Lado A Lado - O Que Houve Depois? escrita por Perniente
Notas iniciais do capítulo
Espero que gostem, gente!!
Tem cena extra no final! haha
Edgar: Mãe!?
Margarida: Edgar!!
Laura: Pai!
Assunção: Laura...
O pronunciamento de cada nome vinha carregado de emoções conturbadas e diferentes. Se não fosse o constrangimento geral, a comicidade certamente definiria a situação que aparentava uma reapresentação dos membros da família.
Edgar continuava imóvel ainda segurando as maçanetas da porta. Sua expressão era indecifrável, mas era certo que esperava uma explicação para o que acabara de ver.
Laura também estava surpresa, mas não havia decepção em sua voz. Sua perspicaz observação da troca de olhares entre a sogra e o pai no início da festa, vê-los assim apenas confirmou suas suspeitas. A moça continuava a encarar seu pai pois também gostaria de entender como aquela situação se formara.
Margarida era a mais constrangida entre todos. A pudica senhora, antes anulada e submissa às vontades do marido Senador, tomou as rédeas de sua própria vida e finalmente, após muitos anos, estava feliz. “Mas por que se envergonhava disso?”, pensou ela. Entretanto não conseguia levantar os olhos e encarar o filho.
Assunção estava preocupado com Margarida ele era o culpado por aquela situação... A ideia de irem ao escritório da casa dos filhos tinha partido dele*, e serem descobertos dessa forma por Laura e Edgar... era tudo que sua querida namorada não queria. Ele olhava-a; queria consola-la, pedir-lhe perdão por sua ideia infeliz, mas seu genro o fitava furioso.
Edgar quebrou o silêncio: E então? Alguém vai me explicar o que está acontecendo aqui? – falou num tom acima do normal.
Laura: Edgar! Os convidados... – falou calma ao mesmo tempo em que fechava as portas do escritório. – Meu amor, se acalme... – completou suavemente enquanto afagava o braço do marido.
Edgar: Me acalmar, Laura? Me acalmar como? – respondeu irritado.
Assunção resolveu se pronunciar: Edgar. Laura. Eu me apaixonei por Margarida...
Laura sorriu enternecida pela confissão do progenitor e observou que ele e sua sogra formavam um belo casal. Ambos apresentavam personalidades semelhantes: amorosos, equilibrados, justos... Até a história matrimonial deles era igual, considerando que a arrogante Baronesa da Boa Vista traiu Assunção com Bonifácio, marido de Margarida...
Em meio aos devaneios, Laura é interrompida pelo choro cada vez mais audível de Margarida. Ao ir consolar a sogra, Edgar segurou seu braço impedindo a aproximação das duas.
Margarida controlou suas lagrimas suficientemente para pronunciar algumas palavras ao filho: Edgar, sinto muito! Não queria que fosse dessa forma – e desatou a chorar mais uma vez indo em direção à porta.
Laura pôs-se no caminho dela, impedindo sua saída e com um sorriso, aproximou-se num caloroso abraço que se estendeu por alguns momentos. Ao se soltarem a professora olhou a sogra nos olhos com intensidade e beijou-lhe o rosto dando mais um sorriso sincero. Margarida ainda chorava, mas seguiu porta a fora menos desesperada após o gesto da nora. “Estaria ela aceitando essa relação?”, questionava-se enquanto deixava a casa do filho pela porta dos fundos para evitar dar satisfações de suas lágrimas aos outros convidados.
Edgar olhava a esposa, incrédulo: Laura?! Como... – se sentia traído.
Laura retomou calmamente sua posição ao seu lado e antes que pudesse falar alguma coisa, seu pai adiantou-se.
Assunção: Creio que não seja o momento adequado para conversarmos sobre isso.
Laura prontamente concordou enquanto Edgar fitava o sogro, irado: Sim, pai, hoje já tivemos muitas novidades... – ela sorriu carinhosa, mas sem jeito.
Assunção consentiu com a cabeça e cumprimentou-os antes de deixar a festa: Edgar. – o advogado virou o rosto – Laura. – a moça sorriu novamente – Com licença.
Ficando novamente sozinhos, o jovem casal Vieira pôs-se a conversar sobre o ocorrido.
Edgar furioso: Laura! O seu pai. Ele seduziu a minha mãe!
Laura franziu o cenho: O quê? Edgar! Me poupe! Você não viu o que aconteceu aqui?
Edgar: Vi! Vi muito bem! A minha mãe, uma mulher divorciada virou amante do meu sogro!
Laura ficou furiosa, mas não levantou a voz: Eu não acredito que estou ouvindo isso! Você parece seu pai! Se acostumou a ver o Senador Bonifácio – entoou irônica – subestimando e anulando as vontades da Dona Margarida e agora quer fazer o mesmo!
Edgar ficou surpreso com a argumentação da esposa: O quê? Laura, o que você está falando?
Laura: Estou falando que você não reparou na alegria no olhar da sua mãe e do meu pai! Quando a Dona Margarida chegou pra festa eu notei algo diferente entre os dois, mas achei que era algum delírio meu...
Edgar achou uma deixa: Viu? Você também acha que é um delírio!!
Laura prosseguiu: Mas quando vimos eles aqui... Edgar! Eu nunca imaginei ver meu pai falando ou fazendo algo desse tipo... Ele esta realmente apaixonado pela sua mãe!
Edgar: Veja o absurdo que você está falando, Laura! Minha mãe é divorciada. Seu pai também.
Laura: E nós não fomos divorciados durante seis anos, Edgar? Isso me tornou menos digna?
Edgar: Não estou falando sobre você, meu amor! Mas é minha mãe! Não quero que ela fique falada!
Laura irritou-se novamente e provocou: Ah! Quer dizer que eu poderia?
Edgar: Laura, você não está me entendendo!
Laura: Você é que não está entendendo a situação! Me diz: quantas vezes você viu sua mãe tão feliz quanto esse tempo que está divorciada de seu pai? E na festa hoje, ela estava radiante!
Edgar ficou desarmado: É verdade, mas achei que fosse pela notícia do nosso filho...
Laura aproximou-se dele num abraço carinhoso: Com certeza isso a deixou mais feliz ainda, meu amor. Mas você e eu sabemos que viver na solidão é muito triste...
Edgar apertou sua esposa num abraço ainda mais demorado: Sim, eu sei... Viver longe de você foi a pior coisa que aconteceu na minha vida.
Laura soltou-se dos braços do advogado dando-lhe um rápido beijo e prosseguiu argumentando: Então, meu amor! Eles se amam! Como nós nos amamos! – sorriu – Hmm...
Edgar que sorria, ficou confuso com a mudança na expressão da esposa: O quê? O quê foi?
Laura sorriu e acariciou a barba de Edgar: Enquanto o Senador Assunção olhava a Dona Margarida, eu percebi algo diferente no olhar deles... Diferente, mas ao mesmo tempo conhecido...
Edgar continuava sem entender: Como assim, Laura?
Laura: Meu pai olha sua mãe do mesmo jeito que você me olha... E sua mãe olha meu pai da mesma forma que eu olho pra você.
Edgar sorriu encantado e com certo alívio responder: Se eles se amarem como nós nos amamos, acho que não terei outra alternativa que não seja dar minha benção à essa... hm... relação?
O casal riu e entre beijos o rapaz fez outra observação: Se bem que acho muito difícil alguém amar tanto outra pessoa como eu amo você.
Laura sorriu e puxou-o para mais uma leva de beijos.
__
*CENA EXTRA: Convite
Margarida parabenizava Heloísa pelo pedido de casamento que acabara de receber de Albertinho, enquanto Assunção cumprimentava o filho por finalmente ter tomado juízo e resolver formar uma família.
Assunção: E é uma bela moça, hein? Escolheu muito bem!
Albertinho sorriu orgulhoso: Sim! Linda, inteligente, encantadora, perfeita!
Assunção riu: Ah! Hahaha! Meu filho que alegria te ver assim! Achei que nunca teria esse prazer!
Albertinho: É... uma hora eu teria que crescer! Eu tenho um filho, quero que ele tenha orgulho de mim.
Assunção: Eu já tenho. Finalmente posso dizer isso.
Albertinho: Obrigado, pai! Você não sabe o quanto significa ouvir isso de você! – disse o rapaz abraçando o pai até prosseguir enxugando discretamente as poucas lágrimas de emoção que caíram dos seus lindos olhos – Mas agora, se o senhor me dá licença, vou me juntar à minha belíssima noiva pois já estou com saudade.
Assunção riu: Vá, meu filho! – vendo que a futura nora estava conversando com Margarida, prosseguiu – Vou com você e assim falo com a Dona Margarida.
Se aproximaram das senhoras que estavam ao pé da escada e os noivos logo saíram buscando privacidade para suas ‘conversas’ de casal. Assunção viu que poderia conversar com Margarida com mais liberdade já que ficaram sós.
Assunção: E então, minha senhora, como está? – soou galante.
Margarida: Alberto... – sorriu envergonhada – Vou muito bem e o senhor?
Assunção: Melhor agora que estou na companhia de tão bela dama. Querida, você está lindíssima.
Margarida: Shh... Por favor, fale mais baixo! Ninguém pode nos ouvir!
Assunção: Vamos ao escritório então... Ninguém vai nos interromper lá – sorri maliciosamente, mas com discrição.
Margarida: Mas e nossos filhos? Os convidados? A festa?
Assunção: Estão todos muito ocupados conversando. Nossos filhos são os anfitriões da festa, nem terão tempo de dar por nossa ausência! Vamos? Por favor!
Margarida: Ai, Alberto! Eu faço cada coisa quando estou com você que nem acredito!
Discretamente se dirigiram ao escritório da casa dos filhos. Um de cada vez, evitando chamar atenção para o encontro que estavam planejando realizar. Ao entrar e observar a amada sentada no sofá de couro, Assunção fecha a porta e se adianta em sua direção, beijando-a calorosamente.
Margarida entre os beijos tentava conter o médico: Alberto, se nos pegarem aqui... Imagine que vergonha!
Assunção: Não pense nisso! Não vai acontecer!
Os dois reiniciaram os beijos até que ouviram as portas do ambiente se abrindo. O barulho foi seguido por uma voz masculina irritada. Era Edgar que exclamava.
- Mãe !?
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