Batman e Sub-Man - Dupla Imbatível escrita por Goldfield


Capítulo 2
Capítulos 2 e 3




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Capítulo 2

Interrogações.

O sol nasce no horizonte.

Em seu apartamento, o criador de histórias em quadrinhos Josh Remington, outrora conhecido como Luck Peterson, tenente da polícia de Metro City, saía do quarto após ter terminado de se vestir. Depois de contemplar brevemente os edifícios do centro da cidade através de uma janela, a campainha tocou, como de costume.

Josh sorriu. Sem pressa, caminhou até a porta do apartamento, abrindo-a num bocejo. Assim como ocorria todas as manhãs, era a bela e graciosa jornalista Ana Newton que o visitava.

–         Bom dia, meu amigo! – saudou ela em tom amável. – Por acaso eu o acordei?

–         De maneira alguma, Ana! Minha manhã estaria incompleta sem sua visita!

–         Ora, isso é uma cantada? – riu a repórter. – Você sabe muito bem que sou uma mulher compromissada!

–         Sub-Man, sempre o Sub-Man... – murmurou Remington fingindo descontentamento em relação ao seu “alter ego”. – Mas e então? Que novidade a melhor jornalista do Metro City Times traz para mim hoje?

–         Uma manchete quentíssima, em contraste com o conteúdo! – respondeu Newton, estendendo na direção de Josh um exemplar do Metro City Mirror, jornal rival daquele para qual trabalhava. – Odeio fazer com que as pessoas leiam a concorrência, mas você, que assim como eu gosta dessas coisas estranhas, precisa dar uma olhada nisto!

O ex-tenente apanhou o jornal. Na primeira página, em letras chamativas, lia-se a seguinte manchete:

Crime abaixo de zero! Museu é roubado e seguranças transformados em picolés!

Logo ao lado havia uma foto retratando duas estátuas de gelo que um dia foram guardas. Perplexo, Josh disse a Ana, enquanto lhe devolvia o exemplar:

–         É realmente intrigante... Até bizarro, eu diria! A polícia suspeita de alguém?

–         Sim, eles têm um suspeito. Chama-se “Sr. Frio”. Sempre ataca com armas congelantes, roubando pedras preciosas. Desta vez a jóia furtada foi o Coração de Gandhir, um diamante caríssimo que pertenceu a um marajá indiano do século XV. O estranho é que esse bandido nunca agiu fora de Gotham City antes...

–         Gotham City? Aquela cidade localizada alguns quilômetros ao norte daqui?

–         Exatamente. Parece que ele fugiu há dois meses do Asilo Arkham, uma instituição criada para a reabilitação de criminosos. O chefe Farfield pedirá auxílio a alguns policiais de Gotham para capturar esse maníaco!

–         Serão policiais normais? Ouvi falar que um “morcego humano” metido a justiceiro vaga pelos telhados daquela cidade toda noite em busca de meliantes para deter!

–         Uma mera lenda urbana...

–         Assim como o Sub-Man? – provocou o criador de histórias em quadrinhos.

Ana franziu as sobrancelhas, respondendo com os braços cruzados:

–         Você tem o dom de me irritar, sabia?

–         Sério? Fico lisonjeado!

–         Bem, preciso ir ou acabarei atrasada para o trabalho! Até logo!

–         Até!

A repórter se distanciou pelo corredor, ao mesmo tempo em que Josh voltava para dentro de seu apartamento, fechando a porta. Pensou em como Ana reagiria se descobrisse que o amigo com o qual conversava todas as manhãs era na verdade o Sub-Man, seu amado e protetor número um de Metro City. Seria ele capaz de algum dia revelar a ela sua dupla-identidade?

Com tais reflexões em mente, o ex-policial se assustou ao ver Blenda Baker, mais conhecida como Mulher Atômica, sentada sobre o sofá da sala, trajando seu uniforme azul e amarelo, com o símbolo de perigo radioativo no peito. Remington não fazia idéia de como ela havia entrado no apartamento.

–         Puxa, por acaso você é uma ninja, Blenda? – perguntou Josh.

–         Estou aperfeiçoando minhas técnicas de infiltração! – respondeu a jovem num leve sorriso, levantando-se do móvel. – Estou aqui em nome do chefe Farfield. Ele pediu que o Sub-Man ajude a polícia na caçada ao “Homem-Frigorífico”!

–         Mais um trabalho para mim, “O Vingador”... – murmurou o ex-tenente. – Só espero que Metro City não acabe invadida por criminosos de outras cidades... Que esse tal “Sr. Gelado” seja o primeiro e único! Aliás, ele se arrependerá do momento no qual deixou Gotham City...

–         Com a minha ajuda, é claro! – acrescentou Baker, dando uma risadinha.

Enquanto isso, nos arredores de Gotham City, a luz do sol matinal penetrava pelas janelas de uma bela e ampla residência localizada no alto de uma colina. Tratava-se da Mansão Wayne. Dentro dela, mais precisamente numa luxuosa sala de jantar, Bruce Wayne, dono da propriedade e de um próspero conglomerado de indústrias herdado dos pais, tomava calmamente seu saboroso café da manhã.

Após beber um gole de café, o milionário apanhou um exemplar do Gotham Globe, o principal jornal da cidade, que estava sobre a mesa. Um tanto perturbado, leu a seguinte manchete, impressa em letras garrafais:

Química ACE invadida e vigias mortos cruelmente! Um novo criminoso em Gotham?

Num suspiro, Bruce colocou o jornal novamente sobre o móvel, fitando o teto. O que ele, como Batman, vira no local do crime aquela madrugada com certeza não havia sido nada agradável. Um dos seguranças fora vítima de um ataque com algum tipo de ácido, tendo boa parte de seu corpo derretido. Devido a isso, os principais suspeitos seriam o Coringa e o Duas-Caras, mas ambos estavam incapacitados de cometer crimes quando tudo ocorreu. Assim como o Gotham Globe anunciara, provavelmente havia um novo meliante agindo na metrópole.

–         Dormiu bem, patrão Bruce? – perguntou Alfred, o mordomo da mansão, entrando na sala com um espanador numa das mãos.

–         Não muito... – respondeu Wayne, depois de morder uma maçã. – Não consigo tirar da cabeça aquele crime na Química ACE... Preciso descobrir sem demora quem matou aqueles guardas tão covardemente!

–         O patrão deveria pesquisar algo sobre o modo de ação desse bandido no computador da Bat-caverna. Foi um crime incomum, algo me diz que o responsável já agiu antes, fora de Gotham!

–         Você está certo... Mas só poderei fazer isso depois daquela reunião com os executivos da empresa! Apesar de ser um fardo, tenho que arcar com os compromissos de Bruce Wayne durante o dia...

–         Lembre-se que mesmo dedicando sua vida e fortuna a combater o crime, as Indústrias Wayne devem ser uma de suas prioridades! É o patrimônio que seus pais lhe deixaram, e deve zelar por ele!

Bruce terminou sua xícara de café e se levantou da cadeira, caminhando até a saída da sala. Porém, antes de deixá-la, voltou-se para Alfred e disse, em tom um tanto amargo:

–         Se não fosse por um assaltante de rua chamado Joe Chill, anos atrás, meus pais ainda estariam aqui para me ajudar a administrar todos esses bens que me pertencem. Eu preciso vingá-los, Alfred, impedindo que outros inocentes sintam a dor que senti naquela noite, envolvido pelas trevas daquele beco. Essa é minha vida, por mais que eu finja ser outra pessoa!

E, a passos firmes, Wayne desapareceu por um corredor.

Algum lugar na zona industrial de Metro City.

O local era congelante. Tratava-se do freezer de um armazém, onde se encontravam inúmeras caixas com produtos em conserva. Porém, em tal local inóspito, onde apenas funcionários devidamente protegidos contra o frio poderiam entrar, um indivíduo trajando uma espécie de armadura caminhava ao redor, extremamente à vontade, como se ali fosse sua própria casa.

–         Foi bom termos encontrado este lugar para usarmos como esconderijo provisório! – exclamou o sujeito, conhecido como Sr. Frio, num sorriso maléfico.

–         Até quando ficaremos nesta cidade, chefe? – perguntou um dos capangas do vilão, vestido de esquimó, surgindo de trás de uma pilha de caixas.

–         Aguarde apenas mais um pouco, Cold! – respondeu o perigoso bandido. – Temos um segundo e último roubo para realizar aqui, antes de voltarmos a Gotham...

E, rindo, abriu um pequeno compartimento presente em sua veste térmica, de onde retirou o tão cobiçado Coração de Gandhir. No decorrer dos séculos, muitos haviam perdido a vida tendo como objetivo a posse daquele diamante, e agora ele pertencia ao mais “frio” criminoso de Gotham City...

–         Eu finalmente poderei salvá-la, querida... – murmurou o Sr. Frio, fitando a pedra preciosa na palma de sua mão. – Após tantas derrotas e revezes, voltaremos a ser felizes!

Um edifício abandonado no centro de Gotham City.

O som das ruas, composto principalmente por buzinas de automóveis e gritos estressados de motoristas, chega até os últimos andares da antiga sede das Indústrias Wayne, desativada já há alguns anos. Pelo ambiente sujo e empoeirado, repleto de teias de aranha e marcas de vandalismo, um vulto caminha lentamente, aproximando-se de uma janela através da qual é possível contemplar boa parte da metrópole. Sua face, coberta por uma assustadora máscara de gás, é iluminada pela luz do sol.

–         Em breve eu mudarei essa paisagem... – afirma o soturno vilão, voz abafada. – Eu a moldarei como bem entender. Criarei minha própria Utopia. E ninguém será capaz de me deter!

Em seguida começa a gargalhar de forma malévola.

Não muito longe dali, na atual sede das Indústrias Wayne, um prédio moderno e arrojado construído junto à Baía de Gotham, uma reunião da qual participavam os mais importantes executivos da empresa, além do “playboy” milionário dono de todo aquele patrimônio, Bruce Wayne, ocorria no penúltimo andar.

Numa das extremidades da comprida mesa presente na sala de reuniões, um homem de negócios, de pé, falava aos colegas, tendo em mãos inúmeros gráficos e relatórios:

–         Por esse motivo, creio que devamos investir pesado em nossa nova campanha publicitária! Companhias rivais como a Lex Corp estão se tornando mais populares entre os consumidores do que nós! Acabaremos perdendo espaço no mercado se não agirmos rápido!

O filho do falecido casal Wayne não prestava a mínima atenção nas palavras do executivo. Sentado em sua cadeira na extremidade oposta da mesa, Bruce pensava em outros assuntos. Combate ao crime, para ser mais exato. Se ao menos ele pudesse ir embora... Enquanto se encontrava ali, ouvindo um bando de engravatados conversando sobre negócios, o meliante que atacara a Química ACE na noite anterior poderia estar escondido em qualquer lugar, tramando novos crimes hediondos. O Batman precisava agir o mais cedo possível.

Capítulo 3

Confronto em Metro City.

Ruas de Metro City, 21:12.

Uma espécie de veículo blindado parecido com um tanque de combate segue velozmente pelas vias da parte velha da cidade. Os motoristas dos carros que trafegam pelo trajeto são obrigados a manobrar bruscamente para escapar dele, pois, quem quer que seja o guia da “máquina mortífera”, parece estar disposto a passar por cima de qualquer coisa que entre em seu caminho.

Dentro do transporte, como já é de se esperar, está o Sr. Frio, junto com seus dois fiéis capangas, Cold e Snowball. Possuem um destino definido: a Catedral de Metro City, um dos mais antigos e importantes monumentos da cidade. Local onde se encontra o valioso artefato que o vilão vindo de Gotham pretende roubar...

–         Mais rápido, seus cabeças de gelo! – grita ele com grande impaciência. – Quero evitar um confronto com a polícia!

–         Pode deixar, senhor! – diz Cold, afundando seu pé direito no acelerador.

–         Oh, eu já posso sentir aquela jóia em minhas mãos...

E o tanque prossegue em altíssima velocidade.

Beco perto da Catedral, Metro City, 21:15.

Um vulto segue rapidamente pela viela. Parece aflito. Prestes a adentrar uma rua, ouve o som de carros freando bruscamente. Suas suspeitas se confirmam.

–         Preciso andar logo! – murmura, preparando-se para a iminente batalha.

Avenida Palmer, Metro City, 21:19.

A tranqüilidade é total diante da Catedral. Algumas pessoas passam despreocupadas, admirando a suntuosa fachada gótica da igreja. Súbito, ouvem o som de um veículo se aproximando numa velocidade destrutiva. Fogem desesperadas, ao mesmo tempo em que algo parecido com um tanque surge velozmente, subindo pelos degraus de frente para o templo e colidindo violentamente com a porta deste, fazendo-a ceder.

Alguns curiosos observam tudo a uma distância segura, soltando exclamações de surpresa. Devido ao impacto, uma densa nuvem de poeira havia se formado diante da Catedral. Os mais corajosos resolvem se aproximar, quando repentinamente um som metálico atinge seus ouvidos. Trata-se do Sr. Frio, que deixa o interior do veículo através de uma escotilha.

–         O inverno chegou! – exclama o bandido, erguendo os braços em pose de triunfo.

Em seguida desce rapidamente pela frente do tanque, ganhando o corredor central da igreja. Enquanto admira a bela arquitetura do lugar, seus dois capangas também saem do blindado.

–         É realmente uma linda catedral, supera a de Gotham... – afirma o vilão, maravilhado. – Mas não vim até aqui para ficar fitando o teto!

E, decidido, avança na direção do altar, seguido por Cold e Snowball, ambos armados com canhões congelantes. Porém, quando os invasores estão prestes a atingir seu destino, algo salta diante deles, obstruindo o caminho. Trata-se de um indivíduo trajando uniforme preto com luvas, botas e cinto amarelos, além das letras “S” e “M” estampadas no peito nessa mesma cor. Usa também um par de modernos óculos escuros.

–         Será que não respeita nem uma igreja, “Sr. Sorvete”? – indaga o recém-chegado em tom desafiador.

–         Oh, então você é o tal Sub-Man? – pergunta o Sr. Frio num sorriso, cruzando os braços. – Pensei que fosse apenas um personagem de histórias em quadrinhos, entretanto vejo que realmente existe! E meu nome é “Sr. Frio”!

–         Que seja! Ouça, não sei como eram as coisas em Gotham City, mas esta cidade é protegida por mim e meus colegas mutantes, e não é uma aberração como você que irá cometer crimes por aqui e sair impune!

–         Ora, essa eu pago para ver... Aliás, como foi que descobriu meus planos, Sub-Man?

–         Uma das jóias mais valiosas de Metro City está nesta catedral. Depois que você roubou o Coração de Gandhir, não foi nada difícil prever seu próximo passo!

–         Não importa! – brada o vilão, apanhando a arma carregada por Snowball, que é apontada na direção do herói. – Quando eu terminar com você, passará a ser conhecido como “Sub-Zero”!

Logo em seguida apertou o gatilho, mas o protetor de Metro City conseguiu se esquivar num ágil salto. O disparo acabou congelando parte do altar, e o Sr. Frio, indignado, imediatamente re-carregou a arma para tentar novamente.

–         Você não vai me impedir! – gritou o criminoso, vendo seus capangas perseguirem Sub-Man pela igreja.

O ex-policial correu por uma das laterais, até ser encurralado junto a uma parede. Voltando-se na direção dos dois esquimós, viu que teria de nocauteá-los se quisesse deter o Sr. Frio a tempo. Aproximando-se de Cold, atacou-o com um chute no peito, o qual fez com que o criminoso recuasse alguns passos num gemido. Snowball tentou acertar “Sub” com dois socos seguidos, porém acabou repelido com um belo golpe no queixo. O primeiro capanga tentou atingir o super-herói com uma voadora, errando. Em troca, recebeu um chute no rosto, que acabou por fazê-lo desmaiar.

Nisso, Sub-Man percebeu que o Sr. Frio estava prestes a disparar novamente com o canhão criogênico em sua direção. Vendo que não haveria tempo para desviar, o alter ego de Josh Remington, pensando rápido, agarrou Snowball pelas costas, usando-o como escudo. O disparo congelante transformou o assecla do vilão numa estátua de gelo, ao mesmo tempo em que “Sub” corria na direção do psicopata, disposto a tirá-lo de ação a qualquer custo.

–         Renda-se, “Sr. Polar”, ou acabará como seus capangas! – exclamou o herói.

–         Veremos, Sub-Man... – murmurou o meliante, seguindo na direção da escada em espiral que levava ao alto de uma das torres da Catedral.

A perseguição prosseguiu, com ambos se esforçando para vencer os degraus o mais rápido possível. Sub-Man, confiante, acreditava que seria capaz de deter o bandido sem maiores dificuldades, porém enganou-se. Na metade da subida, o Sr. Frio apontou seu canhão para baixo, disparando contra o super-herói numa risada maléfica. Pego de surpresa, “Sub” cobriu o tórax com os braços para se proteger, sentindo a temperatura de suas pernas cair rapidamente. Olhando para baixo, viu que estava congelado dos joelhos para baixo, totalmente incapaz de se mover.

–         Vejo que você é “pé frio”, Sub-Man! – zombou o Sr. Frio, continuando a subir até o topo da torre.

Tentando em vão se libertar, o protetor de Metro City ouviu o som de hélices girando. Um helicóptero se aproximava da Catedral, provavelmente para dar uma carona ao criminoso de Gotham City. “Sub” teria de agir rápido se ainda quisesse trazê-lo à justiça.

–         Vamos, Sub-Man! – exclamou o super-herói, esforçando-se para conseguir se soltar do gelo. – Você precisa deter esse cara!

Fechou então os olhos, procurando se concentrar ao máximo. Pensou em Ana Newton. Relembrou o trágico assassinato de sua antiga namorada, Sarah Spencer... E, num movimento brusco, conseguiu livrar-se do empecilho, voltando a vencer os degraus da escada com notável bravura.

Porém, ao atingir o alto da torre, Sub-Man percebeu que era tarde demais. No sino de ouro trazido da Europa no início do século XX, verdadeiro tesouro da cidade, faltava um rubi extremamente valioso. Antes que o ex-policial pudesse lamentar sua má sorte, o som emitido pelo helicóptero tornou-se mais intenso. Súbito, a aeronave surgiu diante de uma grande vidraça, já tendo o Sr. Frio como ocupante. Rindo, ele acenou para o herói, segurando a jóia roubada em sua mão direita.

–         Até mais, Sub-Man! – despediu-se ele numa gargalhada. – Vá visitar Gotham City algum dia!

–         Eu irei, desgraçado... – murmurou o alter ego de Josh Remington, enquanto o helicóptero desaparecia no céu noturno.

Subsolo da Mansão Wayne, Gotham City, 22:00.

A escuridão domina o local quase que totalmente. A única luz é emitida por um painel de monitores de vídeo, de frente para o qual se encontra sentada uma figura pitoresca, cuja aparência parece combinar com o soturno ambiente: um homem vestido de morcego.

Ele digita num teclado de computador, fazendo com que uma série de informações sobre criminosos surjam nas telas de cristal líquido. Coça o queixo, olhando para a face de um cientista de meia-idade, dado como desaparecido há aproximadamente um ano.

–         Aceita um lanche, patrão Bruce? – indaga o mordomo Alfred, surgindo das trevas com uma bandeja em mãos, a qual possui um sanduíche de atum junto com um copo de suco de laranja.

–         Obrigado, Alfred! – agradece Batman sem tirar os olhos do painel. – Pode colocar sobre a bancada!

O empregado obedece, olhando em seguida para o rosto exibido pelos monitores.

–         Quem é esse, patrão? – pergunta ao vigilante noturno.

–         Doutor Mário Petroni, ex-cientista da Biocom, empresa farmacêutica e de bioengenharia sediada em Metro City, aquela cidade localizada alguns quilômetros ao sul daqui!

–         Ele possui alguma ligação com o crime ocorrido na Química ACE?

–         Apenas especulação de minha parte. Petroni desapareceu misteriosamente de seu laboratório em Metro City há cerca de um ano, junto com seu assistente Lúcio Merezani, enquanto pesquisava a cura do câncer. Os peritos da Biocom encontraram o lugar totalmente revirado, acreditando que os dois cientistas houvessem sido seqüestrados. Entretanto, algo me intriga. Petroni tinha como base de sua pesquisa uma substância batizada por ele como “Petronina”, encontrada em raras plantas amazônicas, capaz de curar praticamente qualquer tipo de câncer. Eu me pergunto se esse “soro milagroso” não teria um efeito colateral...

–         O que o faz pensar assim?

–         Nas primeiras semanas após o desaparecimento de Petroni, crimes nos quais as vítimas também sofreram ataques com ácido passaram a ocorrer em vários locais de Metro City. Algumas testemunhas alegaram terem visto um indivíduo que parecia usar uma máscara de gás vagando pelos esgotos da metrópole. Isso não soa nada normal para mim! Ainda não posso ter certeza de nada, mas creio que o médico se converteu num monstro!

–         O patrão não faz idéia de como eu gostaria que essas coisas acontecessem apenas na literatura... – afirma Alfred, deixando a Bat-caverna.

Apartamento de Josh Remington, Metro City, 22:18.

Sentado no sofá da sala, o criador de histórias em quadrinhos tinha os dois pés mergulhados numa bacia de água quente. Ainda não se conformara por não ter conseguido evitar que o Sr. Frio roubasse o rubi presente no sino da Catedral. Sentada ao seu lado de braços cruzados, a Mulher Atômica confortava o amigo:

–         Fique frio, Josh!

–         Como assim, “fique frio”? Você ainda tem coragem de me dizer isso? Aquele filho da mãe congelou meus pés, mal posso acreditar que ele escapou, levando consigo um dos maiores tesouros de Metro City!

–         Não se preocupe! Pelo menos ele voltou para Gotham! Não é mais sua jurisdição!

–         Quando se trata de um bem furtado dos cidadãos desta cidade, qualquer lugar do mundo é minha jurisdição!

–         O que pretende? Viajará até Gotham para pegá-lo? Isso é loucura, Josh! E quanto aos criminosos daqui, que já nos dão bastante trabalho?

–         Você e o Jack podem cuidar das coisas nos dias em que eu estiver fora. Aquele Sr. Frio feriu minha honra, Blenda! Preciso recuperar as jóias roubadas, é meu dever como super-herói!

–         Bem, faça como quiser... Talvez você até se torne amigo do tal “morcego humano” de Gotham...

Continua... 


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