Breakaway escrita por ChocolateQuente


Capítulo 17
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

Oiiiiii, mais um cap. *-*-*



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Meus dedos das mãos pareciam petrificados quando eu entrei no campus aberto do curso de astronomia. O tempo estava extremamente frio, por isso vesti calça, camisa de frio, botas e um casaco. Mas ainda assim estava tremendo.

Olhei ao redor e encarei as dezenas de pessoas que estavam sentadas no gramado. Umas encaravam o céu, outras conversavam entre si. Como eu iria encontra-lo ali? Puxei o celular da minha bolsa e apertei no número. Esperei chamar e sorri ao ouvir a voz.

– Er... E ai? Como está indo o eclipse? – perguntei e ouvi seu risinho.

Ainda não começou. Acho que está esperando você me encontrar.

– O que?

Estou bem aqui, na última árvore, na sua direita. – ele riu de novo e eu me virei, só para vê-lo acenar de longe, sob uma grande arvore.

– Hum. Estava me esperando. – eu disse enquanto começava a andar.

Sabia que viria.

– Ah é?

É. Se não viesse iria dormir pensando como teria sido ver o eclipse comigo.

– Você tá mesmo muito convencido hoje. – ele riu.

Desculpa, não posso evitar. Fico assim quando estou feliz.

– Você está feliz? – perguntei antes de tropeçar.

Toma cuidado. – sua voz soou firme e eu sorri olhando para frente, percebendo que estava a poucos metros dele.

– Eu sempre tomo.

Tem certeza? – da distancia que estava o vi arquear uma sobrancelha e parei de andar. – O que foi? – ele perguntou e eu balancei a cabeça antes de desligar o celular. Dei os últimos passos e parei em frente a ele.

– Boa noite Matteo Belucci.

– Boa noite Sarah Funke. – ele conteve um sorriso. Virei o rosto para encarar o céu e me encolhi. A lua cheia prateada estava sozinha no céu, sem a companhia das estrelas. Voltei a olhar para Matteo que me encarava.

– O que foi? – perguntei e ele sorriu.

– Vai ficar ai em pé? – ele perguntou e eu balancei a cabeça e sentei ao seu lado.

– Quando começa?

– Isso é importante? – Ele me encarou e eu dei de ombros. – Tudo bem? – ele perguntou e eu respirei fundo.

– Sim. E então, porque está tão feliz? – perguntei e ele deu de ombros.

– Nada de importante.

– Ok. – assenti e ele arregalou os olhos.

– Uau. – ele riu. – Você não vai fazer mais perguntas?

– Decidi que você só vai falar o que quiser me dizer. Não vou ficar te enchendo de perguntas.

– Porque não?

– Por que não. – dei de ombros e passei a encarar as pessoas a nossa frente.

Essa era minha tática. Fingir que não me importava e ai ele falaria tudo por conta própria. Funcionava comigo, pelo menos.

Comecei a achar que não funcionaria quando passamos quase quarenta minutos calados. Matteo não fez nem menção de falar qualquer coisa, nem mesmo um comentário sobre a lua que já começava a escurecer de um lado.

– Ok. Desisto. – eu joguei as mãos para o alto.

– Até que enfim. – Matteo murmurou sem me olhar. Encarei-o.

– O que? Como assim ‘até que enfim’? – perguntei e ele suspirou.

– Você não é assim? Porque está assim? Calada, quieta... O que foi? – ele perguntou naturalmente ainda sem me olhar.

– Porque não olha pra mim quando fala? - Perguntei e ele riu.

– Você e sua mania de querer olhar nos olhos dos outros.

– É isso que pessoas normais fazem. Qual o seu problema? – eu perguntei e ele me olhou pela primeira vez depois de quarenta minutos. – Está sempre assim, nessa bolha particular. Cheio de mistérios e segredos. Sem falar nas oscilações de humor dos últimos dias. Qual o seu problema? - perguntei novamente e Matteo me encarou com uma expressão indecifrável.

– O meu problema? Tá me perguntando qual o meu problema? – ele perguntou, e se não fosse o tom da voz jamais perceberia que ele estava brigando comigo, porque falava baixo. – Eu sou assim... Pelo menos agora... Eu... Eu estou assim. Voce me conheceu assim. Nunca te disse que mudaria. – ele parou e riu forçadamente antes de me olhar. – Quer saber? Eu é que quero saber qual é o seu problema. Porque me chamou pra sair? Porque de repente me achou interessante? Sei que você não é como as outras garotas que só me acharam bonitinho... O que... O que foi? Porque quis sair comigo? Qual é o seu problema? – Matteo despejou aquilo num tom acusador e eu encarei os dedos.

Qual era o meu problema? Porque eu o tinha chamado para sair? Respostas fáceis, mas... Eu não podia dize-las a ele. O que eu falaria? Er Matteo, eu me aproximei de você porque estou te investigando sobre um possível assassinato e estupros. Tudo bem pra você, não é? Droga. Droga, droga, droga.

Eu me levantei subitamente e passei os dedos entre os cabelos. Aquilo era ridículo. Eu estava sendo ridícula. Louca até. Não podia continuar com aquilo. Não podia.

– Desculpa. Desculpa. – eu disse e vi Matteo me olhar confuso. – E-Eu não de-devia... Eu não sei... E-Eu... Eu tenho que ir. – eu falei rápido e dei as costas correndo em direção ao portão de saída. Corri os olhos pelo estacionamento tentando me lembrar onde tinha colocado minha moto. Tinha que ir embora dali. Eu era maluca. Chad, Taylor e Chloe tinham razão.

– Sarah! Sarah espera! – eu parei quando ouvi-o me chamar. Virei-me involuntariamente e o vi correr em minha direção. Foi inevitável pensar no quanto ele parecia um menino enquanto corria. Sem aquele mistério e a pose de eu sou durão. Era só um cara normal. O Matteo.

Apertei os olhos e voltei a me virar para procurar a motocicleta, avistei-a do lado oposto ao que eu estava e comecei a andar rápido para alcançá-la.

– Espera, por favor. – a voz agora estava muito perto de mim, e eu senti sua mão segurar meu braço. – Me desculpa. – ele pediu antes que eu me virasse por completo. – Eu... – Matteo parou por um instante e respirou fundo. – Eu tenho que me afastar... Não posso me apegar a ninguém... Não posso criar raízes. Esse era o plano. – ele respirou fundo novamente e eu continuei sem olhá-lo, sentindo apenas sua mão me segurar. – Há coisas que eu não posso falar para qualquer pessoa, e você... Você faz eu me sentir tão... Confortável... Tão a vontade que eu me sinto bem para falar. Sinto que posso me abrir com você, mas ao mesmo tempo... Você me deixa tão confuso. Quando estou com você sinto como se não tivesse o controle que tenho normalmente, e não sei se isso é bom. – ele estava um tanto ofegante e continuou a falar. – Daí as oscilações de humor. Eu fico feliz, fico bem, fico... Eu mesmo. E então eu me lembro que não posso... Que não devo ficar assim e volto a ser o italiano misterioso. Eu preciso ser assim. Me entenda. – ele falou com a voz calma dessa vez.

– Eu entendo. E... Estou indo... Não vou mais te atrapalhar, ok? – eu disse e ele segurou meu braço com um pouco mais de firmeza.

– Esse é o problema. Esse é o meu problema. Não quero que se afaste. De algum jeito sinto que posso confiar em você e... Gosto de me sentir assim, mas preciso... Eu... – ele me virou de frente pra ele e eu prendi a respiração. – Olha pra mim, vai saber que estou sendo sincero. Vai saber do que preciso. - ele pediu e eu o olhei. Fixei meus olhos naqueles olhos pretos. Tão pretos quanto ônix.

Eu sabia que ele estava sendo sincero. Ele queria confiar em alguém. Ele não queria ser pressionado.

– Não se afaste de mim, por favor? - ele pediu e eu lembrei que precisava respirar.

Eu não sabia o que ele escondia, mas eu sentia que devia... Que devia continuar perto dele. Eu devia?


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Notas finais do capítulo

E então? Comentem por favor. *-*
P.S. Ignorem possíveis erros, eu escrevi esse cap na correria. Me perdoem. *-*