Último Romance escrita por Marina R


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Capítulo mais romântico que o normal haha eu acho pelo menos... Boa leitura ♥



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O acidente de Rafael mexeu com todo mundo, de um jeito ou de outro. Rodrigo tornou-se muito mais presente. Camila começou a ser cuidadosa e carinhosa. Leandro sumiu do mapa. E Sarah começou a querer fazer amizade com todos nós. Só que ela fazia isso do jeito errado (ou certo?).

Sarah era sócia de um clube maravilhoso perto do limite da cidade, um que era famoso por suas piscinas imensas e deliciosas de águas frescas. Também famoso por ser extremamente caro. Camila já fora sócia de lá, mas seus pais pararam de pagar depois que perceberam que ela só ia lá para paquerar. No dia seguinte do acidente de Rafael, Sarah enviou um e-mail para todos nós, convidando-nos a ir se juntar a ela nesse tal clube. Eu tinha certeza que tinha a ver com o acidente.

Liguei para Camila para ver se ela ia.

- Vamos na cafeteria perto da sua casa. Vamos conversar - respondeu ela.

Ao chegar no lugar, Cam já estava sentada de pernas cruzadas, lendo uma revista grossa. Chamou meu nome quando me viu.

- Já pedi um café pra mim. Desculpe, não te esperei porque eu preciso logo de algo pra me acordar.

- Noite sem dormir?

- Eu não consegui. Toda vez que eu fechava o olho ou o Rafael se mexia, ou eu lembrava da cena... Ai que cena terrível.

- Antes de você sair ele acordou?

- Ah, sim, acordou. Ele está bem. A enfermeira disse que ele se recuperou bastante pela noite.

- Ele te viu?

- Viu - disse ela, sorrindo - Tão fofo. Ele ficou bem surpreso que eu passei lá pela noite. Soltou até uma piada "Sempre soube que eu era desastrado, mas dessa vez fui até demais".

Queimei minha língua ao dar o primeiro gole de café. Decidi esperar este esfriar.

- Ju - continuou Camila - Eu queria te ver hoje para eu me desculpar. Você estava certa. Cem por cento certa, o tempo todo. Eu não acreditei no Leandro. Quando eu vi ele te agarrando... Primeiro eu fiquei aterrorizada. Depois eu fiquei com ódio de mim por ter me envolvido tanto com um cara tão ridículo... Mas eu te culpei porque... Eu sabia que a gente podia voltar a ser amiga. Mas com ele a coisa era diferente. Ele era especial, Ju. Ele foi a minha primeira vez... Doeu tanto perceber que eu não era importante pra ele. E ainda por cima ele confessou mais tarde. Confessou que ele que tinha te beijado, e ainda terminou comigo. Ele foi tão maldoso, falou que eu não era mulher suficiente, era apenas uma pirralha que só serviu como passa-tempo - ela bebeu o resto do café de uma vez e me olhou, bolsas arroxeadas em baixo dos olhos - Eu só queria me desculpar. Eu não acredito mesmo em nada daquilo que eu falei pra você ontem. É tudo mentira, Ju. Sério. Você é uma das garotas mais fortes que eu te conheço, bem mais forte do que eu, inclusive... Eu só gritei por causa dessa história do Leandro e porque eu percebi que você estava indo tão bem sem mim...

- Foi só impressão, Cam - falei - Sério. Eu não estava bem. Claro que te desculpo, amiga.

Nos abraçamos e começamos a conversar sobre outra coisa. Meu café já havia esfriado, então tomei-o com prazer. Apesar do episódio do dia anterior, Camila estava feliz. Pelo menos parecia.

- Você recebeu o e-mail da Sarah? - perguntei.

- Ah, sim. Mas eu não vou. Tenho que cuidar do Rafa. Você vai?

- Hm, agora eu não quero mais não... Quer dizer, uma tarde inteira servindo de vela para um casal? Não, obrigada.

- Que isso, Ju! Aproveita e arranja um gatinho pra você no clube. Você sabe que lá tem vários. Olha o horário! Tenho que ir amiga. Vai com aquele biquini tomara-que-caia lindo que eu te dei a uns tempos atrás. Tchau!

Camila deu um beijo rápido em minha bochecha, pagou seu café e se foi. Decidi ir para o clube. Ela estava certa. Apesar que eu não estava afim de arranjar nenhum garoto. Mesmo o Alex sendo uma grande parte da minha vida que eu tinha vontade de deletar, ele foi importante para mim numa época. Meu coração já tinha se recuperado, mas ainda estava frágil, ainda não estava pronto para ser machucado novamente.

Depois de me vestir e arrumar uma bolsa com as coisas necessárias, fui para a casa de Rodrigo. Entrei no quarto sem avisar e ele estava trocando de roupa.

- Opa, desculpa! - falei, virando o rosto.

Ele riu.

- Calma, Juliana, eu não estou pelado.

Abri os olhos. Rodrigo estava com uma bermuda azul e cinza. Já havia visto ele sem camisa, mas pela primeira vez eu parei para notar o quanto que ele era forte. Ele não era muito musculoso, mas estava longe de ser um magrelo sem nada. Era a quantidade perfeita. Assustei-me quando eu percebi meus olhos analisando cada parte de seu corpo.

- Você anda malhando, ein? - falei, sem pensar.

Ele riu alto e eu fiquei vermelha por isso.

- Obrigada - disse ele.

Eu balancei a cabeça e me sentei em sua cama. Rodrigo colocou uma camisa branca e se sentou do meu lado.

- Eu sei que você não gosta da Sarah. Por isso que eu quero te agradecer por estar indo. Obrigada por dar a ela uma segunda chance. Ela ficou muito feliz quando você aceitou o convite.

- Ah, que bom.

- Eu acho que vocês podem ser grandes amigas.

- Wow - falei rindo - Vai com calma, rapaz.

- É só porque... É muito importante pra mim que você goste dela. Você é minha melhor amiga e ela é a minha namorada... Seria bom se vocês se dessem bem.

- Tá bem, colega. Vou fazer de tudo pra ser amiga dela. Feliz?

- Feliz - e sorriu.

Sarah chegou alguns minutos depois, e foi aí que eu percebi que eu estava indo simples demais. Tá, era só um clube. Eu estava vestida com um vestido floral largo, fácil de tirar, já que já estava com o biquini por baixo. Sarah usava um grande chapéu e óculos escuros, um maiô decotado, e um short jeans curto. E para terminar, um salto alto não-tão-alto. Entrou no quarto gritando meu nome, vestindo um sorriso branco e sincero. Abraçou-me com um braço, já que o outro segurava sua bolsa de marca. Deu um selinho na boca de Rodrigo. Chamou-nos para baixo, já que seus pais estavam esperando.

O carro dela era preto e grande. Bancos de couro e cheiro de carro novo. Nos bancos da frente, os pais dela estavam sentados. O pai tinha voz de locutor, e a mãe parecia uma socialite americana. Sarah me apresentou a eles e Rodrigo os comprimentou cheio de charme e piadas internas.

Demorou um pouco até chegar no clube. Eu fiquei calada neste tempo todo, já que todas as conversas eram direcionadas ao Rodrigo. Ele parecia uma celebridade com toda aquela atenção. E ele parecia amar aquilo tudo. "Como está sua mãe? Você e a nossa filha deveriam viajar juntos! Quais são as novidades? Vimos tal coisa em tal lugar e lembramos de você! Você já foi em tal restaurante?".

Quis perguntar à Sarah o que o pai dela fazia da vida pois, quando nós chegamos, todos trataram ele como o homem mais importante do mundo. Ele tinha uma parte do clube exclusiva, uma embaixo de uma árvore e com uma visão geral do clube.

- Sua cerveja mais cara e três porções de batatas-fritas - pediu ele a um garçon. Virou-se para mim - Eu sou louco por batata-frita. Eles fazem a melhor da cidade aqui.

E realmente faziam. Depois de eu me deliciar com aquela fritura, quis entrar na piscina. Sarah ainda queria se esquentar no sol, então só Rodrigo veio comigo.

Tirei meu vestido e ele tirou sua camisa. Foi como se o clube nos transformasse em crianças novamente. Corremos até o tobogã mais alto, um vermelho cheio de voltas. Ele ria com a minha falta de jeito. Apostamos quem chegava ao topo primeiro. Se eu não fosse tão destrambelhada, ganharia. Ele desceu no tobogã e mesmo o homem insistindo que eu deveria esperar até que ele chegasse ao fim, eu desci logo depois do Rodrigo. Ouvia a risada dele longe enquanto eu escorregava.

No final eu peguei impulso demais e acabei caindo na piscina quase que simultâneamente que Rodrigo. Mergulhei na água gelada e consegui ver ele, destorcidamente, nadando para perto de mim. Gargalhamos ao chegar na superfície.

- Isso foi divertido - falou ele, tirando o cabelo molhado da testa - Lembra de quando nós éramos pequenos? Todo verão era assim. Indo de clube para clube, vendo filmes no fim da tarde, comendo nossos picolés caseiros de manga que tinhamos tanto orgulho de fazer.

- Nossa, nem me lembrava disso! É verdade, lembra que nós diziamos que um dia iriamos abrir uma soverteria? Cara, a gente só colocava suco de manga dentro de uma forminha e já pensava em virar administradores de um lugar.

- Essa ideia ainda está de pé para mim. Quer dizer, era um bom picolé!

- Era mesmo.

Rimos juntos.

- Nossa infância foi incrível - ele disse.

- Realmente foi.

- Eu tenho uma ideia. Que tal hoje, quando nós voltarmos do clube, formos fazer um picolé e depois ver um filmes? Em nome dos velhos tempos.

- Não é uma má ideia. Combinado.

Sarah gritou para chamar nossa atenção. Acenou e entrou na piscina, fazendo caras e bocas por causa do gelo da água.

- Ai! - disse ela - Que frio! Ai, ai! Vamos para a piscina aquecida, gente, por favor! Além dessa água estar super fria, só tem criança aqui. Vem, Rodriguinho. Vem, Juju!

Nadamos mais um pouco, almoçamos petiscos, tomamos um banho e fomos para casa. Lá pelas seis da tarde, Rodrigo estava batendo na porta do meu quarto.

Pegamos as forminhas de plástico, já velhas, e colocamos suco de manga até a borda. Por último, colocamos palitinhos dentro e botamos no congelador.

Fomos para a casa dele ver um DVD, já que ele que tinha as melhores coleções de filmes, e já que ele que tinha a maior televisão nas duas famílias. Valéria, mãe do Rô, fez pipoca doce para nós. Pena que esta terminou nos primeiros dez minutos do filme.

Lá pela metade do filme, algo estranho aconteceu. Eu me aninhei nos braços do Rodrigo. Não há nada de estranho nisso, já havia feito diversas vezes. A diferença da vez é o que aconteceu dentro de mim. Meu coração palpitou e eu não consegui prestar mais atenção no filme. Só conseguia ouvir o coração dele batendo. Só queria sentir o cheiro dele. Analisar o braço dele, o qual estava perto de mim, e tinha veias saltando. Notar seu calor.

- Quando você era apaixonado por mim... - falei, sem acreditar que estava falando realmente aquilo. Calei-me.

- Continue - disse ele, pausando o filme.

- É besteira.

- Ju.

- Tá. Na nossa última briga, você disse que eu virei uma menina superficial... Foi por isso que você parou de ser apaixonado por mim?

- Bom, não... Eu parei quando eu percebi que eu tinha que algum dia seguir em frente. Não dava para eu continuar com aquilo. Era obvio que você nunca ia corresponder. Percebi isso só quando você e o Alex começaram a namorar. Eu sei, eu demorei.

- Você... Você ainda acha que eu sou superficial? Você ainda acha que eu sou uma vadia? Quer dizer, você disse isso, lembra?

- Não! Não acho, Ju, claro que não. Eu não achava isso nem quando falei. Eu só estava bravo.

- Bravo porque eu dei um tapa na Sarah?

- Também.

- Pelo o que mais, então?

- Acho porque você tinha beijado o Liam.

"Mas ele já namorava a Sarah quando eu fiz isso. Ele disse que parou de se apaixonar por mim quando eu comecei a namorar o Alex. Será que ele ainda gostava de mim mesmo namorando a Sarah?", pensei "Por que essa conversa está me deixando tão nervosa?"

- É porque eu te considero minha irmãzinha, Ju - apressou-se em dizer - Qualquer cara com você... Eu fico preocupado de te magoar.

"Claro", pensei, estranhando a decepção que veio com isso.

Vimos o resto do filme e eu acabei adormecendo, sem perceber.

Acordei as oito da manhã. Levei um susto ao perceber que estava abraçando ele. Seu rosto estava muito perto do meu, mas eu não me incomodei. Ele parecia um anjo dormindo. Apreciei seu rosto encantador e comecei a acaricia-lo; não resisti. Isso fez ele despertar. Fingi estar dormindo.

Ouvi ele bocejar. Ele tirou seu braço debaixo de mim cuidadosamente. Senti o peso da cama diminuir, logo suspeitei que ele havia levantado. Decidi fingir estar acordando.

- Ah, bom dia - disse ele - Não queria ter te acordado.

- Tudo bem - falei, espreguiçando-me.

- Vamos tomar café da manhã?

Tinha algo adorável em Rodrigo pelas manhãs. Algo a ver com os seus olhos semicerrados por causa da claridade, ou seu cabelo bagunçado e despenteado. Provavelmente as duas coisas juntas.

- Vamos.

Então Rodrigo passou o braço em volta de mim, encostou sua cabeça na minha, e eu soube: eu estava apaixonada por ele.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que vocês acharam? :)