Assim que acordei fui logo arrumar a minha mala, passaria o Natal com meu pai e provavelmente minha tia também estaria lá. Ninguém mais da família falava comigo por culpa de meu pai ser um Comensal da Morte, eles não concordavam com os pensamentos de Voldemort mesmo todos sendo puro-sangue.

Desci para tomar café junto com Lauren, admito que fiquei espiando a mesa da Grifinória, mas nenhum sinal de Fred ou qualquer outro ruivo. Assim que Luna passou pelo corredor e foi embora do grande salão, eu me levantei e a segui.

- Luna! – peguei-a pelo braço.

- Olá Alexia. – ela abriu um sorriso e me fitou com aqueles olhos esbugalhados.

- Você viu o...

- O Fred? – ela me interrompeu.

- Como sabia? – me assustei.

Será que Potter tinha contado?

- Eu notei como você olha para ele, sou bem atenta aos detalhes. – ela me assustava. – E ele te olha do mesmo jeito. – não consegui evitar sorrir. Então ele gostava mesmo de mim. – Eu não duvido nada que vocês estejam namorando as escondidas...

- Luna! – corei. – Só me diga onde ele esta, por favor.

- Ah, sim! – ela parou por um momento. – Ele, os irmãos e o Potter voltaram para a Toca, o pai dele esta em St. Mungus.

Meu coração parou.

- Obrigada Luna. – dei as costas a ela e fui até meu dormitório pegar o malão.

Chegando ao dormitório esbarrei com Lauren, que me acompanhou até o trem. Onde nos sentamos numa cabine vazia, a viagem foi calma e passou rápido, eu não tinha notado que já tínhamos chegado a estação King’s Cross até Lauren me da um tapa no ombro.

-Vamos, sua lesma! – Lauren berrou, enquanto pegava seu malão.

- Vai na frente. – assim que falei, ela se retirou da cabine dando tchau.

Fiquei na pontinha do pé, numa tentativa falha para pegar meu malão.

É nessas horas que Fred faz falta.

Eu estava com saudades daquele idiota ruivo e tinha me arrependido de ter brigado com ele, precisava me desculpar.

Depois de quase dez minutos, eu finalmente peguei meu malão e fui até meu pai. Atravessamos a enorme pilastra e quando finalmente achamos uma rua vazia aparatamos na porta da nossa humilde casa.

- Como anda a missão Alexia? – ele perguntou largando meu malão na porta do meu quarto.

- Não lhe interessa, a missão é minha e sei o que faço! – bati a porta na sua cara.

Troquei de roupa e me deitei na cama, fiquei um tempo deitada na cama lendo até a porta do meu quarto se abrir e minha tia entrar por ela.

- Oi tia. – disse me sentando e fazendo sinal para que ela se deitasse do meu lado.

- Alexia meu amor, como você esta linda! – ela disse.

Minha tia era igual a minha mãe, a diferença era que seu cabelo era mais claro que os da minha falecida mãe. Podia ser apenas minha tia, mas era a única mulher da minha vida, eu só podia contar com ela, não existia segredo entre nós duas.

- Você esta com uma cara boa, me conte o que aconteceu! – ela disse me abraçando. – Acho que tem um garoto nesse meio.

- Tem sim tia. – disse sorrindo. – O problema é que ninguém sabe, estamos namorando as escondidas...

- Por quê? – ela me olhou curiosa.

- Ninguém aprovaria, ele é da Grifinória e o pior, ele é irmão do melhor amigo do Potter. – disse enterrando meu rosto nas mãos. – E o pior é que eu briguei com ele.

- Por quê? – ela se aproximou.

- Por que eu o mandei ser discreto sobre o namoro, e ele deixava muito na cara.

Ela deu um tapinha de leve nas minhas costas.

- E você de teimosia não pediu desculpa?

- Não deu tempo! – corei. – Eu ia, mas ele já tinha voltado para a casa... Aquele ruivo idiota!

- Pera! Grifinório e ruivo? É um Weasley?

- É o Fred, um dos gêmeos. – mordi meu lábio.

- Que tal você ir lá e pedir desculpas?

- Ir até a casa deles? Não sei onde é, e mesmo se soubesse eu não tenho vassoura...

- Eu te levo. – minha tia disse. – Trabalho com o Arthur.

Arregalei os olhos.

Levantei-me e peguei meu casaco, parei na porta e disse.

- Vamos!

Minha tia foi até mim e segurou meu ombro, fechei os olhos. Quando os abri novamente estava num canteiro cheio de neve e com uma casa enorme, mas que precisava de algumas reformas.

Olhei pela janela e vi Fred sentado e com as mãos no rosto, ao seu lado Jorge e Gina abraçavam uma senhora ruiva, a mãe deles.

- Acho melhor voltarmos.

- Nada disso! – exclamou.

Minha tia me pegou pelo o braço e me arrastou até a porta, ela apertou a campainha e apertou mais o braço. Notei que a Sra. Weasley olhou pela janela e eu baixei a cabeça para que ninguém visse meu rosto.

- Olá. – a Sra. Weasley disse com um enorme sorriso no rosto.

- Olá, eu sou Dana Agard. – minha tia esticou a mão para a Sra. Weasley que a apertou. – Trabalho com seu marido e ele ficou devendo um documento importante, e meu chefe me mandou busca-lo.

- Sra. Agard... – a mãe de Fred disse.

- Me chame de Dana. – minha tia falou.

- Dana, meu marido esta doente no momento e passa os dias internado em St. Mungus, então não sei como posso ajuda-la.

- Sabe onde ele guarda os documentos?

- Na pasta de trabalho dele. – respondeu.

- Se importaria de eu olhar a pasta?      

- Entre, eu te levo até onde ela fica. – a Sra. Weasley disse abrindo caminho para minha tia entrar.

- Muito obrigada Sra... – disse entrando na cozinha.

- Molly, me chame de Molly. – ela disse sorrindo. – E você pobrezinha! Entre, estar muito frio ai fora. – ela pegou meu braço e puxou-me para dentro da cozinha, batendo a porta logo em seguida.

Todos tinham ido para a cozinha e me encaravam.

- Alexia? – Fred perguntou.

Levantei a cabeça e encarei seus olhos.

- Por aqui. – Molly disse indo até a escada que levava ao segundo andar, minha tia foi atrás e eu a imitei.

Molly entrou num quarto e voltou logo em seguida com uma maleta de couro toda puída.

- É ai? – minha tia perguntou e Molly assentiu. – Alexia pode descer, não precisarei da sua ajuda por enquanto.

- É pequena, desça e coma umas panquecas junto com os meninos.

Assim que a palavra panqueca foi anunciada, meu estômago roncou. Desci as escadas e me deparei com um presidiário.

- Café da manhã! — Sirius Black falou em voz. — Onde anda aquele maldito elfo doméstico?

Mas nada de elfo doméstico.

- Ah, esquece — resmungou Sirius, contando as pessoas presentes. - Então, é café da manhã para... Vejamos... Sete... Bacon e ovos, acho chá e torradas...

Sirius notou minha presença.

- É, parece que são oito então. – ele falou sorrindo. – Sente-se menina.

Eu contornei a cozinha deixando a maior distância possível entre nós dois, o que o fez gargalhar.

- Calma. Não mato mais. – disse analisando a minha expressão. – Tenho outro hobby.  

Arregalei os olhos, o que fez todos caírem na gargalhada.

- É brincadeira Alex, ele não machuca nem uma mosca. – Rony falou. – Se sente com a gente.

Assenti e fui até uma cadeira vazia entre Gina e Fred.

- Precisamos conversa. – Fred sussurrou para que só eu ouvisse.

- Preciso ir ao banheiro, alguém pode informar onde é? – perguntei em alto e bom tom.

- Eu mostro onde fica. – Fred falou e vi que Harry olhou desconfiado. – Vem.

Segui Fred até o segundo andar, no final do corredor tinha uma porta mal pintada e que parecia ter sido queimada, ele entrou e me puxou para dentro dela. Era um quarto com duas camas de solteiro, pela bagunça e cheiro de pólvora deduzi ser de Fred e Jorge. 

- O que faz aqui? – Fred perguntou sério.

- Vim pedir desculpas! – exclamei.

- Só isso?

- Fred! Eu vim até a sua casa embaixo de uma nevasca e sem meu pai saber só para pedir desculpas e você me responde com “Só isso?”. - gritei e pude ver que ele gargalhava. – Seu idiota! – bati no seu braço.

Ele me puxou para um beijo rápido e logo depois disse.

- Eu quem devo pedir desculpas por não ser discreto...

- E já que falou sobre ser discreto... – interrompi. – Acho melhor assumir logo.

Seu rosto se iluminou com um sorriso mais lindo que já vi.

- Sério?

Assenti com a cabeça e ele me abraçou tão forte que achei que ia vomitar tudo que tinha no estômago.

- Nunca quis manter segredo, só fiz por sua causa.

- Não tem mais que guardar segredo.

Ele deu-me outro beijo e me puxou por todo caminho até chegarmos à cozinha.  Minha tia e Molly estavam sentadas a mesa juntos com Harry, Sirius e os Weasley’s. Todos pararam para nos encarar quando chegamos me sentei ao lado de Gina e Fred se sentou na cadeira vazia do meu outro lado.

Quando finalmente terminamos de comer, Fred se levantou e deu um tapa na mesa me fazendo pular com o susto e fez os outros se calarem.

- Preciso contar algo a vocês!

Eu corei e vi o doido que agora era meu namorado oficial contar a todos sobre o nosso relacionamento.