Lembranças De Oliver escrita por Duda Nyan, Lua Negra


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Lua Negra: Na minha opnião, esse capítulo ficou engraçado e ao mesmo tempo sinistro.

Duda Nyan: Olá e desculpas, acho que sou muito enrolada, acho que tenho que para de ter preguiça de mexer no computador hehe. Bom... Mas o importante é que o capítulo está postado, agora aproveitem.



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Carlie P.O.V. on

- Ótimo. - Ela deu um sorriso enorme.

- Vou pegar minhas coisas em meu quarto. Até mais tarde. Te vejo na sala. – Saí correndo pela porta, nem esperei por sua resposta.

Como hoje vai ter aula livre para estudos, acho que dá tempo de levar quase tudo. Guardei tudo que eu trouxe em minhas malas e levei para o quarto novo, só deixei uma por que não vai dar tempo de chegar à sala antes da professora.

O engraçado é que eu cheguei junto com a professora na sala.

Quando a última aula acabou eu fui para o meu antigo quarto apressadamente para pegar a mala que deixei.

- Enlouqueceu, vai aonde? - Britney entrou no quarto.

- Me mudar. Lueny me chamou para ficar no quarto dela.

- E você vai?

- Vou.

- Que bom. - Ela sorriu. - Quer dizer, que triste. Ajuda para carregar a mala?

- Não, obrigado.

- Vou sentir saudade. - Dessa vez foi sincero. - Claro que eu odiava quando você fazia barulho enquanto eu estudava, ou quando você escutava música no volume máximo no fone e ainda dava para escutar do corredor, ou quando você ficava reclamando do lag...

- Já entendi que eu era irritante. - Sinto muito, mas não vou sentir saudade dos roncos. - Tchau, te vejo amanhã na aula.

- Tchau. - Ela me abraçou. - Isso nunca aconteceu.

- Ok. Ih, acabo de lembrar de uma coisa.

- O que?

- Nada importante, depois eu busco essa mala pode ser?

- Sim, só não venha tarde. Tirar boas notas exige que eu durma cedo.

- Ok.

Saí do quarto e fui procurar Leo. Como que eu consegui esquecer isso?

Onde que sempre vejo ele?

No lago.

Ele não está aqui.

Outro lugar, vejamos... Biblioteca?

Nada por aqui também.

Será que ela está no refeitório?

Aqui também não.

Onde que ela se meteu?

Tanto faz, vou pegar a mala no meu antigo quarto, se ficar tarde posso ficar sem ela (vai que a Britney me tranca para o lado de fora).

Quando cheguei, ela não estava lá, só peguei a mala e levei para o quarto da Lueny, que também não está no quarto. Onde foi todo mundo? Não importa, fui tomar banho, coloquei uma roupa qualquer e depois dormi, ainda estou cansada, mas não sei por que.

Acordei e já está escuro, não entendo como posso ter dormido tanto.

Lueny parece não ter chegado ainda.

Já está na hora do jantar, troque de roupa, coloquei minha blusa branca com finas listras pretas e mangas ¾, calça jeans azul, sapatilha violeta de laço, fiz uma trança de lado no cabelo.

Fui para o refeitório, Lueny está sentada em uma mesa sozinha com Beto, já jantando.

Entrei na fila, peguei meu jantar e sentei ao lado dela.

- Oi. – Disse.

- Oi. – Ela me olhou com uma cara de dúvida. – Onde você estava?

- Dormindo no quarto.

- Sério?

- Claro.

- Olá garotas.

- Oi Beto. – Disse Lu.

- Oi. – Respondi.

- Certeza que vai sentar aqui Beto? – Perguntou Leonard, ele está com uma camiseta bege com “Videogames are my Friends” escrito de preto, calça jeans escura e tênis branco de cano médio da Adidas.

- Absoluta. – Ele pareceu confiante com alguma coisa, acho que ele vai pedir desculpas a ela.

- Lembre-se do que eu disse. – Sussurrei para Beto.

- Colabore comigo.

- Sentarmos juntos virou rotina. – Falei para o grupo.

- Concordo. – Respondeu Leonard.

Lueny e Beto pareciam pensativos demais para dizer qualquer coisa. Ficamos em silêncio por um bom tempo.

Leonard começou a jogar ervilhas em mim (olhando desse modo, acho que é bom o horário do almoço dele ser diferente do meu). Qual é o problema desse garoto?

- Leonard, para?

- Não.

- Se lembra do que aconteceu da última vez?

- Sim. – Ele continuou.

- Se isso fosse “The king of Figthers” e eu fosse o Ryo, eu já teria te acertado com um Hadouken.

- Você gosta de videogames? – Ele parou.

- Claro bobo.

- Eu te desafio, melhor de 3.

- Desafio aceito. Mas... Onde nós vamos jogar? Que eu saiba aqui não tem videogames.

- Na sala de TV. Achou que eu ia deixar meu videogame em casa para minha irmã quebrar? Nunca!

- É um Playstation 2?

- Sim. Vamos?

- Vamos! – Antes de ir com Leo joguei uma ervilha em Beto para chamar sua atenção. – Boa sorte com ela. – Sussurrei.

Segui Leonard pelo corredor da ala masculina (eu não vou até o quarto dele), ele andou um pouco até perceber que eu havia parado.

- Vai ficar aí?

- Vou. Por quê?

- Acho que vou demorar.

- Não tem problema, eu espero.

- Ok, só não se meta em encrencas.

- Vou tentar. – Sorri.

Ele foi correndo pelo corredor. Não demorou muito e Mary Wirth e sua gangue apareceu (já disse que a britadeira faz parte dela?).

- Está esperando o namoradinho?

- Sinto muito, mas não tenho um. – Dei-lhe um sorriso cínico.

- Claro ninguém te aguenta mesmo, deve ser por isso que seus pais morreram.

- Não meta meus pais nisso porque você é tão porca que não deve nem mencioná-los. Além de que eu não fico com qualquer nojento que aparece em minha frente: - Fiz uma voz fina para tentar imitá-la – Olha para mim, vou ficar com você, porque sou Mary Wirth a nojenta.

- Não ouse sua...

- Ah eu ouso, pensando bem, termine sua frase.

- Não estou com vontade agora. – Ela me empurrou não tão forte para me derrubar, mas forte o suficiente para me mandar para trás. Duas de suas amigas foram para o seu lado só para me deixar sem saída.

Fui andando de costas até perceber que estava perto da janela.

- Vai para onde agora orfãzinha?

- Te jogar pela janela quem sabe.

- Quero ver como. – Puxei-a de modo que a coloquei de costas para a janela.

- Ainda questiona?

- Não. Mas acho melhor você me soltar.

- Por quê? Vai correr para a mamãezinha? Ou prefere ir voando.

- Não. – Ela parece estar morrendo de medo.

- Ah é galinhas não sabem voar. – Carreguei a voz de sarcasmo.

- Você é louca.

- Você ainda não viu nada. – Dei um sorriso maníaco.

- Para com isso.

- Não antes de te jogar pela janela.

- Socorro. – Ela gritou.

- Quer saber, saia daqui antes que eu te jogue por essa janela.

Saí de sua frente para que ela passasse.

- Isso não vai ficar assim. – Ela me lançou um olhar feroz que eu retribuí.

Ela saiu pisando forte pelo corredor. Britney ficou para trás.

- Me desculpe, mas eu não consegui impedi-la. – Sussurrou.

- Sem problemas.

- Britney. – A bruxa ruiva gritou, Britney foi correndo até ela.

Voltei para onde estava esperando Leonard, ele demorou tanto que eu já havia sentado no chão e estava quase dormido ali mesmo.

- O que você estava fazendo? – Perguntei.

- Arrumando o quarto para achar o videogame.

- Quarto bagunçado hein. Seu colega aceita bagunça?

- Quem? O Beto? Ele é tão bagunceiro quanto eu.

- Minha antiga colega não suportava uma coisinha qualquer fora do lugar. Espere um pouco... Beto é o seu colega?

- Sim, além de ser meu melhor amigo. Vamos? Só temos 1h para jogar.

- Ok, você demorou demais para achar o videogame, da próxima vez você arruma o quarto. – Ele estendeu sua mão para me ajudar a levantar.

Fomos para a sala de TV e instalamos o videogame.

Ele colocou “The King of Fighters 2002”, minha versão favorita do jogo.

Ganhei a primeira luta de Iori Yagami X Kyo Kusanagi.

- Nyadoon!

- O que?

- Meu grito de vitória.

- De onde tirou isso?

- Sei lá, só veio na minha cabeça e eu falei.

- Legal.

- Por que você não tenta quando ganhar?

- Ok.

Jogamos um round de Terry Bogard X Billy Kane e ele ganhou.

- Yao.

- Viu é legal.

- Ganhei de você hahá. – Ele riu.

- Ganhou o round, mas não a luta.

- Ainda não.

Voltamos para o jogo. Ganhei dele.

- Ah, eu não disse? – Mostrei língua para ele.

- Ok, sem graça.

Agora a luta é Ryo Sakazaki X Mai Shiranui. Dei uma surra nele, de novo.

- Nyadoon! Te venci no melhor de três

- É porque você estava com o melhor controle.

- Mentira. Você que é ruim e não admite.

- Quero revanche.

- Melhor de três de novo?

- Sim.

Yuri Sakazaki X Nameless Ganhei.

Athena Asamiya X Sie Kensou Ganhei de novo.

Kula Diamond X Joe Higashi ele ganhou.

Leona X Chris ele ganhou.

- Por enquanto estamos empatados. – Ele disse.

- Agora é decisivo. – Respondi.

Chin Gentsai X Choi Bounge.

- Ah perdi. – Fiz cara triste.

- Li quem sabe na próxima você ganha. – Ele deu dois tapinhas em minhas costas sorrindo.

- Não se anime tanto, lembre-se que antes de você ganhar o jogo estava empatado.

- Sim, melhor guardar o videogame. – Ele olhou em seu relógio de pulso.

Em uns 5min terminamos, ele guardou o videogame na mochila e saímos da sala de TV. Eu o segui pelo corredor.

- Acho que aqui nos despedimos, tchau. – Eu disse.

- Já? Tchau então. – Ele pareceu triste.

Virei-me e estava disposta a voltar para o meu quarto, mas havia um ser preto maciço usando um manto, de forma humanoide, sem rosto, só com pontos vermelhos no lugar dos olhos parado há uns 15 metros de mim no corredor.

- Não pense que vai se livrar de mim tão rápido. – Fui atrás de Leonard e agarrei seu braço.

- Vai comigo?

Hesitei, mas é melhor do que enfrentar aquela coisa no corredor.

- Sim. – Olhei para trás, a coisa está mais próxima. Segurei mais forte o braço de Leonard.

- Ai! – Ele gritou. – O que foi? – Pisquei e a coisa sumiu, Leonard percebeu que eu estava olhando para trás e se virou também.

- U-uma... Nada.

- Uma o que? Ali não tem nada.

- Então, eu disse “Uma nada”.

- Ok. – Ele me olhou me achando estranha.

Soltei seu braço, depois que a coisa desapareceu o corredor ficou vazio. Fui com ele até seu quarto.

- Vai entrar? – Olhei para o corredor e a coisa se materializou novamente.

- S-sim. – Corei.

- Bem vinda a “Ilha da Bagunça”. – Ele disse enquanto abria a porta

- Obrigado.

O quarto é realmente uma bagunça. Tem coisas espalhadas por todos os lugares (tem até um moletom no ventilador de teto). Fora a bagunça, o quarto tem o mesmo aspecto que o meu e da Lueny, só que as paredes e as cortinas são pretas.

Beto está sentado no chão escutando música no Headphone.

Leo empilhou uns mangás que estavam espalhados em sua cama e fez sinal para eu me sentar.

- Eu disse que estava bagunçado.

- Só não achei que era tanto.

- Eu gosto assim, Beto também. – Beto fez sinal de “curtir” com a mão.

- Ele nos ouve mesmo com o fone?

- Sim, ele é estranho.

- Eu ouvi isso. – Beto gritou.

- Mas é verdade.

- Não é.

- É sim.

- Parem vocês dois. Hey Beto deu certo com a Lueny?

- Acho que sim.

- As garanhão. – Leo caçoou dele.

- Vou ter que verificar.

- Boa sorte!

- Vou para o meu quarto. – Tirei meu celular do bolso e olhei a hora 20:55h. – Estou atrasadíssima, jamais vou conseguir chegar a meu quarto em 5 minutos!

- Então dorme aqui.

- Muito engraçado Leonard, mas não. Tchau.

- Espera. – Leonard me puxou quando estava saindo do quarto. – Eu me esqueci de perguntar uma coisa.

- Huuuuuuuuuuum. – Já havia me esquecido do Beto.

- Vaza daqui esquisito.

- Ok. – Beto ia saindo pela porta. – Epa, me esqueci da hora. – Ele passou por mim e por Leo, entrou no banheiro e ligou o chuveiro para não nos escutar.

- Hoje você desmaiou e me deixou muito preocupado. Agora você está bem?

- Estou sim. Não precisava se preocupar comigo.

- Ah precisava sim, já imaginou se fosse algo sério?

- Mas não é, foi só uma fraqueza.

- Tudo bem então, durma direito para nada acontecer novamente.

- Vou tentar. E nada de vagar pelo corredor hoje, ouviu?

- OK, só se você prometer ficar bem.

- Não sei se vou cumprir, mas vou dar o máximo de mim.

- Boa noite.

- Boa noite. – Respondi e saí do quarto.

Pelo caminho driblei alguns monitores de corredor, passei até pela megera e por Joseph, eles pareciam procurar por algo, outro dia eu descubro.

Tentei abrir a porta, estranho ela estar trancada. Tirei a chave do bolso, destranquei a porta e a abri.

Lueny P.O.V. on

- Ótimo. – Dei um sorriso enorme.

- Vou pegar minhas coisas em meu quarto. Até mais tarde. Te vejo na sala. – Ela saiu correndo pela porta.

Hoje teríamos uma aula livre depois do almoço, então deu tempo de ela pegar suas coisas e trazer para o nosso quarto. Ela entrou na sala junto com a professora.

Depois que a última aula acabou Li foi para algum lugar (acho que ela está fugindo do Leo). Eu fui para o quarto para pegar o livro para devolver à biblioteca.

Eu aproveitei e tomei banho, fui procurar o livro. Alguém bateu na porta, acho que é o Beto, estou me preparando para mandá-lo tomar (não exatamente isso), me preparando para mandar a porta na cara dele. Mas não é ele, é o Leo, me segurei o máximo que pude para não rir.

- Oi. – Disse eu.

- Oi. - Ele respondeu.

- Esqueci qual é o quarto da Li, então vim aqui procurar por ela, já que ontem ela me disse que ia vir aqui fazer um trabalho. – Ele está com cara de quem dormiu mal já que está com olheiras.

- Em primeiro lugar: Agora aqui é o quarto dela. Em segundo: quem te contou onde fica meu quarto?

- O Beto. – Ah que vontade de mandar o Beto ir para o inferno junto com a Kelly. – Ela está aí? – Ele perguntou me livrando da dúvida: qual xingamento eu uso para o Beto?

Revirei os olhos e disse:

- Não.

- Você sabe onde ela está? – Ele colocou o pé na porta para impedir que eu a fechasse.

- Eu sou amiga dela, - lembrei-o – não babá.

Ele ainda ficou impedindo a porta com o pé, se eu não estivesse tão brava com o possível melhor amigo dele, teria pena dele.

- Mais alguma coisa? – Perguntei já muito estressada.

- Você não sabe mesmo onde ela está? – Ele parece bem preocupado.

Revirei os olhos de novo.

- Você está tão apaixonado por ela que dá vontade de vomitar... – Afirmei. – Sangue! – Acrescentei.

- Está tão evidente assim? – Ele tirou o pé da porta. Ótimo, agora eu posso fechar a porta na cara dele.

- Sim. – Respirei fundo, olhei para os lados e não vi ninguém – Por que você não fala para ela que você gosta dela?

- Não tenho coragem. Você pode me ajudar! – Percebi que não foi uma pergunta, mas a resposta foi à mesma que se fosse.

- Não!

-Por favor? – Ele implorou.

- Não. – Repeti e tentei fechar a porta, mas ele a empurrou antes que eu pudesse fechá-la (ele é magrelo, porém é mais forte do que parece).

- Por favor, Lueny... Eu gosto muito dela

Respirei fundo, ele gosta dela e ela gosta dele, será que é tão difícil assim dizer isso um para o outro? É!

- Eu não sou filha de Afrodite e nem gosto dela. – Admiti. – E por acaso, eu tenho cara de cupido? – Ele riu.

- Por favor! – Ele repetiu. – Estou completamente apaixonado por ela.

Respirei o mais fundo que pude, não acredito nisso.

- Eu tenho que aprender a ser má. – Cedi tristemente.

Ele deu um longo sorriso me levantou dando-me um abraço e beijos nas bochechas.

- Ai que nojo. – Gritei. – Acabei de tomar banho.

Ele me soltou depois de enchê-lo de tapas.

- Obrigado. – Ele está realmente feliz.

- Tudo bem. – Eu estou tentando me limpar. –Da próxima vez que você fizer isso, você vai perder os seus membros e acordar debaixo d’água dentro de uma jaula envolta de golfinhos famintos.

Ele me olhou assustado depois pareceu muito confuso.

- Golfinhos?

- Sim, qual é o problema? Para mim eles são assassinos. – Mostrei língua pra ele.

- Tudo bem...

- Tchau.

- Tchau. – Ele sorriu feito um bobo. – E obrigado de novo.

Ele foi correndo pelo corredor. Não resisti e caí na gargalhada, ele tem um jeito muito engraçado de correr, parece o papa-léguas.

- Isso não quer dizer nada Afrodite. – Disse para mim mesma, fechando a porta do quarto.

Finalmente achei o livro, fui direto para a biblioteca.

Fui até Neide para devolver o livro, depois fui escolher outro na estante. Peguei “GO” de Nick Farewell. Fui até uma mesa vazia perto da janela para lê-lo, há vários grupos por aqui espalhados pelas mesas.

- Posso me sentar aqui?

Olhei para cima e vi Beto, ele está com uma blusa verde com estampa de um skate, está de calça jeans azul e tênis verde.

- Não. – Respondi friamente.

- Obrigado. – Disse ele se sentando. – Gostei da roupa.

Olhei para ele e depois olhei para mim, estou com minha blusa regata branca com o Bob Esponja e o Patrick se abraçando estampado, calça jeans preta com alguns detalhes rosa (não sou muito fã dessa calça) e meu all star laranja de cano curto.

Estou com tanta raiva de Beto que nem sei se seu sorriso de moleque me amoleceu.

- Eu sei que você está “p” da vida comigo, então eu escrevi um poema para você, espero que goste.

Ele chamou com a mão três garotos, um loiro de olhos pretos, um negro de olhos castanho médio e cílios grandes e outro garoto de cabelos castanho claro que tem franja jogada para seu lado esquerdo. O loiro está com um saxofone, o negro com uma flauta e o loiro com um violino.

Os garotos começaram a tocar enquanto Beto subia em cima da mesa e começou a recitar o poema:

- Queria que fosse como antes...

Mas infelizmente não é

Sinto-me sozinho e abandonado

Sem você. - Os garotos ainda estão tocando e Beto está olhando para mim enquanto recita o poema, o engraçado é que eu não consigo parar de olhar para ele, por quê? Não sei. Talvez porque todos estão olhando para nós, inclusive a Neide. Estou morrendo de vergonha tentando entender o porquê de Beto estar fazendo isso, será que ele gosta tanto de mim?

- A Culpa não é minha

Não é sua                                

Não é de ninguém...

Bem, de quase ninguém.

Estou ouvindo isso e quero muito virar um avestruz para enfiar a minha cabeça debaixo da terra. Ai que droga! O Beto é completamente maluco.

- Embora você esteja brava comigo

E eu esteja magoado com você

E provavelmente esteja uma confusão nas nossas mentes

Dessa vez ele olhou exageradamente direto para mim e eu não consigo desviar os meus olhos dos dele, é como se o mundo estivesse parado ao nosso redor e que só houvesse eu e ele aqui. Seus olhos parecem fogos de artifício.

- Eu queria voltar a ser importante

Para você

Então lhe peço:

Desculpas.

Estou atordoada, me viro para ele e digo baixinho:

- Beto para com isso, todo mundo está olhando.

Ele olhou ao redor e pareceu ser a primeira vez que ele notou as pessoas que estão aqui e olhou novamente para mim.

- Você me perdoa?

- Não. – Respondi com severidade.

- Ele deu um sorriso malicioso...

- LUENY MORGAN STONLY VOCÊ ME PERDOA? – Ele gritou bem alto repentinamente para que todos na biblioteca ouvissem. Agora ele olhou para mim e eu fiz que não com a cabeça, mas ele continuou, só que mais baixo. – Por favor? Eu lhe peço...

- Ok, eu aceito. – Gritei antes que ele voltasse a gritar.

Ele deu um largo sorriso, desceu da mesa e me deu um longo abraço enquanto todos da biblioteca aplaudiam. Ele agradeceu os três garotos e eles saíram da biblioteca.

- Definitivamente, você é maluco! – afirmei, olhando ele se sentar a minha frente.

- É... Normalmente me dizem isso!

 Tentei me concentrar no livro, mas Beto não para de me olhar.

- Você vai ficar me olhando? – Perguntei, fechando o livro.

- Sim, você é a coisa mais interessante aqui. - Respondeu.

- Por que você não tenta ler um livro?

- Boa ideia. – Beto sorriu. – Será que aqui tem uma bibliografia sua?

Cara, eu adoro o Beto. Pior, eu o amo, que droga!

  Já está na hora do jantar. Eu fui ao refeitório, peguei meu jantar e me sentei em uma mesa vazia.

- Oi. – Li apareceu e se sentou ao meu lado.

- Oi. – Respondi. Lembrei-me de quando Leo foi me incomodar. – Onde você estava?

- Dormindo no quarto.

- Sério?

- Claro.

- Olá garotas.

- Oi Beto. – Respondi.

- Oi. – Disse Li.

- Certeza que vai sentar aqui Beto? – Perguntou Leonard.

- Absoluta. – Às vezes esse garoto me assusta.

Beto e Li sussurraram alguma coisa incompreensível.

- Sentarmos juntos virou rotina. – Li Disse.

- Concordo. – Respondeu Leonard.

Ficamos em silêncio.

Para variar o Leo e a Li começaram a brigar, acho que ele não se cansa de jogar ervilhas na Li, Leo olhou rapidamente pra mim (ele é um idiota, gosta da garota e a incomoda)... Eles estão falando alguma coisa sobre jogar algo que tem um nome parecido com “The Ring All Night”, não estou ouvindo direito estou pensando no Beto, que está na minha frente. Ouvi Li dizer a ele: “Boa sorte com ele”, antes dela sair com o Leo.

  Deu-me vontade gritar o nome dela e implorar para ela não me deixar sozinha aqui com ele, dessa forma:

“Li, não me deixa aqui sozinha com esse garoto que eu acho que amo.”

- Tenho que ir. – Disse me levantando da mesa.

- Espere, – Beto agarrou meu braço – eu vou com você.

Ele andou junto comigo até chegarmos ao corredor.

Ficou um silencio chato entre nós.

- Você lê demais... – Observou ele.

- Sim, eu amo ler.

- Eu não gosto muito de ler. –Admitiu.

- Sério? Nem deu para perceber. – Disse eu ironicamente.

Isso o fez rir.

- É bom ter a velha Lu de volta. – Ele se sentou num banco perto do meu quarto e da Li.

- Você não tem mais nada pra fazer do que ficar me atormentando? – Perguntei olhando pra ele.

- Não. – Disse ele rindo.

- Você precisa urgente de uma namorada!

- É... Pode ser. – refletiu ele olhando pra mim. – Está se candidatando?

Fiz cara séria para ele.

- Pare de ser bobo! – Ordenei. – Porque você não vai encher o saco do seu colega de quarto?

- Ele está ocupado com a Li.

- O Leo é seu colega de quarto?

- Sim...

- O quarto de vocês deve estar uma bagunça.

- Pior que você está certa.

Eu olhei para ele e olhei para a porta do meu quarto.

- Tchau! – Disse eu indo em direção a ela.

- Posso entrar? – Perguntou Beto do lado de fora do quarto.

- Não! – Disse com firmeza.

- Ok. – Disse ele dando os ombros. – Vou incomodar o Leo e a Li.

- Ok. – Repeti. – Tchau.

- Tchau... – Eu já estava quase fechando a porta. – Espere, eu esqueci... Toma – Ele me deu um anel. – Isso vai ficar bem em você, se sinta protegida por mim enquanto estiver usando ele. – Ele foi correndo em direção à ala masculina, fiquei olhando o anel, testei em todos os dedos, serviu no dedo do meio, foi onde o deixei.

Eu tomei banho e percebi que já está tarde, a Li ainda não chegou, vesti a mesma blusa e a mesma calça que estava só que dessa vez calcei a minha sapatilha vermelha.

Fui até o lago, encontrei uma pedra bem grande perto do bosque, tem alguma coisa se movendo do outro lado, quando essa coisa se levantou, eu dei um grito alto e agudo, a coisa fez o mesmo. Foi quando percebi que a coisa era o Charlie Zine.

- Desculpa, eu não queria te assustar! – Disse, ele recuperando o fôlego.

- Tudo bem.

Ele parece mais assustado que eu e grita como uma menininha.

- Eu sou Charlie Zine. – Disse ele estendendo a mão.

- Eu sei. – Eu apertei sua mão.

- Você é Lueny Morgan Stonly certo?

- Certo.

- O que você está fazendo aqui? – Perguntou ele pegando seus livros do chão (são muitos).

- Eu posso perguntar o mesmo pra você. – Respondi.

Ele deu um sorriso metálico, é ele usa aparelho, suas borrachinhas são da cor verde perolado.

- Eu estava estudando.

- Tem prova?

- Não... Mas eu gosto de estudar.

– Ah! – Esse garoto é maluco, eu nem gosto de estudar um dia antes da prova e às vezes nem 10min antes dela.

- Já vou indo! – Disse Charlie.

- Está bem! – Disse eu me sentando no topo da pedra. – Tchau...

- Tchau. Cuidado com essas pedras, elas são escorregadias, você pode cair ou prender o pé.

O Charlie é legal, mas tem um jeito esquisito. Tipo aqueles caras de filmes de terror que avisa as pessoas para não ir a algum lugar, pois lá acontece coisas estranhas e o pessoal acha que ele é louco, não o escuta... E acaba morrendo.

- Ok...

Ele deu um tchauzinho com a mão e saiu. Eu fiquei lá por um longo tempo, até o bosque ficar totalmente escura e sombria.

Desci da pedra e adivinha: acabei de prender o pé. Que droga! Eu deveria ter escutado o Charlie, agora eu estou me sentindo em um filme de terror. Peguei o meu celular e adivinha de novo: ele está sem bateria. Que droga de novo! Agora eu estou me sentindo ainda mais em um filme de terror.

Fiquei presa por um bom tempo (ou um horrível tempo), meu pé está totalmente preso e eu estou tentando tirar o pé da pedra até que de repente uma criatura sombria, ela é branca e tem os pontos vermelhos representando os olhos.

Ela me atravessou e depois voltou para perto de mim, tentou entrar em mim, eu tive um grande surto de tosse e acabei vomitando água e sangue. A criatura se materializou em minha frente, logo depois se fundiu com um vento muito forte e se foi.

Por sorte consegui soltar meu pé da pedra e fui correndo bosque adentro. Olhei para trás porque senti que estava sendo seguida, bati em uma árvore, senti minha cabeça doer, passeia a mão em minha testa quando olhei para ela tomei um susto, minha mãe está cheia de sangue. Olhei para a árvore e vi escrito, quase invisível: “Lembranças de Oliver”. Quem será Oliver? E por que ele escreveria isso aqui?

Senti um vento forte vindo de trás de mim, foi quando ouvi um “Dam” na minha frente, foi um barulho alto, de repente vi um brilho branco, foi como um escudo se criando na minha frente e expulsasse as quatro criaturas pretas, sombrias, com pontos vermelhos representando os olhos.

Minha última visão foi as criaturas vindo em minha direção.

Carlie P.O.V. on

Pensei que levaria uma bronca de Lueny por chegar tarde, mas ela não está aqui e também não está com Beto. Onde será que ela foi? Vou esperar um pouco.

Coloquei meu pijama (camisetão branco e short preto curto) e esperei-a por um tempo.

Cansei de espera-la, vou dormir.

Tenho que parar de só deitar sem me cobrir, sempre acordo de madrugada com frio. Olho no meu celular e já são 1:07h, ilumino a cama de Lueny e ela ainda não voltou, liguei o abajur e desliguei, para não descobrirem que estou acordada.

Esperei um pouco mais e nada de Lueny, acho que ela deve estar em uma farra boa ou em uma encrenca das grandes. Ela já está me deixando preocupada.

Saí do quarto para procurá-la, vaguei a escola inteira atrás dela e não achei. Voltei para o quarto e ela ainda não voltou.

Estou indo no quarto dos meninos para pedir ajuda.

Escuto passos no corredor, aqui não tem onde eu me esconder, estou torcendo para não ser a megera.  Não é ela, mas é Joseph.

- Garota, o que você está fazendo aqui há essa hora?

- EU estou procurando minha colega, ela desapareceu.

- Como assim “desapareceu”?

- Não a vejo desde o jantar, ela não voltou para o quarto.

- Você tem certeza?

- Sim.

- E o que você está fazendo aqui? – Dessa vez ele se referiu a ala masculina.

- Eu vim pedir ajuda aos nossos amigos.

- Um deles é aquele que você estava quando chegou?

- Sim.

- Ok.

Andamos até o quarto do Leo e do Beto. Bati na porta e foi Beto quem abriu.

- Carlie, o que você está fazendo aqui há essa hora? Você podia ter dormido aqui da primeira vez.

- Não é por isso, Lueny despareceu.

- O que?

- É isso mesmo, ela não voltou para o quarto. Vou precisar da sua ajuda para encontrá-la.

- Quanto mais ajuda melhor. Então tente acordar Leonard.

- Por que eu?

- Não importa. Boa sorte.

Ele saiu do quarto e foi com Joseph procurar Lueny.

Leonard está jogado em cima da cama, babando, só não roncando.

- Leonard. – Falei calma, sem sinal de vida da parte dele. – Lenard. – Repeti um pouco mais alto.

Isso não vai adianta. Comecei a chacoalhar ele e nada. Tento acordá-lo com cócegas e nada. Um beliscão e ele ainda não se moveu. Agora sei por que Beto caiu fora. Arrependi-me de ter o mandado ir dormir.

Sentei ao seu lado na cama e o observei por um tempo. Não resisti, comecei a acariciar seu cabelo.

- Leonard, acorda. – Falei baixinho.

- O que? – Aleluia!

- Levanta daí preguiçoso, é algo importante e você fica aí dormindo!

- O que aconteceu?

- Se você não dormisse tanto saberia.

- Então me conta.

Joguei o travesseiro de Beto na cara dele.

- Levanta que eu te conto pelo caminho.

Ele levantou e saímos do quarto em busca de Lueny, enquanto andávamos pelo corredor eu contava que aconteceu.

Eu e Leo procuramos em todas as salas e Joseph e Beto procuravam do lado de foram.

Fomos à enfermaria, enquanto eu falava com Nadine, Leo dormia em pé.

Não achamos em lugar nenhum.

Fomos para fora e nos juntamos a Joseph e Beto, que também não haviam achado-a.

Já havíamos desistido, estávamos voltando para o castelo pelo corredor da biblioteca, Charlie Zine estava saindo dela com uma pilha de livros.

- Charlie? – Chamei-o, ele derrubou os livros.

- Ferrou.

- Calma, sou eu, Carlie da sua sala.

- Ah, oi Carlie. O que você está fazendo aqui?

- Procurando Lueny.

- Por quê?

- Ela sumiu.

- Vai ajudar se eu disser que a vi?

- Sim.

- Ela estava perto do bosque, era umas 20:30h.

- Muito obrigado. – Abracei-o.

- De nada. – Me afastei dele e ajudei-o a pegar seus livros do chão.

Nós quatro fomos para o bosque, andamos por um bom tempo até acharmos ela caída embaixo de uma árvore, tem sangue na testa dela.

Beto a pegou no colo e a levou até a enfermaria.

- Vocês podem ir embora, eu fico com ela.

- Não, eu vou ficar. – Insistiu Beto.

- Ok.

Leonard já havia dormido na cadeira. Depois eu acabei pegando no sono.


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Notas finais do capítulo

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