Fale O Que Quiser Mas Sou Uma Garota escrita por Risadinha


Capítulo 91
Iniciações de planos


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyy! Tudo bão?! Espero que sim. Capítulo de hoje servirá mais como introdução para o próximo capítulo, que será bem legal... E fofo! E chegamos aos 700 comentários! Uhuuulllll, estou muito feliz. Nunca esperei que essa fic fosse fazer tanto comentário, sério. Eu jurava que no máximo que eu conseguiria seria uns 100. Obrigada a todos vocês por fazerem que ela continue firme e forte :3
Capa: Sebastian (Kuroshitsuji)



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Edel ficava de cabeça abaixada, olhando para suas mãos entre suas pernas que não paravam de balançar. Se passou alguns dias desde aquele problema que teve com aquela coisa, conhecida como Lass. Seu coração continuava agitado da luta, da sensação de ter quase morrido. Ficava aliviada ao saber que o rapaz sofreu um acidente e acabou desmaiando, não podendo ir atrás dela. Embora ele esteja incapacitado, ou a palavra que Grandiel a deu, continua com medo de estar sozinha, de ser atacada novamente.

Quando pequena, sempre treinava com seu irmão, Adel, e raramente com seu pai. Ele era o capitão da guarda dos Frost, uma das maiores famílias que existi. Ter a atenção dele era mais que difícil, ser treinada era quase impossível. Mas não se importava com isso, lutou, treinou e derrotou a todos que ficariam em seu caminho. Provou a si mesma que não precisava da atenção de seu pai, devia somente seguir ordens que eram impostos sobre ela.

– O que você faz aqui? - A voz arrastada a tira dos pensamentos.

Vegas, a garota dos cabelos vermelhos e mal humorada de sempre, estava na sua frente. Seu uniforme preto de capitã não tinha nenhum amassado, organizada como de costume. Mastigava um chiclete, mantendo os braços cruzados em impaciência.

– Vim ver a senhorita Cazeaje. - Explica. - Ela está ocupada no momento?

– Ela sempre está, para falar a verdade. Sobre o que se trata?

– Sobre o meio irmão do garoto Isolet, Lupus Wild. Tenho os resultados.

– Ah, entendo. Espere um pouco, eu vou falar com ela. - Seu jeito de falar mostrava o nojo que tinha com Edel. Vegas parecia ser do tipo que não gosta de pessoas, muito menos conversar com elas.

A capitã assente e deixa a ruiva sumir no corredor à frente. Volta a olhar para as próprias mãos novamente, se perdendo nos pensamentos dessa forma. Perguntava-se se Lass estaria bem, pois, pelo o que ouviu, ele tinha desmaiado sem razão algum, Grandiel não quis contar o verdadeiro motivo disso. Não estava preocupada, só curiosa. Até mesmo Elesis passou por sua cabeça, pensando onde ela poderia estar.

– Ei! - Levanta o rosto, vendo Vegas no final do corredor. - Pode vim!

Segue o caminho, com Vegas a acompanhando. Estava tensa, não sabia o motivo. Tinha o resultado certo, sem dúvida alguma, mas por causa disso sentia que Cazeaje podia a reprovar. Esse era o medo dela, ser olhado com desgosto pela a líder do Conselho de Canaban.

– Seja rápida, ela está ocupada. - Vegas avisa antes de abrir a porta para ela.

Não demoraria, seriam rápidas palavras e pronto. Entrou na sala, deixando a porta atrás ser fechada pela a ruiva. Se aproximou da mesa em passos pequenos, olhando firme para Cazeaje.

Ela nem ao menos olhava para Edel, o papel em suas mãos era mais importante. Existia outras pastas sobre a mesa desarrumada. Não tinha percebido, mas Mary estava ali no canto, arrumando as prateleiras.

– Como foi o teste com o Wild, Edel? - Finalmente, Cazeaje pergunta, sem tirar os olhos dos papeis.

– Creio que a senhora não queira saber da minha opinião pessoal, certo?

Os papeis se abaixam.

– Bem, eu gostaria de saber o que aconteceu com você. - Edel possuía alguns curativos em seu corpo, resultado da luta contra Lass. Até mesmo uma parte de seu cabelo estava cortado pela a metade, dando para ser visto só de perto. Cazeaje percebeu tudo isso. - Alguém a atacou e merece ser punido?

Suas mãos se entrelaçam mais ainda atrás de suas costas. Chegou aquele momento em dizer a verdade ou não. Se tinha uma coisa que estava indecisa, era sobre aquilo.

– Aconteceu alguns imprevisto, nada demais. Esses machucados são de um treino que tive com o Wild. - Respira profundamente antes de continuar. - Também tive a curiosidade de testar o Isolet, como você me pediu.

– Hum. - Abri um sorriso largo. - Gostaria primeiramente de saber sobre seu teste com o Lass.

– Ele se mostra fechado a qualquer coisa que se relacione às chamas. O ataquei desprevenido, porém sua ferida foi regenerada lentamente graças à sua parte meio haro. Além disso, nenhuma chama foi despertada.

– Ele se mostrou resistente contra esses testes em algum momento? Ou notou suas intenções?

Engole seco. Sacode a cabeça brevemente.

– Não, ele não reagiu. Não sei se ele tenha percebido minhas intenções, se percebeu, agiu discretamente.

– Bom trabalho. É uma pena que tenha conseguido nada com ele. - Ajeita-se na cadeira. - E quanto ao Wild?

– Ele também não mostrou sinal nenhum das chamas. Como ele havia dito, só tem a resistência da mesma. Ele é inútil para a senhora.

Cazeaje afirma com a cabeça. Os papeis que estavam em sua mão foram colocados dentro de uma pasta e entregue a Mary. A jovem pegou e correu para fora, logo estaria de volta com outra pasta. Edel percebe toda a pressa que estava tendo no Conselho ao entrar nele.

– Que pena! - Exclama dramaticamente. - Tinha uma certa esperança nesse garoto. Pelo menos temos o nosso Lass. - Apoia o rosto na mão. - Uma hora ou outra, ele se quebrará. Eu vencerei!

Edel se move ao ouvir as intenções de Cazeaje. Ela deu uma risada graciosa, tão inocente que faz suas palavras sumirem rapidamente. Mas a capitã não se levou por sua aparência pacífica, via naquele momento o que Cazeaje tanto planejava.

Mary entra na sala novamente em passos apresados. Entregou outra pasta a Cazeaje e voltou a arrumar a estante bagunçada.

– Poderia fazer uma pergunta, senhorita Cazeaje?

– Claro, claro. - Fala, olhando para os papeis outra vez.

– Por que o Conselho está tão agitado hoje? - Sente-se tensa ao pergunta. Temia que não fosse respondida. - Aconteceu algo?

– Ah, sim! O nosso procurado favorito fez uma certa bagunça e agora estamos o procurando. - Põe a pasta sobre a mesa, passando a mão na testa. Estava cansada, mas não parecia. - Também, iremos colocar nosso plano em ação.

– Que tipo de plano? Posso ajudar em algo?

– Não, não quero incomoda-la com isso. Você pode correr o risco de morrer se entrar nesse plano. - Sorri, para a confortar. - Gerard não teria pena ao te matar, querida.

É surpreendida ao ouvir o nome do rapaz. Já ouviu sobre ele, mas nada que fosse tão profundo. Ele é o mais procurado do mundo, e perigoso do mesmo jeito, era tudo que sabia sobre ele.

– Gerard era um dos Cavaleiros Vermelhos, certo?

– Sim, ele era.

– Então ele e Elesis têm algo em comum. Digo, ela não deveria saber disso?

O sorriso que se encontrava na face de Cazeaje some. Edel fica nervosa, querendo recuar ao perceber que estava indo longe demais. Mas a líder não fez nada, somente a encarou por um tempo.

– Ela não precisa saber. - Falava em um tom de ameaça. - Estamos entendidas?

– Sim, senhora.

– Agora, se não se incomoda, pode ir. Tenho muito trabalho a fazer. - Balança a mão, a dispensando.

Edel gostaria de ter ficado mais, para descobrir sobre esse plano que ela tanto estava empolgada. Mas ela se lembra com quem está mexendo, a líder do Conselho, a qual tem poder o suficiente para mata-la só com um aceno. Era melhor não arriscar.

Ao sair da sala, ver Vegas trazendo mais algumas pastas. Ela também estava ajudando no plano.

– Tudo isso são para Dona Cazeaje? - Faz uma pergunta boba de propósito.

– São muito importantes, ela precisa disso. - É breve.

Concorda e anda na direção que a ruiva vinha. Olhou atentamente para os pés de Vegas, logo percebendo a aproximação que estava tendo.

De repente, Edel cai de lado no chão. A ruiva tropeça sem poder te desviado. As pastas se esparramam pelo o chão, junto com os braços esticado da garota.

– Você está bem? - Vegas ajoelha-se, olhando Edel se levantar.

– Tive uma recaída, só isso. - Com a mão na testa, fazia a voz parecer mais dramática ainda. Ficou de pé, fingindo estar tonta. - Desculpe por ter te derrubado.

– Não, tudo bem. - Começa a juntar as pastas no chão. - É melhor ir no médico ver isso, não vai ser legal você sair derrubando as pessoas pela a rua desse jeito.

A capitã abre um pequeno sorriso e assente. Despede-se rapidamente e apressa os passos para fora do corredor. Antes que virasse para o outro, olhou Vegas sobre o ombro. Ela continuava a coletar as pastas, um pouco irritada.

Quando não tinha ninguém a olhando mais, Edel tira de dentro de seu casaco uma pasta. Fingiu ter recaído para ter pegado uma delas sem que Vegas percebesse. Agora era só torcer para que Cazeaje não sentisse falta disto.

***

Andava com passos longos, embora estivesse mancando visivelmente. A voz de Arme ao fundo a irritava um pouco, por isso tentava ignorar. Mas falhou ao ser pega pelo o braço.

– Você não pode sair da cama! - Exclama a maguinha. - Você ainda está em repouso, Elesis.

– Eu só quero esticar as pernas. - Fala sem preocupação. Usava apenas uma camisa e um pequeno short do pijama, enquanto andava pelo o pátio do colégio. Não sentia muito frio, mesmo que tivesse um pouco de febre. - Relaxa.

– Eleeesis! - A solta, seguindo a ruiva que soltava um sorriso de deboche.

Tinha se passado dois dias desde que chegou da missão e foi visitada por Jin e Lass. Tinha recebido seus doces do ruivo e devorado todos, e logo recebendo um sermão por ter feito isto. Não se arrependia, suas dores estavam menores com os remédios, suas feridas pararam de latejar. Tudo parecia estar melhorando para ela.

Parou de andar, fazendo que a maguinha bata o nariz em suas costas. Ouviu ela reclamar, mas sua atenção estava bem focada na pessoa parada no seu caminho. Um semblante sério se abre.

– Ora, se não é a Edel! - Diz Arme ao ver a capitã à frente. - Quanto tempo! Elesis tinha falado que você estava na cidade.

– Olá, Arme. - Diz simpática, sem a frieza que tanto a contorna. - É bom vê-la novamente.

– O mesmo. Você cresceu bastante, está muito bonita. Que inveja...

Ela rir sem jeito, mas logo parando ao sentir o olhar sério de Elesis sobre ela. Arrumou a postura, ficando de igual para a ruiva.

– O que você faz aqui, Edel? - Questiona Elesis.

– Queria ter uma palavra com você.

– Não me interesso pelo o que você veio dizer. - Aponta com o queixo. - Pode ir embora já.

– É um assunto importante. - A ruiva revira os olhos. - Garanto.

Elesis solta uma bufada que faz sua franja voar por segundos. Se vira e sai andando como se nada tivesse acontecido. Isso deixa Edel brava.

– Ela não está em um bom momento para conversas. - Diz Arme, sem jeito com a situação. - Acabou de chegar de um dos treinos da Lothos e, como você pode ver, está bastante ferida.

– Entendo. Mas eu preciso dar uma rápida palavra com ela. - Sai em passos apressados para onde a ruiva foi. - Com licença!

Elesis continuou seu caminho tranquilamente, até que percebesse alguém vindo em sua direção. Não precisou olhar para trás para saber que era Edel. Portanto, fez o que achou melhor: Saiu correndo como uma criança.

– Quanta infantilidade, Elesis! - Ouve Edel gritar.

– Sou mesmo! Vai fazer algo?

Entrou no prédio, se esbarrando sem querer nas garotas enquanto passava correndo. Edel possuía agilidade até para desviar das pessoas sem que se esbarrasse. Conseguiu a seguir por causa de seus cabelos vermelhos em meio as garotas. Não era difícil de acha-la.

Viu Elesis entrar em um quarto em um rápido pulo. Diminuiu os passos ao chegar na porta, um pouco ofegante pela a corrida. Entra no cômodo, percebendo que era uma dos quartos da enfermaria. Não viu Elesis em canto algum.

– O que você quer?

A voz da ruiva ecoa o quarto após a porta ser fechada. Edel lentamente se vira, vendo primeiramente a ponta da espada mirada em sua face. Elesis segurava a arma com uma expressão fechada, como se fosse matar a capitã.

– Estive no Conselho hoje de manhã.

– E daí? Já não basta ter machucado o Lass, agora foi dedura-lo? - Suas sobrancelhas se juntam mais ainda. - Ele pode não ter te matado, mas eu posso fazer isso agora mesmo.

– Para deixar claro, ele que me atacou. E não fui para o Conselho para isso. - Suspira. - Foi para dizer o resultado dos teste com o Lupus.

– Ele não tem as chamas azuis, Cazeaje sabe disso.

– Eu sei. Foi o que eu disse para ela.

– Então parece que seu trabalho terminou por aqui. - Balança a espada. - Pode ir.

Edel nega, fazendo a ruiva bufa pela a persistência.

– Não vim aqui para falar sobre isso com você. Enquanto estive lá, ouviu um certo plano que Cazeaje estava fazendo. Acho que você se interessará.

– Ok, prossiga.

– Cazeaje pretende prender Gerard. - Diz de vez. Quando ia continuar, Elesis age estranho.

A espada em sua mão parece pesar, quase caindo de sua mão. Sua face é estampada por uma expressão de dor, mas que tentava aguentar de algum modo. Sente o corpo suar gelado, sua respiração ficando acelerada. Tudo isso acontecia ao ouvir o nome do ruivo.

Passa as costas da mão sob o nariz, tendo uma sensação de algo molhado naquela área.

– Como assim? - Pergunta quase como um sussurro. Sua mente parecia querer apagar. - E por que de repente?

– Eu não sei, não ouvi muitos detalhes do plano. Ela disse que está na hora de pegá-lo de uma vez por todas, e o plano está seguindo do jeito que ela quer. - Aperta os lábios. - Não sei quando ela pretende executar isso, mas parece que será breve.

– Ela não vai conseguir prender o Gerard. - Nega com a cabeça, incrédula. - Ele é muito esperto, até mesmo para ela. - Aperta o cabo da espada, ficando séria e aponta a espada mais ainda para a capitã. - Isso envolve o Lass e eu?

– Ela não disse nada de você, nem mesmo do Lass. Parece que ela pretende fazer isso sozinha, sem ajuda. Até mesmo Lothos, Grandiel ou Astaroth não foram contatados. - Apoia a mão no queixo, pensativa. - Se ela quisesse prender ele mesmo, usaria pessoas mais fortes, não acha?

Elesis para pra pensar por um momento. Tudo que Edel dizia era verdade, se Cazeaje quisesse prender Gerard, pediria ajuda de pessoas confiáveis. É estranho o fato de ela não ter falado nada para ela ou o Lass, assim poderia usar as chamas azuis para impedir Gerard. Tudo isso parece ser um plano falho.

– Você fará parte desse plano?

– Não, eu tentei mas Cazeaje me impediu. Parece que ela quer fazer tudo escondida.

– Será um grande erro que ela está estará cometendo. - Dizia pensativa. - Tem alguém de especial nesse plano?

– Provavelmente não. Cazeaje também não está disposta a usar os próprios punhos para lutar contra Gerard.

Elesis concorda. Abaixa o olhar, pensando mais sobre esse plano. Achava que Edel podia estar inventando para ela, como um tipo de armadilha. Mas não sentia que estava sendo enganada, a capitã não é do tipo que faz parte destas brincadeiras.

Abaixou a espada enquanto suspirou pelo o nariz. Não sentia mais raiva de Edel, talvez um pouquinho por causa da rivalidade, mas no momento sentia-se calma.

– Alguém mais sabe disso?

– Só você até o momento. - Apertava as próprias mãos, ajeitando as luvas em mãos. - Pretendo contar ao Lass. Acho que ele precisa saber.

– É, ele precisa. Eu até contaria a ele se não tivesse neste estado. - Estica os braços, mostrando o corpo ferido. A franja permanecia sobre seu olho machucado, que não está tão inchado quanto da última vez.

– Eu posso dizer isso para ele, não se preocupe. Será um pouco difícil de conversar com ele depois de tudo, mas darei meu jeito. - Esfrega os cabelos ondulados. - Provavelmente Lupus irá reagir da mesma forma.

Com um sorriso sádico, Elesis afirma. Podia estar grata pelo o que Edel a disse, mas continuava a odia-la da mesma forma.

– Bem, só vim para dizer isso mesmo. - Preparava-se para ir embora. - Espero que isso mude algo.

– Parece que você finalmente está abrindo os olhos para o mundo. Cazeaje não é uma boa pessoa quanto parece.

– Percebo. Mas até o momento, não quero me intrometer nesses assuntos. - Uma parte dela continuava leal à Cazeaje e ao Conselho; Enquanto outra temia pelo o que podia acontecer.

Passa pela a ruiva, que sai da frente da saída. Edel para na porta, virando-se para terminar.

– Elesis, contei isso porque você merece saber, mas isso não quer dizer que tenha que se intrometer. Não sei muito sobre o que aconteceu com você no passado, mas deve seguir em frente. - Dá uma pequena pausa. - Desejo de vingança não a levará a lugar algum.

– Você tem tudo, Edel. - Seu tom de voz volta a ficar frio, com seu olhar. - Eu já tive também, mas perdi de uma maneira que você não pode imaginar. Vingança não seria a palavra certa para o que eu desejo, mas é o mínimo.

– Tem razão. - Afirma lentamente. Dá alguns passos para trás, ainda encarando a ruiva. - No entanto, o poder que você tanto deseja para ter sua vingança irá consumi-la.

Elesis não diz nada, deixa Edel partir sem despedida. Nunca foram amigas, não será agora que as coisas mudarão. A capitã pode ter dito algo bom para ela, pela a primeira vez, mas preferia do jeito que estava. Distantes.

Põe a mão na nuca, sentindo o corpo doer após ter se sentindo tensa com a conversa. Era comum Gerard gerar aquele efeito nela, principalmente após um encontra daqueles. Sua pele esquentava, como se sua febre voltasse de repente. Largou a espada no chão e se arrastou até sua cama, deitando-se rapidamente. Cobriu-se e ficou encolhida ao sentir o frio.

Após um tempo, não sabe quanto, perdeu a noção de tudo, Arme chega na porta do quarto. A maga se espanta ao ver a ruiva naquele estado, gemendo baixo e encolhida. Correu até ela, pondo a mão em sua testa.

– Elesis, você está queimando. - Fala assustada ao tirar a mão.

– Bobagem. - Faz um esforço e consegue falar. - Só preciso de um pouco de água.

– Pare de ser teimosa!

Pegou um copo e esticou para a espadachim, esperando-a se sentar. Elesis pega com as mãos trêmulas, tendo um pouco de dificuldade para beber. Após dois goles, o copo é esticado para Arme rapidamente.

– O que foi? - Pergunta ela ao pegar o copo.

Elesis bota as mãos na boca, mantendo os olhos fechados. Levanta da cama em um pulo e corre para o banheiro. Arme olha confusa para a cena, a entendendo quando ouve o barulho da ruiva vomitando.

– Vou chamar a Lothos! - Avisa preocupada. - Você não está nada bem!

Quando Elesis sai do banheiro depois de um tempo, cambaleando, nota que Arme já foi chamar a comandante. Joga-se na cama outra vez, se cobrindo com força. A sensação de frio aumentava com o calor de seu corpo. Sabia que sua saúde se dava pela as chamas roxas ainda se acostumando em seu corpo.

Então, como um lembrete, o aviso de Edel é lembrado:

­­– O poder que você tanto deseja para ter sua vingança irá consumi-la.

***

Focava-se somente no céu. Hoje ele estava azul como seus olhos, tão bonito e claro. As nuvens rapidamente sumiam, deixando apenas o céu em destaque. A brisa era fresca, bagunçando alguns fios de seu cabelo.

Tudo parecia calmo, até a voz de Jin ao fundo o tirar dos pensamentos.

– Tá me escutando?! - Exclama o ruivo.

Seu rosto jogado para trás é virado para o rapaz em tédio. Ambos tinha feito suas aulas do dia, no momento, estavam no pátio sentados em um banco. Quando chegou ali, Lass ignorou totalmente o que o lutador tentava dizer, mas parecia que não seria tão fácil.

– Vai ficar satisfeito se eu disser que sim?

– Claro que não. Então, voltando ao que eu dizia... - O ninja bufa, porém mantendo a atenção no rapaz dessa vez.

Jin ergue um folheto, abrindo seu sorriso ao mesmo tempo. Só agora que Lass percebia que ele segurava aquilo. O ruivo o olhava, esperando que tivesse lido e comentasse algo; Ele não fez isso.

– O que é isso? - Pergunta, por fim.

– O evento da Lua! Irá acontecer semana que vem. - Dizia empolgado. - Legal, né?

– Hã? Não.

– Fala sério.

– Sério.

O ruivo inspira em nervosismo, não aguentando o rodeio que Lass tanto fazia. Preferia a versão antiga dele, antes das férias, que era sério e brincava raramente. Agora ele provocava o lutador a todo momento.

– Por que está tão interessado por esse evento? - Pergunta o ninja, repousando a cabeça de lado no apoio do banco.

– Bem, ele acontece só uma vez por década. - De repente, o rosto de Jin fica corado,e sua explicação embaralhada. - E-E também, eu quero cha-chamar a Amy pra ir junto... Comigo.

– Ooh. - Abre um sorriso malicioso. - Já entendi tudo.

– Por isso eu estou falando para você. - Olha determinado, mas ainda sem jeito. - Preciso de sua ajuda.

Lass olha para trás, depois para Jin.

– Tá falando com o banco, né?

– Com você! - Acerta um tapa no braço do ninja, o fazendo rir. - Quero sua ajuda para pedir a Amy para ir comigo.

– Ainda tá falando comigo? - O ruivo olha emburrado. - Você tá pedindo a pessoa errada. Não sei nada sobre encontro, muito menos como pedir a uma garota como a Amy.

– Mas sabe com uma garota como a Elesis. Não é muito diferente.

– É diferente, sim! E eu nunca pedi a Elesis para sair.

– Não importa. Quero sua ajuda do mesmo jeito.

Lass revira os olhos enquanto rugi. Volta a jogar a cabeça para trás, encarando o céu. Porém, dessa vez não conseguia ignorar Jin ao seu lado, o olhar do ruivo o irritava.

– Olha pelo menos o folheto, talvez se interesse.

Lass arranca o papel da mão do ruivo, erguendo a cabeça para ler. Olha entediado durante esse tempo, deixando Jin ansioso pela a resposta. Então, o ninja ergue uma sobrancelha.

– Aqui diz ''evento do Eclipse", não da Lua. - Comenta.

– É, ele é chamado de Eclipse, mas é mais conhecido por da Lua. Tem até uma história por trás disso. - Lass o olha entediado, mas o ruivo conta do mesmo jeito. - Sol era uma garota e a Lua um garoto. Sol era uma garota radiante, seu brilho iluminava a todos que tocassem, porém seu temperamento era muito forte, como uma bola de fogo mesmo. Já Lua era um cara calmo, frio para tudo e a todos. Um era o oposto do outro, literalmente.

– Deixe-me adivinhar: Até que um certo dia esses dois se encontraram e apaixonaram-se perdidamente, dando origem ao Eclipse. - Olha óbvio. - Certo?

– É, é uma história bem clichê. Mas há uma coisa de diferente: Essa história não tem final. - Lass olha confuso. - Na verdade, tem um, mas ninguém sabe. Então muitos inventam um final alternativo, sendo todos parecidos.

– Parecidos como?

– Todos os finais, Lua é deixada por Sol. Eles nunca ficam juntos, Lua sempre fica só. Por isso do evento ser chamado apenas por Lua, como uma homenagem ou algo parecido. - Sorri. - Nesse dia, a lua até fica maior, mais bonita. Você tem que ir para ver!

– Depois dessa história deprimente, perdi a vontade de ir.

– Qual é! - Dá um leve empurrão no peito do ninja. Para de choramingar e abre um largo sorriso, que logo se torna malicioso. Lass olha sério, até se afasta pelo o que vinha. - Ah, e também, no dia do evento, uma coisa em especial acontece.

– Estou com medo de saber o que é, mas continue.

– A pessoa com você tiver no dia, ela será destinada para sempre sua. - Fala envergonhado. - Como um casal.

– Por isso que você quer ir com a Amy?

– Com certeza! - Grita determinado, o que chama atenção das pessoas em volta. O ruivo abaixa o tom de voz. - Não posso deixar ninguém a chamar primeiro.

– Certo, você me convenceu de te ajudar... Por pena. - Rir Lass.

– E também, - Jin aponta no meio da cara do ninja, que até se inclina para trás. - você tem que chamar a Elesis com você! Não me olhe com essa cara.

Lass olha quieto, até que reprova o ruivo com o olhar. Jin começa a persistir, mas o ninja parece não escutar, pondo os dedos no ouvido como uma criança.

– É sério! - O lutador acerta um tapa em cada mão do rapaz. - Você precisa fazer isso.

– Se você não se lembra, Elesis está comprometida. Se eu chama-la, estarei assinado minha sentença de morte antecipada.

– Mas não precisa a chamar como namorada, apenas como amiga está bom. - Um olhar sombrio se abre em Jin. - E se você tiver algum problema com isso, é só falar que eu dou um jeito no Ronan.

– Você não vai dar jeito em ninguém.

O ruivo percebe que não conseguiria convencer o ninja disso, então soltou um suspiro e se virou para frente. Desde que ele voltou das férias, falar sobre a Elesis tem sido algo complicado. Ele sempre foge do assunto ou muda, ignora e fica emburrado quando persisti demais. Já tinha sido difícil ter o convencido para ajudar com Amy, o convencer de ir com Elesis seria praticamente impossível.

Após um momento de silêncio, Jin se levanta do banco.

– Quando você parar de agir como um covarde, me avise. - Sussurra o ruivo sério.

Lass vira o rosto, tendo ouvido bem pouco o que Jin disse.

– O que você disse?

Inspirou fundo e se virou para o ninja. Um largo sorriso é aberto, como se nada tivesse sido dito.

– Que é para nos prepararmos para meu plano em chamar a Amy para sair. - Fala animado. Aponta para o alto, em determinação. - Amy, prepare-se para ser chamada como nunca foi antes.

– Como quero que você seja rejeitado. - Lass debocha, rindo em seguida.

***

Encheu as bochechas em irritação e continuou seu caminho. Arme sentia-se assim enquanto fazia tarefas para Elesis, como levar algumas cobertas para ela, o que fazia no momento. A ruiva tinha se recuperado um pouco após uma boa noite de sono, mas ela continuava precisando de ajuda para se recuperar. Azar da maga isso acontecer quando Lire tem seus trabalhos para fazer, não tendo tempo nem para ver a espadachim.

– Lire podia parar de ser um pouco egoísta e ver a amiga dela. - Pensa, emburrada.

Seus passos pararam vagarosamente enquanto seu olhar seguia para uma certa pessoa. Ele parecia perdido, olhando de um lado para o outro. As garotas que tinham naquele corredor não paravam de murmurar algo sobre ele, logo soltando risadinhas bobas. Elas pareciam caídas pela a beleza do rapaz.

Arme abre um sorriso de lado e vai até onde estava. Lentamente, se aproximou, dando um grande pulo atrás dele.

– Boo!

Ronan se estremece em susto, então se vira ainda com o rosto surpreso.

– Se não é o Ronan! - Brinca Arme ao rir da expressão do rapaz. - Como sempre, fazendo as garotas suspirarem.

– O quê? - Olha confuso. - Deixa pra lá.

– O que faz aqui? - O encara curiosa. - Aposto que é para ver um certo alguém.

– É mais para dar uma bronca em um certo alguém. - Sua voz sai cansada, como se ele tivesse desse jeito faz um tempo. - O que aconteceu dessa vez?

A maga começa a andar, pedindo para que a acompanhasse com um aceno de cabeça.

– Lothos deu um treinamento rigoroso para ela, só que não foi o suficiente para saciar seu orgulho. -Mentia como se fosse verdade. Falava do jeito que Elesis inventou esta história. - Ela tá se recuperando ainda.

– Como é teimosa. - Resmunga.

Durante o caminho, Arme aproveitou para inventar mais desculpas. Ronan acreditava em todas, não tinha motivo para não acreditar. Em vez dele ficar preocupado com o estado da ruiva, ele parecia ficar cada vez mais emburrado com o que Arme dizia.

Chegaram no quarto, se surpreendendo ao abrirem a porta. Lá estava Elesis de pé enquanto socava o ar, séria com seu treinamento. Sua expressão se ameniza ao ver os dois entrando, rapidamente tentando fingir que nada tinha acontecido.

– Elesis... - Arme fala em reprovação.

– Eu só precisava suar para a febre ir embora, sabe. - Começava as desculpas. - Assim eu fico melhor mais rápido.

Como esperado, a maga continua a reprova-la. A ruiva afirma sem ordem alguma, então vai se arrastando para a cama.

– Olha quem veio te visitar! - Arme volta a ficar animada outra vez.

Ao se sentar na cama, olha para Ronan. Gostaria de sorrir para ele, de dar uma abraço no mesmo, porém a expressão que ele a dava a impedia. Sabia muito bem por quê.

– Trouxe algumas cobertas para você, Elesis. - A maga quebra o silêncio. Aproximou-se da cama e jogou as cobertas sobre ela. - Se quiser mais alguma coisa, é só falar. Talvez a Lire fique com o próximo turno. - Foi irônica nesse final.

– Não preciso de mais nada, Arme. Obrigada. - Sorrir rapidamente.

– Tudo bem. Deixarei vocês sozinhos. - Anda de costas até chegar na porta. - Até!

Ronan agradece a ajuda dela antes que se vá. Quando a porta foi fechada, ele olhou sério para Elesis, que se encolheu no mesmo instante. Ele suspirou e negou com a cabeça.

– Elesis, quando você vai começar a se preocupar consigo mesma? - Pergunta enquanto se aproximava.

– Não tem problema, estou viva. - Repete outra vez, jogando os braços de lado. - Isso que importa.

– Não, você não está viva. - Fica ao lado da cama, ainda a olhando sério. Fechou o punho e acertou um pequeno soco sobre a cabeça da ruiva. - Você chama isso de vida?

– Eu tô bem. - Olha em seus olhos, sincera. - Devemos sacrificar certas coisas para ficarmos forte, não é?

Sente um aperto no peito. Acabou de dizer a mesma coisa que Lass vive dizendo sobre ficar mais forte. Será que estava se tornando como ele, abandonando coisa importantes só para se tornar mais e mais indestrutível. É ridículo esse pensamento que tem, mas é a verdade. Queria poder acertar um tapa no próprio rosto pelo o que acabou de dizer.

– Se eu souber que você andou desmaiando por aí outra vez, terá um longo sermão. - Diz Ronan após se sentar na ponta da cama. - Estamos entendidos?

– Acho que terei que desmaiar escondida da próxima vez. - Força uma risada, parando ao ver que ele não riu também. - Eu vou me cuidar mais.

Leva alguns longos segundos até Ronan assentir, e por fim sorrindo como de costume. Elesis sorri sem jeito, sempre ficando desse jeito quando o rapaz fica contente.

– Como tem passado? - Ele pergunta, preocupado dessa vez. - Nunca me sinto bem quando você se machuca.

– Os treinos da Lothos estão sendo bem rigorosos, mas estou me dando bem. Sinto que estou melhorando a cada dia. - Sorri animada. - Até o final do ano, vou ser tão forte quanto uma das Três Deusas.

– É, vai esperando. - Dá uma pequena risada. Põe a mão no bolso, tirando um papel e esticando para Elesis. - Aproveitando que estou aqui. Toma.

– O que é? - Pega com um olhar curioso. Abre o papel, percebendo que é um folheto.

– Espero que até semana que vem você esteja boa para poder ir. O evento da Lua só acontece uma vez a cada dez anos. Não vai querer perde essa chance, certo?

O folheto que segurava falava exatamente sobre esse evento. Elesis deu uma rápida lida, então olhou para Ronan ainda sem entender.

– Gostaria que fossemos juntos para esse festival. - Ele explica. - Fazer alguma coisa juntos, ao menos.

– Ah. - Compreende o que ele quis dizer. Olha para o folheto e para o rapaz, sem saber o que responder. - Acho que seria interessante ir nesse festival. Com você, é claro. - Abre um sorriso, um pouco fraco pela a dor que ainda sentia. - Vai ser divertido.

Ronan sorrir em resposta, tão feliz pelo o que ouviu.

***

Passou a tarde toda conversando com Ronan. Não disse muita coisa sobre seu "treino" com Lothos, não sabia muito bem inventar uma mentira tão detalhada. A mesma coisa aconteceu com o assunto do evento, preferiu ter deixado para depois. Deu a desculpa que se sentia tonta, o que era verdade até, e se deitou, conversando bem pouca coisa com o rapaz.

Ronan se ajoelhou no chão, ao lado da cama. Apoiava o corpo debruçado sobre o colchão, bem próximo do rosto da ruiva.

– Você já soube o que o Lass fez lá no colégio? - Pergunta Ronan, com o tom de voz bem calmo perto dela.

– Do jeito que você fala, nada bom. - Tinha uma certa ideia sobre o que era, mas deixou ele continuar.

– Tentou matar uma das garotas de Cazeaje. Ele ficou maluco para ter feito isso.

– Tentou matar? - Fica um pouco surpresa. Quando Lass tinha falado isso para ela, achou que ele estivesse brincando. - Pra valer?

– É, mas ele acabou não conseguindo. Eu não entendi muito bem o que aconteceu , mas ele desmaiou durante isso. - Elesis ergue uma sobrancelha. - Quando isso aconteceu, Grandiel e Astaroth o tiraram às pressas do colégio. Quase ninguém viu isso, mas eu vi.

– Por que ele desmaiou?

– Eu não sei muito bem, ele estava bem machucado, mas não o suficiente para ter desmaiado. - Deu de ombros. - Grandiel não quis contar, nem mesmo o Jin que estava no momento que isso aconteceu.

– Será que foi por causa... - Engole seco. - Das chamas? Para terem o tirado do prédio deve ter sido urgente.

Ronan fica em silêncio, provavelmente pensando sobre o que a espadachim disse.

– De qualquer jeito, se Cazeaje ficar sabendo disso, vai sobrar pra ele. - Fala ele sem uma conclusão. - Mas acho que ela não fará nada até o momento. Anda bastante ocupada ultimamente.

– Mesmo? - Pergunta sem emoção, já sabendo sobre o que se tratava. - É de se esperar da líder do Conselho, não é?

Ele concorda brevemente. Como era esperado, ele também não sabia do se tratava, mas não queria ir tão fundo no assunto.

Olha para a ruiva, estranhando o silêncio dela. Percebe uma certa preocupação nos olhos dela, não pelo o que Cazeaje fazia nem por ele mesmo. O assunto sobre Lass ainda ocupava sua mente, o que acabou incomodando Ronan.

– Elesis.

– Hum. - O olha.

O rapaz aperta os lábios por um momento, se preparando para falar. Ele olha sem demonstra emoção, apenas usa as palavras.

– Por qual motivo você decidiu me aceitar? Quero dizer, você podia ter negado.

– Eu decidi aceitar porque eu gosto de você. - Dizia, sem entender o motivo daquela conversa. - Por acaso, você não acredita em mim?

– É que, às vezes você não parece tão sincera. - Abaixa o olhar por um momento. - É como se sentisse obrigada a isso.

– Não estou sendo forçada, já disse. - Senta-se, olhando séria para o rapaz. - Escolhi isso porque quis.

– Sério? - Ela afirma rapidamente. - Muita das vezes, você parece confiar mais no Lass do que em mim. Há coisas que ele sabe sobre você que eu nem faço ideia.

Elesis o olhava como se aquilo fosse um absurdo, o que não é verdade. Ainda não conseguiu ter coragem para falar a Ronan sobre seu segredo de ser um garoto na maior parte do tempo. Jin e Lass tinham a avisado para não fazer isso, mesmo que ela confie bastante no rapaz. Além de outros segredos, como as chamas roxas, onde só o ninja sabe sobre isso.

Fechou os punhos, sentindo-se presa naquela situação.

– É claro que eu vou confiar no Lass. - Diz de repente, sem o olhar. - Depois que tudo que passamos, ele consegue me entender do mesmo jeito que o entendo. E mesmo que eu não quisesse isso, eu estaria presa a ele do mesmo jeito. - Tudo por causa de uma chama que pertence a pessoa errada.

– Claro, se eu tivesse passado mais tempo com você, teria mais confiança em mim? - Faz uma pergunta retórica, deixando a ruiva em silêncio. - Elesis, eu a conheço desde criança, desde que você vivia com ele.

Falava de Gerard e ela sabia muito bem, por isso de ter se encolhido nos próprios ombros.

– Eu sei, mas...

– Depois daquilo tudo, eu achei mesmo que você tivesse morrido. - Continua sério. - Não vi notícias suas, nem mesmo o Conselho foi capaz de te achar. Mas até que um certo dia, eu te vejo viva como se nada tivesse acontecido.

– O quê, não queria que eu me recuperasse? Que continuasse a chorar pelo o que aconteceu?

– Não estou falando isso! - Dá uma pausa. Levanta do chão, preparando-se para ir embora. - Só não aceito o fato de ter outra pessoa te fazendo feliz como você era comigo. - Diz as últimas palavras como um sussurro.

Elesis inclina a cabeça para frente, não tendo ouvido bem. Pede para repetir, mas Ronan balança a cabeça, para que esquecesse.

– Acho que você precisa descansa, então eu já vou indo.

– Ronan, é sério quando eu falo que gosto de você. - Arrasta-se até a ponta da cama, segurando a mão do rapaz. - Por favor, acredite em mim.

Ele retribui o aperto da mão, segurando a dela com delicadeza. A olha e abre um sorriso calmo, quase verdadeiro.

– Então me faça acreditar. - Diz gentil, sem querer parecer rude.

Soltou sua mão e a passou em seus cabelos ruivos, os bagunçando dessa forma. Inclinou o corpo, dando um pequeno beijo no topo da cabeça de Elesis. Ela olha envergonhada.

– Nos vemos depois.

Elesis disse o mesmo com um balançar de cabeça. Ronan foi embora sem dizer mais nada, apenas um silêncio pesado para trás.

Tudo que o rapaz tinha dito era verdade, sobre confiar mais em Lass do que nele. Mas ela também não estava errada quando dizia que passou por muitas coisas com ele, que isso que a fez ter confiança cada vez mais. Lass esteve quando se encontrou com Gerard; Quando Cazeaje apareceu para piorar sua vida; Quando ela mais precisava, ele estava lá, principalmente para fazer sua vida no colégio mais suportável.

Pode não estar namorando com ele ou, ou apaixonada como parece, mas ele continua sendo especial. Como havia dito, não podia simplesmente dar as costas para ele e ir embora. Lass tem algo que a pertence, mesmo que não queira, as chamas são dela.

Ficou sentada, encarando o nada por um bom tempo. O barulho vindo da janela a tirou dos pensamento, com um pulo de susto.

– O quê? - Diz confusa ao ver a cena.

O gato branco entrava pela a janela, olhando rapidamente para os dois lados. Deu um pequeno salto para dentro, rolando de forma bem engraçada e levantando-se. Antes de olhar e acenar para Elesis, virou para fechar a janela cuidadosamente. Por fim, balança a mão para ela.

A ruiva não segurou o riso, fica contente ao vê-lo.

– Achei que nunca mais fosse o ver. - Dizia a ruiva. - Quanto tempo.

Ele assente. Antes que pudesse dizer algo, aponta para a própria roupa. Agora que a ruiva nota uma mancha rosa no meio do macacão peludo de gato.

– O que aconteceu?

Então ele começa a fazer uma rápida mímica. Elesis concordava com cada coisa, até ter uma conclusão:

– Você tava andando por aqui, uma das garotas se assustou e tacou uma bebida em você? - Ele afirma. - É de se esperar ao ver alguém fantasiado de gato aparecer do nada. - Rir.

O gato abaixa os ombros, sem humor para a piada. Elesis continua a rir do mesmo jeito. A pessoa ignora a ruiva e vai até uma pequena mesa, puxando uma cadeira para si.

Então a espadachim se espanta, surpresa pelo o que ver. O gato abre seu macacão por dentro, descendo a parte de cima até sua cintura. Pela primeira vez, o vê que como é pelo o tronco, porém não adiantando de nada.

A pessoa que estava por debaixo da fantasia usava um moletom bem grosso, além das luvas para cobrir toda sua pele, sem deixar nenhuma brecha. Até mesmo seu pescoço era coberto pelo o capacete, que estava óbvio que ele não iria tirar.

– Provavelmente é homem. - Conclui quando ver nenhum volume sob o moletom do mesmo. Mas ainda não tinha certeza.

O gato se senta na cadeira que havia puxado, pegando uma jarra d'água ao lado. Aproveitou que tinha algumas toalhas sobre a mesa e pegou uma para molhar, usando como esponja para tirar a mancha da bebida em sua roupa. O tecido estava mais manchado por dentro, até mesmo seu moletom tinha se manchado um pouco.

– Aposto que não veio aqui para me mostrar como se limpa uma roupa. - Menciona a espadachim. - O que foi?

Ele estica a mão, pedindo para que esperasse. Elesis é obrigada a esperar até que o gato pegasse o celular no bolso e começasse a digitar. Ela fica aliviada quando isso acontece.

Soube que tinha se machucado. Que missão foi essa que você foi?

Pelo visto, ele já sabia da maior parte da história. Essa pessoa é mesmo um mistério.

– Alguns imprevistos, só isso. - Força uma risada. - Estou melhorando, com um processo demorado, mas estou ficando boa. Não precisa se preocupar com isso.

– Tem certeza? – Estica o aparelho enquanto a outra mão limpava a roupa. – Você não parece bem, em geral.

– Estou me recuperando ainda. - Suspira. - Espero ficar boa até semana que vem.

– Preocupada em ir no evento?

– Como você sabe? - Olha surpresa. - Vai também estar lá?

– Talvez.

Elesis sorrir ao saber que existe uma chance de se encontrar novamente com o gato. Gosta de sua presença, sempre é confortadora.

– Irá com alguém?

– Ah, sim. Provavelmente, minhas amigas irão também, então não estarei sozinha. - Encolhe-se. - Foi mal, não poderei te ver.Você não gosta de aparecer perto de pessoas.

Ele afirma com a cabeça. A mancha em sua roupa diminui, mas não consegue tirar. Ele joga o pano sobre a mesa, um pouco irritado por isso. Levantou-se para vestir a roupa, mas acabou desistindo ao ver que estava molhada e com a mancha maior. Acabou amarrando as mangas da roupa em sua cintura, a prendendo dessa forma.

– Como está seu corpo em relação às chamas roxas?

A ruiva se agita, incomodada. Como que o gato sabia daquilo? Ela tinha contado apenas para Lass, ninguém mais. Isso a fez olhar nervosa para ele.

– Como você sabe disso?

– Meu trabalho é saber se você está bem, então eu preciso saber sobre o que acontece com você.

– Tá, mas como você soube? - Olha desconfiada. - O Lass te contou?

Ele nega com a cabeça.

– Então você é o Lass? - Cerra mais ainda os olhos.

– Você acha mesmo que o Lass seria capaz de vestir uma roupa dessas para conversar com você? – Isso a faz pensar seriamente. - Exatamente.

– Então quem é você? E por que se preocupa tanto comigo?

Ele a olha por um longo tempo, como se não quisesse responder. Anda até perto da cama, escrevendo.

– Eu preciso de um motivo para não me preocupar com você?

Isso a faz ficar sem resposta. Todas as pessoas em sua volta ficam preocupadas com ela, por que um estranho que sabe demais não ficaria do mesmo jeito? O gato branco pode ser uma pessoa especial, vendo por esse lado.

De repente, ela é abraçada. Ele se debruça sobre a ruiva e enrolar em seus braços, como se não quisesse larga-la. Elesis fica surpresa, não sabendo como reagir. Até retribuiria o abraço, mas não fez, apenas deixou o calor que o gato tinha sob sua roupa a esquentasse. Quando apoiou sua cabeça no ombro do mesmo, ele a soltou.

Digita outra coisa e mostra para ela:

– Te vejo no evento.

Antes que Elesis pudesse debater, ele acenou e correu para janela. Outra vez, pulou dali sem preocupação. A ruiva soltou uma risada boba quando o gato se foi.

Sorria feliz, sabendo que ele estaria presente no festival.

***

O céu que antes estava azulado, agora está escuro e estrelado. Sentia-se um pouco agoniado quando entrava no prédio, queria um pouco de ar fresco antes de volta para seu quarto.

Lass estava deitado ao contrário no banco do pátio. Suas pernas se apoiavam no encosto do assento e sua cabeça pendurada para fora, quase batendo no chão. Ficando daquele jeito era mais confortável, achava ele.

Então seu momento de paz é interrompido. Algo leve cai sobre seu peito, logo pernas aparecem em sua visão. De cabeça pra baixo, levantou o olhar, vendo Edel parada na sua frente, séria como sempre.

– Consigo ver o que há debaixo da sua saia. - Menciona Lass, tranquilamente.

Sua expressão não muda, mas depois de um tempo, ela coloca a mão na saia. Mostra os dentes em irritação e acerta um chute na cabeça do ninja, o fazendo rugir no mesmo instante. Andou para o lado, fora da visão do mesmo.

– Venho aqui para dizer algo de importante e você vem com isso. - Diz Edel, quase cuspindo as palavras. - Que nojo.

– É, eu costumo criar esse tipo de reação nas garotas. - Massageava o local atingindo, sem tirar o sorriso sacana. - Nojo, raiva ou paixão.

– Garotas de sua imaginação não contam.

– Ha ha ha. - Rir forçadamente. - Obrigado.

– Não vim aqui para ficar ouvindo piada sua, Lass. - Apoia uma mão na cintura, ficando mais séria. - É algo sério.

– É sobre querer revanche? Olha, se você me der um minuto, eu vou pegar minha katana, mas não precisa. - Joga os braços para o lado em um "tanto faz". - Te mato com este banco aqui.

– Cala a boca e ouça o que eu tenho a dizer. - Ordena. O ninja olha emburrado, aceitando. - Antes de tudo, não contei sobre você para Cazeaje. Ela não precisa saber.

– Espera uma abraço em agradecimento? Porque eu não vou dar.

– Percebi os verdadeiros planos de Cazeaje, até mesmo um em específico. Já sabe que ela pretende prender Gerard em breve? - O ninja olha surpresa. Finalmente consegue sua atenção. - Não me pergunte sobre isto, não tenho o plano totalmente detalhado, mas sei que ela está ponde um plano em ação. Não envolve você nem a Elesis, ninguém de importante para falar a verdade.

– Ela quer prender Gerard e nem avisa para nós? Como ela vai fazer isso?

– Sinceramente, não sei. Só vim avisa-lo sobre isso, até mesmo Elesis já sabe disso?

– Por quê?! - Grita indignado. - Você conta isso para a pessoa mais maluca pelo o Gerard, perdeu a noção do perigo? Elesis deve tá se arrumando nesse momento para ir atrás dele.

– No estado que ela se encontra, será impossível. Ela reagiu bem quando disse isso, pareceu não acreditar no começo, mas nada que a faça sair correndo atrás dele. - Levanta os lábios, pensativa. - Acho que o fato de ter Cazeaje no meio a fez ficar sem reação.

Lass concorda. Olha para a pasta sobre seu peito e a pega. Espera Edel explicar o que é.

– Eu peguei da Cazeaje. Acho isso te pertence.

Ele abre a pasta, lenda confuso no começo. Quando entendeu que aquilo se trata de sua ficha, com coisas pessoais, ele ficou sério. Olha para Edel, querendo mais explicação.

– Onde ela arrumou isto? Cazeaje não tem minha ficha.

– Parece que alguém deve ter conseguido para ela. - Dá de ombros. - Ela deve ter feito bom uso dessas informações. Me pergunto se tem alguma coisa de ligado com esse plano de prender Gerard.

O ninja volta a encarar a ficha, furioso. Deu um giro no banco, sentando-se normalmente. Sua franja caiu pela a metade sobre seu rosto, enquanto a outra continuava para trás.

A ficha em sua mão se amassou quando começou a apertar firme. Edel olha em silêncio, assim notando as folhas ficando preta, como se queimassem. Uma fumaça saiu por entre os dedos do ninja, o que não parecia se importar nada. Quando separou as mãos,não havia mais ficha.

– Vim só para dizer isso e entregar essa pasta para você. - Menciona Edel, quebrando o silêncio. - Falarei a mesma coisa que falei para a Elesis: Só porque disse isso, não quer dizer que você tem que se intrometer. Pode ser muito bem uma armadilha da Cazeaje.

Lass nem percebe quando a capitã dá uma rápida despedida e vai embora. Continuou sério, encarando o chão. Cazeaje sabia de algo que não devia. As informações que tinham naquela ficha podem ser usadas contra ele.

Uma risada debochada escapa de seus lábios. Sorria com um olhar assustador, tudo para esconder a raiva que sentia. Apoia a mão no rosto, ainda soltando uma risada como se algo engraçado tivesse sido dito para ele. Sua sanidade abaixava, aparentemente.

– Ah, Dona Cazeaje, como você joga sujo. - Menciona com a voz arrastada. - Que os jogos comecem.


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Notas finais do capítulo

Review?
* Próximo capítulo será o evento da Lua, então prepare-se para muitas coisas acontecerem... Boas e ruins.
* Decidi postar o capítulo da minha outra fic, Uma Nerd e Um Gangstêr. Mas farei o seguinte: Quando esta fic aqui chega no capítulo 95, que será um capítulo bem tenso!, eu postarei o capítulo da outra fic, ok? Sabe, para relaxar hehe