Silêncio escrita por KeykoSakura


Capítulo 12
Quem acredita em milagres?


Notas iniciais do capítulo

Gostaria de agradecer a: Nora, Tuany Castro, Nana Uchiha, Snow e Débora cherry pelas recomendações! Muito obrigada!



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Quanto desespero um coração pode aguentar antes que se rompa em uma dor lancinante a aguda? Quanto tempo o fôlego aguenta quando não se sabe quando se poderá parar para respirar novamente? Qual a distância que as pernas aguentam correr como uma maratona sádica de vida ou morte?

Essas perguntas importavam?

Sakura corria o máximo que podia tentando não perder os enfermeiros de vista. Ela podia ouvir Tsunade correndo atrás dela, gritando para que Sakura parasse, mas a garota não lhe deu ouvidos. Ela tinha que estar do lado dele. Sasuke precisava dela. Ela estava indo. Não havia tempo pra pensar no que ela faria caso as coisas piorassem. Ela não queria pensar no pior, mas também não sabia o que esperar. Sentia a garganta apertada, quase sufocada.

A correria permaneceu até a chegada à UTI. Itachi estava lá tentando entender o que estava acontecendo. Sakura conseguiu chegar logo atrás dos enfermeiros e com sucesso, deixara Tsunade pra trás ao pegar o elevador antes dela. A garota se espremeu entre os profissionais que estavam ali e não conseguiu sequer se mexer quando olhou pra dentro do quarto onde Sasuke estava.

Ao menos quatro enfermeiros estavam ao redor da cama do garoto. Estavam tentando mantê-lo quieto já que este se remexia intensamente. Convulsão? Sakura pensou nessa possibilidade e entrou em desespero. Não demorou muito pra que ela quisesse furar o bloqueio dos outros enfermeiros e entrar no quarto. A garota deu um passo à frente e logo foi detida. Seu temperamento esquentado não demorou a subir à sua cabeça e ela decidiu lutar. Começou a se debater e a gritar para que a deixassem passar. Ela tentou com todas as forças, mas uma enfermeira e mais um outro funcionário da segurança a estavam segurando fortemente. Mas Sakura era mais forte do que aparentava; para uma garota ela era bem forte. Itachi seguia atrás, tentando tranquilizar Sakura com medo que a garota pudesse atrapalhar os médicos. Todos falharam em perceber o real estado de Sasuke que só veio à tona quando a voz dele soou dentro do quarto em um grito agoniado.

-S...Kura!

A garota ergueu os olhos e parou de lutar por um instante, até ver que Sasuke ainda se debatia contra os enfermeiros, mas ele olhava fixamente pra ela e com mais um grito ele estendeu a mão em sua direção.

-S...Kura!

Vivo.

Ele estava vivo!

Estava consciente!

E... Gritava por ela.

Sasuke não conseguia pronunciar todo o nome de Sakura, mas era óbvio que era por ela que ele chamava. O garoto a tinha visto na porta e agora estendia o braço na direção dela enquanto tentava se livrar dos enfermeiros que a muito custo tentavam mantê-lo no lugar pra não soltar os plugues. Enquanto as lágrimas vinham com toda a força inundar seus olhos, as forças da garota foram renovadas e ela lutou mais do que nunca pra poder passar e ir até ele. Até mesmo Itachi percebeu a batalha que ambos travavam e passou a tentar ajudar a garota. Do outro lado Sasuke nem se importava mais com as pessoas estranhas ao redor dele, tudo o que ele queria, tudo o que ele precisava no momento era dela. Sakura.

O amor é uma força imbarrável. Totalmente incontrolável. Quanto mais sufocado, mais forte ele fica. Quanto mais se aperta o amor entre os dedos, tentando contê-lo, mais meio de vazar por entre esses dedos ele encontra pra continuar seu curso imutável. Não se pode determinar amar ou deixar de amar alguém. O amor decide por si próprio pra onde vai e para quem se dedicará. Só o que resta aos pobres mortais é se deixar se arrastado por tão fortes correntezas para o futuro incerto de todos nós. Nada pode deter o amor quando ele se apresenta em sua forma mais pura e profunda.

-Deixem ela passar!

A voz de Tsunade ribombou no corredor como um trovão e logo as pessoas que seguravam Sakura a soltaram. A garota correu em disparada em direção à Sasuke e Tsunade logo ordenou que os outros enfermeiros também não a impedissem de chegar ao garoto.

Os braços se encontraram ao mesmo tempo em que o alívio preenchia o coração dos dois. Sasuke abraçou Sakura como se sua vida dependesse disso. Sakura abraçou Sasuke como se quase houvesse morrido junto com ele.

-Obrigada, Deus! –a garota chorava alto. –Obrigada por não ter tirado Sasuke de mim...

Ninguém ousou interromper. Algumas enfermeiras começaram a chorar com a cena. Os pais de Sasuke tinham acabado de chegar, saíram correndo do hotel assim que souberam que Sasuke havia tido alguma reação. O casal Uchiha, Itachi e Tsunade permaneceram onde estavam, parados à porta.

O monitor de batimentos cardíacos de Sasuke tinha chegado a ficar piscando e tocando freneticamente devido ao desespero de Sasuke ao acordar sem saber onde estava e com vários estranhos ao seu redor. Ficara pior ainda ao ver Sakura sendo impedida de se aproximar dele. Mas agora, como se podia observar, pouco a pouco os batimentos dele foram diminuindo o ritmo, foram se acalmando, até chegarem a um ritmo normal. Sasuke foi se acalmando nos braços de Sakura; se ela estava por perto, tudo ficaria bem. Se ela estava ali ele não estava sozinho cercado por estranhos. Ambos permaneceram naquele abraço por vários minutos. Até Sasuke se afastar apenas o suficiente para conseguir falar com ela. As mãos do garoto tremiam e na direita havia um tubo conectado direto às veias dele. Ele estava mais pálido que o normal e sua boca estava bem ressecada. Mais lágrimas vieram aos olhos de Sakura ao vê-lo assim.

-O que acontecer?

Sakura sentou-se na cama. Se preparou pra responder, mas foi interrompida por uma enfermeira.

-Desculpe moça, mas precisamos que ele tome esta injeção. Era o que estávamos tentando fazer quando ele acordou. Ele é surdo não é? Poderia dizer a ele o que temos que fazer?

Sakura percebeu que Sasuke recuou com a aproximação da enfermeira, logo refletiu brevemente sobre a falta de intérpretes de LJS nos hospitais. A garota olhou pra ele e o viu acuado olhando com estranheza ao redor. Deveria ter sido muito difícil acordar depois de um coma em um lugar que você não conhece com quatro desconhecidos tentando lhe aplicar uma injeção. A garota pegou o rosto de Sasuke delicadamente em suas mãos e o fez se concentrar nela enquanto ela sinalizava o que estava acontecendo.

Da porta, a família de Sasuke e Tsunade assistiam aos dois. Não havia dúvidas que Sasuke confiava em Sakura. Não tinha como negar o quanto a cena era emocionante. O garoto surdo matinha o olhar vidrado na namorada absorvendo a mensagem enquanto ela lhe explicava tudo o que tinha acontecido e o que a enfermeira precisava fazer. Não demorou muito para que ele concordasse e logo toda a situação já estava sob controle. Sasuke não revidou mais, apenas ficou imóvel enquanto a enfermeira lhe aplicava a injeção em seu braço esquerdo.

Tsunade aproveitou o momento para entrar no quarto e fazer um exame rápido em Sasuke para avaliar a situação do garoto. Em seguida ela liberou a entrada da família dele. Mikoto Uchiha se lançou aos prantos em cima de seu filho caçula. Dessa vez Sasuke não reclamou do abraço de urso da mãe. Ele recebeu outro abraço de Itachi e um sorriso de seu pai.

-É mesmo um milagre. –Tsunade declarou em frente à família. –O garoto está bem como se nada demais tivesse acontecido. É possível que ele sinta dores fortes de cabeça a princípio, mas ele está totalmente consciente e respondendo a todos os estímulos. É cedo pra concluir, mas parece não haver nenhuma sequela. Yumi. –A enfermeira chamada se apresentou. –Arranje o centro cirúrgico para daqui a duas horas. Sasuke terá que ser operado novamente. Amanhã precisaremos fazer uma bateria de exames nele.

-Operado novamente? –A senhora Mikoto perguntou.

-Sim. –Respondeu Tsunade. –Para prevenir problemas caso houvesse inchaço no cérebro nós mantivemos uma parte do crânio de Sasuke aberta. É preciso fechar, né? –Tsunade ofereceu um sorriso caloroso.

Sakura interpretou o que Tsunade dizia a Sasuke e logo este ergueu uma mão pra tocar a cabeça e gemeu de dor.

-Não, Sasuke. –Sakura puxou e segurou a mão dele afastada de sua cabeça. –Não mexe.

-Vamos transferi-lo para um quarto normal após a cirurgia. No momento sugiro que todos vocês o deixem descansar um pouco.

Mikoto Uchiha abraçou o filho novamente sinalizando o quanto ela o amava e sua felicidade por ele ter sobrevivido. Itachi também abraçou o irmãozinho novamente e seu pai passou a mão em sua cabeça bem de leve. Sasuke começou a ficar um pouco apreensivo ao ver sua família saindo do quarto. Quando Sakura lhe ofereceu um sorriso um tanto murcho e lhe abraçou, o desespero começou a voltar. A garota tentou se afastar, mas Sasuke a puxou pela mão a impedindo. Ele olhou pra ela assustado e balançou a cabeça de leve.

Não vai.

Sakura quase recomeçou a chorar. Se aproximou dele e num momento de total entrega colou seus lábios nos dele sem nem se importar com a textura seca destes. Então sinalizou devagar.

-Vai ficar tudo bem. Você precisa descansar. Eu não vou embora. Eu prometo.

Sasuke a olhou com incerteza antes de puxá-la pra mais um beijo. Só então a deixou ir. Porém Sakura podia ver que ele havia ficado nervoso novamente. Ela não podia culpá-lo. Deve ser muito duro ficar sozinho em um quarto de hospital sem poder se comunicar direito com ninguém. Porém não muito tempo depois o garoto já havia adormecido.

[...]

Sakura quase nem conseguiu se conter ao ligar pra Ino e Kiba para avisá-los do que havia acontecido. Logo todos os amigos do grupo já estavam no hospital querendo ver Sasuke. Infelizmente Tsunade quase surtou com tanta gente na UTI e expulsou todo mundo, dizendo que Sasuke precisava descansar pra poder passar por mais uma cirurgia. Ino trouxe mais uma muda de roupas pra Sakura e levou as outras sujas pra lavar já que a rosada não havia arredado o pé do hospital por um dia sequer.

-Graças a Deus ele está bem, não é? –Disse a loira. –Agora você já vai poder voltar ao normal, frequentar suas aulas e vir visitá-lo depois delas.

-Não. –Disse Sakura enquanto trocava de roupa na salinha ao lado do escritório de Tsunade, que àquela altura do campeonato já havia virado seu quarto.

-Como assim "não"?

-Eu não vou sair só porque agora ele está consciente. Ele ainda precisa de mim aqui. Enquanto ele não receber alta eu fico.

-Mas e suas aulas? Você vai pegar uma DP por presença!

Sakura já sabia disso. Escondeu o rosto de sua amiga.

-Depois eu vejo isso.

Ino franziu o cenho, desconfiada. Sakura tinha alguma coisa em mente. A loira já conhecia muito bem sua melhor amiga pra saber quando esta está oferecendo sorrisos falsos. O que aquela louca estava pensando em fazer?

[...]

Itachi e Konan tomavam um café calmamente na lanchonete do hospital três dias depois de Sasuke ter acordado. A vida ainda não tinha voltado ao normal, já que Sasuke permanecia internado, mas pelo menos não havia mais a tensão de ter um membro da família entre a vida e a morte.

-Ainda bem que o pior já passou. –Disse Konan tomando mais um gole. –Fiquei mesmo preocupada com Sasuke. Ele está bem?

-Está. –Itachi respondeu. –Os exames de Tsunade estão dando resultados positivos. Ainda não sabemos por quanto tempo mais ele vai precisar ficar internado, mas está cada vez melhor. Acho que eu nunca senti tanto medo na minha vida. Meu irmão já passou por muitas coisas bem ruins, mas essa foi a pior.

-Os policiais ainda estão suspeitando dele?

Itachi suspirou pesadamente.

-Infelizmente. Ele terá que depor assim que sair do hospital. Meu pai vai processar os dois policiais responsáveis por isso... Essa história vai longe ainda...

-Que tipo de polícia é essa? –Konan perguntou retoricamente.

[...]

Sentado no corredor em um banco ao lado do quarto onde seu filho permanecia internado, Fugaku Uchiha tentava relaxar um pouco. As últimas semanas tinham sido um pesadelo para si e sua família. Primeiro seu filho caçula e surdo havia levado um tiro sem qualquer motivo. Depois ainda tinha a empresa que resolvera sofrer uma queda nas ações de última hora antes de uma venda muito importante. Mas pelo menos agora seu filho estava fora de perigo e já dava pra se concentrar melhor na empresa. E também no casamento de seu filho mais velho que seria naquele ano. Gastos e mais gastos... Agora haveria ainda mais, pois aqueles policiais iriam se arrepender de terem cruzado o caminho de um Uchiha. Fugaku estava extremamente desgostoso pelo rumo que as coisas tomaram. Sasuke quase fora morto e ainda estava sob suspeita da polícia. Não... O Sr. Uchiha nunca deixaria que essa afronta à sua família passasse batido.

-Senhor Uchiha? –A voz suave tirou o patriarca de seus devaneios e o levou a focalizar seu olhar em um rosto jovem emoldurado por um cabelo cor-de-rosa. Logo em seguida um doce sorriso se abriu sob olhos verdes. –Achei que fosse gostar de um chá.

Só então Fugaku notou que a garota trazia uma xícara de chá verde em mãos. O homem observou a nora por um momento, reparando em como ela não pareceu nervosa com a observação dele, e então aceitou o chá com um pequeno sorriso.

-Obrigado.

Sakura sorriu novamente e já se preparava para sair do lugar quando o Sr. Uchiha chamou sua atenção pigarreando.

-Por que não se senta? –ele perguntou indicando o espaço vazio no banco.

A garota pareceu hesitar por um momento, mas aceitou o convite e sentou-se ao lado do sogro. Seguiu-se um silêncio constrangedor enquanto o Uchiha mais velho bebericava seu chá. Sakura não ousou dizer nada ao pai de Sasuke. Apesar de manter as aparências, por dentro a garota estava a ponto de surtar. E se fizesse algo errado? E se seu sogro não gostasse dela? E se dissesse que Sasuke já estava prometido desde o nascimento a se casar com outra garota? Uma garota estonteantemente linda e rica?

-Sabe... –começou o senhor Uchiha. –Sasuke está diferente desde que você apareceu.

Sakura começou a suar frio. Seria um diferente bom ou ruim?

-Seu nome é Haruno, certo?

-Sim senhor.

-Haruno... Diga-me senhorita Haruno, você possui irmãos?

-Não senhor. Sou filha única.

O senhor Uchiha pareceu um tanto desapontado com a informação e Sakura só faltou desmaiar de nervoso, mesmo assim conseguiu sorrir mais uma vez.

-Certo. Você deve saber o quanto meus filhos são importantes para mim, não sabe?

Sakura afirmou com a cabeça.

-Ótimo. Então sabe o quanto eu e minha esposa zelamos para que eles venham a ter bons relacionamentos. Sasuke principalmente, devido à sua condição; que você aceitou muito bem por sinal. Você deve imaginar que eu não estou disposto a permitir que nenhum dos meus filhos seja prejudicado em um relacionamento sem futuro, certo?

A garota anuiu novamente engolindo em seco. Parecia que seu pior pesadelo estava se tornando realidade, estava sendo rejeitada pelo pai de Sasuke.

-Senhorita Haruno, você entende o quão grande é o sobrenome Uchiha? Tenho cinco empresas dentro do grupo que leva nosso nome. Somos uma das famílias mais tradicionais do Japão. Temos honra e prestígio. Meus filhos vão herdar tudo isso. Por que acha que eu deixaria que você herdasse isso também caso se case com Sasuke?

Sakura abriu a boca em choque e tentou responder alguma coisa, mas só pôde balbuciar algumas palavras sem muito sentido.

-Eu... Não, eu não quero... Eu não sabia... Sasuke... Nunca disse... Eu... –As lágrimas começaram a rolar livremente no rosto pálido da jovem. –Eu sinto muito. Por ter entrado assim na sua família... Eu nem pedi permissão... Eu... Não sou mesmo qualificada pra ser uma Uchiha... Na... Na verdade, Sasuke e eu nunca falamos sobre casar... Não se preocupe senhor. Assim que ele estiver totalmente recuperado, eu... –um suspiro fundo pra ganhar forças. –Eu terminarei com ele... Se assim o senhor deseja.

Fugaku Uchiha nada respondeu. Apenas observou a jovem chorando baixinho ao seu lado, de cabeça baixa. Suspirou pesadamente.

-Quem foi que falou em terminar?

Sakura ergueu a cabeça no mesmo instante. A surpresa dançava estampada em seus olhos verdes.

-Mocinha... Você realmente precisa aprender a controlar mais suas emoções. Eu nem disse nada e você já está chorando.

-Desculpe, senhor. –A garota começou a enxugar as lágrimas com o dorso da mão. Ela não sabia se ria ou se chorava mais com a repreensão não tão dura que recebera.

Fugaku observou a garota por uns instantes.

-Sakura... –a rosada quase teve um ataque cardíaco ao ouvir seu sogro a chamar pelo primeiro nome. –Sasuke sempre chamou atenção. De certa forma, ele sempre deu mais trabalho do que Itachi com relação a pretendentes. Mas sabe o que eu via em todas aquelas garotas? –Sakura negou com a cabeça. –Nada. Garotas vazias carregando um amor falso, se baseando na promessa de se casar com um jovem bonito, ou rico, ou Uchiha. Ou os três. Você vê, senhorita Haruno? Vê como nós temos medo das pessoas que chegam perto dele?

-Sim... Deve ser bem difícil...

-Ao vir para este hospital eu cheguei a pensar que fosse perder meu filho. –O olhar de Fugaku se tornou profundo e distante. –E então finalmente conhecemos você. E logo quando a vimos você se ajoelhou na nossa presença, minha e de minha esposa. Eu nunca vi uma pessoa tão dedicada quanto você, Haruno Sakura. O seu amor desesperado quase sufocou a todos nós. Em pouco tempo eu te vi chorar por ele, passar noites em claro ao lado dele. Te vi quase ir presa pra defendê-lo. Vi você se recusar a ir comer pra ficar mais tempo perto dele.

O choro voltou quando a garota ouviu toda a história ocorrida naquele hospital novamente, dessa vez contada na visão de seu próprio sogro.

-Vi você lutar com todas as forças pra ficar com o meu filho, mas principalmente... Vi o bem que você faz a ele. A ponto de acalmá-lo daquela forma. Eu nunca tinha visto Sasuke confiar tanto em alguém, nem se entregar como ele faz quando você está do lado dele. –Fugaku desviou o olhar de sua nora para fitar um ponto indistinto no corredor à frente. Suspirou. –Não consigo imaginar uma pessoa mais qualificada pra confiar o meu garoto.

As esmeraldas brilhantes de Sakura nunca antes ficaram tão arregaladas como naquele momento.

-Espero que Sasuke resolva se casar com você. Apesar de ter um temperamento um tanto estourado e de chorar demais, você é a mulher ideal pra ele. Será uma boa Uchiha um dia.

Fugaku se levantou do banco casualmente, como se não houvesse acontecido nada. Cumprimentou Sakura com um aceno de cabeça e se dirigiu ao saguão principal do hospital. Sakura estava chocada demais processando a conversa para ter reação alguma.

[...]

A noite chegou e Sakura foi até o quarto de Sasuke ver como ele estava. Kiba e Naruto estavam com ele já há algum tempo e agora Sasuke e o loiro jogavam um jogo de computador num laptop que Kiba havia trago para o hospital. Sakura sorriu ao ver os meninos entretidos com o jogo e em seu instinto médico foi verificar as últimas informações do prontuário de seu namorado e checar se os tubos estavam limpos e a medicação correndo normalmente. Sorriu mais uma vez ao constatar que estava tudo bem. O jogo era do tipo lince, ganhava quem achava o maior número de itens em uma cena em menos tempo. A garota descobriu que Naruto e Sasuke eram muitos bons nesse tipo de jogo pela visão melhorada que eles possuíam. Segundo Kiba, ninguém tinha conseguido bater o recorde de Naruto e era isso que Sasuke tentava fazer naquele momento, falhando inúmeras vezes.

Chegada a hora de irem embora, ambos os visitantes abraçaram Sakura e Kiba deixou o computador com Sasuke pra ajudá-lo a se distrair enquanto permanecia internado. Os dois amigos prometeram voltar no dia seguinte. Assim que se viu sozinho com Sakura, Sasuke tratou de chamar a atenção dela que estava afofando um travesseiro ao lado da cama. Ela ajeitou esse travesseiro nas costas de Sasuke pra que ele pudesse dormir mais confortavelmente. Em seguida passou a ajeitar a poltrona perto dele para dormir também, ali mesmo. Já fazia vários dias que Sakura estava dormindo ali, de qualquer jeito naquela pequena poltrona, só pra poder permanecer perto dele. Ela também estava agindo como uma enfermeira particular administrando alguns remédios, sob supervisão da própria Tsunade, e sempre checando se ele precisava de alguma coisa.

Sasuke gostava de tê-la sempre por perto e de ser cuidado por ela, mas vê-la dormindo daquele jeito estava doendo no coração. O garoto surdo então deu um jeito de puxar a extremidade inferior da blusa da garota pra que ela se virasse de frente pra ele. Então pegou-a pelo pulso e envolvendo a nuca dela com uma das mãos a trouxe para mais perto a fim de beija-la suavemente na boca. Sakura sentia muito mais do que alegria por saber que ele estava bem, que estava vivo e que podia continuar a beijá-la. Em seguida ele sinalizou.

-Dormir com eu.

Sakura sorriu.

-Já estou dormindo. Vou ficar logo ali, não vou embora.

-Eu saber. –Foi a resposta dele. –Querer você aqui. –Ele apalpou o colchão estranho de hospital onde ele estava sentado. Sakura corou violentamente. Sasuke não conseguiu evitar sorrir de canto. –Você dormir mal ali. –Apontou para a poltrona. –Dormir aqui. Espaço ter.

Ser beijada por ele, ser tocada por ele e ser convidada pra dormir junto dele era mais do que Sakura poderia resistir. Apesar de ficar um pouco preocupada que os dois pudessem estar quebrando regras do hospital, a garota resolveu subir na cama dele enquanto ambos permaneciam em um beijo apaixonado. Logo Sasuke conseguiu se deitar e arrumá-la mais confortavelmente em seus braços. A garota tomou cuidado pra não se deitar em cima de algum tubo de forma a não interromper o soro e a medicação que ele ainda tomava direto nas veias. O espaço era limitado e logo ela se viu totalmente enrolada em Sasuke. Suas pernas estavam em um emaranhado com as dele. Os braços do garoto a seguravam firme ao seu redor. O cheiro dele já enchia suas narinas conforme ela se aninhava no peito dele. Sasuke enterrou seu nariz no cabelo do topo da cabeça dela, sentindo que enfim teria uma boa noite de sono naquele hospital.

Sakura dormiu quase imediatamente e Sasuke concluiu que ela de fato estava esgotada. Quando ele acordou do coma, lhe contaram tudo o que Sakura vinha fazendo naquele tempo. A princípio o garoto ficou com um pouco de raiva de si mesmo por fazê-la se doar tanto assim, mas ele não tinha culpa no que tinha acontecido e era bom tê-la por perto. E ali, em uma cama de hospital com a namorada precariamente ajustada em seus braços Sasuke percebeu que a amava demais. Mais do que poderia dizer ou sinalizar, mais do que se achava capaz de demonstrar. Mais do que poderia suportar e por um momento se desesperou ao imagina-la no lugar dele. O que ele teria feito se fosse ela a baleada?

A dor já começava a se instalar quando Sasuke viu no canto dos olhos alguém entrar no quarto. Já era bem tarde na noite, portanto ele concluiu que era uma enfermeira. De fato, Shizune havia entrado no quarto com uma prancheta em mãos e o susto dela foi visível quando a morena viu Sakura deitada junto com Sasuke. Instantaneamente os braços do garoto ao redor da garota se apertaram.

Shizune pôde perceber o ar possessivo que emanava ao redor de Sasuke; os negros olhos nunca deixavam de encará-la. Mas, além disso, Shizune conseguiu perceber que havia medo. Sasuke deveria estar com medo que ela fosse tirar Sakura dali. A enfermeira ofereceu um sorriso ao garoto para que este relaxasse. Ela nunca se atreveria a separar os dois; era fazer isso e causar um efeito tsunami no hospital. A morena se aproximou, ainda sob constante e desconfiada vigília de Sasuke, e puxou as grades laterais da cama, de forma que evitasse a queda de um dos dois. Se certificou que nenhum tubo estava obstruído entre outras checagens e se retirou do quarto.

Sasuke respirou aliviado. Ele já estava pronto pra lutar com a enfermeira caso ela se atrevesse a tirar Sakura dele. Se acomodou novamente ao lado dela e inalou seu perfume mais uma vez. Nenhum remédio no mundo faria mais bem a ele do que ela. Ela era tudo o que ele precisava pra ficar melhor. A sensação de tê-la nos braços tirava a mente dele da dor, do hospital, do Japão, da Terra. Seria assim casar com ela? Seria assim dormir toda noite com ela? Seria assim dormir com a garota depois de fazer amor com ela? Sasuke precisou se repreender quando imagens de Sakura em roupa íntima apareceram em sua mente; mal ele tinha voltado de um coma e já estava pensando besteira? Mas Sakura era tão linda e ele a amava demais pra ser capaz de não desejá-la. Permaneceu ainda longos minutos observando sua namorada dormir tranquilamente. Ele estava feliz por ter sido ele o atingido por aquela bala. Não suportaria perder Sakura assim. Ele preferiria morrer por ela.

Fim do cap. 12


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Notas finais do capítulo

Minna!

Finalmente mais um capítulo! Desculpem a demora, não era minha intenção deixar todo mundo enfartando na UTI, mas não teve jeito. Enfim capítulo mais curto que não saiu da mesma coisa, só pra poder atualizar mesmo. Já estou digitando o próximo que quero postar em uma semana, se der.

Daqui pra frente, há mais alguns acontecimentos que eu quero incluir nessa história, mas pode-se dizer que já podemos entrar no que seria uma reta quase final. Mais uns seis capítulos acredito e nós teremos acabado essa linda história (autora convencida xD). MAS, nada é certeza ainda. o/

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Até a próxima!