Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Maior capítulo que eu já escrevi!
Demorei pra postar porque HOJE É O MEU ANIVERSÁRIO yeeey aí só agora que eu cheguei em casa...
Boa leitura.



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Nos próximos dias, eu e Rodrigo tentamos ao máximo pensar em como fariamos para tirar Camila dessa roubada. Parecia impossível pensar em algo! Era como uma porta trancada, a qual eu tinha perdido a chave.

Decidi parar de ir para o clube. Ver o Rodrigo com a Sarah não estava me fazendo bem. Além de ver os dois se beijando toda hora, estava ficando cada vez mais sem graça. Era sempre a mesma rotina. Porém depois de dois dias sem ir, recebi um telefonema.

– Alô, Juliana? Aqui é a Sarah.

– Oi Sarah, tudo bem?

– Bom, mais ou menos. Fiquei meio triste depois que eu percebi que você está me evitando.

– Eu não estou te evitando - menti - Eu preferi relaxar em casa esses dias.

– Vamos lá, Juliana, eu sei que você ainda está brava comigo. Por ter inventado aquela história pro Rodriguinho. Sobre o tapa que você me deu e tal.

– Nem lembrava mais disso - menti novamente.

– Me perdooa? Olha, eu não devia ter feito aquilo. É só que eu sabia que o Rodrigo ia ficar muito bravo comigo se soubesse que eu tinha te chamado de vadia. Eu amo muito ele, Juliana. Mas isso não é desculpa. Eu não achei que ele ia brigar com você e tudo. Eu entendo se você não querer mais falar comigo. Olha, amanhã vai ter uma festa na minha casa. Se você tivesse ido no clube ontem eu já teria te convidado. Enfim, se você me perdoa, vem na festa, combinado? Pensa aí. Beijos.

E desligou.

Eu queria perdoar Sarah. Afinal, o que ela fizera de tão ruim pra mim? Tá, ela havia me xingado. Mas já estava na hora de botar isso pra trás. E o que mais eu poderia culpa-la? Fazer meu melhor amigo feliz? Por isso que eu decidi ir para a festa dela no dia seguinte.

Camila também fora convidada. Chegou na minha casa umas horas antes para nos arrumarmos.

– Nossa, Ju, você nem imagina como foi difícil convencer meus pais de ir nessa festa! Eles não queriam me deixar ir de jeito nenhum. Sabe, está muito difícil conseguir algum tipo de liberdade esses dias. Eu não posso nem ir no banheiro sem perceber que algum deles está me espionando. Um dia desses eu testei uma coisa pra testar essa minha teoria. Deles estarem agindo como uns loucos. Enfim, eu fui lá na cozinha e peguei uma faca. Uma normal. Não demorou um segundo, lá veio minha mãe tirar a faca da minha mão! "Não queremos causar mais nenhum acidente, certo?".

– Caramba. Então como você conseguiu convence-los?

– Pois é, eu cheguei lá, calmamente e expliquei e tal. Eles me impediram na hora. Falaram que não dava mais pra confiar em mim. Eu implorei, chorei, atuei o meu melhor! Eles permaneceram firmes. Então eles perguntaram de quem era essa festa. Quando eu falei o nome e sobrenome da Sarah, eles me permitiram ir na hora! Foi muito estranho! Aí eu perguntei pra eles se eles conheciam ela ou algo assim. Eles disseram que não conheciam ela, mas conheciam os pais! Pelo jeito eles são muito influentes, viu. Minha mãe disse que o pai da Sarah é dono de uns trinta clubes pelo país! E que a mãe é uma estilista que pelo visto é super influente entre artistas!

– Nossa, não tinha nem ideia disso. Mas faz muito sentido. Por isso que tratavam eles tão bem lá no clube! O cara é o dono!

– Sim! E meus pais são amigos deles, Ju. Amigos! Nem sabia que os meus pais eram amigáveis. Bizarro. E, enquanto eles me contavam isso tudo, eu percebi que eles babam muito pelos pais da Sarah. Tipo, aposto que se eles falassem para os meus pais pularem de um penhasco, eles pulariam na hora.

Dei uma risada e foi como se eu tivesse finalmente achado uma chave que talvez destrancasse a tal porta. Eu só precisava testar pra ver se cabia.


Depois de nos arrumarmos, fomos até a casa de Rodrigo, já que iriamos pegar carona com ele. Ele estava sentado no sofá vendo as notícias na televisão. Ele parecia tão sério e tão adulto naquele terno preto. O cenho franzido. Cabelo desgrenhado pra variar. Gravata preta bem amarrada.


Seus olhos azulados perceberam nossa presença. Ele sorriu torto.

– Uau - disse ele, levantando-se - E não é que eu tenho as amigas mais gatas do mundo?

Ele nos envolveu com os braços.

– Fazer o que? - falei - Você é um cara sortudo.

Chegamos na festa as dez e pouco da noite. A casa ocupava todo o terreno, tenho apenas um jardim infestado de margaridas por trás. As pessoas estavam reunidas, em sua maior parte, na sala de estar, segurando seus copos meio vazios e dançando envergonhadamente com gestos discretos. O alcool ainda não havia feito efeito. Foi aí que eu percebi que havíamos chegado muito cedo.

Uma música com batidas futuristas tocava alto. Sarah viu nossa chegada. Veio nos comprimentar.

– Ai! Estou tão feliz que vocês estão aqui! - disse ela, com um sorriso gigantesco no rosto.

Foi ai que eu percebi o imenso decote que ela estava usando. Era realmente exagerado, daqueles que servem para mostrar tudo. E pelo jeito os outros garotos também estavam percebendo. Cara, eles babavam. E Rodrigo não era exeção. Quando eu vi ele, ele não conseguia tirar os olhos. Eu percebi que ele lutava contra, mas não conseguia. E ela adorava, batia os cílios postiços com frequencia e balançava o cabelo.

– Amor, será que daqui a meia horinha você pode me encontrar lá em cima? - falou Sarah, segurando a gravata de Rodrigo. Chegou perto do ouvido dele - Tenho uma surpresinha pra você.

– C-Combinado - gaguejou ele, sorrindo.

– Então, tem bebida aqui? - perguntei apressada, tendo uma vontade descontrolada de fazer alguma coisa em vez de ficar assistindo aquilo.

– Ah, claro! Ali, na mesa da cozinha. Só vou receber as pessoas, Rodriguinho. Meia hora!

Rodrigo ficou conversando com um amigo dele enquanto eu e Camila iamos na cozinha.

– Nossa, o que foi isso agora?! - disse Camila, rindo em seguida - Caramba, essa Sarah não sabe disfarçar. Nem tinha me tocado até agora que eles devem mó transar toda hora! Ou será que essa vai ser a primeira vez? Não sei... Nunca achei o Rodrigo o tipo de garoto safado, mas eu acho que ele é.

Enchi um copo até a borda e bebi de uma vez só. Minha garganta ardeu e eu apertei os olhos, de tão amargo.

– Opa, amiga, calma aí! - falou ela, afastando a garrafa de vidro - Caraca, eu sou uma idiota, desculpa! Esqueci que você gosta dele. Foi mal mesmo, esqueci.

– Que gosto dele o que?! Já superei.

Fiz um som de desprezo que saiu mais como um "Puf!" artificial e com cuspe junto.

– Percebe-se - respondeu ela, limpando seu rosto.

– É sério, Camila.

Fui rápida e peguei a garrafa. Enchi outro copo até a boca. Sai da cozinha apressada e esbarrei com um menino meio esquisito que usava as calças na altura da cintura. O copo caiu e derramou todo o líquido pelo chão de madeira.

– Pô, cara, minha bebida!

– D-Desculpa - disse ele, parecendo nervoso.

– Ah, tanto faz.

Rodrigo viu a cena se desenvolver e só depois veio até mim, rindo.

– Tu é desastrada demais!

– Ah, cala a boca - respondi, esbarrando nele de propósito.

Sarah desceu da escada nessa hora e roubou um beijo dele, o qual foi pego desprevenido.

– Vinte e cinco minutos - disse ela, indo para outro lugar.

Revirei os olhos e peguei uma garrafa de alguma bebida que estava perto de mim. Resolvi pegá-la só para mim. "Mereço ter alguma coisa SÓ pra mim!", pensei. Subi as escadas correndo e Rodrigo veio atrás de mim.

Um corredor de luzes acesas apareceu. Abri a primeira porta e havia um casal se beijando. Tomaram um susto quando eu abri a porta, mas quando viram que era somente uma "garota qualquer", voltaram a se beijar. A próxima porta dava para um cômodo que pelo jeito era onde a família via tevê. Decidi que eu ficaria lá. Tinha um grande sofá confortável.

Eu me sentei e logo Rodrigo ficou do meu lado. Dei um gole na bebida amarga.

– Juliana, você está bem? - perguntou ele, fitando-me.

– Claro que estou! Que tipo de pergunta é essa?

– Então por que você está surtando? Quer dizer, você nunca sai correndo pra beber ou pra fugir quando você está bem.

– Isso mostra como você não me conhece. Eu saio correndo bastante pra fazer muitas coisas, tá bem?

– Conversa comigo.

– Tô conversando. Vamos mudar de assunto. Então, quer dizer que você vai se dar bem daqui a vinte e cinco minutos, ein?

Tentei dar meu melhor sorriso brincalhão. Provavelmente saiu uma coisa bem falsa. Mas Rodrigo pareceu acreditar pois ele logo riu.

– Que nada. Sarah já fez isso antes. E quando eu fui ver a grande surpresa, era um laptop novo que os pais deram pra ela.

– Mas, hoje, meu amigo... - senti a bebida começar a fazer efeito - Hoje não a dúvidas do que ela quer. Quero dizer, você viu o decote dela. Não só viu, acho que eu até notei sair um pouco de baba da sua boca.

Começamos a rir, ele com a bochecha avermelhada.

– Não gosto quando me acusam de coisas que eu não fiz, Jujuba, não gosto mesmo!

– Me poupe - dei outro gole - Não sei como você não se incomodou com aquele decote. Falando sério. Se eu fosse você, não gostaria de ver minha namorada mostrando os peitos por aí.

Ele riu.

– Ah, sei lá. Eu acho que eu não sou ciumento, só isso.

Dei uma risada sarcastica e bem alta.

– Rodrigo, você nunca mentiu tão feio. Nunca! Rodrigo, quando a gente tinha 11 anos, você quase teve sua primeira briga com um menino de 16 só porque ele estava me oferecendo uma balinha. Você botou na cabeça que ele estava dando em cima de mim, e ele não estava! Você quase deu um soco no cara e olha que nós éramos apenas amigos.

– Mas eu era apaixonado por você na época.

Uma dor esquisita no coração me atingiu. "Na época".

– Sim mas... Você é apaixonado pela Sarah. Porque você não dá esses ataques de ciúmes com ela?

– Bom, porque... - ele parecia se esforçar mesmo em ter algo para responder - Porque...

– Rô, você é mesmo apaixonado por ela? - perguntei, sem acreditar que aquilo tinha saído mesmo da minha boca. "Alcool, seu sacana", pensei "Mas já que eu comecei a falar merda, vou terminar" - Quer dizer, você tem certeza que não está apaixonado por outra pessoa?

Um silêncio torturante começou e segundos começaram a parecer dias vagarosos se passando. Rodrigo estava com o cenho franzido. Eu não conseguia parar de olhar para seus lábios.

– Eu não sei - respondeu ele - O que você acha?

Não sabia como responder aquilo. Na verdade, sabia o que eu queria falar. Queria dizer que eu esperava que ele também estivesse apaixonado por mim porque eu já estava cansada de chamá-lo apenas de amigo e de ver os dias passando sem eu estar nos braços dele. E que eu esperava que ele sentisse o mesmo porque cada segundo que eu ficava do lado dele parecia uma eternidade que eu amava e odiava ao mesmo tempo. E que eu só conseguia pensar em como que eu queria sentir o sabor da boca dele mais uma vez.

– Acho que você tem que ser corajoso e arriscar as vezes.

A porta abriu num estrondo e um garoto de cabelo comprido entrou de mãos dadas com uma garota mais baixa.

– Opa, desculpa. Não sabia que tinha gente dentro.

Ele encostou a porta e saiu. Comecei a ouvir a música eletrônica que vinha debaixo.

– A gente deveria descer - respondi, levantando-me do sofá.

Ele hesitou por um segundo e depois se levantou também. Descemos as escadas sem trocar uma palavra. Ele abriu a boca para falar alguma coisa, mas Sarah chegou antes, dando-lhe um beijo e gritando:

– Vinte minutos!

Dei as costas e fui até Camila. Ela estava cercada por uns meninos do primeiro ano, então não consegui me infiltrar no grupo.

Bebi mais a bebida. Senti-me animada e euforica. Fui dançar com os desconhecidos. A música fazia alguns móveis vibrarem. Senti alguém me cutucar.

– Hello! - gritei, ao ver quem era - Bruno! Quanto tempo!

– É, eu sei! Como você tá?

– Ma-ra-vi-lho-sa - soletrei - E você?

– Estou bem melhor.

– E aí, tá namorando?

– Na verdade estou... - respondeu ele, sorrindo - E você?

– Não - soltei som de desprezo novamente - Ninguém me quer!

– Isso não é verdade. Eu posso te apresentar pra um amigo meu, se você quiser...

– Nananinanão. Tá namorando com quem?

Uma música engraçada, meio mexicana, começou a tocar. E lá fui eu, dançar como uma demente. Obrigada, alcool.

– Eu estou namorando a Amanda, na verdade.

Eu comecei a tossir, sem motivo nenhum. Uma tossida que precisou de tapinhas nas costas e água para ajudar.

– Você tá bem? - perguntou ele.

– Tô mara-vi-lho! - soletrei errado. Parece que quando eu bebo, eu fico com menos neuronios - Eu acho que eu só me assutei. Como assim, vocês dois juntos?! Isso é bem legal, na verdade. Ela não veio pra essa festa não?

– Claro que veio, a Sarah convidou Deus e o mundo. Ela está ali ó - apontou para minha direita - Ela tá conversando com uma amiga dela.

– Uau, ela está linda - realmente estava.

– Eu sei. Ela é maravilhosa. Eu estraguei as coisas com a Camila mas agora eu aprendi a minha lição.

– Vocês já conversaram?

– A gente só sorriu um pro outro.

– Vocês deveriam conversar.

– E você e o Rodrigo? Estão de bem um com o outro?

– Hm... Estamos. Como assim, você achou que não estavamos?

– Ué, vocês brigaram porque você deu um tapa na Sarah. Não é?

– Como você sabe disso?

– Ah, toda a escola sabe. Boatos. É verdade que você também deu um soco nela e depois bateu a cabeça dela contra a parede?

– O que? Não! Não mesmo! Foi só um tapa inocente, porque ela me xingou e eu fiquei com raiva.

– Opa. Sabe como é, as pessoas vão contando a fofoca e acaba que aumenta a coisa demais. Então, também é verdade que enquanto você e o Alex namoraram, você traia ele com o Rodrigo? Diga que sim, sempre torci pra vocês ficarem juntos! Quer dizer, o cara é louco por você.

– Oi? Que mentira! Eu nunca trai o Alex, ele que é o traidor da história! E que história é essa do Rodrigo? Ele não é louco por mim. Era. Passado. Ele me disse que parou de gostar de mim quando eu comecei a namorar o Alex. E como assim, até você sabe que ele gostava de mim?

– Dã. Eu tenho olhos, Juliana. Qualquer pessoa sã consegue ver que o cara é doido por você.

– Ele tá com a Sarah! - falei com mais raiva evidente do que queria demonstrar.

– Você está vermelha? - estava mesmo. Sentia minhas bochechas queimarem. Tentei esconde-las - Espera. Para tudo. Você gosta do Rodrigo. Caramba, você gosta dele!

– E-Eu não gosto! Cala a boca!

– Olha ali o Rodrigo!

– Onde? - falei, apressada.

Ele começou a gargalhar. Foi aí que eu percebi que ele havia me enganado. Empurrei-o, envergonhada.

– Depois dessa, você não tem mais argumentos.

– Eu não gosto dele, você está delirando.

– Juliana, eu e você não nos conhecemos direito mas isso você pode me contar. Eu não vou espalhar, prometo.

Eu estava mesmo quase explodindo por esconder isso de todos.

– Tá, tá, eu gosto dele. Muito.

Bruno sorriu, satisfeito e me levou até um sofá.

– Mas não conta pra ninguém, por favor! - implorei.

– Relaxa. Seu segredo está salvo comigo. Mas só me responde uma coisa: por que vocês ainda não estão juntos?

– Que tipo de pergunta é essa? Ele está com a Sarah.

– E daí?

– Você é retardado, Bruno? Ele está comprometido. Ele tem namorada. Ele não está disponível. Entendeu ou preciso desenhar?

– Juliana, você é a garota mais lerda e cega que eu já vi na minha vida, sem brincadeira!

– Ei!

– Não, tô falando sério. Você é impressionante. Parece que você tem algum bloqueio na sua cabeça que te impede de enxergar as coisas. Juliana, ele não é apaixonado pela Sarah.

– Como você pode afirmar uma coisa dessa?

– Porque é obvio. O jeito que ele te olha... É um olhar cheio de ternura. Ele te protege. Porque você acha que ele não se declarou quando você estava namorando o Alex? Porque ele sempre quer seu bem. Ele sabia que o Alex ia te magoar, mais cedo ou mais tarde, mas ele ficou quieto porque ele sabia que, naquele momento, Alex lhe fazia feliz. Isso é amor verdadeiro. E nem tente me convencer que ele é assim porque ele é seu amigo, por que isso é a maior ilusão! Naquela época que vocês brigaram e ele começou a passar o recreio jogando futebol comigo... Cara, ele tava destruído. Estou falando sério, Juliana. Ele estava infeliz demais. Simplesmente por você estar longe dele. E simplesmente por você estar com um cara que não te merecia. Ele me contou sobre ser apaixonado por você desde pequeno. Eu nunca, Juliana, nunca vi alguém amar tanto. Ele é completamente apaixonado por você. E a Sarah, por mais maravilhosa que ela seja, nunca poderia fazê-lo esquecer você tão facilmente. Ele diz que te esqueceu quando você começou a namorar o Alex mas é mentira. Esse foi apenas o período que ele tentou com mais força te esquecer. Eu posso estar falando só merda, mas eu acredito realmente em tudo isso que eu te contei agora. Eu acho que ele só começou a namorar a Sarah pra preencher esse vazio que ele tinha no peito. Pena que esse vazio só pode ser preenchido por você.

Fiquei paralisada olhando para a frente. Se aquilo era realmente verdade, será que significava que...

– Então você acha que ele ainda gosta de mim?

– Porra, tu é lerda. Mas, sim, Juliana, eu acho.

– Você acha que eu deveria contar?

– Acho. Com certeza. Você só tem a ganhar. Vai, minha filha, corre! Conta pra ele!

Eu me levantei e decidi ir mesmo. Olhei para o relógio: faltava um minuto para a tal "surpresa" da Sarah. Fiquei nervosa e sai correndo.

Escorreguei no chão e caí de quatro. Sentia-me zonza por causa da bebida. "Merda, porque eu tinha que beber tanto?", reclamei por pensamento.

Amanda me ajudou a levantar.

– Juliana! Que bom te ver! - abraçou-me com força e demora.

Vi Rodrigo subindo a escada. Meu estômago embrulhou.

– É bom bom te ver. Tudo bem com você? Legal. O Bruno me falou que vocês estão juntos. Que máximo. Novidades? Não? Eu também não. Poxa, acabou o assunto, tchau, tenho que ir.

Falei isso com tanta rapidez que ela ficou assustada.

– Hey, espera aí, colega! O que você tem que fazer com tanta pressa?

Bruno chegou nessa hora.

– Oi, amoreco! - falou ele, beijando Amanda - A Juliana está com pressa, deixe-a ir.

– Mas eu queria...

– Tchau, galera - gritei.

Subi as escadas com pressa e fiquei feliz por ter conseguido chegar lá. Só vira Rodrigo subindo as escadas, logo presumi que iria pegá-lo sozinho no quarto, pronto para ter uma longa conversa.

Ao chegar na frente da porta, comecei a ficar em dúvida. "O que eu estou fazendo? Como eu posso começar essa conversa? 'Oi, então, eu estou apaixonada por você e espero que você sinta o mesmo porque um cara que nem é tão seu amigo me convenceu que você é louco por mim. Que tal você terminar com a sua namorada linda e maravilhosa para ficar comigo? Ótimo, então vamos nos beijar agora!'". Não podia fazer isso. Não dava para ser assim. As coisas não eram tão fáceis.

Estava decidida de voltar para baixo, quando uma frase me atingiu: "Ele é completamente apaixonado por você". Uma nova energia percorreu o meu corpo, dando-me confiança o bastante para fazer meu próximo movimento. Rodei a maçaneta e abri a porta de supetão.

– Rodrigo, eu preciso te falar uma coisa. Eu...

Calei a boca. Fiquei paralisada. Tudo aconteceu em segundos mas para mim parecia que estava acontecendo em câmera lenta. Uma visão torturante e que me fazia sentir o que parecia mil facadas no coração.

Quando entrei no quarto, Sarah estava por cima de Rodrigo, beijando-o com força e sujando sua boca com batom vermelho. Rodrigo estava sem camisa, apenas com a calça. E Sarah estava sem nada, apenas com sua calcinha fio-dental cor de rosa. Quando eles perceberam que eu estava lá, pararam imediatamente o que estavam fazendo e me olharam. Rodrigo me olhou tremendamente assustado, ofegando. Seu cabelo mais bagunçado que o costume. Sarah me avistou e correu para esconder seu corpo nu. Ela pareceu com um pouco de raiva por eu ter interrompido o momento.

Uma parte de mim já sabia que eu podia ver aquilo. Mas era uma parte ignorada por causa da outra parte: a iludida, enganada pelas palavras aconchegantes de Bruno, crente que ia fazer tudo dar certo, pela primeira vez.

Eu via eles se beijarem todos os dias mas aquela vez foi a que mais doeu. Porque acreditava mesmo que ele estava apaixonado por mim. "Se ele realmente estivesse", pensei ", não estaria agora quase transando com uma garota que ele nem gosta".

Meus olhos encheram de lágrimas, inevitalmente, por isso virei o rosto e falei:

– Desculpa, eu não sabia que vocês estavam aqui. Desculpa.

Antes de fechar a porta com pressa, dei uma olhada em Rodrigo. Cara, como doeu. Ele ainda estava com a respiração rápida e com o olhar assustado. Repeti, baixinho, para mim mesma:

– Desculpa.

Fechei a porta e entrei no primeiro banheiro que achei. Andei de um lado para o outro, sem saber muito o que ia fazer. "Vou voltar pra festa, sorrindo, como se nada tivesse acontecido", planejei mentalmente "Eu vou ficar bem. Vamos lá, Juliana, você sabe que não existe final feliz".

Comecei a chorar. As lágrimas salgadas percorriam meu rosto e caiam no chão. Uma dor na testa terrível começou. Coloquei a mão no rosto e berrei. Tentei abafar meus gritos com uma toalha seca que estava pendurada.

Olhei para o espelho e odiei a imagem refletida. Meu rosto estava borrado pela maquiagem. Tentei ajeitar mas aí eu chorava mais e borrava tudo de novo. Pensei "que se dane" e desci. Sai da casa o mais rápido que pude. Mandei uma mensagem para Camila dizendo que estava passando mal, por isso estava indo pra casa. Ela respondeu pedindo pra eu voltar e perguntando como que eu ia voltar, já que nossa carona era o Rodrigo. Não respondi. Eu só queria ficar sozinha. Sozinha para sentir aquela dor excruciante sem ninguém me atrapalhar.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor!!! É meu aniversário :(