Lado A Lado - O Que Houve Depois? escrita por Perniente


Capítulo 26
Conflito Familiar


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem, gente!!
Tem cena extra no final! haha



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Edgar: Mãe!?

Margarida: Edgar!!

Laura: Pai!

Assunção: Laura...

O pronunciamento de cada nome vinha carregado de emoções conturbadas e diferentes. Se não fosse o constrangimento geral, a comicidade certamente definiria a situação que aparentava uma reapresentação dos membros da família.

Edgar continuava imóvel ainda segurando as maçanetas da porta. Sua expressão era indecifrável, mas era certo que esperava uma explicação para o que acabara de ver.

Laura também estava surpresa, mas não havia decepção em sua voz. Sua perspicaz observação da troca de olhares entre a sogra e o pai no início da festa, vê-los assim apenas confirmou suas suspeitas. A moça continuava a encarar seu pai pois também gostaria de entender como aquela situação se formara.

Margarida era a mais constrangida entre todos. A pudica senhora, antes anulada e submissa às vontades do marido Senador, tomou as rédeas de sua própria vida e finalmente, após muitos anos, estava feliz. “Mas por que se envergonhava disso?”, pensou ela. Entretanto não conseguia levantar os olhos e encarar o filho.

Assunção estava preocupado com Margarida ele era o culpado por aquela situação... A ideia de irem ao escritório da casa dos filhos tinha partido dele*, e serem descobertos dessa forma por Laura e Edgar... era tudo que sua querida namorada não queria. Ele olhava-a; queria consola-la, pedir-lhe perdão por sua ideia infeliz, mas seu genro o fitava furioso.

Edgar quebrou o silêncio: E então? Alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? – falou num tom acima do normal.

Laura: Edgar! Os convidados... – falou calma ao mesmo tempo em que fechava as portas do escritório. – Meu amor, se acalme... – completou suavemente enquanto afagava o braço do marido.

Edgar: Me acalmar, Laura? Me acalmar como? – respondeu irritado.

Assunção resolveu se pronunciar: Edgar. Laura. Eu me apaixonei por Margarida...

Laura sorriu enternecida pela confissão do progenitor e observou que ele e sua sogra formavam um belo casal. Ambos apresentavam personalidades semelhantes: amorosos, equilibrados, justos... Até a história matrimonial deles era igual, considerando que a arrogante Baronesa da Boa Vista traiu Assunção com Bonifácio, marido de Margarida...

Em meio aos devaneios, Laura é interrompida pelo choro cada vez mais audível de Margarida. Ao ir consolar a sogra, Edgar segurou seu braço impedindo a aproximação das duas.

Margarida controlou suas lagrimas suficientemente para pronunciar algumas palavras ao filho: Edgar, sinto muito! Não queria que fosse dessa forma – e desatou a chorar mais uma vez indo em direção à porta.

Laura pôs-se no caminho dela, impedindo sua saída e com um sorriso, aproximou-se num caloroso abraço que se estendeu por alguns momentos. Ao se soltarem a professora olhou a sogra nos olhos com intensidade e beijou-lhe o rosto dando mais um sorriso sincero. Margarida ainda chorava, mas seguiu porta a fora menos desesperada após o gesto da nora. “Estaria ela aceitando essa relação?”, questionava-se enquanto deixava a casa do filho pela porta dos fundos para evitar dar satisfações de suas lágrimas aos outros convidados.

Edgar olhava a esposa, incrédulo: Laura?! Como... – se sentia traído.

Laura retomou calmamente sua posição ao seu lado e antes que pudesse falar alguma coisa, seu pai adiantou-se.

Assunção: Creio que não seja o momento adequado para conversarmos sobre isso.

Laura prontamente concordou enquanto Edgar fitava o sogro, irado: Sim, pai, hoje já tivemos muitas novidades... – ela sorriu carinhosa, mas sem jeito.

Assunção consentiu com a cabeça e cumprimentou-os antes de deixar a festa: Edgar. – o advogado virou o rosto – Laura. – a moça sorriu novamente – Com licença.

Ficando novamente sozinhos, o jovem casal Vieira pôs-se a conversar sobre o ocorrido.

Edgar furioso: Laura! O seu pai. Ele seduziu a minha mãe!

Laura franziu o cenho: O quê? Edgar! Me poupe! Você não viu o que aconteceu aqui?

Edgar: Vi! Vi muito bem! A minha mãe, uma mulher divorciada virou amante do meu sogro!

Laura ficou furiosa, mas não levantou a voz: Eu não acredito que estou ouvindo isso! Você parece seu pai! Se acostumou a ver o Senador Bonifácio – entoou irônica – subestimando e anulando as vontades da Dona Margarida e agora quer fazer o mesmo!

Edgar ficou surpreso com a argumentação da esposa: O quê? Laura, o que você está falando?

Laura: Estou falando que você não reparou na alegria no olhar da sua mãe e do meu pai! Quando a Dona Margarida chegou pra festa eu notei algo diferente entre os dois, mas achei que era algum delírio meu...

Edgar achou uma deixa: Viu? Você também acha que é um delírio!!

Laura prosseguiu: Mas quando vimos eles aqui... Edgar! Eu nunca imaginei ver meu pai falando ou fazendo algo desse tipo... Ele esta realmente apaixonado pela sua mãe!

Edgar: Veja o absurdo que você está falando, Laura! Minha mãe é divorciada. Seu pai também.

Laura: E nós não fomos divorciados durante seis anos, Edgar? Isso me tornou menos digna?

Edgar: Não estou falando sobre você, meu amor! Mas é minha mãe! Não quero que ela fique falada!

Laura irritou-se novamente e provocou: Ah! Quer dizer que eu poderia?

Edgar: Laura, você não está me entendendo!

Laura: Você é que não está entendendo a situação! Me diz: quantas vezes você viu sua mãe tão feliz quanto esse tempo que está divorciada de seu pai? E na festa hoje, ela estava radiante!

Edgar ficou desarmado: É verdade, mas achei que fosse pela notícia do nosso filho...

Laura aproximou-se dele num abraço carinhoso: Com certeza isso a deixou mais feliz ainda, meu amor. Mas você e eu sabemos que viver na solidão é muito triste...

Edgar apertou sua esposa num abraço ainda mais demorado: Sim, eu sei... Viver longe de você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida.

Laura soltou-se dos braços do advogado dando-lhe um rápido beijo e prosseguiu argumentando: Então, meu amor! Eles se amam! Como nós nos amamos! – sorriu – Hmm...

Edgar que sorria, ficou confuso com a mudança na expressão da esposa: O quê? O quê foi?

Laura sorriu e acariciou a barba de Edgar: Enquanto o Senador Assunção olhava a Dona Margarida, eu percebi algo diferente no olhar deles... Diferente, mas ao mesmo tempo conhecido...

Edgar continuava sem entender: Como assim, Laura?

Laura: Meu pai olha sua mãe do mesmo jeito que você me olha... E sua mãe olha meu pai da mesma forma que eu olho pra você.

Edgar sorriu encantado e com certo alívio responder: Se eles se amarem como nós nos amamos, acho que não terei outra alternativa que não seja dar minha benção à essa... hm... relação?

O casal riu e entre beijos o rapaz fez outra observação: Se bem que acho muito difícil alguém amar tanto outra pessoa como eu amo você.

Laura sorriu e puxou-o para mais uma leva de beijos. 

__

*CENA EXTRA: Convite

Margarida parabenizava Heloísa pelo pedido de casamento que acabara de receber de Albertinho, enquanto Assunção cumprimentava o filho por finalmente ter tomado juízo e resolver formar uma família.

Assunção: E é uma bela moça, hein? Escolheu muito bem!

Albertinho sorriu orgulhoso: Sim! Linda, inteligente, encantadora, perfeita!

Assunção riu: Ah! Hahaha! Meu filho que alegria te ver assim! Achei que nunca teria esse prazer!

Albertinho: É... uma hora eu teria que crescer! Eu tenho um filho, quero que ele tenha orgulho de mim.

Assunção: Eu já tenho. Finalmente posso dizer isso.

Albertinho: Obrigado, pai! Você não sabe o quanto significa ouvir isso de você! – disse o rapaz abraçando o pai até prosseguir enxugando discretamente as poucas lágrimas de emoção que caíram dos seus lindos olhos – Mas agora, se o senhor me dá licença, vou me juntar à minha belíssima noiva pois já estou com saudade.

Assunção riu: Vá, meu filho! – vendo que a futura nora estava conversando com Margarida, prosseguiu – Vou com você e assim falo com a Dona Margarida.

Se aproximaram das senhoras que estavam ao pé da escada e os noivos logo saíram buscando privacidade para suas ‘conversas’ de casal. Assunção viu que poderia conversar com Margarida com mais liberdade já que ficaram sós.

Assunção: E então, minha senhora, como está? – soou galante.

Margarida: Alberto... – sorriu envergonhada – Vou muito bem e o senhor?

Assunção: Melhor agora que estou na companhia de tão bela dama. Querida, você está lindíssima.

Margarida: Shh... Por favor, fale mais baixo! Ninguém pode nos ouvir!

Assunção: Vamos ao escritório então... Ninguém vai nos interromper lá – sorri maliciosamente, mas com discrição.

Margarida: Mas e nossos filhos? Os convidados? A festa?

Assunção: Estão todos muito ocupados conversando. Nossos filhos são os anfitriões da festa, nem terão tempo de dar por nossa ausência! Vamos? Por favor!

Margarida: Ai, Alberto! Eu faço cada coisa quando estou com você que nem acredito!

Discretamente se dirigiram ao escritório da casa dos filhos. Um de cada vez, evitando chamar atenção para o encontro que estavam planejando realizar. Ao entrar e observar a amada sentada no sofá de couro, Assunção fecha a porta e se adianta em sua direção, beijando-a calorosamente.

Margarida entre os beijos tentava conter o médico: Alberto, se nos pegarem aqui... Imagine que vergonha!

Assunção: Não pense nisso! Não vai acontecer!

Os dois reiniciaram os beijos até que ouviram as portas do ambiente se abrindo. O barulho foi seguido por uma voz masculina irritada. Era Edgar que exclamava.

- Mãe !? 


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