A cada colherada sentia algo que eu não queria indo cada vez mais para baixo. A porta estava trancada, ninguém tentaria entrar tão cedo.

Pollo Miranda miava pelo corredor de meu quarto. Ele sabia que o que eu estava fazendo era errado, ele sabia as consequências.

Mais uma colherada, não iria fazer diferença nenhuma se eu estivesse devorando de novo, ninguém se importaria. Eles só queriam se ver livre de mim.

Outra colherada, porque eu tinha que nascer em uma família real tão problemática?! Porque eu tinha que ter um irmão.

Mais outra, seria melhor caso eu tivesse me matado quando eu tive chance.

E outra mais, só quero de a dor pare.

Ouvi passos no meu corredor, enfiei-me no banheiro e tranquei a porta. As batidas eram insistentes e seguiam meu coração.

“Abra a porta”, “ Por favor, deixe eu entrar”.

Era a voz de minha mãe o que ela fazia aqui, ela não me queria mais.

“Allana Cristal !”, agora era meu pai, porque ele me chamou pelo meu nome completo?!

“Lannna, por favor! Abra a porta”, meu irmão era o único que não estava histérico.

Minha visão estava embaçada, meu corpo pareceu derreter. A travessa de chocolate escorregou de minhas mãos e caiu com um estrondo no chão, o chocolate escorreu escuro como uma cobra pelo chão gelado e branco.

Abaixei-me, e encostei minha bochecha marcada pelas lágrimas no piso frio.

Senti meu coração bater com mais força, ele queria sair pela minha boca.Suei frio, cada minuto que eu fiquei deitada parecia eternidades se passando, meus olhos lutavam para não se fechar e eu respirava cada vez com mais dificuldade.

Passou-se o que se pareceu horas, mas só forma dois minutos e a dor finalmente passou.

Alevantei-me e salvei o que restará do chocolate, quando coloquei mais uma colherada na minha boca eu alevantei.

A única coisa que eu lembro foi de um estrondo seguidos de gritos e de o mundo flutuando ao meu redor.