Breakaway escrita por ChocolateQuente


Capítulo 24
Capítulo 21 - parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi Oi *--* Outro capítulo.



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Eu estava soluçando feito maluca, e Matteo ainda estava me abraçando apertado como se desse jeito pudesse aplacar o que quer que eu estivesse sentindo.

– Vai ficar tudo bem. Vai ficar tudo bem, mia rossa. – ele sussurrou.

Aos poucos os soluços cessaram e tudo que restou foi a vergonha por mais aquele papelão.

– Me desculpa. – eu funguei e passei a manga do casaco no rosto. – Me desculpa por isso. – eu repeti. Matteo se afastou um pouco, sem soltar minhas mãos.

– Tá tudo bem, não quero que se desculpe. – ele disse antes de passar os dedos embaixo dos meus olhos para tirar uma lágrima idiota que caiu.

Eu abaixei a cabeça e encarei o chão. Porque tinha chorado tanto? Na frente dele? Eu não chorava na frente de outras pessoas. Aquilo tinha sido ridículo, mas... Eu... Eu não pude controlar.

– Vamos, quero te levar em um lugar. – Matteo me puxou devagar e sorriu de lado. Percebi que ele queria me deixar confortável, e isso me fez sorrir fraco.

Andamos por um tempo até eu perceber onde estávamos.

– Espera, eu vou enfim ver o que tem nesse galpão? Vou mesmo? – eu o olhei e ele riu.

– Não me faça desistir.

– Olha que eu choro de novo. – eu brinquei e ele sacudiu a cabeça em negação.

– Não precisa. – ele disse enquanto abria a porta de metal.

Matteo entrou e eu o segui. Ele segurou minha mão para me guiar por uma escada, e eu não pude deixar de notar que ela estava fazendo isso com frequência em relação há dias atrás. Subimos dois lances de escadas e paramos em um salão completamente escuro. Breu. Matteo soltou minha mão e eu pude ouvir seus passos na direção oposta.

– Prometa que não vai rir, nem chorar. – ele disse e depois riu baixinho. – Nem mentir sobre o que acha.

– Assim vai ficar difícil. – eu disse e ele não respondeu. Depois de alguns segundos a luz se acendeu e eu demorei pra me acostumar com ela. Mas quando o fiz meus olhos correram por toda a sala. – Ah meu Deus. Matteo. Isso... Isso é... É maravilhoso. – eu dei alguns passos para chegar mais perto. Matteo sorriu e eu não consegui dizer mais nada realmente coerente.

O que eu tinha visto era uma sala repleta de quadros pintados com detalhes minuciosos. Fiquei boquiaberta com a perfeição de todos os detalhes e as imagens retratadas tão diferentes do que eu era acostumada a ver.

– Isso é... É incrível. – eu disse com a mão na boca. Olhei-o e ele sorriu de lado, antes de passar a mão entre os cabelos. - Essa... Está perfeita. – eu disse encarando uma pintura de uma casa, com um jardim incrível, com uma mesa de madeira repleta de pessoas em volta. – Eu quase posso me sentir lá. - Eu apontei para o quadro e ele sorriu passando a mão sobre ele.

– Eu também me sinto lá, eu o pintei com esse propósito. - ele disse e eu o olhei. - É a pintura da minha casa na Itália. – eu voltei a olhar para a pintura e passei os dedos em cima do relevo que ele tinha feito no jardim da casa.

– É linda. A pintura, a casa. Porque não me contou antes, que era pintor? – perguntei, lembrando-me que eu já o tinha visto sujo de tintas na lanchonete.

– Não sei. Não mostro minhas pinturas pra muitas pessoas. Na verdade só você, minha mãe e... Minha irmã viram minhas ‘obras’ até hoje. – ele falou olhando para o lado.

– Sério? Porque não mostra na Universidade? As pessoas vão amar. Talvez até queiram expor. – Matteo encolheu os ombros.

– Não sei se gostaria disso. Não estou pronto pra esses lances de... Exposição. – ele mordeu o lábio inferior e sorriu. – Deixa isso pra lá. Então... você gostou?

– Hum... Não decidi ainda. – eu disse começando a andar entre os quadros. Ele riu. Eu voltei pra perto do quadro da casa na Itália. – A verdade é que eu amei e sinto-me lisonjeada por ser uma das poucas que viram seu trabalho. – eu disse e ele sorriu vindo para perto de mim.

– Obrigado. – ele disse depois de algum tempo e sua voz soou extremamente rouca. Eu me virei para olhá-lo e surpreendi-me ao perceber que ele estava bem perto. Um ou dois palmos de distância. Não que eu pudesse medir. Tudo que eu podia fazer era olhar pra ele, e sentir novamente aquela sensação de que ele tinha muito mais do que aquilo que me disseram sobre ele.

– Por nada. – eu sussurrei.

Matteo e eu ficamos nos olhando ali. Seus olhos nos meus e os meus nos dele. Como se não pudéssemos parar. Não sei quanto a ele, mas eu realmente não podia parar de olhá-lo. Havia algo nele. Algo que eu não... Eu não sabia. Não sabia, mas... Tinha necessidade de descobrir.

Eu dei um passo involuntário à frente, acabando com os espaços entre Matteo e eu. Ele me observou de um jeito que me fez tremer por dentro. Eu sentia que estava paralisada, mas ao mesmo tempo era como se a distância entre nós dois só diminuísse.

O que eu estava fazendo? Eu não podia fazer aquilo. Não com tantas pendências me tornando a pessoa mais confusa do mundo.

Apertei os olhos com força e quando os abri de novo Matteo já estava do outro lado da sala. Respirei fundo e não consegui decidir se estava frustrada ou aliviada por ele ter feito isso. Passei as mãos no rosto e apertei o casaco contra o corpo. Olhei para o lado e o vi sentar numa escada de ferro no canto da sala.

– Posso te fazer uma pergunta? – Matteo quebrou o silencio e eu assenti andando devagar pra perto dele. – Quer dizer, não sei se devo. Não quero que...

– Tudo bem, pode perguntar Teo. – eu disse e ele sorriu fraco antes de eu me sentar ao seu lado no degrau da escada.

– Er... Porque você estava chorando? Hoje e no supermercado. – ele perguntou hesitante e eu entrelacei os dedos das minhas mãos.

Eu devia contar sobre isso a ele? Porque não? Foi ele quem esteve comigo. Eu devia contar.

– Meu pai. Já te falei o que rolou entre a gente. – eu disse e ele assentiu. – Naquele dia no mercado... Era minha mãe no telefone. Ela me ligou pra dizer que meu pai tinha sofrido um derrame. – eu falei rápido e ele engoliu em seco esperando que eu continuasse. – Hoje... Ela ligou dizendo que ele tinha ficado com sequelas. Perdeu 70 por cento da visão e não consegue se lembrar de ninguém. – meus olhos começaram a se encher de lágrimas e eu precisei fazer pausas para não chorar. – O pior de tudo é que... Eu não posso ir vê-lo. Não posso. Minha mãe acha que ele pode piorar me vendo. – minha voz soou tão embargada que eu parei. – Ele... Ele me odeia. E... Isso é tão ruim. – eu parei sentindo as lágrimas rolarem em meu rosto. – Não posso nem ver meu pai. O que eu faço? – eu funguei tentando não chorar.

– Precisa dar um tempo. – Matteo disse devagar e eu senti que ele estava me olhando, mas eu não queria virar o rosto. Não queria que ele me visse chorar de novo. – Esperar, Sarah. – ele sussurrou e eu funguei.

– As coisas vão melhorar. Espera um pouco e... Dá um jeito. Seu jeito. – ele sorriu e esticou o braço ao redor do meu corpo. – Vai ficar tudo bem. – ele falou e eu sorri fraco, sentindo que quanto mais ele dizia aquilo, mais segurança eu sentia.

– Espero que fique. Espero mesmo. – eu sibilei e ele passou os dedos em meus cabelos, antes de se afastar de mim.

– Vai ficar.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favorzinho. *---*