A Herdeira Do Lado Negro escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 9
Capítulo 9 - A Emoção Controla a Razão




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Sussurros abafados vinham de todos os lados. Pequenos assobios eram ouvidos quando cala palavra era pronunciada. Vozes diferentes e estranhas que pareciam conversar entre elas. Eram vozes amedrontadoras, porém quase familiares...

“ Não pode sobreviver por tanto tempo, ele está destinado a morrer como todos nós...”

“Cuidarei para que tudo saia conforme o plano, mas e você?”

“Farei o possível... O que estiver ao meu alcance, mas você sabe que não é fácil.”

“ Eu não sou burro. Sei que está se sacrificando... Eu não poderei te salvar desta vez, meu amor!”

“Alguém precisa morrer para que outro viva... E outros precisam viver para que ele morra. Aquele garoto, você sabe, há muitos o protegendo...”

“Então quer dizer que o garoto...”

“Isso mesmo. Eles serão amigos, terão um objetivo em comum. A cicatriz e a ferida. A cicatriz já foi uma ferida, e a ferida se transforma em uma cicatriz, confie em mim.”

Não houve mais sons, e depois disso, um forte bater de asas se fez audível em meio à escuridão, e tudo ficou em um silêncio assustador novamente.

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Niara acordou assustada. Sentou-se na cama com o peito arfando. Aquele som de asas nunca tinha a assustado daquela maneira, pois já se habituara com o voô de seu mascote. As últimas palavras do pesadelo ficaram gravadas em sua mente, a voz amável e forte que dizia: “Confie em mim”. Uma voz de mulher, e não parecia ser uma mulher qualquer.

Ela piscou os olhos azuis que refletiam a luz fraca da lua na janela, deixando-os quase prateados, e observou o quarto escuro com facilidade. Reconheceu os móveis, o piso e as duas meninas que dormiam em sono profundo nas camas ao lado.

- Foi um sonho. – ela sussurrou para si mesma, incerta – Apenas um sonho.

Ela respirou fundo, ainda de olhos arregalados, e girou o corpo para a janela. Strix não estava ali. A enorme janela estava escancarada, assim como deixara na noite anterior. “Ele deve ter ido caçar, há dias que não se alimenta direito...” pensou ela. A brisa soprava fria e levemente, quase como um carinho. Ela se levantou devagar.

Respirou mais uma vez, se acalmando por completo e retornando à sua expressão usual: imparcial. Caminhou silenciosamente, nas ponta dos pés descalços, até um grande baú de madeira, de onde retirou seu uniforme. Desamassou-o com cuidado e o pousou sobre a cama malfeita. A noite lá fora já começara a se transformar em azul mais claro, um pouco rosado. Niara se moveu até o pequeno banheiro do aposento e olhou para a banheira branca com um sorriso. Tomaria um banho, como qualquer pessoa comum.

Fez o mínimo de barulho possível durante o banho e se apaixonou pela sensação de mergulhar, ela nunca tinha ficado perto de água, com exceção das chuvas. Rapidamente ela vestiu seu uniforme no escuro e parou para observar suas colegas de quarto dormindo.

Uma fraca luz prateada brilhava no rosto sereno das garotas dormindo. Niara abaixou o olhar para encarar a garrafinha simples pendurada em seu pescoço, onde um fio prateado rolava sem parar lançando lampejos muito pequenos. Ela pegou o colar e o colocou por baixo da manta do uniforme, fazendo uma nota mental de não se esquecer de encondê-lo sempre. Sorriu amargamente no escuro se relembrando de seu foco principal, Voldemort, e de como queria ser poderosa o suficiente para matá-lo dolorosamente, apenas para vê-lo atingir o ápice do sofrimento.

Voltou-se para a mesinha de cabeceira de sua cama e apanhou sua nova pena, seus livros escolares, seu cachecol da Corvinal, e saiu do quarto com o menor barulho, fechando a porta atrás de si.

O cheiro de madeira com verniz a surpreendeu novamente, como aquele lugar era simpático! Ela caminhou até o andar de baixo pela escada lateral até chegar na sala levemente iluminada pelas janelas gigantes com cortinas azuis. O estilo veneziano dos móveis era aconchegate, e Niara logo tratou de escolher uma pequena pilha de livros das enormes estantes e sentar-se em um dos sofás azul marinho, debruçando-se sobre as enciclopédias, com ânsia de aprender qualquer coisa que fosse útil naquele momento.

O sol já estava nascendo e Niara mal tinha percebido como o tempo lhe fugiu tão rápido. Ela estava muito concentrada em um dos livros sobre Quadribol.

- Me lembro de ter lido sobre isso em alguns panfletos no Beco Diagonal... Mas não sabia que meninas também podiam jogar. Que perca de tempo! – ela suspirou desapontada.

A mesa de centro estava cheia de mais livros e papéis com diversas anotações feitas pela menina, em uma bela, porém pouco treinada, caligrafia de letra de fôrma. De repente um som alto de asas irrompeu o silêncio e a concentração de Niara.

Ela ficou congelada no lugar, sem reação, durante alguns segundos mas logo superou o medo e observou o parapeito da janela extensa à sua frente. Uma figura negra e imponente a observava com olhos curiosos, cercada pela paisagem exuberante das montanhas ao amanhecer.

- Hula! – Niara suspirou de alívio, depois colocou uma das mãos sobre o peito e fez um sorriso malicioso  – Me desculpe... Strix.

A coruja piou de forma baixa e contínua, demonstrando diversão sombria. A menina gargalhou, divertida e levantou um braço do sofá para que o animal se aconchegasse junto à ela. Strix planou até o local determinado à ele, se encolhendo junto à sua amada companheira. Niara acariciou suas penas sorrindo de lado, enquanto observava o olho cego de Strix.

- Sabia que ainda me lembro de quando o vi pela primeira vez? – ela sussurrou olhando em seus olhos, e pousando um dedo sobre o olho branco – E também lembro de quando caiu e ganhou isso aqui, garotão. – ela sorriu carinhosamente.

Strix manteve a expressão séria com um olho tapado e o outro não. O que ficou muito engraçado, fazendo Niara rir novamente.

- Olhe, o sol já nasceu. Não reparei que está um clarão. – Niara se aproximou da face da coruja e apontou para a janela. - Vamos nessa, estou ouvindo crianças colocando o uniforme para começar o ano letivo.

Ela se levantou, guardou todos os livros que pegou das estantes, e colocou todas suas anotações dentro de um de seus cadernos azuis, sem desenhos, sem figuras. Assim que terminou vários alunos corvinos começaram a descer as escadas, prontos para a aula. Robert estava parada na porta do Salão Comunal, aguardando todos os alunos.

- Pessoal, acalmem-se. Calma. – ele começou – Espero que tenham tido uma boa noite... Recebi ordens de levá-los até o Salão Principal pois Dumbledore tem um comunicado especial. – ele sorriu.

- O Torneio Tribruxo! Oh, meu Deus! Eu tinha me esquecido. – alguém disse.

- Oh, é verdade. Tomara que Robert participe... – outra comentou.

- Espere Robert! – Sarah veio descendo as escadas com pressa, seus cabelos ruivos ondulados esvoaçavam assim como o uniforme negro e azul – Você viu para onde foi Niara? Não encontramos ela no quarto hoje de manhã.

Niara colocou uma mão no rosto e revirou os olhos.

- Mantenha a calma Senhorita Foster... – Robert levantou a cabeça e procurou pela enorme sala até para no rosto de Niara, ele sorriu – Serve aquela Niara Horn, ali?

- Ah! – Sarah deu um longo suspiro de alívio, um pouco sem graça, e sorriu com os dentes brancos.

Diana Powell vinha logo atrás descendo as escadas com um ar de tédio e com sua cara típica de mau-humor. O cabelo castanho escuro, amarrado em um rabo de cavalo alto, e nas mãos uma vassoura de Quadribol. Ela vestia o uniforme do jogo por baixo da manta negra tradicional. Ela era uma dos artilheiros da Corvinal. Niara franziu o cenho em confusão ao perceber isso. Todos os alunos observavam-na curiosos, e antes não pareciam notar sua presença. No silêncio desconfortável, Strix surgiu por cima do ombro da dona e piou rapidamente, por debaixo dos cabelos negros dela. Todos riram, menos Diana.

- Acho melhor levar o seu bichinho até o corujal. – Robert piscou amigavelmente para Niara, o que fez com que outras garotas suspirassem, e depois se virou para o resto dos estudantes – E vamos indo, ou perderemos a apresentação mais estraordinária do ano!

Robert abriu a porta e a sala foi se esvaziando, as vozes altas dos alunos ecoavam pelas escadarias da torre. Niara fitava Strix com dúvida.

- Ei, eu fiquei preocupada... Me desculpe. – Sarah se aproximou e riu – Oh, ela é uma graça!

- É ele – Niara respondeu ainda observando Strix.

- Nossa. Ele é... Cego. – a voz arrastada e cansada de Diana se pronunciou, enquanto ela vinha andando. – Percebi isso ontem à noite enquanto ele me encarava.

O olhar de Niara se tornou gélido e assustador ao subir o percurso até o rosto de Powell. Esta se inclinou para trás, demonstrando insegurança, pela primeira vez.

- Ela só quis dizer que nunca viu algo assim! – Sarah passou um braço pelo ombro de Niara e segurou sua mão livre com força enquanto a levava em direção à porta – Sabe você cuida muito bem dele, dá pra perceber que o ama.

- Não virão meninas? – Robert disse da porta, com um sorriso largo que fez Sarah derreter. – Diana, Sarah, Niara...?

Niara deu um comando rápido para que Strix desse um passeio por aí, e assim que este alçoou voô, ela andou controladamente até as escadas, ignorando o cumprimento cortês que Robert a dirigiu. As meninas foram logo em seguida.

Todos os alunos comentavam sobre o grande torneio e sobre os alunos de outras escolas que viriam. Especularam sobre quem iria participar, e quem apenas tentaria. Algumas corvinas estavam realmente esperançosas de que Robert participasse, já que antingira 17 anos no mês anterior, e porque julgavam que ele era o mais bonito e mais forte de toda Hogwarts. Alguns até contrariavam e citavam nomes como Dracco Malfoy e Harry Potter, e eram nesses comentários que Niara prestava atenção. Ela se esgueirava silenciosamente por entre os alunos para escutar mais sobre Harry e sobre a Taça Tribruxo. Ela pensava consigo mesma “Já li sobre isso em algum jornal do Beco... Estou me lembrando, esse é um grande evento, e com certeza haverão pessoas importantes...”. Ela ficou perdida em suas conclusões, enquanto ia caminhando automaticamente, com passos precisos, acompanhando a multidão de alunos pelas escadas malucas, até o Salão Principal.

As quatro casas iam entrando eufóricas no grande espaço decorado com bandeiras e um céu magnífico no teto. Os professores e diretores observavam alegres, enquanto todos os alunos iam se acomodando em suas respectivas mesas. Os monitores de cada casa tiveram um pouco de dificuldade em fazer todos se sentarem.

- Vamos pessoal, chega de conversa. O Sr. Dumbledore quer fazer a apresentação, apressem-se. – Robert dirigia um sorriso humilde para os Corvinos “rebeldes”. – As outras escolas já vão chegar!

Niara era quase invísivel, pois ninguém parecia notar sua presença. Sua pele sedosa e pálida dava destaque aos olhos azuis frios e distantes, e isso combinado com a moldura do cabelo comprido cor de ébano era exatamente a fórmula perfeita para que todos evitassem encará-la; por pura precaução. Sua atenção perdeu o foco, quando avistou no centro do Salão, uma uma grande Taça, com um brilho azulado, muito bonita, e parecia muito cara também. Niara ficou deslumbrada com a aparência do objeto durante algum tempo, mas acabou recobrando a consciência. Seus olhos frios, naquele momento, começaram a procurar incessantemente por algo entre a multidão de estudantes.

Outro par de olhos azuis encontraram os dela e imediatamente, Niara começou a se mover entre as pessoas para alcançar o garoto. Harry arregalou um pouco os olhos, antes de desviá-los naturalmente e se acomodar no banco. Dumbledore já havia começado seu discurso. Começou a falar sobre o torneio, a taça, e sobre as outras duas escolas que participariam, o Instituto Durmstrang e a academia Beauxbatons. Potter estava prestando muita atenção no que Dumbledore dizia, e Hermione Granger o Ruivo Wesley estavam de ambos os lados dele, com a mesma postura.

Niara teve que se sentar, mas estava ansiosa demais para se concentrar nas palavras de Alvo. Seus olhos não se desviavam da cicatriz de Harry, e ela apenas absorvia as informações mais cruciais do discurso do diretor, como as novas regras, os perigos...

Ela brincou com o seu colar enquanto pensava na probabilidade de burlar o Cálice de Fogo e entrar na competição. Mas logo chegou na conclusão de que seria complicado e não valeria a pena se expor tanto. Exposição poderia acabar com todos os seus planos de vingança. Algum tempo tinha se passado e ela mal pôde perceber, mas levantou a cabeça com um susto ao ouvir batidas fortes de cajado no corredor principal. Niara levantou o olhar para admirar o  “exército” de alunos do norte, de Durmstrang. Altos, fortes, imponentes, eles marchavam até o centro do Salão enquanto várias meninas suspiravam, novamente. Eles faziam acorbacias e usavam fogo, a magia deles era surpreendentes. Por fim vieram Igor Karkarov, o diretor e seu melhor aluno, o escolhido para participar do Torneio.

Niara se impressionou com as vestimentas russas de Victor Krum, e tentou avaliar seu nível de competência. Talvez ganhasse, parecia forte. Logo depois da apresentação dos Russos, foi a vez da outra escola. Várias meninas vestidas de azul com trajes típicamente franceses adentraram no Salão, suspirando. Seus movimentos eram delicados e graciosos, e elas pareciam flutuar ao caminhar. Borboletas azuis voavam por onde elas passavam. Niara não achou que nenhuma delas fosse vencer, até se deparar com uma mulher gigante chegando por último, junto com sua aluna escolhida. Era a diretora Olímpia Maxime e a menina Fleur Delacour. Porém, depois de mais alguma análise, Niara teve certeza de que não iriam vencer mesmo, pareciam encantadoras, porém nada fortes.

Passou-se mais algum tempo, até que Dumbledore terminasse seus dizeres e desse as Boas-Vindas para as outras escolas. Determinou a sala onde o Cálice ficaria, para que os alunos interessados e dentro das exigências colocassem um papel com seu nome. Todos os estudantes foram dispensados, e foram se espalhando por Hogwarts.

Niara saiu no corredor, com os olhos grudados em Harry, seguindo-o à uma certa distância. Ela se distrai e vê de relance Cho Chang em um diálogo com alguns alunos mais velhos, e ela parecia feliz. Strix surgiu voando rente ao teto e pousou em seu ombro habilidosamente. Niara sorriu para seu pequeno amigo quando alguém veio de encontro à ela tropeçando, mais uma vez, e ela estava perdendo a paciência com pessoas tão distrídas.

- Serà que ninguém sabe andar por aqui? – Niara reclamou com a voz cortante, observando a pessoa se levantar – Ah, não. Você de novo não...

- Olha só quem está aqui... – Draco respondeu com ódio, enquanto arrumava seu uniforme – A esquisita pobre e desastrada.

- O que foi agora, cabelo melado? – ela respondeu revirando os olhos para ele e seus dois capangas atrás. Várias pessoas já estava reunidas em volta.

- Cabelo melado? – ele inflou as narinas e riu, ácido – Que desgosto seus pais devem ter de você. Se comporta como uma sangue ruim! E ainda veio do esgosto...

- Olha, todo esse ódio no coração vai acabar te... matando. – ela sorriu maléfica e sua voz foi seguida por um piado de Strix.

- Você devia voltar pro lixo, e levar esse corvo nojento e cego de volta com você. Assim, Hogwarts ficaria sem a imundície de vocês dois. – ele falou alto para que todos ouvissem, seus olhos estavam vermelhos.

Todos mal tiveram tempo de raciocinar, e apenas viram quando Draco caiu no chão, acertado por um soco certeiro no rosto.

- Eu vou te matar! Vou contar tudo para o meu pai, sua sangue ruim! – Draco gritou em choque, ao se levantar do chão. Todos ficaram boquiabertos.

- Já chega, Malfoy! – uma voz imponente se pronunciou, Hermione Granger abria espaço entre a pequena multidão. Ela o olhava com raiva, e ele retribuia o olhar com a mesma intensidade.

- Ele é uma coruja, e tem nome. – Niara falou friamente em tom baixo, antes de virar as costas e começar a caminhar. Hermione a acompanhou, e lentamente a multidão foi se dispersando.

- Nossa, foi um soco e tanto. Eu daria tudo para ter feito o que você fez. – Hermione comentou sorrindo levente. – Ele não vai se esquecer desse dia tão cedo.

Niara não respondeu, e Harry e Rony se aproximaram.

- O que houve? – Rony perguntou enquanto olhava a desconhecida, inseguro.

- Vocês não viram? Ela deu um soco bem na cara do Draco. – Hermione respondeu eufórica.

Harry e Niara não separavam os olhares. Ela queria perguntar muitas coisas enquanto observava fizamente a cicatriz dele, mas esperaria o momento certo, e ele, não sabia se tinha medo ou curiosidade por ela. Rony e Hermione estavam conversando extasiados com a humilhação de Draco, ambos riam.

- Ei vocês dois estão bem? – Rony perguntou olhando para Harry e Niara.

- Cicatriz legal. Um dia precisa me contar sobre como a conseguiu. – Niara sorriu disfarçadamente e começou a caminhar – Até mais, Potter.

Ela seguiu até o final do corredor, e foi dar uma volta no espaço aberto do castelo. Respirou fundo, encostada em uma árvore grande de folhas amareladas. Niara abaixou-se e colocou Strix no chão, observando-o caminhar em sua volta. O céu estava um pouco nublado, nuvens cinzas se aproximavam do enorme castelo. A menina parecia um pouco desconfortável e, sentada no pé da árvore, colocou uma mão atrás da cabeça, frustrada.

- Eu... Você sabe que eu te amo, não é, Strix? – ela perguntou franzindo o cenho e encarando a grama curta sob seu corpo. A coruja continuava a caminhar e a bicar o solo em busca de algo.

- Não é como se você fosse me deixar na primeira oportunidade, não é? – ela tentou sorrir e suspirou deixando as mãos cairem no colo – Eu preciso saber mais sobre o maldito Voldemort, que já é considerado um homem morto, e precisarei da sua ajuda, do seu... apoio eu acho.

Strix continuou com seus passos e sua atenção voltada à caça de comida.

- Eu tenho muito medo de te perder... – as mãos dela começaram a tremer – Eu não tenho mais ninguém em quem confiar, pra quem contar meus segredos... As vezes eu só queria que você me desse mais atenção! – ela falou alto para que ele fizesse algo.

A coruja se virou para ela e encarou-a com a cabeça virada. Logo depois, a ave caminhou lentamente até o pé da dona e escalou sua perna até seu colo, piscando ambos os olhos. Niara observava o olho seu olho direito, cego, e sorria tristemente, ficando séria logo em seguida.

- Jamais permitirei que façam qualquer coisa contra você, isso é uma promessa. – ela abraçou Strix com firmeza – Nunca te deixarei desprotegido, eu serei sua protetora, para sempre.

E com as belas palavras finais, eles ficaram na relva com a brisa suave e fria os acompanhando e a menina sem ao menos perceber acabou caindo no sono.

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Algumas horas se passaram, quando Niara despertou involuntariamente.

- Droga – ela colocou uma mão na testa em desaprovação – Perdi algumas aulas... Tomara que eu não tenha problemas com isso. – riu.

Dois alunos mais velhos atravessavam a ponte em direção ao núcleo do Castelo e comentavam algum assunto. Eram grifinórios.

- Esse ano, a competição vai estar complicada... Com essas mudanças de regra, eu não sei não... – um moreno resmungou.

- Pois é, por outro lado isso é bom, já que apenas os mais velhos e mais fortes poderão participar. Falando nisso, vamos passar no Cálice para colocar nossos nomes não é? – o outro respondeu arrumando o cachecol.

- Sem dúvidas.

Niara aninhou Strix em um cantinho da grama escondido, para que ficasse ali dormindo. Ele a procuraria depois sem problemas. Enquanto isso ela seguia os alunos de uma longa distância.

Seguiu o caminho deles até uma sala, nos andares supreriores, onde havia uma aglomeração de pessoas. Ela podia ver Harry, Hermione, Rony, e mais diversos alunos inclusive Robert que estava mais afastado e parecia um pouco nervoso. Ela abandonou os outros dois que estava seguindo e se infiltrou na multidão, disposta a aproveitar o momento para ter o tão sonhado diálogo com o cara da Cicatriz. Todos da sala estavam dispostos em volta de um círculo, de maneira estranha. Ela não podia enxergar o que acontecia no meio, mas conseguia ver uma forte luz avermelhada explodindo de vez em quando, e alguns alunos batiam palmas. Niara parou para entender o que estava acontencendo, quando viu Robert se dirigindo para o centro do amontoado, e logo em seguida vieram mais aplausos.

- Mas o que é isso? – ela sussurrou para si própria.

Passou por ela, Fleur Delacour seguida de Victor Krum, e ambos pareciam muito confiantes ao sair da sala. Niara foi abrindo caminho por entre as pessoas até chegar ao meio, onde avistou um enorme Cálice. Era bonito, extremamente mágico e muito poderoso. Todas as pessoas pareciam respeitar o limite da circunferência desenhada em volta do Cálice de Fogo. Os estudantes mais novos olhavam adimirados enquanto alguns dos mais velhos se voluntariavam para adentrar no círculo e jogar um papel dentro do objeto.

Um movimento começou a surgir do lado norte da sala, e vários garotos riam e encorajavam outro. O garoto adentrou no círculo delimitado sem problemas e Niara ficou curiosa, se aproximando ainda mais, com seus olhos concentrados.

- Vai lá Diggory! – um Lufino gritou seguido de outros gritos similares.

 O jovem no centro se virou e colocou um papel dentro do cálice com um sorriso divertido, e uma onda viva de aplausos surgiram. Niara se moveu para o lado, a fim de ver o rosto daquele que estava sendo tão admirado.

No mesmo instante Diggory se encontrou com o olhar de Niara e ambos ficaram imóveis encarando um ao outro. Ela notou suas feições, seu rosto, seu cabelo louro escuro e o uniforme pertencente à Lufa-Lufa. Cedrico, também a notou, e ficou admirado com a maneira que ela o observava. Niara permaneceu sustentando seu olhar, já que não encontrava formas de desviá-lo...


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Notas finais do capítulo

Perdoem os erros, não pude revisar ;D



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