Levantei cedo no outro dia, tomei meu banho, coloquei um vestido no estilo tubinho preto, salto, as maquiagens típicas e arrumei meu cabelo. Que chatice esse lance de trabalhar e ter que se arrumar. Se eu pudesse ficaria o dia todo de camiseta e calcinha zanzando pela casa. Fui tomar meu café sozinha já que Madge ainda não havia levantado, pois só iria trabalhar um pouco mais tarde.

Logo a campainha tocou. Era Peeta. Fui até a porta entediada e ele estava lá lindo, tenho que admitir, e com um buquê de rosas. Arqueei a sobrancelha.

— Desculpe por ser tão rude. — Peeta disse ao me entregar as rosas.

— Tudo bem. — Peguei o buquê, coloquei no apartamento e seguimos para o estacionamento.

Peeta abriu a porta pra mim e foi um completo cavalheiro. Nem dava pra acreditar que era o mesmo que almoçou comigo ontem. Estávamos parados num pequeno engarrafamento. Um silêncio constrangedor invadia o carro de Peeta. Resolvi ligar o som para matar o tédio e continuou tocando o cd do FTP (Foster The People). Eu amava FTP! Fiquei cantarolando sozinha quando Peeta quebrou o silêncio.

— Você tem uma voz linda. — Ele disse rindo.                         

— Você é tão mentiroso! — Eu ri.

Pela primeira vez em dois dias conseguimos ter uma conversa, uma conversa real. E ele não era tão mau assim. Ele só era muito reservado, o que era estranho uma vez que ele já veio cheio de gracinhas pra cima de mim naquele dia que recebi minha promoção, mas ele prometeu que tentaria dar uma melhorada. O transito melhorou e logo chegamos à empresa. Fomos os primeiros a chegar e eu não entendi porque esse desespero para chegar logo. Não entendi até entramos em nossa sala e Peeta me dar uma série de recomendações, resultado: Eu ficaria atolada até o restante do dia, mas agora isso não era de todo ruim porque Peeta arriscava se permitir uns segundos de conversa comigo o que fez minha manhã ser menos vazia.

— Ei, eu vou almoçar com meus amigos... Você quer vir? — Perguntei.

— Acho melhor não...

— Vem... Por favorzinho. — Sorri.

Peeta me olhou, deu um sorrisinho de lado e se levantou.

— Tudo bem.

Uau. O que aconteceu com o mesmo Peeta de dias atrás? Sorri e ele me acompanhou até o restaurante combinado. A mesa dos meus amigos era reconhecível de longe. Mas, assim que cheguei com Peeta, um breve silêncio reinou.

— E aí! — Eu disse animada. — Esse é o Peeta, Peeta esses são meus amigos: Gale, Madge, Finnick, Johanna e Annie.

— Oi Peeta! — Todos disseram rapidamente e o fuzuê da mesa voltou.

Peeta, felizmente, logo se enturmou. E mesmo sendo tão reservado, houve um avanço. O que era legal porque agora com novos amigos, talvez, ele deixasse de ser tão ranzinza comigo.

Um mês depois.

— Vocês vão para a inauguração do Hopinks né? — Johanna perguntou ao chegar a nossa sala.

— Com certeza! — Respondi rindo.

— Que isso? — Peeta perguntou.

— Ah Peetinha, fala sério! Você vive em que mundo? Olha, vamos sair as 22h30 ok? — Johanna disse isso e saiu.

— É sério Katniss, o que é isso? — Peeta perguntou.

— É uma balada Peeta. — Respondi rindo. — Vamos? Você vai gostar.

— Acho melhor não. Meu irmão chegou ontem de viagem para morar comigo e eu não acho legal deixá-lo sozinho.

— Você tem um irmão? — Perguntei surpresa.

— Tenho. — Peeta riu.

— Qual é nome dele? Ele é bonito?

— Cato. — Peeta respondeu revirando os olhos.

— Me empresta teu celular? — Perguntei.

— Claro. — Peeta respondeu me entregando. Tolinho.

Pesquisei o numero do Cato e liguei para ele pedindo para que o mesmo nos encontrasse em frente à Hopinks.

— Problema resolvido. Te espero lá embaixo daqui a pouco. — Joguei um beijo no ar e fui ao banheiro.

Peeta’s POV

Aqueles lábios. Desde o instante que a vi adentrar a sala de reuniões soube que eu desejaria mais do que tudo, durante todos os dias em que eu vivesse que eles fossem meus. Que o sabor deles me pertencessem, que o calor do corpo dela fosse apenas meu. Quando a vi pela primeira vez, soube que estava fisgado por Katniss Everdeen.

Eu não podia me permitir deixar aquele sentimento me invadir. Ainda mais sabendo que eu era tão intenso em tudo, mas Katniss... Oh, minha doce Katniss, não me deixava ficar totalmente consciente.

— Peeta, acorda! — Cato socou meu braço.

— Cuidado porra.

— Você estava viajando ai com esse copo de... Que isso mesmo?

— Sei lá. — Virei meu copo de alguma coisa de uma só vez. Uma queimação desceu da minha garganta até meu estomago.

— Estava com saudade de você maninho. — Cato me deu duas doses de tequila, brindamos, viramos as mesmas e logo eu já não tinha o controle do meu corpo.

Luzes verdes. Eu dançando. Todos dançando comigo. Flashes. Mais bebida. Cato rindo comigo. Cato rindo com Katniss. Ódio. Katniss rindo comigo. Katniss dançando colada a mim. Eu agarrando Katniss.

O doce dos seus lábios invadiu minha boca com fervor. Por Deus! Eu não queria abandonar aqueles lábios, aquele corpo... nunca mais.

Katniss’s POV

Acordei com a luz do sol incomodando meu rosto. Graças a Deus era sábado. Eu ainda estava com a mesma roupa de ontem. Eu não me recordava de muitas coisas, apenas... Peeta havia me beijado. Arregalei meus olhos e fiquei com o estomago embrulhado. Corri para o meu banheiro e vomitei tudo que tinha no estomago. Depois tomei um banho, vesti uma roupa qualquer e fui tomar café da manhã.

— Bom dia... — Madge se escondeu atrás de sua própria xícara de café.

— Que foi? — Perguntei tomando um gole gigante da outra xícara que estava sobre o balcão que provavelmente era do Gale.

— Você ontem hein... — Madge riu.

— Mag... Nem me lembra, que vergonha! — Eu disse.

Madge apenas riu, aprontou outra xícara de café e voltou para seu quarto.

O que pensar? Eu mal me lembrava do que havia acontecido. Só lembro de ter comentado com Cato que Peeta era lindo e que era uma gracinha dançando. Rimos e depois só me recordo de estar nos braços de Peeta o beijando como se não fossemos nos ver mais. Sorri sozinha só de lembrar dele comigo e... Qual é o meu problema?

O resto do fim de semana foi chato. Mas eu ainda tinha um problema: Como lidar com Peeta? Ele não havia me procurado durante o fim de semana inteiro, então suponho que ele não esteja lembrando-se do que aconteceu.

Eu estava deitada no chão do apartamento assistindo a um filme qualquer com Madge e Gale que haviam tomado posse do sofá quando recebo uma mensagem.

“Peeta M: Eu irei te buscar amanhã. 6h00, mesmo esquema.”

Eu juro que um sorriso involuntário surgiu no meu rosto naquele instante. Madge viu, e riu sozinha deixando Gale sem entender nada. Nem eu estava entendendo o que havia acontecido comigo.