02 de Setembro, St. Canard, Califórnia.

Refeitório, Goode High School.

12:13 p. m.

As três meninas estavam sentadas lado a lado na mesa do refeitório da Goode. Viradas para entrada puderam ver Percy, Luke e Charles caminhando na direção delas e sentando-se a mesa instantes depois.

– Tá melhor? – Percy perguntou para a loira que estava sentada a sua frente.

– Sim. – ela disse com um meio sorriso. – Não era nada.

– Adivinhem quem voltou? – uma voz masculina disse alguns passos de distância da mesa deles e todos os seis viraram os rostos em direção à voz.

– Jason! – Silena exclamou mais espantada do que feliz com a chegada do loiro.

– Sim, eu. – ele disse puxando uma cadeira e a arrastando para a ponta da mesa, de frente para os seis colegas. – Estou de volta.

– E por que foi embora? – Silena falou novamente, soando um pouco rude. – Quer dizer, você não foi no enterro da Piper. – ela tentou concertar a frase.

– Já disse, meus pais me obrigaram a viajar. Para “espairecer dos problemas” daqui. Eu não queria sair. – ele disse e depois e uma pequena pausa completou: - Juro.

Todos os outros seis apenas permaneceram em silêncio. Em parte acreditando no que Jason dissera, em parte ainda desconfiando do que o loiro dissera.

02 de Setembro, St. Canard, Califórnia.

Casa dos Grace.

4:06 p. m.

Thalia entrou em casa e caminhou direto para o seu quarto, mas foi parada pela voz de seu pai vinda do escritório. Respirou fundo, retrocedeu uns passos e entrou no grande cômodo repleto de livros. Ela e o pai sempre tiveram uma relação estável, até que, dois anos após a morte da mãe dela ele decidiu arranjar namoradas para lhe fazer companhia e Thalia nunca aceitou isso muito bem e, desde então, sua relação com seu pai ficou um pouco mais conturbada.

– Sim? – ela disse na soleira da porta.

– Queria só lhe lembrar que teremos um jantar com Hera hoje. – ele disse.

– Teremos?

– Sim, teremos. – ele reafirmou a ideia e a menina revirou os olhos. – Escute, minha filha, eu sei que pode parecer estranho pra você mas você tem que entender que eu nunca vou substituir a sua mãe... – Zeus começou a falar mas não pode nem terminar pois a filha deu meia-volta e subiu as escadas correndo em direção ao seu quarto, se trancando lá assim que chegou.

Pegou seu celular e colocou no amplificador para tocar uma música e o som de Best Of You começou a soar no quarto. A Grace se deitou na cama e fechou os olhos apenas escutando a música quando de repente ela para de soar. A morena abriu os olhos quando escutou o barulho de uma nova mensagem chegando, explicando o porquê da música ter parado. Levantou-se da cama caminhou até o celular olhando a mensagem que havia chegado. Nela tinha escrito:

“Cansada de mais uma namoradinha do papai? Não se preocupe, ele não substituiu sua querida mamãezinha.

Ainda.

Xoxo.”

A vontade que Thalia fez foi jogar o celular pela janela, mas não conseguiu o fazer, apenas ficou estática observando a mensagem que acabara de chegar. Caminhou até a janela e observou a rua, procurando alguém que estivesse nos arredores da sua casa, mas nada achou, apenas crianças da casa da frente brincando num balanço de brinquedo.

02 de Setembro, St. Canard, Califórnia.

Gold Apple

8:13 p. m.

Nico ajeitou mais uma vez a gola da camisa branca que vestia antes de entrar no restaurante em que sua tia iria se encontrar com o “namorado”. Assim que entraram Hera disse seu nome para a recepcionista e a mesma guiou os dois para uma mesa no fundo do restaurante. Na mesa encontravam-se uma menina morena e o homem a sua frente, que levantou assim que viu os dois chegando.

– Olá Hera, - ele disse e Nico concluiu que esse seria o tal do namorado. – creio que você seja o sobrinho dela, certo?

– Sim, Nico di Ângelo. – o menino respondeu.

– Bom, essa é a minha filha, Thalia. – Zeus disse para Hera e seu sobrinho, indicando a menina que ainda estava sentada da mesa e que, a principio, não levantou, só o fez depois de um olhar discreto e rígido do pai. Então a morena levantou-se e cumprimentou os outros com um meio-sorriso vazio e sentou-se novamente.

Quando os quatro estavam sentados, Thalia de frente para o pai e ao lado de Nico, que estava de frente para sua tia, um garçom apareceu com quatro menus e entregou um a cada pessoa.

– Os senhores desejariam algo para beber agora?

– Ah, sim, duas taças de vinho tinto e... O que vai querer, minha filha?

Thalia pareceu pensar um pouco e depois disse para o garçom:

– Soda com vodka.

– Thalia! – Zeus a repreendeu e a menina dos olhos azuis o olhou como se quisesse perguntar o que havia de errado, apesar da mesma saber que havia feito um pedido um pouco “ousado”.

Depois de uma troca de olhares entre pai e filha e uma respiração bem funda de ambos os lados, a morena virou-se para o garçom e corrigiu:

– Ok, só a soda.

O garçom anotou e se virou para o menino ao lado da morena.

– E o senhor?

– O mesmo dela. – Nico respondeu. – Sem a vodka também. – ele deu um meio sorriso e o garçom assentiu anotando o pedido.

Depois disso o di Ângelo encostou-se à cadeira e olhou para a morena ao seu lado, que o observava intrigada. Deu um sorriso e ela retribuiu dando de ombros.

...

– Então, Nico, está gostando da cidade? – Zeus perguntou no meio do jantar enquanto todos se concentravam em seus próprios pratos.

– Ah, sim senhor, estou.

– Você não é daqui? – Thalia perguntou tomando mais um gole de sua Soda.

– Não. Cheguei faz um mês.

– Nico estuda na mesma escola que você – Hera disse e Thalia levantou as sobrancelhas para a mulher – Você estuda na Goode, certo?

– Sim... – a menina respondeu ainda olhando para e outra mulher – Eu ainda não te vi lá. – ela acrescentou para Nico.

– Ah, é. Eu tive que, hum, faltar esses dois dias. – ele respondeu com um gole de Soda e a morena assentiu.

...

– Oi Luke! – Thalia disse ao celular.

– Oi amor, como tá o jantar?

– Ah, você sabe, mais uma namorada irritante do meu pai.

– Eu sinto muito não estar ai, mas tive que ficar com meu irmão. – ele respondeu se referindo a Chaz, seu irmão mais novo.

– Eu sei, mas você nem iria querer vir. Tá o maior tédio aqui.

– Ela não tem nenhuma filha?

– Não. Só um sobrinho.

– Um sobrinho? Da nossa idade?

– Unhum.

– Hum... – ele disse e depois de alguns segundos falou - Espero que você esteja sentindo muito minha falta. Pelo menos eu estou.

– Eu também. Tenho que ir agora, o meu pai está me chamando.

– Ok. Te amo.

– Eu também te amo.

Dito isso a morena desligou o celular e voltou para a mesa onde seu pai a esperava junto com Hera e Nico. Por um momento sua consciência pesou por não estar sentindo tanta falta do namorado assim.

Não com um moreno misterioso daqueles ao seu lado.