Estávamos todas as garotas sentadas em torno de uma grande mesa postas à sombra do jardim.

Mamãe estava sentada a minha frente e tagarelava sem parar de sua seleção e de como se encantará por papai, toda vez que seus olhos paravam em mim e ela via que eu não estava gostando do que estava acontecendo, ela pulava algumas partes que eu mais gostava quando ela me contava a história do amor deles.

A Rainha Alexia estava sentada ao meu lado, ela sorria para mim e se hálito tinha cheiro de vinho.

Seus cabelos brancos estavam presos num longa trança e ela usava um vestido bordo com rendas, ela parecia muito mais saudável do que a última vez que nos vimos. Eu a achava extremamente charmosa, sua voz era um sussurro doce e mágico, e eu vi em seus olhos de ônix que ela me considerava uma filha.

— Sua mãe me contou que você sabe cozinhar. — ela disse com uma pitada de ironia.

Eu sorri.

— Gosto de cozinhar, é uma forma amável de mostrar seus sentimentos em relação às pessoas. Se você gosta delas pode fazer um belo banquete, se não gosta... Pode envenena-los.

Ela riu e tomou mais um gole do que seria vinho servido numa xícara de chá. Eu beberiquei meu chá e mordisquei um pedaço grande demais de bolo de chocolate com menta.

Tentando ao máximo evitar conversar com mais alguém, por alguns minutos.

A manhã inteira, as meninas ficaram me enchendo. Todas queriam dicas de como conquistar o meu irmão, de como deveriam se vestir e de que ele mais gostava.

Eu queria sufocá-las.

Pollo Miranda apareceu na porta e olhou para mim, veio para meu lado miando alto e se enfiou embaixo da mesa, o senti pulando em meu colo e se enroscando.

Acariciei sua cabeça e dei um pedaço pequeno de bolo para ele, ao meu lado a Rainha Alexia expirou alto, todos olharam para ela.

— Desculpe. — ela disse e voltou a expirar.

Lembrei que Filipe havia dito que ela tinha alergia a gatos e tentei expulsar Pollo Miranda de meu colo, mas ele miou e se recusou a sair.

Alexia continuou expirando e eu tentando retira Pollo Miranda de perto dela, passei Pollo Miranda para o colo da garota que estava ao meu lado e ela continuou passando Pollo Miranda.

Algumas meninas pararam para ver quem era entregue a elas, passaram várias vezes suas mãos neles e logo depois mandavam ele embora.

Quando Pollo Miranda passou pelo colo de minha mãe, ela apenas olhou para baixo e riu daquele jeito que eu não a via rir desde que começará os preparativos para a Seleção.

Seus olhos encontraram os meus e por uma fração de segundos minha mãe pediu desculpas, por estar sendo assim. Diferente da minha mãe rainha.

Nossos olhos se desviaram como se não gostássemos de saber que somos quase idênticas, que temos a mesma, que somos obrigadas a fazer as mesmas coisas e de agir do mesmo modo. Eu não desejava mais ser igual a minha mãe quando crescesse, eu desejava apenas ser eu.

Mamãe sorriu com o canto da boca e olhou para Alice e Lennara as garotas que estavam sentadas mais perto delas, ela riu e começou a contar algo num sussurro para elas.

Alevantei-me sem pedir licença e fui me distanciando, os expiros de Alexia me seguindo e as vozes doces incessantes das meninas pinicando minha paciência.

Não olhei para trás nem uma única vez.

Eu sabia que ninguém estaria me seguindo, eu sabia que ninguém tentaria me consolar. Todos faziam o que tinham que fazer e eles não haviam nascido para me seguir.

Sequei as lágrimas que escorreram de meus olhos e fui para a cozinha. Peguei uma enorme travessa de bolo de chocolate.

Joguei por cima morangos e coberturas que fariam meu coração parar de bater de tanta glicose, peguei um pote de sorvete e uma colher, alguns guardanapos

E fui para o meu quarto afogar as minhas magoas.