Entramos no gigantesco castelo e deparam-me com desagradáveis mil (assim me pareceu) pares de olhos das mais distintas cores me encarando.
Senti-me desconfortável, porém, segurar a mão de meu pai me passava uma energia boa. Quase contagiante. Imaginei que se o mesmo não estivesse abraçando-me pelos ombros ao meu lado, eu desabaria.
Sempre fui assim. Fraca. Espero várias vezes essa palavra em minha mente. Espero novamente, mas em um sussurro.
– Não mais - Senti o hálito gélido e calmante de meu pai em minha bochecha. Sorri. Apenas pra me sentir mais estranha ainda. Não sei o que dizer... acho que realmente é um trauma. Que realmente perdi a habilidade de sorrir. Mas eu estava melhorando. Já estava até na fase de rir e, raras vezes, gargalhar de piadas toscas que meu pai contava-me. Ele me dava sempre muito apoio e força em minhas decisões. Estava sempre atento à como me sentia. Isso... era tudo o que uma filha mais precisava de um pai. Apoio e confiança. Ele sempre me dizia para tentar esquecer meu passado, por ele ser tão àspero e amargo. Porém, sei que jamais esqueceria, e, no entanto, não quero realmente esquecer. De verdade, o que eu almejava era lembrar de cada detalhe do meu passado, e saber que passei por tudo isso e que agora estou aqui. Então valeu a pena.
Perdida em lembranças passadas, quase não percebo quando um homem ruivo-sangue se aproxima de nós. Rápido. Rápido demais. Até começar a correr de braços abertos e um sorriso de orelha a orelha moldado delicadamente em seu rosto bronzeado.
Em um momento preciso, larguei-me de meu papai e rolei para o lado no chão de pedras.
Ao me levantar e olhar para onde outrora eu estara, vi o ruivo com meu pai no colo em modo noiva (Hein?!) e pulando como se fosse Carnaval. Ambos riam.
– Mestre voltou !!! - Ele não parava de gritar e pular agitadamene. E falou outras coisas também, mas não entendi. Era em uma língua estranha.
– Igneel ! Acalme-se dragão ! - Papai já havia feito o ruivo largar-o. Porém não liguei para isso. Muito menos para a multidão que cercavam-os, me fazendo não ter senso de direção em meio à multidão eufórica. Eu tinha certeza que minha temperatura abaixava radicalmente. Sabia que devia estar mais pálida que neve.
Igneel.
Igneel.
Natsu.
Natsu.
Igneel.
Natsu.
Então percebi as semelhanças óbvias entre eles. Aquilo era, sim, possível. Mas... logo EU vê-lo antes dele. Logo EU encontrá-lo antes dele.
Fechei os olhos pesadamente para tentar aliviar uma dor de cabeça que ficava mais forte à cada segundo. Mas ao abrí-los, apenas vi imagens distorcidas. Tudo estava girando e mais embaçado que pintura à óleo.
Até que não vi mais nada.