Lembranças De Oliver escrita por Duda Nyan, Lua Negra


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Lua Negra: Demorou um pouquinho por causa da minha parceira, mas eu dedico aos nossos 3 leitores e aos proximos que virão.
Duda Nyan: Me sinto culpada pela Lua, não pensem que esqueci de vocês, apenas não estava bem. De qualquer forma está entregue. Aproveitem o capítulo e comentem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/349310/chapter/3

Carlie P.O.V on

Ouço uma batida na porta, que estranho, ainda está escuro. Olho no relógio esquisito da minha colega, ainda são 2:00h, bateram novamente.

Levanto-me para ver quem é, não tem ninguém, só vejo uma sombra no corredor e ouço passos, assistindo filmes de terror aprendi que não se segue as "sombras", mas eu sou curiosa e nunca dei bola para filmes de terror.

Faço uma curva, faço outra, não vejo mais a sombra, só ouço os passos.

Estou em um corredor estranho, não o do dormitório feminino, mas o da ala masculina (eu sei, tenho raciocínio lento), espero não ser vista por aqui.

– Joseph, você tem certeza que ele estava aqui?

– Absoluta senhorita Pattison.

– Vai começar tudo denovo, temos que tomar cuidado. - Eles estão se aproximando, é agora que eu morro.

Olho para os lados em busca de um lugar para me esconder, vejo uma sacada aberta, um ótimo esconderijo.

Ouço os passos se afastando, acho que eles foram embora, agora posso voltar para meu quarto, acho que não tem perigo olho para os lados, nada nem ninguém, começo a correr, parece que esse corredor não tem fim estou cansada e ainda não achei minha ala, andando de costas percebo o caminho percorrido, ai!

Bati em algo sólido, é melhor que não seja a diretora.

– Carlie? - Conheço essa voz, ufa, sorte que é o Leo.

– Leo... nard. - Isso poderia ser bom, mas é ruim, estou com um camisetão branco e um short preto curtíssimo.

– Por que você está aqui? - Ele está com uma camiseta branca escrita "I love Space Invaders", calça de moletom cinza e com o cabelo todo bagunçado, está muito fofo.

– Por que você está aqui!?

– Perguntei primeiro. - Droga, vou ter que responder.

– Alguém bateu em minha porta e eu segui até aqui, ouvi a direita e Joseph conversando no corredor, me escondi na sacada, eles foram embora, estava voltando para meu dormitório e trombei em você. Agora me responda.

– Sou sonâmbulo.

– Mentira!

– Estava sem sono, vagar pela escola de madrugada seria apenas mais uma aventura.

– Ah, ok. Vou dormir, tchau.

– Espera, esqueci de perguntar em que ano você está.

– 9° ano A. E você?

– 2° ano B.

Estava virando a esquerda.

– Lado errado.

– Obrigado.

Fui para meu quarto e não dormi mais, estava sem sono.

Peguei meu uniforme e fui tomar banho. Me vesti e coloquei os tênis que eu estava ontem, combinou perfeitamente com meus meiões listrados.

Que tédio ficar observando a ruiva dormir, ela ronca muito, parece uma descarga desenfreada.

Vou ler as regras que a megera me enviou, assim eu mato meu tédio. Estou matando o tédio com mais tédio, acho que vou jogar online, melhor eu pegar meus fones para não acordar a britadeira do meu lado.

Horas passaram, vejo um pequeno flash de luz entrando pela janela, acho que já posso sair do quarto, vou procurar o lago.

Fui em direção ao jardim, deve ser perto, pena que eu não estou achando, acho uma trilha com luminárias no bosque, deve ser por aqui.

Achei, é um lago não muito grande, tem alguns bancos, escolhi um do outro lado da margem, me parece um ótimo lugar para pensar, o despertador do meu celular está tocando, 7:00h.

Me deito no banco e começo a olhar para o bosque, sinto frio, não um frio comum, mas um frio de arrepiar, há um ser coberto por um manto preto segurando uma foice flutuando entre as árvores, as luminárias estão piscando, a criatura para e olha diretamente para mim, sou liberta do transe, começo a correr.

Longe do bosque já dentro da escola, decido pegar meu material e procurar minha sala.

É no penúltimo andar, a última sala do corredor, ainda não tem ninguém aqui, ótimo assim eu posso escolher onde eu vou sentar.

Última cadeira a esquerda ao lado da janela, perfeito, daqui da para ver o jardim.

A movimentação começou, vejo pessoas por todos os lados, mas aquela me chamou atenção, Leo com o uniforme da escola, está com um grupo de garotos, confesso que fiquei com ciúmes, mas eu não posso me apaixonar por ele, estaria colocando-o em risco.

Os alunos começam a chegar, aquela ruiva chata está na mesma sala que eu, uma garota de cabelos loiros cacheados pouco abaixo dos ombros, me chamou a atenção, ela entrou sozinha, de cabeça baixa e sentou do outro lado da sala, acho que já ouvi falar dela na televisão, foi a garota que teve seus pais assassinados brutalmente, sei como ela se sente, só não vou conversar com ela porque tenho vergonha.

– Ei, esquisita, saia do meu lugar. - Uma garota de olhos azuis, cabelos castanhos-avermelhados, alta, ordenou.

– Não quero. - Dei de ombros.

– W.O.S. A escola dos ricos e nerds, eu sou rica, você é a nerd órfã, então saia daí! - Serrei os punhos, tenho que me segurar.

– Ainda estou sem vontade queridinha.

– Eu mandei sair. - Disse ela entre dentes.

– Não vou mover um músculo.

– Meninas, já chega. Não quero brigas na minha sala senhorita Marry Wirth, sente-se aqui na frente. - Sorte que o professor entrou na sala, Marry foi cabisbaixa para o seu novo lugar. - Sou o Sr. Winfrey, professor de história, espero que não tenhamos problemas esse ano. Carlie, comece com as apresentações.

A aula foi legal, exceto pela parte das apresentações, odeio primeira semana de aula por causa disso.

O primero dia passou voando, vou para o lago para pensar na minha nova vida.

Sento-me no mesmo lugar de mais cedo, coloquei meus fones de ouvido, estou escutando "In this world" do Linkin Park, vejo Leo com o grupo dele em um banco na outra margem do lago, ele nem me notou, melhor eu sair daqui antes que ele me veja.

Andando por esse corredor analiso o quanto eu sou sozinha, mas é melhor assim, pelo menos ninguém morre.

Ai! Alguém jogou um livro grosso na minha cabeça, o que é ilógico, já que estou sozinha, de qualquer forma vou na biblioteca devolver.

A biblioteca não estava muito longe, é no final do corredor.

– Olá, eu sou Neide Kristen, você é uma das alunas novas? - Ela aparenta ter 53 anos, pele parda, cabelos pretos cacheados, olhos castanhos e usa óculos (diferente dos da diretora, pois dela são bem normais).

– Sou sim. - Sorri.

– Você está procurando algum livro em especial?

– Não, mas eu vim trazer esse livro que achei no corredor. - Eu não havia prestado atenção no livro, anuário de 1995, o ano que meus pais se formaram. - Pensando bem, vou ficar com ele.

– Ok, você está em que ano?

– Nono. - Ela mexeu no computador que está em sua frente.

– Se você quiser, pode dar uma olhada na biblioteca. Mas ainda não pode pegar nenhum livro, até devolver esse aí. - Ela fez sinal para o livro na minha mão.

Fui andando pelas sessões abarrotadas de estantes gigantes com milhares de livros, mas onde será que se escondem os livros de astronomia?

Andei mais um pouco até que encontrei o que procurava, "Uma nova história do tempo" de Stephen Hawking, só que está na prateleira mais alta, não vou conseguir pegar nunca. Há uma escada no fim do corredor, peguei-a, alcancei o livro, pensando bem, será que eu consigo alcançar o topo?

Não fiz muito esforço para ficar em cima da estante, aqui em cima é muito legal, comecei a ler o livro até que...

– Ai, livro idiota! - Um barulho oco de livro batendo em uma cabeça, adivinha na de quem: Leonard. - Só vou pegar você porque gostei de ti, mas não repita isso. - Que louco, falando com livros.

Eu prefiro não falar com ele.

Ele está carregando "Astronomia para leigos". (Não é estranho, eu consigo enxergar coisas de muito longe.)

Esperei ele sair de perto para descer, coloquei o livro no lugar, já estava saindo da biblioteca.

– Bu. - Leo pulou em minha frente assustando-me.

– Oi Leo...nard. - Corei.

– Não tem problema, pode me chamar de Leo, Li.

– Ok.

– Por que você não falou comigo lá no lago?

– Eu estava com pressa.

– Pensei que estava me evitando.

– Não, nem pensar.

– Mentira. - Já contei que minto mal?

– Não quero que aconteça nada com você.

– Mas não vai.

Fui salva por meu celular, que começou a tocar.

– Alô?

– Oi, Li? - É Michael.

– Sim, sou eu.

Acenei para Leo e fui me afastando.

– Tudo bem aí?

– Tudo...

– Se adaptou a nova escola?

– Tentando.

– Só liguei para saber se você está bem, tenho que voltar para as minhas obrigações, tchau.

– Tchau.

Voltei para sala e a semana se seguiu, vi aquela menina loira várias vezes pela escola, descobri que ela se chama Lueny.

Já é segunda-feira, da segunda semana de aula.

Estou "voando" pela janela, ouço o Sr. Winfrey falando alguma coisa sobre um trabalho em dupla.

– Charlie Zine, irá com Marry Wirth.

Coitado do Charlie.

Ele é alto, magro, cabelos pretos cacheados, usa óculos e senta perto da porta, descobri que ele é fã de Star Wars.

– Carlie Madson Sanson, você vai com Lueny Morgan Stonly.

Vi-me sem reação, fiquei feliz por ter a oportunidade de falar com ela.

Do nada ela entrou em uma crise de risos, olhei para ela surpresa, afinal, todos olharam.

– Srta. Stonly posso saber por que está rindo?

– Nada Sr. Winfrey. Só me lembrei de uma cena engraçada.

Lueny P.O.V on

Acordei, olhei no meu celular 8:10h.

Levantei da cama, tomei banho, coloquei minha blusa azul favorita que tem um morcego cinza nas costas embaixo dele está escrito “Vampiromania”, calça jeans azul, meu all star laranja e sai.

Estou tentando encontrar o caminho para a biblioteca (sem me perder nesse castelo enorme que chamam de colégio). Finalmente consegui encontrar, entrei e vi a bibliotecária, ela parece ter uns 53 anos, mais ou menos baixa, meio morena, têm cabelos negros e grisalhos, usa óculos sobre os olhos castanhos escuros, tem uma mancha de queimadura no lado direito do rosto.

– Olá querida! – Disse ela quando eu entrei. –Você é nova aqui, não é?

– Sim... – Respondi.

– Bem vinda. – Ela sorriu. – Meu nome é Neide Kristen. Qual é o seu nome?

– Lueny.

– Lindo nome, Lueny. Pode pegar qualquer livro.

– Bom... Aqui tem livros sobre mitos europeus?

– Tem sim. Seção de mitos europeus, corredor 5. – Ela apontou com o dedo.

– Obrigado. – Disse já seguindo pelo corredor.

Na seção de mitos europeus encontrei “Mundo obscuro que nós desconhecemos – vampiros, lobisomens e outros mitos europeus”. Acabei encontrando um livro escondido ao fundo da prateleira “História de W. O. S. School”, parece ser muito mais velho que o livro que a Sra. Pattison me entregou, procurei um lugar para me sentar.

Enquanto folheava o livro “História de W. O. S. School” vi que faltam algumas páginas, que segundo o índice, são as que falam dos incidentes da escola e dos alunos, que estranho.

– Mistos europeus, uh? – Beto se materializou em minha frente. – Escuta, posso te chamar de Lu?

– Não sei. Meu tio, meus pais, meus avós me chamavam de Lu.

– Por que “chamavam”?

– É... Que eles morreram. – Houve um pouco de tristeza em minha voz. – Tiveram mortes trágicas e sofridas...

– Sinto muito!

– Sabe o que eu mais odeio nas pessoas?

Ele me olhou confuso.

– É que quando alguém conta alguma coisa triste, elas sempre dizem “Sinto muito”. Na maioria das vezes, não estão nem aí, outras vezes se sentem mal por ter lembrado-o do ocorrido e não tem o que dizer, então, usam essa famosa frase. – Estava olhando fixamente para ele. – Então não diga isso, diga ”Eu lamento, mas era para ser assim.”.

– E lamento, mas era para ser assim. – Não pude deixar de rir.

Ele pegou o outro livro que estava posto sobre a mesa e abriu na página que fala sobre lobisomens.

– “Alguns especialistas na espécie, afirmam que lobisomens podem se transformar a qualquer hora, mas suas transformações são mais fortes na Lua Azul.”. – Ele terminou a leitura e olhou para mim. – Lua Azul?

– É uma definição para Lua Cheia. – Expliquei.

– Você sabe muito sobre luas, não é?

– Não muito. Mas vi isso em um filme: “Os Smurfs”. – Confessei, fiz ele rir e acabei rindo junto.

Enfim peguei só “Mundo obscuro”.

Fui para o meu quarto, de repente meu celular começou a tocar, é o número da Tereza.

– Olá, Lu. - Esqueci-me de dizer que ela também me chama de Lu. – Tudo bem?

– Oi Tereza. Tudo bem e você, como está?

– Estou bem... Só que o orfanato fica muito chato sem você.

– E claro... Sem os sustos, sem coisas quebrando do nada...

– O que é isso Lueny? Eu sinto sua falta.

– E também sinto a sua Tereza.

– E como vão as aulas?

– Não vão... As aulas só começam amanhã.

– Entendi! Então... Já fez amigos?

– Amigos? Eu? Conta outra piada Tereza. – Respondi com a voz sobrecarregada de ironia.

– Você tem que parar com essa mania. –Ela retrucou. – Você nem falou com ninguém?

–Falar... Já!

– É, e com quem?

– Com o Beto, um menino que conheci.

– Com o Beto? Um menino, hein?

– Ah! – Reclamei. – Nada a ver Tereza.

– Há-há, sei! Finjo que acredito. – Ela riu. – Tenho que desligar, só liguei para matar a saudade.

–Está bem. – Disse triste. – Tchau.

– Tchau, e... Boa sorte com esse Beto.

Antes que eu pudesse protestar, ela desligou depois disso as horas passaram muito rápido, até que uma mulher da cozinha veio me chamar para jantar.

Já no refeitório, eu vi uma menina de longos cabelos castanhos escuros descoloridos nas pontas, ela é baixa e está sozinha numa mesa (talvez, se eu não fosse tão tímida, falaria com ela). Depois que jantei, voltei para o meu quarto. Tive um pesadelo horrível, com a Tereza:

Ela estava em seu quarto escrevendo uma carta, percebi que era para mim, quando vi o envelope.

“Remetente: Tereza Tompsom

Destinatário: Lueny Morgan Stonly.”

Ela endereçou a carta para a escola. Entregou para James, o vizinho, que é carteiro, pediu para ele colocar no correio o mais rápido possível. Foi para seu quarto, deitou-se e dormiu. Até que ouviu um estrondo forte acompanhado por um terrível cheiro de fumaça. Ela levantou-se rápido, abriu a porta e viu que o orfanato estava pegando fogo, saiu correndo atrás das crianças... Depois eu vi o orfanato do lado de fora, queimando, sua estrutura estava completamente abalada...

Acordei suando frio, me levantei da cama e saí do meu quarto. Estou andando sozinha pelos corredores, até que vi a garota do refeitório sendo surpreendida por um garoto não muito alto de cabelos loiros escuros todo bagunçado, camiseta branca escrita “I Love space invaders” e calça de moletom cinza. Pelo decorrer da conversa deles, descobri que ela se chama Carlie e ele Leonard, ele parecia ter gostado de encontrar a Carlie de camisetão branco e short preto curtíssimo, não pude deixar de rir.

Vi os dois indo embora, segui o exemplo deles e fui para o meu quarto, quando estava andando pelo corredor, vi uma figura humanoide assombrosa do outro lado do corredor, é todo preto, não tem rosto, mas tem dois pontos vermelhos que parecem olhos, usa chapéu, levantou a cabeça quando me viu... Veio correndo em minha direção e me atravessou, senti como se meu corpo estivesse congelado, não conseguia me mover. Quando consegui me mexer novamente, olhei para trás e não vi nada nem ninguém. Voltei correndo para o meu quarto.

A manhã chegou logo, já é o primeiro dia de aula. Adivinha quem estuda comigo? Se você pensou “Carlie”, acertou. Só que ela está sentada do outro lado sala.

Tem uma menina de cabelos castanhos avermelhados, Mary Wirth, que foi caçar confusão com Carlie, que foi muito persistente, não deu ouvidos para ela.

A semana passou rápido. Tão rápido que já estamos na segunda semana de aula.

É aula de história, o Sr. Winfrey está definindo as duplas para fazerem um trabalho:

– Charlie Zine irá com Mary Wirth.

Charlie é um garoto alto, magro, de cabelos cacheados negros, usa óculos e senta ao lado da porta. Tenho pena desse garoto, porque além de chata a Mary é muito encrenqueira.

– Carlie Madson Sanson irá com Lueny Morgan Stonly.

Até agora só sei 3 coisas sobre a Carlie:

*Seu nome completo.

*Que ela fica vermelha fácil.

*Que ela não leva desaforo para casa.

Seu nome completo descobri agora. Que ela não leva desaforo para casa foi semana passada. Que ela fica vermelha fácil foi quando ela foi surpreendida pelo Leonard, ela ficou tão vermelha quanto um pimentão.

Entrei em uma crise de risos ao lembrar-se da cena.

– Srta. Stonly posso saber por que está rindo? – Perguntou o Sr. Winfrey.

– Nada Sr. Winfrey. – Respondi segurando a risada. – Só me lembrei de uma cena engraçada.

Olhei para Carlie e ela já estava olhando para mim, aliás, todos da sala estão olhando para mim.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lembranças De Oliver" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.