Breakaway escrita por ChocolateQuente


Capítulo 23
Capítulo 21 - parte1


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi Oi *--* Capitulo novo pra vocês. Espero que gostem.



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– Querida, cheguei! – Taylor cantarolou passando pela porta da cozinha. Eu estava passando copos com sucos e refrigerantes para uma bandeja, quando ele me deu um beijo no pescoço. Sorri.

– Nossa, a noite foi boa mesmo. – eu ri e ele deu uma risadinha enquanto vestia o avental.

– Me atrasei um pouco hoje, porque... Eu... – Taylor passou a mão na cabeça antes de continuar. – Me matriculei num curso de desenho técnico. – ele disse e eu me virei para olhá-lo.

– Sério? Isso... Isso é sério? – perguntei e ele sorriu.

– Sempre gostei de desenhar, sou bom nisso, e já havia cogitado arquitetura antes dos meus pais me pressionarem tanto. – ele disse e eu entendi exatamente o que ele queria dizer.

– Vai tentar entrar na universidade de arquitetura.

– Vou. Por mim e... Por eles também. – ele deu um sorriso de lado e eu me estiquei para abraçá-lo.

– Estou feliz. Muito feliz por você. – eu o apertei mais e ele sorriu.

– Sabia que ficaria. – ele bagunçou meus cabelos e pegou a bandeja.

– Isso tudo foi por causa do encontro ontem com Chloe? – eu perguntei e ele fez uma careta.

– Nossa, que brega. Muito brega. – Tay riu.

– Não era você que era romântico?

– Não... Sou tão ‘bicho solto’ quanto Chad é. Ou era. – ele riu sacudindo a cabeça.

– Não entendi. – eu o olhei e ele balançou a cabeça de novo antes de começar a andar em direção ao salão. – Aliás, cadê o Chad? Ele nunca se atrasa.

– Não soube? – ele perguntou voltando a me olhar e eu fiz que não com a cabeça. – Ele pediu essa semana de folga, parece que precisou visitar alguém.

– E não me contou nada?

– Vocês não estavam brigados?

– Não interessa. – eu dei de ombros e Taylor riu, virando o rosto para o sininho que Jimmy tocou avisando que o pedido estava pronto.

– Deixa que eu atendo. – ele disse e saiu.

Cruzei os braços pensando em onde Chad estava. E se tivesse acontecido alguma coisa com o pai dele? Como ele estaria agora? Descruzei os braços para pegar o celular e disquei o número dele. Chamou uma, duas, três vezes, até que caiu na caixa postal. Liguei mais duas vezes e desisti. Estava preocupada, mas sabia que ele retornaria assim que visse minhas ligações.


***************************


O dia passou devagar e no comecinho da noite Taylor correu pra casa, dizendo que sairia com Chloe de novo. Mais uma vez eu ficaria sozinha. Nada de Chad, Taylor, ou Chloe. Eu podia ligar pra Matteo, mas não sabia como fazer isso. Ele pensaria que eu o estava usando como estepe quando eu estava sozinha. Não queria que ele pensasse isso, porque não era verdade.

Resolvi ir pra casa. Quando cheguei tomei um banho e me sentei no meu ‘escritório’. Comecei a estudar para as provas que teria na outra semana, até que encontrei o caderno de anotações sobre Matteo. Lembrei-me que já fazia algum tempo que não tocava nele. Abri-o e olhei as anotações. Tudo que constava ali eu já sabia por que ele havia me contado. Peguei a caneta e comecei a anotar novas coisas sobre ele. O jeito de ser, de agir, de pensar. O que eu sabia até agora. Meneei a caneta entre os dedos e ponderei sobre ele. Naquele momento eu não acreditava mais que ele era algum tipo de assassino, ou maluco estuprador. Aquilo parecia ter sido apagado da minha cabeça. Eu Sabia... Sentia que ele não era aquele tipo de pessoa.

Meu celular começou a tocar, tirando-me dos meus próprios pensamentos, e eu gelei quando vi o nome da minha mãe no ecrã.

– Mãe?

Liebe. – ela sussurrou em resposta e então meu coração se estilhaçou porque eu sabia que o que ela tinha pra falar era coisa ruim. Eu não respondi mais, e ela continuou depois de um longo suspiro. – Os médicos conversaram comigo. Eles... Eles disseram que seu pai vai ficar com sequelas, mas que podem ser resolvidas com terapia. Ou não. – ela disse e eu prendi a respiração. – Ele perdeu setenta por cento da visão e a parte da memória do seu cérebro foi afetada.

– Ele está cego e não lembra de ninguém? – minha voz soou esganiçada.

Não está totalmente cego, mas tudo que ele pode ver são imagens um pouco distorcidas, e isso não ajuda nem um pouco na parte da memória. Ele não se lembra nem de mim, e não me ver piora as coisas. – ela foi aumentando o tom de voz até não suportar mais, e então sua voz falhou. Ela fungou e eu a ouvi soluçar.

– Mamãe... Eu... Eu... – eu tentei falar mais fui interrompida por um soluço, e outro e outro que vieram acompanhados de lágrimas grossas. De repente minha mãe e eu estávamos chorando compulsivamente ao telefone. – Vai ficar tudo bem. – eu balbuciei, sentindo uma dor que quase podia fazer meu corpo doer. Eu não sabia se acreditava naquilo. Não sabia se ficaria tudo bem. Meu pai não se lembrava de mim e estava cego. Ele me odiava, ainda, no seu subconsciente ele me odiava, e isso só piorava tudo.

Meu amor, acho que você devia vir pra cá. – minha mãe soluçou depois de um tempo.

– Não acho uma boa ideia. – Eu me encolhi na cadeira e apoiei a cabeça nas mãos. – Isso pode piorar as coisas. – eu sussurrei, e apertei os olhos ao ouvi-la soluçar mais. – Mãe, vamos fazer assim. Deixa as coisas se acalmarem. Deixa o papai receber alta e começar a se tratar. Já estou acabando meu curso na Universidade, e então... E então eu vou poder voltar. – eu disse devagar. – Eu... Sinto saudades de vocês. Eu quero voltar, mas não pode ser assim. Tem que ser com calma. Do jeito certo. Se é que há um jeito certo no meio de tudo isso. – eu funguei e passei as costas da mão no rosto.

Tudo bem. – Ela sussurrou.

– Vou te ligar. Todos os dias pra saber como ele está.

Tudo bem meu amor.

– Eu te amo mamãe. Aguenta firme. – Eu engoli em seco e tentei parecer firme, confiante.

Eu também te amo, e... Vou tentar.

Ouvir minha mãe daquele jeito fazia meu peito doer. Eu sabia o quanto ela era fraca. Não era como aquelas mães de filmes que sempre tomam as rédeas da situação e se saem bem. Ela era frágil, foi criada pra ser. Eu não a culpava e só queria que ela ficasse bem. Meu pai cuidava dela, e agora ela teria que trocar de papel com ele. Isso era... Estranho. Seria difícil. Meu pai... Cego. Meu pai estava cego e sem memória. Ele não suportaria aquilo.

Lágrimas voltaram a brotar dos meus olhos e eu levantei. Odiava ser pessimista. Odiava.

Peguei um casaco e calcei minhas botas, enfiei o celular no bolso da calça e saí de casa. Desci as escadas rapidamente e parei em frente ao meu prédio. Pra onde eu iria? Eu não queria pensar naquilo. Não queria chorar mais. O que eu faria? Saí do meu prédio e andei em direção a uma praça. Eu sabia o que eu queria fazer e isso parecia fazer meu celular pesar no bolso. Mas... Mas, mas, mas.

Que se dane.

Peguei o celular e apertei no número. No quarto toque ele atendeu.

Rossa? Está com saudades? – ele riu baixinho e eu passei a mão entre os cabelos.

– Podemos ir a algum lugar? Eu... Eu preciso... – Droga suas lágrimas idiotas, me deixem em paz! Solucei uma vez e funguei.

Onde você está? – ele perguntou rápido. Eu disse onde estava e ele pediu pra que eu esperasse, chegaria em alguns minutos, ele disse.

Vinte, mais precisamente. Ele chegou em vinte minutos, que pareceram durar uma eternidade naquela pracinha vazia. Quando ele atravessou a rua e venho andando até mim, não sei o que aconteceu, só sei que em poucos segundos eu estava chorando compulsivamente de novo. Me sentia idiota por isso e quis correr pra que ele não visse, mas já era tarde demais. Matteo estava em minha frente em poucos segundos. Ele me puxou sem dizer nada, e me abraçou. Como na frente do supermercado. Um abraço apertado. Eu o apertei e entre soluços senti-o beijar minha cabeça de um jeito carinhoso.

Eu solucei repetidas vezes antes de sentir algo dentro de mim suspirar e pensar que era dele que eu precisava.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?/ Comentem, please. **--**
P.S. Queridos leitores que estão ai escondidinhos, comentem por favor. Preciso de vocês. :T