– Então... O que aconteceu depois? Quer dizer, nunca pegaram o assassino da Giu? – perguntei hesitante. Matteo me olhou de soslaio.

– Não. O que só piorou as coisas pra mim. Todo mundo acha e sempre vai achar que fui eu.

– E quanto às garotas?

– Eu não sei. Já fiz de tudo pra fazê-las falar. Pressionei-as o quanto pude. – ele disse passando as mãos nos cabelos. - O mais perto que cheguei foi um dia, quando estava no celeiro pintando. Estava com fones nos ouvidos, e... Estava chorando. Notei alguém e me virei rápido. Jade, uma das garotas, estava sentada encolhida no canto da sala. Ela me observava e chorava baixinho. Não falei com ela. Voltei a pintar e então ela me chamou, e falou o que eu nunca vou esquecer. “Eu sinto muito. Mas não posso falar nada. Nunca. Me perdoe.” – ele mordeu o lábio inferior e eu fiquei o olhando.

Não conseguia falar mais nada. Ter puxado aquele assunto novamente depois... Depois do beijo, havia sido um sacrifício. A verdade era que eu não sabia muito bem como agir. Matteo continuava com aquele ar misterioso e parecia estar tão sem saber o que fazer quanto eu. Mas... O gosto da sua boca... Eu ainda podia sentir. Não é algo que eu possa explicar. Pensei contendo um sorriso. Nunca havia sentido aquilo. Nem com Chad. Era diferente. E era ainda mais instigante por que... O jeito que me beijou foi tão carinhoso... Tão cuidadoso. Tão diferente de como pensei que poderia ser. Foi bom. Foi incrível... E quando acabou quase tive medo de me mexer e bagunçar a cena.

– Posso... Dizer uma coisa? – Matteo perguntou e eu assenti devagar voltando a olhá-lo. Ele sorriu de lado. – Obrigado por escutar, e obrigado por não sair correndo. – ele riu, mas eu sabia que ele falava sério, pelo tom magoado em sua voz.

– Nunca faria isso.

– Eu sei. – ele disse e sorriu fraco. – Agora posso pedir uma coisa?

– Já está pedindo. – eu disse e ele riu.

– É que... – ele se interrompeu ao ouvir meu telefone tocar.

– Pode falar...

– Não. Atende vai. – ele sorriu e eu assenti antes de atender.

– Oi?

– Podemos nos ver? – A voz de Chad do outro lado da linha me fez abrir a boca.

– Chad?

– Oi. Preciso mesmo ver você. – ele disse e eu olhei para Matteo que virou o rosto se levantando.

– Chad... Eu não posso. Não posso sair agora. Estou ocupada.

– Eu sei. Tá com o italiano. Taylor me disse.

– O que?

– O que tá fazendo com ele? – Chad perguntou com autoridade na voz.

– Acha mesmo que tem o direito de me perguntar isso? Vai se ferrar Chad. – eu berrei desligando o telefone.

– Posso te deixar em casa. – Matteo falou encostando-se ao muro do terraço.

– Quer que eu vá embora? – perguntei olhando-o.

– Não. – ele estendeu a mão como se quisesse me parar. – É... Que ouvi a conversa. Seu amigo não gosta muito de mim. E...

– Não devo satisfações a ele, e estou com você agora. – falei, sentindo agonia ao perceber o duplo sentido da última frase.

– Está comigo agora? – Droga, ele percebeu também.

– Er...

– Tudo bem. Não precisa falar.

– Eu quero. Não quero esconder isso. Não de você. – eu disse chegando mais perto dele. – Eu ficava com Chad. Era só um lance. Eu não queria nada, nem ele. Na verdade ele... Tem namorada. EU NÃO SABIA. Mas ele tem. – eu berrei como se estivesse apresentando um monólogo.

– Ainda gosta dele? – Matteo perguntou olhando-me.

– Eu gosto do Chad, e estou brava por ele não ter me dito que tinha namorada...

– Mas...

– Mas, sinto que isso não importa mais agora...

– Por que...

– O que quer que eu fale?

– O que você sente...

– O que você sente? – eu perguntei rápido e ele ficou sério.

– Ah rossa... – Matteo passou a mão no cabelo, bagunçando a touca. – Vou parecer tão idiota falando isso.

– Falando o que? – arqueei uma sobrancelha e ele riu, depois mordeu o lábio inferior antes de me olhar. Antes de me olhar de um jeito que me fez quase paralisar.

– Nunca quis tanto estar com alguém como quero estar contigo. O tempo todo. É meio ridículo, porque fico o dia todo pensando em você... Mas... Não posso controlar. Eu... Eu gosto demais de você. Desculpa, não sou tão bom com palavras. – ele riu e eu sorri com a careta que fez.

– Você é ótimo. – eu disse e ele me olhou arqueando uma sobrancelha. Eu ri sacudindo a cabeça e estiquei as mãos para ajeitar a touca em sua cabeça. – Eu gosto de você. E quero estar com você o tempo todo também. Você me faz bem e só de estar contigo sinto-me melhor. – eu disse tanto pra ele quanto pra mim mesma. Era novo pra mim também. - Não sei o que é isso, mas eu realmente sinto alguma coisa.

– Isso é bom. – ele sussurrou e eu sorri ficando na ponta dos pés. Matteo me segurou pela cintura e sorriu antes de me beijar. Entrelacei meus braços em seu pescoço e sorri.

– É... É sim.