Sem mais facas em mãos, Scorpio socou o próximo zumbi que se aproximava dele. Num círculo em volta do Amarok, lutávamos contra a multidão de mortos-vivos que haviam nos encontrado.

-Como ninguém notou a gasolina acabando?! - Yuri exclamou, assombrosamente confusa e com raiva.

-Desculpe - falei, mesmo sem precisar, cortando a cabeça de mais um dos zumbis.

Olhei rapidamente para todos ao redor de mim. Éramos humanos cobertos por sangue, tingidos por aquele fluido que preenchiam unicamente os zumbis.

-Não tem porquê se desculpar - Nagisa disse, soltando um grunido desapontado quando sua faca ficou presa na testa do último morto-vivo que ela acertara. -Estamos ficando sem armas! - Nagisa olhou depressa em volta, o suor escorrendo por seu rosto - Espero que a Minene tenha conseguido chegar no posto de gasolina.

-E espero que ela volte também - Yuri complementou, observando Nagisa de relance.

As duas trocaram um olhar mudo que não tive tempo para captar e decifrar a mensagem.

Mais um zumbi vinha direto até mim. Voltando a atenção a ele, finquei a  espada no centro de seu tórax, levando-a até seu pescoço e o cortando quase em dois. Um estranho e extasioso sorriso inundou meu rosto assim que vi a cabeça do morto-vivo a sair rolando pelo chão. Eu tinha que confessar, eu gostava de fazer parte daquela matança, de ver que era eu aquele quem sujava as mãos em prol de um bem maior, que os monstros ali não estavam mais em meus sonhos, e sim bem na minha frente, prontos para serem cortados com o fio de minha espada. Eu sorria, sentindo o sangue, quente, pulsar pelas minhas veias e querendo mais.

Avançando dois passos, quase saindo da formação, cortei ao meio mais dois deles, quase decepcionado quando notei que o número de zumbis enfim parecia diminuir. A chuva começou a cair quando sobravam dois deles para cada um de nós, os respingos tornando-se fortes demais e limpando as impurezas que pareciam querer permanecer grudadas em nossa pele assim que colocamos o último zumbi ao chão.

Correndo para os zumbis que agora jaziam inertes ao redor de nós, retiramos nossas armas presas em seus corpos e as limpamos com nossas próprias roupas, agora molhadas e grudadas em nossos corpos. Entramos no carro em seguida, pegando cada um uma toalha de dentro de nossas mochilas e nos secando rapidamente. Enquanto tirava a camisa, eu teria tido uma bela imagem de relance das garotas se trocando no fundo do carro se de repente um par de socos não tivesse acertado subitamente o vidro da minha janela.

Por instinto, peguei minha espada e estava pronto para acertar o zumbi quando vi que quem estava ali não era um morto-vivo, e sim nossa amiga Minene. Fazendo gestos para que eu fosse com ela colocar a gasolina dentro do veículo, abri a porta e corri até a lateral do carro.

Limpando a chuva que caía em meus olhos, peguei o galão com o combustível.

-Foi rápido - murmurei, olhando sorridente para Minene enquanto abria o compartimento da gasolina.

A garota devolveu meu sorriso, convencida.

-Eu sei que sou demais, pode me agradecer mesmo.

Abastecendo com aproximadamente quinze litros o automóvel, eu e Minene demos uma última e rápida olhada em volta antes de corrermos para os assentos da frente. Liguei o carro, que respondeu atencioso ao meu comando. Estava tudo bem, antes de ouvirmos o primeiro tiro a escapar em algum lugar bem próximo a nós.