É melhor você voltar para o seu quarto, a Sra. Pattison pode vê-la por aqui.

- Ok. Você vai comigo?

- Vou.

Nós andamos pelos corredores até chegar à ala do primário.

- Lynn! – Gritou uma menininha morena.

- Eu já estou indo. – Ela gritou de volta. – Tchau Lu... – Ela já estava correndo em direção à garota morena.

- Tchau. – Disse para o vento.

- Srta. Stonly – escutei a voz de Joseph atrás de mim, me virei para ele – a Sra. Pattison quer falar com você.

Ai droga! A bruaca loira foi fofocar para a bruxa de óculos.

Segui Joseph até a sala da Múmia Chanel.

- Srta. Stonly sente-se. – Ela sinalizou para me sentar em uma cadeira de frente para a dela.

Sentei-me e fiquei ouvindo a diretora (que está sem óculos, mas ainda continua uma megera apavorante) fingindo atenção. Ela está falando alguma coisa sobre respeito ao próximo, que não se deve dar socos nas pessoas e que não deveria ser tão agressiva e blá-blá-blá.

- Desta vez você só vai levar uma advertência, mas na próxima vez você será suspensa, entendeu? – Acho que agora ela parou com seu falatório formal.

- Entendi. – Confirmei.

Ela colocou os óculos e fez sinal para que eu saísse.

Quando eu saí da sala, quem eu encontro a dois metros da porta?

Beto e Kelly discutindo.

- Eu não sabia que ela era sua irmã. – Insistiu Kelly com uma bolsa de gelo no nariz (muahaha).

- E se ela não fosse minha irmã, bateria em uma garota de 8 anos? – Perguntou ele furioso.

Kelly não respondeu e olhou diretamente para mim, que estava tentando sair dali sem ser vista (É não deu certo).

- O que você está fazendo aqui orfãzinha? – Kelly está com o ódio no olhar, até que olhou para a sala da diretora e o converteu em um brilho no olhar de cachorro pidão – A-a Sra. Pattison expulsou você?

- Engano seu, ela só me repreendeu e me deu uma advertência.

- Obrigado por proteger minha irmã.

Eu já havia me esquecido dele, até ele falar. Está com o cabelo arrepiado igual ontem no refeitório. Tentei não pensar no que a Lynn disse, além disso, se for verdade, por que eu me importo tanto?

- Orfãzinha você vai se arrepender de ter me dado aquele soco. – Kelly me tirou da minha discussão pessoal sobre gostar ou não do Beto.

- O nome dela é Lueny! – Gritou Beto com raiva.

- Betinho, gatinho lindinho do meu coração – ela passou a mão de leve no rosto dele, não sei o porquê, mas isso me deixou irritada, ou talvez ciúmes? – por favor, não se meta, isso é entre mim e a ór... – Ela usou uma grande quantidade de desdém na voz, ainda bem que ela tirou a mão do rosto do Beto se não... – E a Lueny. – Ela se corrigiu.

- Me escuta... – Comecei com (muita) raiva. – Eu não tenho nada para falar com você, então... Pode ficar de pegação com o “Betinho”. – Disse sarcasticamente. – Enquanto eu vou para o meu quarto rir do seu nariz quebrado.

Dizendo isso, fui pisando pelo corredor indo em direção ao meu quarto.

- Beto! – Ouvi Kelly gritar enquanto Beto me seguia.

- Lu... – Beto me alcançou. – Lu... – Ele repetiu. – Lueny! – Ele gritou percebendo que eu não vou parar para falar com ele, continuei andando, até que ele agarrou meu braço.

Desvencilhei-me rapidamente dele.

- Eu sei que Kelly é uma idiota irritante - começou ele olhando diretamente nos meus olhos (Caramba! Por que ele tem que ser tão lindo?) – mas eu não tenho nada a ver com ela.

- Em primeiro lugar Beto: Eu não sei por que você está falando isso. – Falei com firmeza (mesmo que no momento pareço não ter nenhuma). – Em segundo: Eu não faço a mínima ideia do por que você fala comigo, eu não sou do seu nível, você tem que andar com garotas tipo a Kelly, ou melhor, com ela mesmo que você tem que andar. – Estou encarando seus lindos olhos verdes. –Ou já está andando. – Acrescentei.

- Eu não quero garotas do meu “nível”. – Ele fez aspas com os dedos. – Muito menos a Kelly.

- Pois deveria! – Foi à última coisa que disse antes de fechar a porta na cara dele.

 A cama ainda está desarrumada, eu tenho que perguntar para a Li o porquê dela ter ido embora do meu quarto ontem. Bom, pretendo jantar com ela hoje, então...

Mesmo tendo que perguntar, eu não consigo parar de pensar no Beto... E na Kelly.

Então, minha vida está assim:

Uma possível amiga me deixou sozinha.

O garoto - que talvez – eu gosto, tem uma espécie de “história” co uma vagabunda chama Kelly.

E a Tereza não atende o celular desde aquele pesadelo horrível.

Fui tomar banho para esfriar a cabeça.

Sentei na cama, peguei meu notebook para terminar algumas pesquisas do trabalho de história, não sei se a Li vai vir aqui, espero que ela traga comida.

Ai droga! A comida esqueci-me de pegá-la por causa daquela confusão com Kelly. Agora vou ter que ir para o refeitório, estou com muita fome.

TOC, TOC, TOC!

Fui surpreendida pelas batidas na porta, vou abri-la, espero que não seja o Beto porque eu não vou hesitar em bater com ela na cara dele.

- Oi. – É Carlie trazendo duas bandejas de comida.

- Oi... Pode entrar. – Eu disse dando espaço para ela passar.

- Obrigada. – Ela entrou e pôs as bandejas em cima das camas, fora que ela trouxe um pacote de Doritos (onde será que ela conseguiu?).

- Por que você foi embora ontem? – Perguntei enquanto ela tirava o laptop da mochila.

- Ah... Por que... Ahn... – Ela se enrolou.

- Não precisa falar se não quiser. Eu sei que sou chata.

- Não é isso... É que eu não estou muito acostumada com pessoas.

- Tudo bem, então dizem que eu nem sou uma. – Ela riu baixinho.

Assim que terminamos de comer ela ligou o laptop.

- Você gosta daquele tal de Leo do refeitório? – Escapou enquanto eu tirava os livros da minha bolsa.

- Ahn, não sei direito. – Desabafou. - Só não quero que ele se machuque.

Caramba! Eu não havia pensado nisso. Agora sei que devo ter mais cuidado com o Beto.

- Hum... É uma pena, ele parece gostar muito de você.

- E você e o Beto?

- Não tem “Eu e Beto”. – Falei com firmeza.

- Você não gosta dele?

- Não!

- Sei... – Ela disse sorrindo.

Enquanto fazíamos o trabalho, percebi que ela é a única pessoa que conversou comigo e que tem os mesmos problemas que eu e seria bom ter ela como colega de quarto, digamos que a Britney (ou britadeira como ela gosta de chamar) não é uma boa colega de quarto.

- Li? – Chamei.

- Lu! – Respondi.

- Quer ser minha colega de quarto?

Ela me observou por um tempão até responder:

- Sim.


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Notas finais do capítulo

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