Lado A Lado - O Que Houve Depois? escrita por Perniente
Notas iniciais do capítulo
Espero muito não decepciona-las! E desculpem a demora!
Edgar: Laura, responde. Você teve alguém além de mim?
A professora encarava o marido, receosa. Dependendo da forma que respondesse, eles brigariam novamente e isso era tudo que Laura não queria.
O silêncio se perpetuou por mais alguns instantes e a ausência de resposta da moça fez Edgar concluir o que mais temia.
Edgar: Você teve alguém, não é? É por isso que não me responde. – disse levantando do sofá e continuou – E ainda veio com essa história de que estava se sentindo traída. – sorriu irônico – Que decepção, Laura.
Laura também se levantou e demonstrando certa surpresa com a fala do marido, respondeu: Não, Edgar! Não é nada disso!
Edgar: Ah não? Então explica, Laura! Por que não respondeu? Por que esse silêncio? – disse exaltado.
Laura se aproximou do advogado e tentou, em vão, acalmá-lo afagando sua barba: Meu amor, me escuta? Não tire conclusões precipitadas, tá?
Edgar se esquivou do carinho da esposa e, ainda muito irritado com a situação, concordou em escuta-la: Tá. Então fale, Laura.
Laura suspirou, escolhendo as palavras... Era a sua vez de contar sobre sua vida durante aqueles anos. Tentando conter sua apreensão, iniciou: Edgar, depois que eu saí da fazenda dos meus pais, acabei me mudando para Macaé. Lá, eu dava aulas particulares de para um pequeno grupo de alunos com dificuldades de aprendizado e deficiência motora – atento aos relatos da esposa, Edgar apoiou-se na mesa do escritório. Laura prosseguiu – A cidade é pequena e não havia vagas para crianças com essas dificuldades... Além de ser mais complexa a assimilação dos conteúdos pra alguns desses meninos, o preconceito dos colegas de turma e até dos professores é muito grande – constatou triste a realidade social.
Edgar concordou e sorriu levemente com a sensibilidade demonstrada pela professora.
Laura continuou: No início, eu tive que estudar muito para como preparar as aulas para essas crianças, mas em pouco tempo tanto eu quanto eles estávamos adaptados a essa nova forma de ensino e tudo entrou nos eixos – sorriu ao lembrar-se de seus alunos especiais. Uma das meninas que eu ensinava, a Yolanda, uma menina linda! Cabelo castanho escuro cacheado e uma pele branquinha com bochechas rosadas – sorriu novamente ao recordar da doce criança – Ela era a mais apegada a mim e a mais dedicada aos estudos...
Edgar: E qual era a dificuldade dela? – questionou curioso.
Laura: Ela é cega... – disse entristecida, mas completou reestabelecendo seu sorriso – Mas uma menina muito esperta e alegre! Um encanto! Eu ia todos os dias da semana em sua casa ensina-la...
Edgar estava orgulhoso com os relatos da professora, mas confuso interrompeu: Laura, isso tudo é lindo, mas eu não estou entendendo qual a relação dessas suas aulas com...
Laura interrompeu-o dessa vez: Me deixa continuar, por favor?
Edgar concordou e fez silêncio novamente.
Laura continuou relatando: Um dia seu irmão retornou à cidade. Ele havia passado 3 anos em São Paulo estudando e trabalhado como jornalista. – Edgar agravou suas feições com essa novidade, mas continuou escutando – Aos poucos ficamos amigos e ele ajudava muito Yolanda nos estudos, era lindo ver a relação dos irmãos... – sorriu – Depois de alguns meses depois do seu retorno, Álvaro – revelou o nome do rapaz, provocando irritação no marido – resolveu fundar um pequeno jornal em Macaé... A cidade, por ser muito pequena, não possuía nenhum meio de comunicação formal e já estava mais na hora de ter... Imagine, estamos no século XX!
A moça deu uma pausa tentando decifrar os pensamentos de Edgar.
Laura sentando em um dos sofás do escritório foi adiante na história: Como havíamos ficado amigos devido às minhas visitas frequentes para as aulas da Yolanda, trocamos muitas ideias sobre como deveria ser esse jornal e depois de algumas semanas, ele me convidou para participar desse projeto... Eu fiquei tão feliz! Seria uma chance importante de eu expressar minhas opiniões em relação a assuntos importantes e ainda contribuiria para aqueles cidadãos soubessem o que estava acontecendo no país!
Edgar interrompeu-a novamente e irritado perguntou: E você não disse que era casada?
Laura: Nós não éramos mais casados, Edgar...
Edgar riu irônico: Mas você não falou da sua condição? Você era divorciada!
Laura: Não havia motivos pra eu contar... O boato só se espalharia e eu perderia tudo que havia conquistado naquela cidade! Macaé é pequena, todos saberiam muito rápido sobre o divórcio se eu contasse pra uma pessoa que fosse...
A resposta pareceu satisfazer o advogado.
Laura: E assim passei quase 5 anos... Acumulando as funções de professora das crianças, que aos poucos foi se tornando um grupo maior e eu precisei da ajuda de duas outras moças que conheci lá, e a de quase jornalista – riu – eu, na verdade, fazia correção dos textos do Álvaro antes da distribuição.
Edgar: E o que aconteceu depois desses 5 anos?
Laura: O Álvaro e eu convivíamos bastante, quase todos os dias.
Edgar ficou furioso: Laura... Ele fez alguma coisa com você?
Laura: Calma, não é o que você tá pensando, Edgar! Só que ele confundiu as coisas... E algumas vezes ele me fez a corte, mas eu nunca instiguei isso. Nunca! Após algumas recusas da minha parte, e um pouco antes de eu retornar ao Rio, Álvaro me pediu em casamento.
Edgar incrédulo soltou: O quê?
Laura: Edgar...
Edgar: Laura, você não espera que eu escute tudo isso e fique contente, não é?
Laura: Por favor, termina de me ouvir! Eu não aceitei, é claro! Acabei contando pra ele sobre minha condição...
Edgar: E o que aconteceu depois? Ele insistiu?
Laura: Edgar, isso não importa mais! Eu estou aqui com você, não estou? – disse se aproximando do rapaz intencionando dar-lhe um beijo.
Edgar esquivou-se: Claro que importa! Eu quero saber de tudo, Laura! Vai! Me conta!
Laura: Tá... – disse coçando a cabeça - Sim, ele insistiu.
Edgar: Unf... E você fala assim?
Laura: Não é bem assim, meu amor! Foi bom ter acontecido... Eu...
Edgar: ‘Foi bom?’ Foi bom como?
Laura: Esse pedido me fez pensar e lembrar o quanto eu te amava, Edgar! O quanto eu te amo! Foi por causa de tudo isso que eu voltei! Porque você é o homem da minha vida e só imaginar minha convivência com outro homem, me fez querer te ver de novo! Apesar de todo o ressentimento, das mágoas e decepções, eu decidi que se voltasse pra cidade, seria uma forma de ficar perto de tudo que eu já amei e da época que eu mais fui feliz na minha vida... É isso! – disse com os olhos marejados após confessar seus sentimentos.
Edgar ficou emocionado com as palavras da amada e aproximou-se dela. Acariciando seus cabelos e beijando sua testa, perguntou: Isso significa que você nunca se entregou a nenhum outro homem?
Laura olhou o marido um tanto ofendida: Não, Edgar! Nunca! Diferente de você eu sempre fui fiel.
Edgar arrependido da forma como havia se expressado: Meu amor, me desculpa, não quis te ofender, mas...
Laura: ‘Mas’ o quê?
Edgar: Eu só queria confirmar que nenhum outro homem havia te tocado. – sorriu envergonhado.
Laura entendeu que era uma questão de orgulho para ele e confirmou: Não, Edgar – sorriu maliciosa – Só tive você na minha vida! Só amei você na minha vida. – acariciou o rosto do amado.
Edgar lhe deu um beijo intenso e prosseguiu: Laura, eu te amo! Me perdoa por ter desconfiado de você... Eu...
Laura o interrompeu com mais um beijo. Ao soltá-lo disse: O que o senhor acha de parar de falar sobre o passado e ir lá pra cima agora? – sorriu maliciosa.
Edgar: Pra que falar do que não tem mais importância, certo?
Laura: Concordo! – riu
Edgar sorriu: Você sabe que eu adoro quando você concorda comigo, não é?
Laura: Sei... – disse puxando as mãos do advogado encaminhando-se para o início da escada – E o senhor? Concorda que a gente tem que subir agora? – sorriu e deu-lhe mais um ardente beijo.
Edgar retribuiu os afagos: Ahh, como eu concordo!
Assim, subiram rindo para mais um momento de intimidade que poria fim às inseguranças de ambos desde a noite anterior.
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E agora? Tudo resolvido né? Mas o que vem por aí?