O Príncipe e A Plebéia escrita por ravenclawgirl


Capítulo 21
Capítulo 21




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Enquanto meus olhos fixavam a televisão, Nate brincava com os meus cabelos, na tentativa falha de me fazer olhar para ele. Eu sorria, mas tentava esconder. Ele envolveu seu braço na minha cintura e repousou seu queixo no meu ombro, me encarando. 

- Psiu. - Sussurrava ele no meu ouvido, me fazendo rir novamente. Ele alisava seu indicador no meu rosto, enquanto eu me distraía trocando de canal.

- Psiu. - Fazia ele novamente. Desta vez, acariciando minha bochecha com a ponta do nariz. Eu não resisti, olhei para o lado e ele, simplesmente não fez nada. Isso mesmo! Nada. Ficou me olhando, como se estivesse admirando meus olhos. Se bem que, eu acho que ele estava admirando meus olhos. Eu tinha que desligar a televisão, porque estava atrapalhando aquele momento tão doce pra mim. 

- O que foi? - Perguntei me aproximando. Ele sorriu da careta que eu fiz.

- Nada. - Disse colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha. Ele acariciou meu queixo e beijou a ponta do meu nariz, mas aquele momento mágico foi interrompido com os gritos da minha mãe.

- Alex! - Nós levantamos no mesmo instante.

- Calma mãe! O que foi. - Disse abrindo a porta para ela, que estava cheia de sacolas.

- Me ajude com as compras. - Disse desajeitada. Percebendo que Nate estava na sala, o cumprimentou e pediu ajuda a ele também.

Chegando à porta de casa, me assustei com tanta sacola que estava dentro do carro. Frederick já estava tirando algumas de dentro do carro, enquanto Nate se apressava a pegar o resto. Eu só peguei algumas, pois não aguentava pegar tudo. Com todas as sacolas dentro de casa, vi Frederick encarando-o seriamente, e minha mãe me puxou para a cozinha. 

- Ai mãe, o que foi? - Perguntei

- Shiii. - Fez ela tampando minha boca.

- O que está havendo ? - Sussurrei pra ela olhando para o centro da sala. Ela não respondeu, apenas foi em direção das sacolas. Apesar da tamanha curiosidade que eu tinha, não ousei em ir para a sala. Apenas fiquei encarando os dois na sala.

Nate o olhava apreensivo, enquanto Fred falava uma coisa de alguém. Pela cara dele parecia ser alguém da família dele. Eu tentei me desviar da sala, e ajudei a minha mãe a guardar as compras. Algumas sacolas eram de roupas, então, as que ela comprou pra mim eu fui ao meu quarto e as guardei no meu armário. Descendo as escadas, vi Nate em uma reação um tanto confusa. Estava aflito, tenso, e ao mesmo tempo feliz e ansioso. 

- O que houve? - O Perguntei. Ele olhou para mim, com as lágrimas presas nos olhos. Mas elas se soltaram quando ele tentou falar.

- Meu amor, o que aconteceu? - Perguntei novamente. Ele deu um meio sorriso.

- Meu pai. - Disse ele enxugando as lágrimas.

- Ah, Meu Deus! O que aconteceu com ele? - Perguntei aflita, mas ele deu um sorriso largo.

- Ele voltou! - Disse por fim

Eu não pude deixar de sorrir. Sua felicidade me contagiou de tal forma que eu o abracei tão forte, que eu jurei que meus pés tinham saído do chão. 

- Caramba, que bom! - Gritei, e ele sorria constantemente. - E onde ele está?

- Está aqui! - Disse ele com entusiasmo.

- Como?

- Aqui na cidade! O Frederick disse que o viu na cabine telefônica. Ele disse que falou com ele! - Sorriu. - Ele perguntou por mim!

- Lógico que ele iria perguntar por você. - Disse cruzando os braços. - Ou você achou que ele tinha esquecido você?

- Não foi o que pareceu? - Disse ele forçando uma cara de bravo. Eu ri.

- Deixa de ser bobão. - Disse apertando suas bochechas. Ele sorriu e ameaçou me dar um beijo.

Eu lhe dei um leve empurrão. Ele sorriu e me rodopiou no ar. Minha mãe encarava aquela cena, mas não interferiu graças à presença do Frederick. Ele beijou meu pescoço, senti um arrepio estranho, como se meu corpo precisasse de algo, algo fora do comum. Meu corpo precisava dele. Percebendo que tinha ficado sem jeito com o beijo - ainda mais na frente da minha mãe. - Ele me pôs no chão.

- Desculpa. - Disse sem jeito. - Não consigo resistir a você.

- Ninguém resiste a uma latina. - Brinquei

- Sua metida. - Ele sorriu apertando meu nariz.

- Mas, e aí? - Disse puxando-o para o sofá. - Ele falou mais do seu pai?

- Bom, disse que ele está mais robusto. - Disse ele fazendo uma careta. - E ele pintou o cabelo.

- E ele está morando onde, com quem? 

- Ah... - Disse ele abaixando a cabeça. - Ele não me deu muitos detalhes. Só disse que ele disse pra ele que sente muito minha falta e a do Ash, que foi por isso que ele voltou. Disse que queria me ver, e pediu meu telefone a ele. - Sorriu. Terminando de dizer isso, o celular dele tocou. Vendo que não conhecia o número, atendeu apreensivo.

- Alô?

Ele continuou com o rosto apreensivo, mas relaxou a musculatura do rosto quando ele reconheceu a voz.

- Poderia falar com o Nathan? - Foi o que consegui ouvir antes dele olhar para mim surpreso.

- Pai? - Perguntou ele emocionado. Eu fiquei assustada e feliz. 

- Filho ? Nossa ! - A voz dele também parecia emocionado. Nate mordeu os lábios tentando não chorar, mas ele não conseguiu se contiver. Ele se virou para que eu não o veja.

- Como me reconheceu?

- Você é o único que eu conheço que me chama de Nathan. - Ele sorriu. - Ah, pai. Como eu senti sua falta! - Ele parecia uma criança.

- Eu também senti muito a sua falta, filho. Você não sabe o quanto. Sinto-me tão mal por ter deixado você e o Ashton, Ah meu filho, me perdoa. - Eu o ouvi dizer do outro lado da linha. Nate respirou fundo e enxugou as lágrimas, de costas pra mim, é claro.

- Ah, pai. O senhor não tem culpa de nada.

- Tenho sim Nathan, eu devia ter mandado notícias de onde eu estava. Por favor, filho, me perdoa?

- Tá bom, se assim você se sente melhor? Te perdoo. - Disse Nate, agora sorrindo.

Ouvindo sua risada, também sorri. Estava feliz que ele tenha encontrado o seu pai na semana de natal. 

- Pai, eu tenho que te contar uma coisa. - Disse ele olhando pra mim. Eu o encarei, séria, ele queria que eu falasse com o pai dele, agora? Como assim? Ouvi os risos do pai dele.

- Ah, é aquele garota que o Frederick me disse? A filha do Tommy?

- É sim pai. - Ele riu. Eu balancei a cabeça negativamente.

- O quê foi? - Ele sussurrou. Eu fiz uma careta, ele sorriu.

- Ela é... Uma pessoa... Muito, muito ES... PE... Especial pra mim. - Ele gaguejou. Eu tentei prender o riso, mas não consegui. 

- Que está rindo aí, filho? 

- É ela. Ela é minha namorada pai. - Ele disse entre dentes, para eu não escutar. Mas não deu certo. Percebendo que eu estava olhando, ele deu um meio sorriso. 

- Qualquer dia desses eu a apresento para o senhor. Onde você está?

- Estou na cabine telefônica. Meu celular está sem bateria, pode vir me encontrar? 

- Claro! Claro! - Disse ele com entusiasmo, mexendo as mãos, como se estivesse me pedindo algo. Eu lhe dei um papel e caneta e ele rabiscou um endereço e alguns números. 

- Ok, estou indo pra aí agora. Tchau. - Disse ele desligando o celular e saiu da minha casa às pressas.

- O que houve? - Perguntei. Ele sorriu

- Vou ver meu pai. Quer ir comigo?

- Hoje não vai dar. - Disse encarando a cozinha cheia de sacolas. - Tenho que ajudar a minha mãe.

- Tá bom, então eu já vou. - Disse ele com aquele entusiasmo de novo saindo pela porta. Chegando perto do carro, ele voltou e me beijou. Eu sorri.

- Eu te amo. - Ele disse indo em direção ao carro. Eu não consegui responder, estava em transe com aquele momento, desde que ele se declarou pra mim, até aquele momento. Era tudo muito novo pra mim.

Antes de ele entrar no carro, Ele sorriu para mim. Eu acenei, e ele saiu. Eu entrei e fui direto para a cozinha ajudar a minha mãe a guardar as compras. As horas passaram-se depressa e já era noite. Como de costume, estava eu, no meu quarto, ouvindo música. Minha mãe estava na sala assistindo televisão, sozinha. Minha cabeça começou a pesar e acabei me deitando, mal notei que o sono havia chegado.

Mas uma vez, estava eu naquela casa. Parecia ser o mesmo sonho que eu tive a alguns meses antes de eu me mudar. Lá estava eu usando o mesmo vestido do antigo sonho, eu abria a porta e... Bom, acontecia a mesma coisa do sonho anterior. Porém, ao invés de encontrá-lo tocando piano no quarto, ele estava deitando na cama, o que me deixou sem jeito de entrar. 

- Oi. - Ele dizia suave. Eu sorria, tirava minha sandália e entrava no quarto com determinação, como se eu conhecesse o lugar e soubesse por que estava lá. Eu me sentava do lado dele e ele se ajeitava para se sentar do meu lado. 

- Olá. - Eu disse sem jeito. Ele olhava pra mim com ternura, acariciava o meu rosto, e aproximava-se devagar para me beijar. Eu não fechava os olhos, aquele momento parecia tão... Tão real. Ele me beijou, e, era um beijo doce, delicado, que, com um tempo, foi se tornando quente e um pouco atrevido. Logo estava deitada junto com ele, e quando ele iria me tocar de um modo indecente, o relógio despertou.

Já eram mais de 10h00min da manhã, e eu tinha prometido para minha mãe que iria ajudá-la a enfeitar a casa para a ceia de natal. Descendo as escadas ainda de roupa de dormir, minha mãe estava chegando com mais sacolas. Desta vez, com a árvore e com alguns enfeites. Ela vez um aceno para eu chegar mais perto.

- Oi, mãe. - Eu disse zonza.

- Ei, filha. - Disse me olhando de cima a baixo. - Pelo visto, acordou agora né?

- É. - Disse, me dirigindo até o centro da sala junto com ela. Arrumamos a árvore e colocamos os enfeites pela casa toda. Isso me fez lembrar quando eu era pequena, quando ficava eu, minha mãe e meu pai na noite de natal. Ficávamos acordados até tarde em frente à lareira. Isso me fez também me lembrar da Lola. O que será que ela está aprontando?

- Alex? - Minha mãe me chamou atenção

- O que foi mãe?

- Está pensativa. Preocupada? - Disse ela mexendo no meu cabelo, que estava solto.

- Ah, nada, Estava pensando na Lola. - Disse distraída.

- Ah, falando nela... - Ela disse indo em direção à mesa de telefone e pegando um papel. - Ela ligou mais cedo.

- E por que você me acordou? - Disse pegando o papel e abrindo-o. - Que número é esse?

- Então, os pais dela não estão mais morando na vila. Eles se mudaram, estão morando no centro. E mudaram de telefone.

- Nossa! - Disse surpresa. Mas depois eu pensei: Com a notícia de que ela o Brendan estavam namorando, a cidade toda ficou sabendo. E do jeito que aquele povo da vila é invejoso, não imagino o que deve ter acontecido para eles se mudarem.

- Ela pediu pra retornar a ligação, se você puder. - Disse minha mãe, terminando de arrumar a sala. Ligeiramente, eu peguei o telefone e liguei.

- Alô? - Ela atendeu.

- Lola, sua cachorra! - Eu gritei

- Não precisa gritar sua vaca! - Ela gritou de volta. Eu ri.

- Ah amiga, sinto tanto a sua falta!

- Ai, eu também. Você não sabe o que aconteceu!

- Além de você ter se mudado por conta do seu "namoro" com um ator famoso?

- Também. - Disse ela. - E falando nele, ele veio aqui!

- O quê? Como assim?

- Antes dos meus pais se mudarem, ele veio aqui me visitar. Disse que não queria esperar mais e queria conhecê-los. Não é fofo?

- É, e... Assustador. Como ele...

- Descobriu? Ah, não sei. Deve ter saído perguntando por aí. - Disse ela daquele jeito avoada de sempre.

- E ele ainda está aí?

- Não, ele já foi. Ele queria ficar, mas eu disse que ele tinha que passar o natal com os pais.

- O quê? Você disse pra ele voltar? - Disse surpresa.

- Disse. Achou o quê? Que eu iria o deixar ficar?

- E de preferência, iria dormir no seu quarto.

- Ai, sua podre!

- Desculpa, não resisti. - Disse aos risos.

- Mas e aí? Você e o Nate? Soube que ele encontrou o pai.

- É. Mas como voc... - Logo parei. “Deve ter saído nos jornais”. Pensei.

- Eu vi hoje de manhã na TV. Eles foram vistos ontem no mercado

- Ah, eu estava dormindo.

- E pelo visto o sonho foi muito bom, né?

- É, foi. - Disse mordendo os lábios. Ela riu.

- Bom, agora tenho que desligar. Tenho que ajudar a minha mãe a arrumar a casa.

- Eu também. Se bem que... - Disse dando voltas pela sala. - Já está quase tudo pronto.

- Sorte sua. - Ela disse e eu ri.

- Eu te amo amiga. - Disse ela, triste.

- Eu também te amo amiga. Feliz Natal.

- Feliz Natal. Até mais. - Disse ela desligando o telefone. Senti um vazio no meu coração, que foi passando com o tempo, me distraindo com a minha mãe arrumando a varanda, enfeitando a casa toda. Só estava preocupada com o Nate. Desde que ele encontrou o pai não nos falamos. Tudo bem, só fazia um dia. Acho que é o costume de sempre estarmos nos comunicando. Fui até meu quarto e peguei o celular, vi que tinha três mensagens dele:

Oi linda, estou aqui com o meu pai falando de você. Beijo.

Sou eu de novo. Falei de você pra ele. Ele disse que quer te conhecer.

Oi amor, cheguei em casa. Tá tarde vou dormir. Boa noite, te amo.

Eu sorria a cada mensagem que lia. Mas fiquei tensa com a segunda mensagem. O pai dele queria me conhecer, e, de repente senti uma sensação de desconforto. Será que o pai dele vai gostar de mim? Ah, melhor não pensar nisso agora.

Já estava quase na hora da ceia, e eu tinha que me preparar. Tomei um banho bem demorado e coloquei um maxi dress florido com um cinto amarelo. Deixei meu cabelo ao natural e passei apenas um lápis nos olhos e brilho labial. Antes de eu descer as escadas, meu telefone tocou:

- Alô?

- Desculpe incomodar, mas eu gostaria de falar com a Senhorita Martinéz Richards. - Eu reconhecia aquela doce voz

- Sou eu. - Disse ironicamente. - Quem deseja falar?

- Eu gostaria de deixar um recado... De um admirador. - Disse ele, retribuindo a ironia.

- Hum, admirador? Okay.

- O sorriso mais lindo, os olhos mais verdes e hipnotizantes que eu já vi, a pele mais macia que eu já toquei, por mais que eu tenha tocado somente parte dela, a voz mais doce que eu já ouvi, a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci ... É você. - Eu não consegui conter o sorriso, e nem ele.

- Por que você tem que ser tão galanteador? - Disse me encarando no espelho. Ele riu

- Só porque estou dizendo a verdade, eu sou galanteador? - Disse ele com aquela sua voz doce que me deixava nas nuvens.

- Será que está falando a verdade mesmo? - Disse sorrindo, ele parecia sorrir também.

- Apesar de eu ser um ótimo ator, sou um péssimo mentiroso.

- Além de mentiroso é convencido.

- Agora você me magoou. - Disse ironicamente. Eu ri, mal notando que já estava na sala de estar. Minha mãe e Fred já estavam na mesa me esperando enquanto eu estava pendurada no telefone.

- Tenho que desligar, já está todo mundo aqui em casa.

- Ok, eu posso passar aí amanhã?

- Claro

- Tudo bem, então tchau. E Feliz Natal meu amor. - Sinceramente eu ainda não tinha me acostumado em ter um namorado

- Feliz Natal. Beijo. - Disse desligando o telefone. O Relógio tocou meia noite e logo se ouvia fogos de artifício do lado de fora. Eu e minha mãe nos abraçamos e também abracei o Fred. Ele e minha mãe ficaram constrangidos em se abraçarem na minha frente, mas eu me virei para pegar o telefone e ligar para Lola.

- Alô? - Ela disse "alegrinha” 

- Feliz Natal, perua! - Disse gritando.

- Amigaaaaa. - Ela realmente tinha bebido alguma coisa, ou não.

- Lola, você bebeu alguma coisa?

- Ah, só alguns copos de vinho. “Pô” quê?

- Alguns?

- Ah, deixa de ser “chatan”. E aí, como "tão" você e o gostoso do Na...

- Olha o respeito, garota. Você está bêbada ! - Disse irritada. Ela começou a chorar.

- Ai, amiga. Desculpa, por favor! Não desliga na minha casa.

- Tá bom. - Disse

- Mas e aí. Me conta tudo!

- Ah, não tem nada pra contar.

- Ah amiga. Com assim, não tem nada? Já estão juntos há dois meses e ainda não tem nada pra contar?

- Lola! - Disse irritada novamente

- Quê?

- Quê? Você ainda está com essa ideia?

- Mas eu não disse nada.

- Não se faça de sonsa. Claro, eu devo levar em consideração de que você está um pouco "alegrinha". Mas, mesmo assim, você devia pelo menos me respeitar nem que seja só um pouquinho. Eu sou sua amiga e... 

- E, o quê? Alex? Alô? Alex, você ainda está aí? - Ela dizia desesperadamente. Eu ainda estava na linha, mas tinha visto algo que me deixou sem fala.

- Eu estou aqui. Ainda estou aqui.

Enquanto meus olhos fixavam a televisão, Nate brincava com os meus cabelos, na tentativa falha de me fazer olhar para ele. Eu sorria, mas tentava esconder. Ele envolveu seu braço na minha cintura e repousou seu queixo no meu ombro, me encarando. 

- Psiu. - Sussurrava ele no meu ouvido, me fazendo rir novamente. Ele alisava seu indicador no meu rosto, enquanto eu me distraía trocando de canal.

- Psiu. - Fazia ele novamente. Desta vez, acariciando minha bochecha com a ponta do nariz. Eu não resisti, olhei para o lado e ele, simplesmente não fez nada. Isso mesmo! Nada. Ficou me olhando, como se estivesse admirando meus olhos. Se bem que, eu acho que ele estava admirando meus olhos. Eu tinha que desligar a televisão, porque estava atrapalhando aquele momento tão doce pra mim. 

- O que foi? - Perguntei me aproximando. Ele sorriu da careta que eu fiz.

- Nada. - Disse colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha. Ele acariciou meu queixo e beijou a ponta do meu nariz, mas aquele momento mágico foi interrompido com os gritos da minha mãe.

- Alex! - Nós levantamos no mesmo instante.

- Calma mãe! O que foi. - Disse abrindo a porta para ela, que estava cheia de sacolas.

- Me ajude com as compras. - Disse desajeitada. Percebendo que Nate estava na sala, o cumprimentou e pediu ajuda a ele também.

Chegando à porta de casa, me assustei com tanta sacola que estava dentro do carro. Frederick já estava tirando algumas de dentro do carro, enquanto Nate se apressava a pegar o resto. Eu só peguei algumas, pois não aguentava pegar tudo. Com todas as sacolas dentro de casa, vi Frederick encarando-o seriamente, e minha mãe me puxou para a cozinha. 

- Ai mãe, o que foi? - Perguntei

- Shiii. - Fez ela tampando minha boca.

- O que está havendo ? - Sussurrei pra ela olhando para o centro da sala. Ela não respondeu, apenas foi em direção das sacolas. Apesar da tamanha curiosidade que eu tinha, não ousei em ir para a sala. Apenas fiquei encarando os dois na sala.

Nate o olhava apreensivo, enquanto Fred falava uma coisa de alguém. Pela cara dele parecia ser alguém da família dele. Eu tentei me desviar da sala, e ajudei a minha mãe a guardar as compras. Algumas sacolas eram de roupas, então, as que ela comprou pra mim eu fui ao meu quarto e as guardei no meu armário. Descendo as escadas, vi Nate em uma reação um tanto confusa. Estava aflito, tenso, e ao mesmo tempo feliz e ansioso. 

- O que houve? - O Perguntei. Ele olhou para mim, com as lágrimas presas nos olhos. Mas elas se soltaram quando ele tentou falar.

- Meu amor, o que aconteceu? - Perguntei novamente. Ele deu um meio sorriso.

- Meu pai. - Disse ele enxugando as lágrimas.

- Ah, Meu Deus! O que aconteceu com ele? - Perguntei aflita, mas ele deu um sorriso largo.

- Ele voltou! - Disse por fim

Eu não pude deixar de sorrir. Sua felicidade me contagiou de tal forma que eu o abracei tão forte, que eu jurei que meus pés tinham saído do chão. 

- Caramba, que bom! - Gritei, e ele sorria constantemente. - E onde ele está?

- Está aqui! - Disse ele com entusiasmo.

- Como?

- Aqui na cidade! O Frederick disse que o viu na cabine telefônica. Ele disse que falou com ele! - Sorriu. - Ele perguntou por mim!

- Lógico que ele iria perguntar por você. - Disse cruzando os braços. - Ou você achou que ele tinha esquecido você?

- Não foi o que pareceu? - Disse ele forçando uma cara de bravo. Eu ri.

- Deixa de ser bobão. - Disse apertando suas bochechas. Ele sorriu e ameaçou me dar um beijo.

Eu lhe dei um leve empurrão. Ele sorriu e me rodopiou no ar. Minha mãe encarava aquela cena, mas não interferiu graças à presença do Frederick. Ele beijou meu pescoço, senti um arrepio estranho, como se meu corpo precisasse de algo, algo fora do comum. Meu corpo precisava dele. Percebendo que tinha ficado sem jeito com o beijo - ainda mais na frente da minha mãe. - Ele me pôs no chão.

- Desculpa. - Disse sem jeito. - Não consigo resistir a você.

- Ninguém resiste a uma latina. - Brinquei

- Sua metida. - Ele sorriu apertando meu nariz.

- Mas, e aí? - Disse puxando-o para o sofá. - Ele falou mais do seu pai?

- Bom, disse que ele está mais robusto. - Disse ele fazendo uma careta. - E ele pintou o cabelo.

- E ele está morando onde, com quem? 

- Ah... - Disse ele abaixando a cabeça. - Ele não me deu muitos detalhes. Só disse que ele disse pra ele que sente muito minha falta e a do Ash, que foi por isso que ele voltou. Disse que queria me ver, e pediu meu telefone a ele. - Sorriu. Terminando de dizer isso, o celular dele tocou. Vendo que não conhecia o número, atendeu apreensivo.

- Alô?

Ele continuou com o rosto apreensivo, mas relaxou a musculatura do rosto quando ele reconheceu a voz.

- Poderia falar com o Nathan? - Foi o que consegui ouvir antes dele olhar para mim surpreso.

- Pai? - Perguntou ele emocionado. Eu fiquei assustada e feliz. 

- Filho ? Nossa ! - A voz dele também parecia emocionado. Nate mordeu os lábios tentando não chorar, mas ele não conseguiu se contiver. Ele se virou para que eu não o veja.

- Como me reconheceu?

- Você é o único que eu conheço que me chama de Nathan. - Ele sorriu. - Ah, pai. Como eu senti sua falta! - Ele parecia uma criança.

- Eu também senti muito a sua falta, filho. Você não sabe o quanto. Sinto-me tão mal por ter deixado você e o Ashton, Ah meu filho, me perdoa. - Eu o ouvi dizer do outro lado da linha. Nate respirou fundo e enxugou as lágrimas, de costas pra mim, é claro.

- Ah, pai. O senhor não tem culpa de nada.

- Tenho sim Nathan, eu devia ter mandado notícias de onde eu estava. Por favor, filho, me perdoa?

- Tá bom, se assim você se sente melhor? Te perdoo. - Disse Nate, agora sorrindo.

Ouvindo sua risada, também sorri. Estava feliz que ele tenha encontrado o seu pai na semana de natal. 

- Pai, eu tenho que te contar uma coisa. - Disse ele olhando pra mim. Eu o encarei, séria, ele queria que eu falasse com o pai dele, agora? Como assim? Ouvi os risos do pai dele.

- Ah, é aquele garota que o Frederick me disse? A filha do Tommy?

- É sim pai. - Ele riu. Eu balancei a cabeça negativamente.

- O quê foi? - Ele sussurrou. Eu fiz uma careta, ele sorriu.

- Ela é... Uma pessoa... Muito, muito ES... PE... Especial pra mim. - Ele gaguejou. Eu tentei prender o riso, mas não consegui. 

- Que está rindo aí, filho? 

- É ela. Ela é minha namorada pai. - Ele disse entre dentes, para eu não escutar. Mas não deu certo. Percebendo que eu estava olhando, ele deu um meio sorriso. 

- Qualquer dia desses eu a apresento para o senhor. Onde você está?

- Estou na cabine telefônica. Meu celular está sem bateria, pode vir me encontrar? 

- Claro! Claro! - Disse ele com entusiasmo, mexendo as mãos, como se estivesse me pedindo algo. Eu lhe dei um papel e caneta e ele rabiscou um endereço e alguns números. 

- Ok, estou indo pra aí agora. Tchau. - Disse ele desligando o celular e saiu da minha casa às pressas.

- O que houve? - Perguntei. Ele sorriu

- Vou ver meu pai. Quer ir comigo?

- Hoje não vai dar. - Disse encarando a cozinha cheia de sacolas. - Tenho que ajudar a minha mãe.

- Tá bom, então eu já vou. - Disse ele com aquele entusiasmo de novo saindo pela porta. Chegando perto do carro, ele voltou e me beijou. Eu sorri.

- Eu te amo. - Ele disse indo em direção ao carro. Eu não consegui responder, estava em transe com aquele momento, desde que ele se declarou pra mim, até aquele momento. Era tudo muito novo pra mim.

Antes de ele entrar no carro, Ele sorriu para mim. Eu acenei, e ele saiu. Eu entrei e fui direto para a cozinha ajudar a minha mãe a guardar as compras. As horas passaram-se depressa e já era noite. Como de costume, estava eu, no meu quarto, ouvindo música. Minha mãe estava na sala assistindo televisão, sozinha. Minha cabeça começou a pesar e acabei me deitando, mal notei que o sono havia chegado.

Mas uma vez, estava eu naquela casa. Parecia ser o mesmo sonho que eu tive a alguns meses antes de eu me mudar. Lá estava eu usando o mesmo vestido do antigo sonho, eu abria a porta e... Bom, acontecia a mesma coisa do sonho anterior. Porém, ao invés de encontrá-lo tocando piano no quarto, ele estava deitando na cama, o que me deixou sem jeito de entrar. 

- Oi. - Ele dizia suave. Eu sorria, tirava minha sandália e entrava no quarto com determinação, como se eu conhecesse o lugar e soubesse por que estava lá. Eu me sentava do lado dele e ele se ajeitava para se sentar do meu lado. 

- Olá. - Eu disse sem jeito. Ele olhava pra mim com ternura, acariciava o meu rosto, e aproximava-se devagar para me beijar. Eu não fechava os olhos, aquele momento parecia tão... Tão real. Ele me beijou, e, era um beijo doce, delicado, que, com um tempo, foi se tornando quente e um pouco atrevido. Logo estava deitada junto com ele, e quando ele iria me tocar de um modo indecente, o relógio despertou.

Já eram mais de 10h00min da manhã, e eu tinha prometido para minha mãe que iria ajudá-la a enfeitar a casa para a ceia de natal. Descendo as escadas ainda de roupa de dormir, minha mãe estava chegando com mais sacolas. Desta vez, com a árvore e com alguns enfeites. Ela vez um aceno para eu chegar mais perto.

- Oi, mãe. - Eu disse zonza.

- Ei, filha. - Disse me olhando de cima a baixo. - Pelo visto, acordou agora né?

- É. - Disse, me dirigindo até o centro da sala junto com ela. Arrumamos a árvore e colocamos os enfeites pela casa toda. Isso me fez lembrar quando eu era pequena, quando ficava eu, minha mãe e meu pai na noite de natal. Ficávamos acordados até tarde em frente à lareira. Isso me fez também me lembrar da Lola. O que será que ela está aprontando?

- Alex? - Minha mãe me chamou atenção

- O que foi mãe?

- Está pensativa. Preocupada? - Disse ela mexendo no meu cabelo, que estava solto.

- Ah, nada, Estava pensando na Lola. - Disse distraída.

- Ah, falando nela... - Ela disse indo em direção à mesa de telefone e pegando um papel. - Ela ligou mais cedo.

- E por que você me acordou? - Disse pegando o papel e abrindo-o. - Que número é esse?

- Então, os pais dela não estão mais morando na vila. Eles se mudaram, estão morando no centro. E mudaram de telefone.

- Nossa! - Disse surpresa. Mas depois eu pensei: Com a notícia de que ela o Brendan estavam namorando, a cidade toda ficou sabendo. E do jeito que aquele povo da vila é invejoso, não imagino o que deve ter acontecido para eles se mudarem.

- Ela pediu pra retornar a ligação, se você puder. - Disse minha mãe, terminando de arrumar a sala. Ligeiramente, eu peguei o telefone e liguei.

- Alô? - Ela atendeu.

- Lola, sua vadia! - Eu gritei

- Não precisa gritar, vadia! - Ela gritou de volta. Eu ri.

- Ah amiga, sinto tanto a sua falta!

- Ai, eu também. Você não sabe o que aconteceu!

- Além de você ter se mudado por conta do seu "namoro" com um ator famoso?

- Também. - Disse ela. - E falando nele, ele veio aqui!

- O quê? Como assim?

- Antes dos meus pais se mudarem, ele veio aqui me visitar. Disse que não queria esperar mais e queria conhecê-los. Não é fofo?

- É, e... Assustador. Como ele...

- Descobriu? Ah, não sei. Deve ter saído perguntando por aí. - Disse ela daquele jeito distraída de sempre.

- E ele ainda está aí?

- Não, ele já foi. Ele queria ficar, mas eu disse que ele tinha que passar o natal com os pais.

- O quê? Você disse pra ele voltar? - Disse surpresa.

- Disse. Achou o quê? Que eu iria o deixar ficar?

- E de preferência, iria dormir no seu quarto.

- Ai, sua puta!

- Desculpa, não resisti. - Disse aos risos.

- Mas e aí? Você e o Nate? Soube que ele encontrou o pai.

- É. Mas como voc... - Logo parei. “Deve ter saído nos jornais”. Pensei.

- Eu vi hoje de manhã na TV. Eles foram vistos ontem no mercado

- Ah, eu estava dormindo.

- E pelo visto o sonho foi muito bom, né?

- É, foi. - Disse mordendo os lábios. Ela riu.

- Bom, agora tenho que desligar. Tenho que ajudar a minha mãe a arrumar a casa.

- Eu também. Se bem que... - Disse dando voltas pela sala. - Já está quase tudo pronto.

- Sorte sua. - Ela disse e eu ri.

- Eu te amo amiga. - Disse ela, triste.

- Eu também te amo amiga. Feliz Natal.

- Feliz Natal. Até mais. - Disse ela desligando o telefone. Senti um vazio no meu coração, que foi passando com o tempo, me distraindo com a minha mãe arrumando a varanda, enfeitando a casa toda. Só estava preocupada com o Nate. Desde que ele encontrou o pai não nos falamos. Tudo bem, só fazia um dia. Acho que é o costume de sempre estarmos nos comunicando. Fui até meu quarto e peguei o celular, vi que tinha três mensagens dele:

Oi linda, estou aqui com o meu pai falando de você. Beijo.

Sou eu de novo. Falei de você pra ele. Ele disse que quer te conhecer.

Oi amor, cheguei em casa. Tá tarde vou dormir. Boa noite, te amo.

Eu sorria a cada mensagem que lia. Mas fiquei tensa com a segunda mensagem. O pai dele queria me conhecer, e, de repente senti uma sensação de desconforto. Será que o pai dele vai gostar de mim? Ah, melhor não pensar nisso agora.

Já estava quase na hora da ceia, e eu tinha que me preparar. Tomei um banho bem demorado e coloquei um maxi dress florido com um cinto amarelo. Deixei meu cabelo ao natural e passei apenas um lápis nos olhos e brilho labial. Antes de eu descer as escadas, meu telefone tocou:

- Alô?

- Desculpe incomodar, mas eu gostaria de falar com a Senhorita Martinéz Richards. - Eu reconhecia aquela doce voz

- Sou eu. - Disse ironicamente. - Quem deseja falar?

- Eu gostaria de deixar um recado... De um admirador. - Disse ele, retribuindo a ironia.

- Hum, admirador? Okay.

- O sorriso mais lindo, os olhos mais verdes e hipnotizantes que eu já vi, a pele mais macia que eu já toquei, por mais que eu tenha tocado somente parte dela, a voz mais doce que eu já ouvi, a pessoa mais maravilhosa que eu já conheci ... É você. - Eu não consegui conter o sorriso, e nem ele.

- Por que você tem que ser tão galanteador? - Disse me encarando no espelho. Ele riu

- Só porque estou dizendo a verdade, eu sou galanteador? - Disse ele com aquela sua voz doce que me deixava nas nuvens.

- Será que está falando a verdade mesmo? - Disse sorrindo, ele parecia sorrir também.

- Apesar de eu ser um ótimo ator, sou um péssimo mentiroso.

- Além de mentiroso é convencido.

- Agora você me magoou. - Disse ironicamente. Eu ri, mal notando que já estava na sala de estar. Minha mãe e Fred já estavam na mesa me esperando enquanto eu estava pendurada no telefone.

- Tenho que desligar, já está todo mundo aqui em casa.

- Ok, eu posso passar aí amanhã?

- Claro

- Tudo bem, então tchau. E Feliz Natal meu amor. - Sinceramente eu ainda não tinha me acostumado em ter um namorado

- Feliz Natal. Beijo. - Disse desligando o telefone. O Relógio tocou meia noite e logo se ouvia fogos de artifício do lado de fora. Eu e minha mãe nos abraçamos e também abracei o Fred. Ele e minha mãe ficaram constrangidos em se abraçarem na minha frente, mas eu me virei para pegar o telefone e ligar para Lola.

- Alô? - Ela disse "alegrinha” 

- Feliz Natal, perua! - Disse gritando.

- Amigaaaaa. - Ela realmente tinha bebido alguma coisa, ou não.

- Lola, você bebeu alguma coisa?

- Ah, só alguns copos de vinho. “Pur” quê?

- Alguns?

- Ah, deixa de ser “chatan”. E aí, como "tão" você e o gostoso do Na...

- Olha o respeito, garota. Você está bêbada ! - Disse irritada. Ela começou a chorar.

- Ai, amiga. Desculpa, por favor! Não desliga na minha casa.

- Tá bom. - Disse

- Mas e aí. Me conta tudo!

- Ah, não tem nada pra contar.

- Ah amiga. Com assim, não tem nada? Já estão juntos há dois meses e ainda não tem nada pra contar?

- Lola! - Disse irritada novamente

- Quê?

- Quê? Você ainda está com essa ideia?

- Mas eu não disse nada.

- Não se faça de sonsa. Claro, eu devo levar em consideração de que você está um pouco "alegrinha". Mas, mesmo assim, você devia pelo menos me respeitar nem que seja só um pouquinho. Eu sou sua amiga e... 

- E, o quê? Alex? Alô? Alex, você ainda está aí? - Ela dizia desesperadamente. Eu ainda estava na linha, mas tinha visto algo que me deixou sem fala.

- Eu estou aqui. Ainda estou aqui.


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