Deuses e Diamantes escrita por André Tornado


Capítulo 10
Deuses.


Notas iniciais do capítulo

"Num momento eu tinha o controlo,
A seguir, as paredes fechavam-se sobre mim.
E descobri que os meus castelos apoiavam-se
Sobre pilares de sal e pilares de areia."
Coldplay, Viva La Vida



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Uma vez encontrara um velho naquelas montanhas e abrigara-o na sua cabana durante quinze dias. Os caminhos estavam intransitáveis devido a uma tempestade de neve invulgarmente forte, era perigoso arriscar uma descida até à aldeia que ficava próxima e, por isso, o velho desistira momentaneamente da sua viagem, ficando por ali com ele, a partilhar, na maioria do tempo, silêncios. Mas quando trocaram algumas palavras, o velho contou-lhe que sabia de tisanas e de segredos e acabara por lhe ensinar alguns truques que haveriam de se revelar úteis em dias de doença. Ou em dias como aquele em que precisava de curar os seus ferimentos e os da criatura, depois de um combate duro e esgotante.

Son Goku, esse, mostrava-se apenas cansado e ligeiramente amassado, com escoriações leves, pelo que recusara a tisana com um sorriso.

Odiava aquele sorriso. Odiava tê-lo na sua casa.

Ozilia bebia a sua porção segurando na malga com ambas as mãos, encolhida em cima da cadeira, com os joelhos puxados até ao peito, os pés pequenos calçados com as botas peludas sobre o assento. Parecia um gatinho enrolado, entretido com uma deliciosa tigela de leite quente.

A tisana atuaria algumas horas depois e após um sono retemperador, para que os ingredientes fizessem a química necessária para reparar o que precisava ser reparado, pelo que ele não sabia muito bem o que fazer com Son Goku e olhava-o desconfiado, com uma pitada de animosidade à mistura. Não o queria a dormir ali, já bastavam aqueles minutos de convívio forçado. Número 17 encheu as bochechas com um grande gole da tisana, saboreando a acidez e o picante. Sabia mal como tudo. Ozilia não se queixara e nunca fizera cara feia, bebia aquilo como se não lhe soubesse a nada.

– De certeza que não querem um senzu? – Insistiu Goku, de pé, sem desfazer o sorriso. – Posso ir buscá-los em menos de um minuto, com a ajuda da minha técnica da transmissão instantânea.

Número 17 voltou a declinar a ajuda, abanando a cabeça. Já era a terceira vez que ele propunha aquela solução e ainda não tinha percebido que era inútil insistir, número 17 nunca haveria de aceitar qualquer coisa vinda da parte dele. O combate contra o guerreiro gigante tinha sido outra conversa, ajudara a Ozilia, não a ele. Desviou a cara, para deixar de ver aquele sorriso idiota.

Quando o ouvira mencionar os feijões senzu, Ozilia perguntara-lhe como tinham os humanos conseguido as sementes dos deuses. Goku encolhera os ombros e explicara simplesmente que elas se encontravam numa torre inacessível, num bosque sagrado, não era coisa que se conseguisse comprar em qualquer loja e que ela não se deveria preocupar. Número 17 vira os sobrolhos finos dela formarem dois arcos perfeitos, sinal de que se indignara com aquela resposta, mas não se envolvera na discussão esperada e escondera-se atrás da malga. Provavelmente, começava também a considerá-lo um perfeito idiota.

– E onde aprendeste a técnica da transmissão instantânea?

Mesmo considerando-o um perfeito idiota, qualquer coisa que ele dissesse haveria de lhe despertar a curiosidade e os ciúmes voltaram. Número 17 sentiu-se incomodado. Bebeu outro gole da tisana, voltando costas aos dois.

– Num planeta chamado Yardrat – respondeu Goku. – Foi depois de ter derrotado Freeza em Namek.

– Hum… Viajaste pelo Universo?

– Algumas vezes, sim… Mas gosto é de estar aqui, na Terra.

– Tu não pertences à Terra.

– Não, sou um saiya-jin.

– Interessante…

– E tu também não pertences à Terra.

Ela semicerrou os olhos, tentando analisar a profundidade daquela afirmação. Número 17 espevitou-se. Bebeu o resto da tisana, pousou a sua malga na bancada, sentou-se na outra cadeira e cruzou os braços. Olhou primeiro para ela, depois para ele.

Os mistérios iriam ser desvendados e ele sentiu um arrepio dissimulado no ardor dos seus ferimentos.

Ela esboçou um sorriso trocista.

– Acho que isso é evidente, saiya-jin.

– Podes chamar-me pelo nome.

Ela não gostou. Rosnou ofendida:

Nani?

– Goku. Podes chamar-me pelo meu nome. – E bateu no peito, como se estivesse a ensinar uma criança pequena. – Goku, é como me chamo. Também tenho um nome saiya-jin, Kakaroto, mas só Vegeta é que me trata assim. E tu como é que te chamas?

Depois de ofendida, ficou desconcertada.

– Tens nome, não tens?

– É melhor começares por esse detalhe simples – disse número 17.

Ela estava furiosa. Bebeu a tisana de uma assentada só e depois respondeu entre dentes:

– Ozilia.

– Ah, tens um nome bonito! – Elogiou Goku completamente alheado da tempestade que crescia dentro da cabana.

Número 17 observava a variação do humor da criatura. Depois de ter apanhado uma sova naquele dia, só lhe faltava ficar sem a sua casa, por causa daquele idiota! Ozilia pendurou a malga vazia nos dedos, fazendo-a dançar junto aos joelhos unidos. Número 17 fixou aquelas pernas esguias dentro das calças e, sem se aperceber, estava a corar. Ela sorriu-lhe com desdém e ele crispou a testa, tentando devolver-lhe a animosidade.

Goku, continuando alheado, de pé e de braços cruzados, a olhar para baixo, para ela que estava sentada, perguntou:

– De onde é que vens, Ozilia? E porque é que tinhas aquele monstro atrás de ti?

– E achas que te vou responder?

Número 17 murmurou com um suspiro:

– Ela não gosta de responder a perguntas…

– E por que é que não me vais responder? Afinal, arriscámos o pescoço por ti.

A justificação de Goku para obter uma resposta era simples e sincera, número 17 não gostou foi de ele o ter incluído no grupo. Ele não tinha bem arriscado o pescoço, lutara contra aquele guerreiro gigante para que ele não destruísse as montanhas, a sua casa, qualquer coisa do género. Procurou outra posição na cadeira, sentiu os músculos dos braços cruzados enrijecerem. Uma desculpa esfarrapada, isso sim. Ele lutara também por causa… dela!

– Vocês são insignificantes para mim.

– Pois… Mas sem a nossa ajuda, Ozilia, nunca o conseguirias derrotar. Nem mesmo com esse teu diamante especial.

Ela voltou-lhes a cara, baixando as pálpebras e escondendo as bonitas e exóticas íris douradas.

O silêncio foi longo, mas Goku não desistiu e aguardou pela resposta à sua pergunta, fixando-a com uma persistência tão aborrecida, que arrancou um bocejo fingido a número 17.

A malga dançava nos dedos dela, como um pêndulo de um relógio antigo, de um lado para o outro, quase hipnotizador, marcando todos os segundos daquela ausência de ruído dentro da cabana.

Os ombros da criatura descaíram quando expirou lentamente todo o ar que tinha dentro dos pulmões. A malga parou a dança pendular. Pousou o queixo nos joelhos, pestanejou como se acabasse de acordar e confessou pronunciando todas as sílabas, como se não quisesse dizer as palavras inteiras:

– Eu fui… ex-pul-sa.

– Expulsa?

A voz de Goku, num timbre agudo e com genuína curiosidade matizada de impaciência, tal qual uma criança que deseja absolutamente que as suas perguntas sejam respondidas, quebrou a última barreira. Ozilia encarou-o com os sobrolhos finos desenhando um ziguezague na testa, tentando classificar o interesse dele. Número 17 pensou que deveria ter sido assim, infantilmente curioso e totalmente impertinente, talvez não tivesse tantas dúvidas às voltas dentro da cabeça, naquele estágio em que já tinha arriscado o pescoço por causa dela.

Ela confirmou:

Hai, expulsa.

O diamante que guardava no bolso da camisa esfarrapada faiscou em tons de vermelho e de rosa, enchendo a cabana de uma luz ténue dessas cores. E após uma curta inspiração, os olhos fixando-se nas botas peludas, Ozilia decidiu-se a começar o seu relato:

– Eu venho de um lugar superior a este mundo em que vocês vivem, onde o espaço não se confina a limitações físicas e onde o tempo não existe. Os seres que partilham essa existência magnífica são imortais e são aquilo a que vocês costumam apelidar de deuses. Não sei se seremos deuses, ou não… Sei apenas que é tudo muito diferente daqui. Sem leis estranhas e regras apertadas.

“Não existe uma forma de governo e não conhecemos a noção de obediência. Vivemos numa espécie de grande família, o clã, grupos unidos por características parecidas. Não existem laços de parentesco, nós sempre existimos, pelo que não tenho um criador, uma espécie de pai. Não me recordo de nunca ter existido, mas houve claramente um universo onde eu não estava lá. Não podemos morrer naturalmente, mas podemos ser mortos e cessamos assim a nossa existência. Não existe mundo seguinte para os deuses mortos. Eu ainda não estou morta, mas estou a um passo da aniquilação.

“Posso afirmar que existe harmonia no meu mundo, equilíbrios perfeitos e nada acontece fora de um esquema criado pela união dos clãs, alimentado pela nossa própria noção de balanceamento entre as coisas antagónicas. Não temos necessidades por satisfazer, nem existe ambição ou outros defeitos que encontramos em vocês, humanos da Terra e em muitos povos de variados planetas espalhados pelas quatro galáxias deste Universo, só para simplificar e para que me entendam.

“Mas, recentemente, houve um de nós que se destacou por começar a romper as linhas de equilíbrio existentes. Começou a juntar clãs e a destruir outros, preenchendo os vazios com esbirros comandados pela sua vontade. Chama-se Lux e está a transformar-se rapidamente num tirano. Vi-o, uma vez, esmagar dezenas de galáxias só porque estava aborrecido. Fazia-o com um dedo… Assim…

E calcou várias vezes um dedo fino na malga assente na palma da outra mão, imitando o gesto do tal tirano, como se estivesse a matar formigas.

– E como é que ele consegue esmagar galáxias… só com um dedo? – Quis saber Goku.

– As galáxias estão dentro de berlindes. Dessa maneira.

– A nossa galáxia está metida dentro… de uma bola pequena de vidro?

Hai. Berlindes. Uma galáxia inteira num berlinde. O Universo é um conjunto de bolinhas ao alcance de qualquer um. Para esmagar, para brincar… Conseguimos modificar situações, expandir o tempo e modificar o espaço, penetrar em dimensões alternativas. Até viver no vosso mundo, adotando a vossa aparência bizarra, interferir nos vossos… Como é que vocês gostam de chamar? Ah, destinos. É uma brincadeira quando estamos aborrecidos, bem mais inofensiva que esmagar galáxias.

Goku coçou a cabeça.

– Eh… E onde entram os grandes Kaioh nessa história toda?

– Deuses menores. Habitantes de pequenas bolas de vidro, somente.

– Hum… Estou a ver – disse continuando a coçar a cabeça. – E nunca ouviram falar de Majin Bu, um ser muitíssimo forte, com o poder suficiente para destruir galáxias, assim como esse teu tirano?

– Não, nunca ouvi falar desse Majin Bu. Nem sempre nos interessamos pelas vossas existências menores, mas Lux anda muito interessado ultimamente. Começou a tornar-se imprevisível e os clãs começaram a juntar-se à volta dele, satisfazendo-lhe todos os caprichos. Todos aqueles que o quiseram ignorar, foram eliminados e aqueles que ainda tentaram combatê-lo foram subornados ou pulverizados.

– Ah, já percebi! – Interrompeu Goku com os olhos brilhantes, julgando ter descoberto a solução do enigma. – Tu fazes parte de um desses clãs que tentaram enfrentar esse tal Lux muito poderoso!

– Errado.

– Ahn?

Os olhos brilhantes apagaram-se.

– O meu clã tentou outra abordagem: a criação de uma aliança com o tirano. Usaram-me para isso, oferecendo-me como noiva. Eu recusei representar esse papel submisso. Lutei contra Lux e perdi. Por isso, fui expulsa e condenada à perseguição eterna. O guerreiro gigante que combateram é um dos assassinos do tirano, enviado por ele para começar a minha aprendizagem no caminho da dor. Lux vai fazer-me sofrer, quer que eu peça misericórdia quando se tornar insuportável, para depois me matar a seguir. Nunca lhe farei a vontade.

O diamante apagou-se, a cabana ficou mais escura e fria. Número 17 reparou que o lume do fogão estava também apagado.

– Então, tu fazes parte daqueles que querem lutar contra Lux – observou Goku.

– Precisamente. Não me importo de ser eliminada. Prefiro esse fim a ter de me sujeitar a uma existência perpétua como escrava do tirano. Nunca me uniria a um ser tão repulsivo.

– Disseste que lutaste com ele. Ele sabe lutar?

– O melhor lutador de todos os mundos.

– Um saiya-jin poderá enfrentá-lo?

Número 17 sentiu-se abanar por um calafrio. Olhou perplexo para Son Goku.

Ozilia respondeu num tom monocórdico:

– Qualquer um poderá enfrentá-lo. Desde que tenha a coragem necessária.

– Tu nunca tinhas ouvido falar dos saiya-jin e esse Lux também não nos poderá conhecer, não é assim? Poderemos conseguir surpreendê-lo. – Piscou o olho à criatura. – Vamos ajudar-te, Ozilia, na tua luta contra o tirano.

– Estás a falar em teu nome e em nome de quem?

– Eh… – Goku encolheu os ombros. – Tenho amigos.

– Não sabes onde te estás a meter. Pretendes desafiar um deus?

– O combate parece-me interessante. Esse Lux será mais poderoso do que Majin Bu e eu quero conhecê-lo. Como posso fazer para o conhecer?

– Não podes fazer nada – disse Ozilia ríspida.

Goku esfriou o entusiasmo.

Honto?...

Número 17 estava impressionado. Para quem detestava responder a perguntas e a revelar mistérios, que se camuflava atrás de ki de animais e que mentia descaradamente, Ozilia tinha-se fartado de falar. Agora voltava a recolher-se no casulo. Ela deslizou do assento da cadeira e foi até à janela, situada ao lado da porta e fingiu que contemplava a paisagem exterior. Goku disse num tom a roçar o suplicante:

– Mas eu quero ajudar-te contra o tirano.

Número 17 revirou os olhos, percebendo a expressão que ela costumava usar, classificando-os a todos de patéticos. Son Goku estava a ser patético, pedinchando um confronto contra um adversário impossível de vencer. Ficou, a seguir, tenso. Mas se Goku chegasse a ir combater o tirano, ele também iria. Não se iria deixar ultrapassar por um qualquer saiya-jin pedinchão e patético.

Ozilia segurou no diamante com ambas as mãos. A pedra estava opaca e suja. Ela disse com alguma nostalgia, olhando para o que segurava:

– Eu já não tenho contacto com o meu mundo. Fui expulsa… Fiquei com o meu coração, deixaram-me trazê-lo. Tudo o que sou está aqui dentro. – E falava do diamante. – Todos os meus poderes dependem dele e o meu eventual regresso, também. Não sei se irei regressar, mas prometi a mim mesma, quando estava a ser castigada com o exílio, encarnando nesta aparência, que iria fazer de tudo para regressar. Mas não posso… Usar-vos.

– Sou eu que quero ajudar-te, não me estás a usar.

– Talvez penses que estás a ser livre nessa escolha…

– E mesmo que não seja assim. Quero lutar contra esse Lux!

Ozilia encarou o saiya-jin determinado.

– E se perderes?

– Posso ser esmagado, daqui a um minuto, por um deus aborrecido. Escolho lutar primeiro, até ao limite das minhas forças. Esse Lux não vai negar o meu pedido. Ele também poderá sentir curiosidade em saber como será lutar contra um saiya-jin.

Ela soltou uma gargalhada. Estendeu o diamante.

– Julgas que ele nos está a ver e a ouvir através disto?

Goku fez que sim com a cabeça.

– Ilusões! – Sibilou ela zangada.

Número 17 observava curioso a cena, ainda de braços cruzados. Não estava a gostar da maneira como ela reagia diante dele, as emoções oscilando entre extremos, demonstrando que as palavras dele a afetavam. Os ciúmes regressaram e ele sentiu-se atingido por estar a fraquejar de uma forma tão absurdamente humana. E disse enfastiado, farto daquela intromissão na sua pacata vida nas montanhas:

– Não tens de regressar à tua casa, Son Goku? A tua mulher e os teus filhos devem estar à tua espera para a ceia, ou coisa parecida. Está a anoitecer, como já deves ter reparado.

Goku piscou os olhos.

Hai… Tens razão.

Os sobrolhos finos de Ozilia torceram-se num ziguezague apertado. Não compreendera a observação de número 17 ou não gostara de saber que o herói daquele dia era casado e tinha filhos. Ela olhou para o saiya-jin sem uma expressão definida.

– Bem, ele tem razão, sabes? Acho que me vou embora.

– Se tens mesmo de ir, vai, saiya-jin.

Hai.

Ozilia voltou-se novamente para a janela, ficando de costas para Goku e para número 17. Guardou o diamante.

Quando Goku ia despedir-se do humano artificial um relâmpago iluminou o interior da cabana, deixando os seus habitantes parcialmente cegos, surpreendidos pelo brutal clarão inesperado que penetrou por ali adentro. De seguida um trovão ribombou com violência por cima do telhado, chocalhando tudo num único estertor violento.

Entreolharam-se e depois olharam para Ozilia que se enrolava numa bola a tremer junto ao parapeito da janela. O diamante tinha resvalado do bolso da camisa e piscava intermitentemente, límpido e cristalino, sem qualquer sujidade ou vago indício de nódoa no interior.

Número 17 teve um mau pressentimento.


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Notas finais do capítulo

O deus tirano foi apresentado. Chama-se Lux, que significa "luz" em latim.

Próximo capítulo:
Desafio.



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