Isabel, Zé Maria e Elias foram os primeiros. Eles formavam uma bela família. A dançarina estava radiante após o casamento com o capoeirista; e ele não ficava atrás. Os dois se olhavam apaixonados, quase tanto quanto Laura e Edgar. Elias também estava muito feliz com sua nova família. O garoto sentia-se completo, como se finalmente, no auge de seus 6 anos de vida, tivesse conquistado uma família de verdade.

O casal visitante logo se acomodou na sala de estar enquanto o garoto e Melissa partiam pela casa iniciando suas brincadeiras. A dançarina iniciou a conversa justificando a ausência do pessoal do Teatro que reclinaram ao convite devido a mais uma das brigas entre Neusinha e Diva. Mário, Frederico e Quequé se envolveram na confusão e pronto: o circo estava armado e não havia clima para irem ao jantar.

Laura não conseguiu controlar sua decepção: Mais uma briga? Pensei que elas estivessem se acertando... Pelo menos um pouco...

Isabel: E elas estavam, mas desde que seus ensaios com eles passaram a ser mais espaçados, o caos voltou a se instalar...

Laura olhou para o marido discretamente. Ele pôde sentir o pesar que essa informação trouxe para sua amada.

Laura prosseguiu: Mas nesse momento, eu preciso desse afastamento, Isabel. – sua voz aparentava suspense

Isabel retorquiu desconfiada: Por quê?

Edgar que até então acompanhava o diálogo das senhoras em silêncio, resolveu intervir: Zé, me conta, como estão as coisas na fábrica? Já conseguiu colocar as finanças em ordem? – Ele fingiu desconhecer a atual situação da empresa de sua mãe, mas todos notaram que era um pretexto para atrapalhar a conversa das duas.

Laura esboçou um pequeno sorriso. Ela sabia que ia acabar revelando seu ‘segredo’ antes da hora e estragando o elemento surpresa do jantar. Zé, com muita simpatia iniciou sua explicação e todos na sala voltaram à atenção para essa nova conversa.

A anfitriã voltou a falar com a amiga: E a tia Jurema? Seu Afonso? O pessoal todo do morro não vem também?

Isabel chateada: Ai Laura, não... Eles pediram pra me desculpar com você. Eles não se sentiram confortáveis em vir aqui, na sua casa... ‘Coisa de gente rica! Não é nosso mundo.’ eles disseram.

Laura desanimou-se: Que bobagem! Mas bem, eu até entendo, eu acho... Mas queria tanto que eles viessem!

Isabel: Não fica assim porque eles já deram uma solução! – riu tentando animar a amiga.

Laura: Qual seria?

Isabel: Tia Jurema, Etelvina e todos os outros se ofereceram para preparar uma festa pra vocês lá no morro. Que tal?

Laura parecia satisfeita: Hmmm! Mas só se tiver os quitutes da Tia Jurema! – sua boca aguava de vontade.

Isabel sorriu: Mas claro! – ambas riram – Então pronto! Resolvido o problema. – acordaram as moças com um aperto de mão seguido de um apertado abraço cheio de risadas

Não demorou muito e novas batidas na porta foram ouvidas. Dessa vez era o pai de Laura, Senador Assunção.

Assunção: Laura, minha filha, você está linda! – disse reparando no vestido de organza salmão que usava.

Edgar ouviu e percebeu sua falha. Não tinha elogiado a beleza da esposa naquele dia... E ela estava especialmente linda! Teria que reparar esse gravíssimo erro após os convidados irem embora, pensou enquanto sorria malicioso.

Logo chegou um novo grupo de convidados, enchendo de uma só vez a sala da residência. Guerra e Celinha, acompanhados de seu filho, João, vinham à frente estampando um enorme sorriso nos rostos; eles também formaram uma belíssima família.

Logo após eles, estavam Jonas e Alice, apaixonados como sempre, mas menos ingênuos do que o habitual; após libertar-se da rabugenta Carlota, a moça, enfim, havia se tornado uma mulher de verdade. Parecia madura, dona de si e, acima de tudo, feliz. Laura ficou orgulhosa da prima.

Seguindo os casais estava Neto, o jornalista rabugento, que, por incrível que pareça, esbanjava simpatia como nunca antes havia se visto. Logo todos entenderam o motivo. Matilde chegou e os dois não se desgrudaram mais. Apaixonaram-se no casamento de Calinha e Guerra e a partir passaram a encontrar-se com frequência, iniciando um relacionamento. Todos estavam surpresos, mas era ótimo vê-los juntos. Eles mereciam!

Pequenos grupos se formaram e várias conversas paralelas sobre os mais diversos assuntos começaram a surgir. Passados alguns minutos Sandra e Teodoro chegaram sozinhos. Tereza e o Delegado Praxedes ficaram cuidando de Ângelo. Albertinho que havia saído mais cedo de seu emprego no Bar Guimarães para comparecer ao evento da irmã, bateu na porta logo em seguida.

Pela conta dos anfitriões, apenas Dona Margarida e Heloísa estavam faltando. Minutos depois essa observação, as senhoras surgiram na decorada e já povoada sala do jovem casal Vieira. Pronto! Estavam todos ali! Estava quase na hora de contar qual o motivo de todas essas firulas.

Apesar de toda essa ansiedade, a observação aguçada de Laura não baixou a guarda, pois quando sua sogra chegou, pode notar olhares diferentes entre ela e ...

“Não! Não pode ser!”, pensou ela incrédula... “Será?”