Breakaway escrita por ChocolateQuente


Capítulo 22
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Oiii. *--* Mais um cap. Espero que curtam.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/347896/chapter/22

- Tem certeza que vai ficar bem? – Matteo perguntou pela segunda vez. Estávamos na frente do meu prédio, e ele estava hesitante. Eu sabia que ele não tinha ideia de como agir naquele momento. Então poupei-o de passar mais alguns minutos comigo.

- Tenho. Eu vou ficar bem.

- Se precisar de alguma coisa... Me liga. – ele meneou o corpo enquanto me olhava. Eu assenti. – Fica bem. – ele disse e se virou pra ir embora.

Entrei no meu apartamento e me joguei no sofá. Não sabia porque eu estava tão magoada com o fato de que meu pai não queria me ver. Eu já sabia disso. Mas naquela circunstância parecia ainda pior.

Lágrimas voltaram a escorrer, finas, em meu rosto, e eu puxei o celular da bolsa e disquei o número de Taylor. Esperei chamar até cair na caixa de mensagem. Depois liguei pra Chloe, que aconteceu a mesma coisa. Decidi então tentar Chad. E o mesmo aconteceu.

Encolhi-me no sofá e me senti extremamente sozinha. Lembrei-me que a última vez que havia me sentido assim, foi quando cheguei a Londres. Não conhecia ninguém e tinha pouco dinheiro. Até conhecer Taylor, e depois Chloe, e depois Chad.  E então... Matteo.

O nome apareceu de repente em minha cabeça, assim como ele tinha aparecido. Quem seria ele de verdade? Ele estava sendo verdadeiro comigo? Aquela história toda de assassinato era mentira? Sacudi a cabeça pensando que talvez aquilo tudo fosse loucura. Lembrei de como ele havia me abraçado em frente ao supermercado. E o jeito que me puxou pra si dentro do táxi. A forma carinhosa que mexeu em meu cabelo, e a voz me... Confortando.

Ele me confortou.

Saí do meu devaneio quando meu celular tocou. Atendi sem olhar ,pensando que podia ser Chad, Taylor ou Chloe.

- Alô?

- Oi, er... Eu... Só queria saber como você estava. – sorri percebendo o sotaque.

- Eu estou bem. E você já está em casa?

- Tô. Tô sim. – ele disse depois de um tempo.

- Hum. – eu murmurei, sem saber o que dizer.

- Er... Sabe o que eu decidi? – ele falou e eu me ajeitei no sofá.

- O que?

- Vou te mostrar o que eu escondo no meu galpão. – ele disse e eu ri.

- Sério? Só porque eu dei uma de menininha chorona perto de você?

- É. Eu fiquei com pena. – ele riu baixinho.

- Hum, acho que vou chorar mais vezes. – eu falei enquanto andava em direção ao meu quarto.

- Não. Não gosto disso. – ele falou, e eu percebi seriedade em sua voz.

- Eu também não gosto. – eu disse e me joguei em minha cama. – Mas... Você não pode dizer logo o que tem naquele galpão? Estou morrendo de curiosidade. – eu mudei de assunto e ele riu.

- Não ficaria se fosse você. Não sabe o que tem lá. – ele falou, e eu tive certeza de que ele havia arqueado uma sobrancelha.

- Você conseguiu me deixar ainda mais curiosa. – eu sibilei e ele riu.

- Essa é mais uma de suas características.

- Mais uma de minhas características? Você sabe minhas características? – eu me sentei na cama para ouvi-lo melhor.

- Sei. – ele disse apenas.

- Cite algumas. – ele demorou para falar.

- Er... Você tem mania de fazer perguntas e é bastante curiosa. Acredito que isso seja devido ao fato de você ser jornalista, então dá pra relevar. – ele riu de novo antes de continuar. – Você fica vermelha quando está com vergonha, quando está brava, quando falam de você...

- Não fico não.

- Fica sim. – ele insistiu e eu ri. – Você é muito emotiva, e esconde isso, mas na maioria das vezes não consegue evitar. Ama seus amigos e os considera como sua família. E... É só. Acho que só sei isso sobre você.

- Sabe muito pouco. – eu dei de ombros e ele riu.

- Tem razão. – ele disse e eu suspirei voltando a me deitar.

- Eu sei muito mais sobre você. – eu disse.

- Sabe? Tipo o que?

- Sei que você é bem misterioso quando quer, e fica legal, convencido e espontâneo de vez em quando. Parece que está escondendo um segredo o tempo todo. – eu alfinetei e ele ficou calado. – E suas oscilações de humor me dão vontade de te matar, sem falar que você é um chato a maior parte do tempo. – Matteo riu descontraidamente.

- Olha, sabe muito mesmo. – ele disse e eu ri baixinho.

- Você podia me contar algumas coisas sobe você. Tipo, que lugares você já foi e onde quer ir, ou se já se apaixonou perdidamente por alguém. – eu bati a mão no rosto quando acabei de falar aquelas coisas. Porque eu disse isso?

- Não fui a muitos lugares, mas quero viajar por todo o mundo. Espanha, Portugal, África do Sul, Índia, Brasil... – ele fez uma pausa como se estivesse visualizando cada lugar. – E não. Nunca me apaixonei perdidamente por ninguém. – ele disse depois de um tempo.

Eu sorri, não sei por quê. Mas sorri, e concluí que devia ser nisso que ele estava pensando. Resolvi não me estender no assunto.

- E então, não vai mesmo me contar o que tem no galpão? – Matteo riu e nós voltamos às piadinhas.

Só percebi quanto tempo passamos conversando quando senti meu celular vibrar apitando uma nova chamada. Era Taylor. A duração da minha chamada com Matteo já era de três horas. Sorri e sacudi a cabeça.

- Teo, preciso desligar, Taylor está ligando, combinei de falar com ele hoje.

- Tudo bem, rossa. Nos vemos amanhã então.

- Uhum. Até amanhã.

- Boa noite e até.

- Dorme bem Teo. – eu disse e antes de desligar pude ouvir um riso baixo.

Retornei a ligação de Taylor sentindo-me estranha por ter interrompido a ligação com Matteo.

- Oi, vi algumas ligações suas. Tudo bem?

- Sim. Tudo bem. – eu cocei a cabeça.

- Tudo bem mesmo? – ele perguntou de novo e eu parei um pouco.

Meu pai tinha sofrido um derrame, não queria me ver e era só isso que eu sabia. Não, eu não estava bem, e de repente comecei a me sentir pior. Me senti pior porque tinha esquecido isso. Enquanto conversava com Matteo eu havia me esquecido do quanto estava triste e magoada. Isso era horrível, não era? Eu não deveria ficar sorrindo e contando piadinhas enquanto meu pai estava num hospital me odiando.

- Sarah? – Taylor chamou minha atenção e eu esfreguei os olhos, percebendo que estava começando a cochilar.

- Oi, Tay.

- O que houve? Você não está bem. – Taylor parecia mais preocupado e eu espirei fundo.

- Está tudo bem. Só estou um pouco cansada. Podemos nos falar amanhã? Quero saber tudo sobre você e Chloe. – eu sorri e ele riu.

- Ok.  Te conto amanhã então. Beijo minha Sarah. Boa noite. – despedimo-nos e eu desliguei.

Acomodei-me melhor a cama e fechei os olhos pensando em meu pai. Como eu queria que fosse diferente. Como eu queria não me sentir assim. O que eu podia fazer? Eu não sabia.

“A gente sempre comete erros, mas nunca é tarde pra consertar.”

Essa frase veio de repente em minha cabeça, quando eu já não estava tão acordada pra conseguir abrir os olhos. Quem havia me dito aquilo? Não conseguia me lembrar e as imagens começavam a misturar-se com outras. Como se eu estivesse sonhando, mas... Não estivesse.

Resolvi parar de tentar lembrar e apenas me deixei descansar um pouco.

E então... Vi balanços. Noite. Dedos entrelaçados. Cabelos pretos e olhos negros.

Eu estava sonhando. Sonhando com...

Matteo.                                                                               


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que achaaram? Comentem por favor. *-------*