Antes que Elesis disse mais uma coisa, Lass joga a mão contra a boca da mesma e a puxa para longe. Olha para o lado, sem alguém para observar a conversa, e a solta. A ruiva olha confusa para a atitude que teve.

— O que você faz aqui? – Pergunta Lass num sussurro. – Como chegou e por que está aqui?!

— Tá tudo bem? Parece estressado. – Nota a ruiva. Cutuca o rosto do rapaz. – Ao menos está vivo.

Afasta o rosto, encarando a espadachim. Aquilo não estava acontecendo, queria acreditar.

— Elesis, responda. – Continua a falar num tom baixo.

— Você que deveria me responder. Ontem, estávamos conversando e você desliga de repente e não dá notícias. – Dizia indignada. – É claro que eu vou ficar preocupada, poxa! Então eu vim para saber se você estava bem.

Lembra da conversa que teve na noite anterior, arrependido por não ter retornado a ligação para acalmar a espadachim. Entendia o motivo de ela estar ali, mas isso não tornava a situação melhor.

Não consegue falar ao ver o vulto contra Elesis. Pan a abraça com um largo sorriso, quase derrubando a ruiva, que continuava com os problemas nas pernas.

— Liz, ainda bem! Fiquei preocupada! – Falava a morena. Solta Elesis, apenas os ombros sendo segurados. – O que aconteceu com o seu cabelo? Os sequestradores pintaram ele? Eu não acredito.

Como era de se esperar, Elesis solta da garota e chega ao lado de Lass. Não entendia o que acontecia desde que chegou no reino, com todos fazendo reverência e a chamando por outro nome, principalmente “rainha”.

— Quem é ela? – Aponta.

— Liz, sou eu! Pan! – Fala a morena. Olha preocupada. – Por acaso, esqueceu quem sou eu?

— Para ser honesta, nunca te conheci para esquecer. – Encara o ninja. – Lass, o que está acontecendo?

Antes que pudesse responder, seu braço é segurado com força. Era Jin com as mãos trêmulas, apontando freneticamente para trás. Olha para a direção apontada e fica sem reação quando enxerga Amy, a amiga de cabelos rosas de Elesis.

O que estava acontecendo? Tinha entrado numa realidade paralela sem ter notado?

— Elesis? – Jin vê a espadachim ali. Fica surpreso, mais que antes. – O que faz aqui também?

— Elesis? – Pan questiona. – De quem você está falando?

— Eu sou a Elesis. – A ruiva gesticula para si.

Lass sente o clima ficar mais quente, sua mente diminuir o raciocínio. Não importava o que acontecia, impedia de ouvir e olhar. Quando percebe, todos estão com a atenção sobre ele, confusos. Irônico, achavam que ele tinha alguma resposta por estar no meio.

Cobre o rosto com as mãos e solta um grito abafado.

***

Lass cai de lado no degrau da escada, cansado após explicar tudo. Foi difícil se manter calmo na situação que estava, mas no fim, conseguiu concluir as histórias, no plural; uma para Elesis, outra para Pan.

— Então, você não é a Liz? – Questiona a morena enquanto olhava a ruiva. Eram tão parecidas, apenas alguns detalhes que a tornavam diferentes.

— Não, eu não sou essa rainha que vocês falam. – Coça a cabeça, ainda confusa. – Só estou aqui porque queria saber se o Lass estava bem.

— Então qual é o motivo de ela estar aqui também? – Lass fala, apontando com seriedade para Amy. A rosada olha ofendida.

— Elesis queria ajuda, só que não sabia o caminho para o reino. Eu, como uma boa amiga, trouxe ela. – Explica a jovem com a mão no peito. – Venho muito nessa cidade, então eu sabia como vim.

— Que gentileza a sua, Amy. – Falava Jin com o sorriso bobo desde que a viu. Seu rosto continuava corado, talvez pelo o sol. – Ainda bem que a Elesis te achou.

Estava quase afundando no degrau da escada pela a cena que Lass assistia. Jin era tão inocente que não conseguia enxergar o clima da situação. Elizabeth estava desaparecida, Elesis estava ali e para tornar tudo pior, Amy fazia companhia. Não conhecia a rosada, mas as vezes que a viu, foram as piores pelo o jeito mimado e irritante da mesma.

— Elesis, você precisa ir embora, rápido. – Fala Lass ao voltar se sentar. – Se as pessoas te verem assim, vão ficar loucas.

— Por quê?

— Você é muito parecida com a Liz. – Explicava Pan. – Se te verem, vão achar que é ela, mas... como posso dizer? Não está com uma boa aparência, irá chamar muita atenção.

Elesis quis retrucar com raiva, mas fica encolhida nos próprios ombros, envergonhada. Pan foi gentil, porém, Elesis sabia o significado: Não era tão feminina como a rainha era.

— Como é essa Elizabeth? – Amy pergunta. – Vocês dizem que ela está desaparecida, então por que não colocam a Elesis no lugar dela enquanto isso?

Lass balança a cabeça em negação sem pensar. Era uma resposta automática para a rosada. Os segundos passam e percebe a ideia que ela havia mencionado. Olha para Elesis, segura o rosto da ruiva e percebe que seria uma ideia perfeita.

— O que foi? – Ela pergunta com dificuldade, suas bochechas sendo apertadas enquanto isso.

— Não seria uma má ideia. – Diz Pan, olhando a mesma.

— E algumas pessoas já a viram. – Lembra Jin. – Não tem como a tirar daqui sem que a vejam.

Elesis demora a entender o plano, onde a envolvia com um longo vestido e muita maquiagem. Pensa ser uma piada que contavam, até notar a seriedade no rosto de cada.

— Hã?! – Diz com as bochechas pressionadas.

***

— Você não vai atrás dela? – Pergunta Pan.

Lass para de massagear o nariz vermelho pelo o soco recebido há alguns minutos atrás. Foi tudo tão rápido que nem percebeu quando Elesis se soltou dele e o atingiu com o próprio gesso, então, o que fazia agora, correu para longe do grupo.

— Ela não vai muito longe. – Diz Lass.

— Tinha esquecido que Elesis nunca aceitaria algo do tipo. – Fala Amy, pensativa. – Colocar um vestido seria bem difícil. É como fazer um cachorro latir.

Lass não consegue discordar. Solta um suspiro e anda sem pressa na direção da ruiva, logo aumentou os passos para alcança-la de vez.

Observam em silêncio enquanto o ninja perseguia a espadachim.

— Ah, sou Pan. – Apresenta-se para Amy. Estica a mão. – Ainda não nos cumprimentamos.

— Amy. – Segura a mão da jovem. – Amiga da Elesis.

Jin tenta entender como que elas se distraíam com algo tão bobo rapidamente. Elesis continuava a correr, em seguida, tropeça no próprio cansaço e cai no gramado. Lass diminui os passos enquanto se aproximava, sabendo que ela não fugiria tão cedo.

— Nem pensar! – Gritava Elesis. Arrastava no chão, cravando as unhas na terra para tentar se movimentar. – Não vou aceitar isso! Fique longe de mim!

Ela aceitaria no final, pensava Lass. Para os passos quando Elesis se vira com a espada apontada para ele. Como uma criança, ela move a lâmina para acerta-lo, apenas para que ficasse distante dele. Um momento, seu braço cansaria e seria pega.

— Vamos logo. – O rapaz estica a mão. – Não temos muito tempo.

Recolhe a mão com o som do vento. Levanta o rosto, com tempo de apenas ver um brilho e sentir seu corpo paralisar. Um raio é disparado contra seu peito, sem forças para evitar a queda. Suas costas doem com a batida contra a grama, aliás, cada pedaço do corpo se mexia numa agoniante dança de dor.

— Lass? – A ruiva se senta, conseguindo ver o rapaz caído.

— Problemas com seus funcionários, senhorita Elizabeth? – A voz grave vem de trás.

Antes de olhar, uma mão cai ao seu lado. Elesis levanta o olhar para o rapaz que oferecia ajuda para se levantar. O vento bate nas costas do mesmo, fazendo seu cabelo loiro balançar, preso por um longo rabo de cavalo.

— Mudou a aparência, percebo. – Diz ele. – Está muito bonita.

— Hã, eu não sou a...

— Luke!

Pan a cala ao se aproximar. Olha em aviso para a ruiva, que não ousasse falar algo perto daquele homem. Elesis vira o rosto, sem jeito.

— Não achei que fosse chegar tão cedo. – Comenta a jovem. Junta as mãos para evitar de aparecer sua tensão. – Por que disso?

— Eu vim na frente. Príncipe Gareth chegará mais tarde. – Explica o loiro. Guarda a espada que havia usado contra Lass, colocando-a na bainha de seu cinto. – Quem é aquele e por que ele tentava atacar a senhorita Elizabeth?

— O único que está atacando aqui é você. – Murmura Elesis.

Os olhares de ambos caem sobre ela. Soa frio e volta a olhar para o lado, mais nervosa que antes.

O azul do céu parecia mudar de cor toda vez que Lass piscava. Seu corpo continuava tomado pela eletricidade, impedindo que levantasse. O local atingindo queimava por fora e dentro, tornando tudo pior. Não sabia quanto tempo tinha passado ali, caído na grama. Talvez a eletricidade tenha atingido sua cabeça, mexido com sua mente.

— Tudo bem aí? – A sombra cai sobre seu rosto. Jin não parecia preocupado com seu estado. – Está vivo?

— Eu não sei. – Consegue mover seu braço, apoiando a mão sobre o peito. A sensação de queimadura era coisa da sua cabeça. – Não sabia que a Elesis tinha esse poder.

— É, ela não tem. – Ri com a confusão do rapaz. – Foi outra pessoa. – Aponta com um rápido olhar.

Não acha um problema para se sentar. Sua mente roda por poucos segundos, recuperando-se rapidamente. Elesis continuava no chão, porém, Pan e Amy estavam ao seu lado, mais... Estreita o olhar.

— Quem é o cara? – Pergunta. Uma ponta de incomodo o atingi.

— Enquanto você estava dormindo aí, Pan nos apresentou ele. – Explicava Jin. – Pelo visto, é guarda real do príncipe Gareth. Esqueceu? Ele estava para chegar hoje.

Outra pontada de incomodo. Lass fica de pé e se dirigi rapidamente até o grupo. Param a conversa e o olham, principalmente o loiro, conhecido por Luke.

— Não havia necessidade para o ataque. – Comenta Lass. Com todas forças, segurava a raiva que sentia do desconhecido.

— Desculpe, mas a senhorita Elizabeth parecia correr perigo com a sua aproximação. – Dizia Luke com um tom calmo, que parecia inquebrável. – Fiz o que me parecia sensato.

Jin tira a katana de suas mãos a tempo de evitar uma confusão maior. Lass sente os olhares em medo para ele, querendo que ele não fizesse o que pensava. Olha Elesis, ainda sentada no chão, e solta um suspiro.

— Eu tinha visto um inseto! – A ruiva exclama. Pan sorri com a atitude da mesma, que parece aceitar o lugar que tomaria. – Eu me assustei, foi isso.

— Havia esquecido que a senhorita odeia este tipo de criatura. – Apoia a mão no peito, abaixando o rosto. – Sinto muito pelo o engano, senhorita Elizabeth.

— Tanto faz. – Fingi o desdém. Ficam surpresos. Mesmo não conhecendo Elizabeth, agia exatamente como ela agiria.

— Por sinal, não fui apresentado a vocês ainda. – Olha cada um do grupo. – Quem são exatamente?

— Esses dois são os novos guardas da Liz. – Apresenta Pan, gesticulando para Jin e Lass. – Eles ficaram por um tempo, até que tudo normalize.

— E eu sou Amy! – A rosada estica a mão para o rapaz. A beleza do mesmo chamou sua atenção a partir do primeiro raio disparado, que deve ter a atingido em suas emoções. Os olhos azuis de Luke se viram para ela, confuso. – Empregada pessoal da Elizabeth! Eu que visto ela.

— Achei que fosse a Pan.

— Eu não posso fazer o trabalho todo sozinho. – A morena força a risada, junto com Amy.

Em meio a tudo aquilo, Elesis não sabia como reagir. Tinha abraçado as próprias pernas que não demonstravam sinal de vida para poder ficar de pé. O arrependimento de ter aceitado a proposta... Não, ter ido até ali por pura preocupação era o arrependimento que tinha. Achava que Lass estivesse em perigo, agora que olhava para sua própria situação, tinha se enganado.

— Vamos, Liz. – Chama Pan. – Você precisa tomar um banho e troca de roupa, né?

— Ah, sim.

Quando tenta levantar, não consegue. Suas pernas continuam fracas. Para seu azar, Luke percebe sua dificuldade.

— Precisa de ajuda, senhorita Elizabeth? – Ele pergunta gentilmente.

Ela não sabe o que responder. Não conhecia Elizabeth, nunca a viu ou sabe como ela agia. Fica tensa com o tempo que passa sem uma resposta para dar.

— Por favor. – É a única coisa que pensa.

O rapaz se abaixa para pega-la no colo. Elesis não esperava por este tipo de ajuda, quase atingindo o rapaz com seus punhos. Ele para, o peso no seu ombro o chama.

— Ela é minha responsabilidade. – Fala Lass sério. – Vá pegar o seu príncipe no colo.

Sem mais, pega a ruiva e sai da frente do rapaz. Não ousaria deixar ninguém pegar sua ruiva no colo além dele. Quando saía do gramado, o aperto em seu ombro aumenta. Era Elesis apertando as unhas contra sua pele. Ela estava irritada e ele sabia o motivo.

— Desculpa. – Pede.

— Quero uma parte do pagamento. – Diz sem o olhar.

— A metade, certo.

— 80% e não falamos mais disso.

E não falam. Lass suspira, não sabendo se ficava feliz ou não pelo o aparecimento da ruiva ali. Ela seria de grande ajuda, ao mesmo tempo, não.

***

— Aqui dentro, tudo é tão bonito! – Exclama Amy enquanto rodopiava no meio do salão.

Lass massageia a testa em impaciência, ao contrário de Jin, que não conseguia tirar os olhos da rosada. Ela estava vestida como sempre, nada de incomum, mas para o ruivo, fazia toda a diferença quando comparava com outra garota. Amy era bela, mesmo ao parar de girar e quase cair no chão em tontura. O ninja ao seu lado já havia desistido de tentar entender o amor dele por ela.

— Luke está ocupado, então podemos conversar. – Diz Pan ao chegar no salão. – Elesis está no quarto se arrumando, tentando disfarçar certas diferenças da Liz. O problema será explicar sobre o gesso. – Começava a ficar preocupada com todos detalhes.

— Será temporário. Sobre o gesso, fale que ela se machucou. Simples. – Sugere Lass.

— Mas não ficará bonito pelo o jeito da Liz. Ela nunca usaria algo do tipo.  – Anda de um lado para o outro, pensativa. – Ah, e ela não apareceu ainda. Não sei o que fazer.

— Hey, hey, garota chocolate. – Chama Amy, referindo-se pela a pele escura de Pan. – Pode não conhecer, mas a Elesis sabe levar uma tarefa a sério. É claro que será complicado colocar ela num vestido, mas eu posso dar conta disso. Então, não se preocupe à toa, okay?

O que ela estivesse ajudando, Lass queria mandar ela se cala o mais rápido possível. Mas não fez. Pan sorri com mais confiança, o medo sumindo aos poucos pelas as palavras da jovem. O ninja balança a cabeça, sem acreditar.

— Certo, vamos colocar o plano sobre a mesa. – Fala Pan, mais calma dessa vez. Com determinação, por sua amiga, continua. – Alguém terá que ir atrás da verdadeira Elizabeth enquanto um fica com a falsa para continuar o disfarce, para ninguém perceber a diferença.

— Jin irá atrás dela, eu ficarei. – Lass fala rapidamente. – Não devem ter a levado tão longe, apenas bem escondida pelos os arredores. Precisamos acha-la antes do casamento.

— E se não encontrar? – Questiona Amy. – Elesis terá que se casar no lugar da rainha. – Ela ri com a situação.

— Não diga isso, Amy. – Pede Jin por sentir a aura pesada do amigo. – Principalmente a Elesis. Ela vai odiar saber disso.

— É, só ela. – Lass murmura, quase afundando em raiva.

— Então, Jin, você terá que ir só amanhã a procura da Liz. – Explica Pan. – Se for hoje, Luke poderá desconfiar de algo, e não será nada bom se ele ou qualquer outra pessoa descobrir.

— Entendido. – Confirma o ruivo.

Ouvem a voz de Elesis no andar de cima. Ela se aproximava das escadas, apressada pelo o tom de voz agressivo. De repente, fica um silêncio profundo. Amy sobe as escadas para saber o que aconteceu. No topo, ouvem a risada dela e de volta a voz da ruiva.

Ela poderia parecer desastrada enquanto descia a escada, mas pouco importava para Lass. Ele fica de pé para ver a ruiva naquele longo vestido, que a tornava uma verdadeira rainha. Tinham feito um penteado preso na mesma, colocado alguma coisa em seu rosto para ter feito as pequenas cicatrizes desaparecidos, sua pele tão lisa quanto de Elizabeth.

— Preciso mesmo usar isso? – Ela rosna ao chegar no chão, com ajuda de Amy. – Um short cairia bem.

— Não, Liz nunca usaria algo do tipo. Só vestidos. – Explica Pan, também surpresa pela semelhança da ruiva com sua amiga. – Desculpe se está se sentindo desconfortável.

— Eu... – Estava coberta pela vergonha naquela roupa. Amy a olhava, como se quisesse estar em seu lugar. Se pudesse, entregaria a ela. – Isso é tão desagradável.

— Os sapatos são do mesmo número?

Levanta a saia do vestido, mostrando seus pés descalços. Os saltos estavam na outra mão, erguendo com um olhar de irritação.

— Não usarei essas coisas. Não irei aguentar usar nem um segundo, são muito dolorosos. – Felizmente, a longa saia do vestido escondias suas pernas enfaixadas.

Pan insistiria, até perceber os curativos nas pernas da mesma.

— Certo, posso achar outros sapatos que sejam mais confortáveis. – Diz ela. – Mas antes, precisa vim comigo para eu te apresentar tudo e como deve agir. Creio que não seja muita coisa, será bem fácil para você.

Usar um vestido era um desafio para ela, não gostaria de saber qual seria a próximo tarefa a fazer. Mas estava ali e não poderia voltar mais, precisava ir até o fim. Confirma com as mãos firmes contra o vestido que usava.

— Você pode me ajudar nisso, certo? – Pergunta Pan a Amy. – Deve ser mais fácil com você.

— Claro! Elesis, você aprenderá ser uma dama. – Diz a rosada. Pega a ruiva pelo o braço e o contorna, a puxando para o corredor ao lado. – Vamos, vamos.

— Não se esforce demais. – Fala Lass, preocupado com as pernas da espadachim. Não apenas isso, embora demonstrasse um pouco de felicidade e raiva, Elesis continuava afetada por Depas. Algumas rachaduras ainda podiam ser vistas.

Pan já dava passos para segui-la, porém para e volta a ter sua tristeza de antes. Elesis era parecida com sua amiga, mas não era ela. O que estaria acontecendo com ela nesse exato momento?

— Por favor, tragam ela de volta. – Diz, sem a coragem de olha-los. – Sei que conseguiram da última vez, mas sinto que agora será diferente. Não quero colocar muita pressão, mas... Liz é a última pessoa que restou para esse reino, e para mim. – Suas palavras quase somem.

Lass sente algo a mais no pedido de Pan. A tristeza que ela sentia era parecida com a dele quando esteve no circo, distante de Elesis. Elizabeth para Pan, era como a ruiva para ele. Não era apenas uma questão de amizade, e sim, além disso.

— Você gosta dela. – Jin Percebe.

Ela o olha com o rosto tomado pelo vermelho. Balança a cabeça em negação, mais envergonhada quando percebe que não adiantava.

— Eu... – Pan encolhe o corpo, não sabendo o que fazer. Suspira. – Gosto da Liz, mas não quer dizer que irei interromper o casamento dela. – Nervosa, força um olhar de determinação. – Quero vê-la feliz, então que seja com o príncipe Gareth.

— Iremos trazê-la de volta. – Diz Lass sem pensar duas vezes. Ele sorri. – É uma promessa.

Ele sabia como era querer ver a pessoa amada com outra, sabendo que esse era o melhor para ela. Antes, estar perto de Elesis era o mesmo de coloca-la em perigo, por isso teve que se manter distante. Mas não tinha valido a pena, ela nunca estaria segura longe dele, o mesmo para si.

Pan não via dessa forma, era algo bem mais pessoal, que Lass nunca poderia entender.

***

Ficou na ponta do pé para alcançar a pasta na penúltima fileira. Não conseguia, mexe seus dedos para ao menos encostar. A mão a ultrapassa e pega a pasta, descendo até ela.

Arme pega a pasta e agradece, sem jeito pelo o sorriso de Ronan.

— Tem certeza que não quer ir embora? – Pergunta o rapaz. – Não quero que entre em confusão por minha causa.

— Não tem problema. Você me ajudou com as tintas, então eu achei que pudesse ajudar com o Conselho. – Diz determinada.

Desde de ontem que Ronan tem a ajudado com a pintura do salão. Era uma maneira que ele achava boa para esvaziar a mente. Não negou a companhia do mesmo, pôde conversar mais e diminuir a vergonha que sentia por sua presença. Porém, havia sido interrompido quando o telefone do rapaz tocou. Ele não parecia preocupado, mas a pessoa do outro lado sim.

Ronan precisava ir no Conselho para resolver algo, essa foi a chance que a maga viu para oferecer sua ajuda, e se manter mais perto dele. Insistiu, não sabendo o perigo que corria até que Ronan a explicou durante o caminho. O medo de enfrentar Cazeaje a qualquer instante não desaparecia.

— Então, essa pasta diz algo? – O rapaz olha curioso.

Tinha feito outra vez. Olhar o rapaz e esquecer o que tinha que fazer. Concorda e abre a pasta rapidamente, querendo que a situação fique menos constrangedora.

— Não, nada sobre esse reino. – Diz Arme. – É outra coisa.

Fazia tempo que estavam procurando por algo que estivesse relacionado ao reino. Ronan queria acreditar que tudo que Lass tinha dito era um grande erro, mas não conseguia. Sua tia era capaz de fazer algo do tipo, por qual motivo? Era isso que gostaria de descobrir.

Arme entrega a pasta para ele colocar no lugar. Rodeia as estantes, continuando a procurar por outra pasta.

— Sabe, por que ela faria algo do tipo? – Pergunta Arme enquanto olhava para as pastas. – Eu estudo bastante sobre o Conselho no meu colégio, mas sinto que existe bem mais coisa.

— Não querendo ser rude, mas vocês só aprendem o básico. Como trabalho aqui, sei o bastante para ficar o dia todo aqui explicando como que funciona. – Passa a mão no cabelo, cansado com o pensamento.

— Então, você ver algum motivo para ter uma briga entre dois reinos? – Apoia o ombro na estante, observando Ronan. – Nunca vi muito sentido entre as guerras de Canaban e Serdin.

— Minha tia gosta de conquistar, então... – Deu de ombros. – Mas não haveria sentido nisso. Adel é forte o bastante para impedir minha tia, e ela sabe disso. Deve ter alguma coisa faltando que não percebemos ainda.

— Existe algo que seja bastante importante para sua tia? Que ela queira tanto?

Não a conhecia tão bem quanto pensava, tudo que sabia sobre ela eram seus objetivos de conquistar os continentes com seus planos imundos. Mas havia algo maior, que ela deixava bem claro.

Arme desencosta da estante quando vê o rosto de espanto no rapaz.

— O que foi?

— Provocar uma guerra, seria isso. É o único jeito. – Murmura Ronan, o olhar fixo no chão. Com uma conclusão, vira-se para Arme. – Se ela conseguir fazer uma guerra, poderá usar a arma que quiser, sem leis ou regras para impedi-la.

— E que arma seria essa? – Olha assustada para o tom do rapaz.

— Aquela que só ela tem.

Arme poderia não entender o que dizia, mas com certeza Lass saberia antes mesmo de dizer. Usar uma guerra como desculpa para apenas colocar as chamas em prática seria loucura, uma que Cazeaje faria como se fosse uma brincadeira de criança. Ela é imprudente o suficiente para colocar a vida de milhões de pessoas em risco por seu desejo pessoal.

Não podia continuar mais ali, não seria naquele local que encontraria o que queria. Pegou Arme pela a mão e a puxou para fora da sala, apressado para que ninguém os veja. Acreditava em Lass, na loucura que Cazeaje pretendia fazer, mas antes, tinha que avisar ao ninja sobre isso.

Arme bate contra suas costas. Estavam correndo e o rapaz para de repente, sem um aviso antes. Perguntaria, parando ao ver a expressão de medo do mesmo. Ele recua, empurrando-a para trás dele, como em proteção.

— O que foi, Ronan?

— Não fale, por favor. – Ele sussurra.

O corpo do rapaz estava tenso, não conseguia mais dar um passo. Olha sobre seu ombro e nota uma mulher se aproximar. Alta e esguia, foi o que Arme precisou ver para saber que era Cazeaje.

— Ronan, meu querido. – Diz Cazeaje. Sorria com graça, que para ele, era o motivo de ficar preso no lugar. – Não sabia que me visitaria.

— Estava de passagem, Dona Cazeaje. – Mantem a voz firme. – Queria ver se tinha algum trabalho para mim.

— Sabe que eu te ligo quando preciso de sua ajuda. – Para de se aproximar. Suas sobrancelhas sobem quando nota Arme, tão escondida atrás do rapaz. – Ora, uma companhia. Quem é, Ronan?

— Uma amiga. – Responde rapidamente.  – Ela está fazendo companhia, só isso.

Engole seco. Não era o bastante para ter a convencido.

— É claro, depois do fracasso com a Elesis, você pula para outra.

Os olhos de Ronan se arregalam. Como ela tinha descoberto sobre isso? Poucas pessoas sabiam, onde ela não estava inclusa.

— Fracasso? Não se intrometa nisso, Dona Cazeaje. – Arme sente a intensidade em suas palavras. Ele tinha ficado sério de repente. – E não envolva minha amiga nisso.

— Só estou comentando, querido. – Ri enquanto fala. – Só digo que não estou surpresa de saber disso.

Mesmo depois de semanas, Arme via em Ronan a ferida que Elesis tinha causado nele. Ainda faltava para superar o que tinha acontecido, no fundo, aquele sentimento pela ruiva ainda existia. Abaixa o olhar, seu corpo pesando de uma forma estranha. Por que se importa com isso?

— Elesis está melhor do jeito que está. – Fala Ronan. – E eu também estou. É melhor desse jeito.

— Ah, claro. – Seu sorriso aumenta. – Provavelmente, deve ter perdido para o Lass.

Não aguentava mais. Aqueles insultos vindos da líder não poderiam ser admitidos. Moveu para frente de Cazeaje, o rosto erguido para encará-la.

Ronan fica surpreso pela a atitude de Arme. A maga estava de frente a Cazeaje, as mãos na cintura com seu rosto fechado. O que ela fazia?

— E daí se o Ronan não está com a Elesis? Isso não quer dizer que ele tenha fracassado em ficar com ela. – Falava a maga, indignada. – Talvez você não entenda, mas o amor não funciona assim! Ronan pode ter amado a Elesis, sofrido, mas o que ele fez por ela que importa. Elesis está muito feliz agora ao lado do Lass, do mesmo jeito que o Ronan está sem ela.

A surpresa toma a expressão de Cazeaje, logo de Ronan. O rapaz segura Arme pelos ombros e a puxa. A maga fica confusa pela raiva que ele expressava, tanto para ela quanto para a líder.

Demora a perceber, quando Cazeaje sorria novamente.

— Então é por isso. – Ela fala, animada.

— Fique fora, Karina. – Ronan arrasta a voz, transformando o aviso em ameaça. – Nem ouse.

— O que foi? Estou feliz pela notícia. – Ela bate palmas. – Isso é ótimo, não acha?

Ronan nega. Arme sente as mãos do rapaz ficarem trêmulas sobre seus ombros. Ele estava com medo. Sem notar, a maga sente o desespero atingi-la.

— Bem, pretendo fazer uma surpresa para eles. – Diz Cazeaje. – Mas agora estou ocupada, então já vou indo. Até mais, querido e... – Analisa a maga. – amiga.

Sabe que Cazeaje está distante quando o barulho de seu salto some. Arme segura as próprias mãos e se vira para Ronan, arrependida pelo o que diz. Tinha tentado ajuda-lo e só tornou a situação pior.

— Desculpe, Ronan. Eu não queria. – Ela fala.

A raiva já tinha sumido, o medo voltado. Ele nega.

— Não é sua culpa. É só... – Esfrega a nuca. Não queria dizer a maga sobre as consequências, justamente para impedir que ela se sinta culpada. – Minha tia é um pouco problemática, como você percebeu.

Agora que Cazeaje sabia sobre Lass e Elesis, Ronan temia pelo o que podia acontecer, com um dos dois. As chamas estavam envolvidas, o que fazia ele se lembrar do plano da líder.

Apoia a mão na testa. Sua cabeça começa a doer em pressão.

***

Elesis joga a cabeça de lado, vendo melhor como Pan segurava a xícara. Ela ensinava a ruiva como segurar da forma correta, como uma rainha deveria fazer. A ruiva tenta fazer igual, porém não consegue manter a pose por muito tempo.

— Como que vocês conseguem fazer isso? É só beber o chá, não é? – Diz indignada. – Por que precisa de tudo isso?

— Porque uma dama mostra sua delicadeza a todo momento. – Explica Pan gentilmente. – E você precisa fazer o mesmo.

— Então não posso bater nas pessoas?

— Claro que não. – Ri. Para ao perceber que a ruiva falava sério. – Nada de agressivo, fisicamente ou verbalmente. Sempre gentil, certo?

Ela suspira sem ter outra escolha. Olha para Lass, parado na entrada. Ele fazia seu trabalho, agir como o guarda da rainha. Jin estava em outro lugar, provavelmente pesquisando mais sobre o desaparecimento da Elizabeth.

— Talvez se você tirar esse gesso, seja melhor, Elesis. – Diz Amy ao seu lado. – Isso não é nada elegante.

— Não posso tirar ainda. – Queria poder, mas seu braço precisava de mais tempo. – Não posso colocar algo por cima?

— Vou tentar achar algo. – Diz Pan pensativa. – Mas agora, fique de pé. Quero que treine seu jeito de andar.

— E qual é o problema do meu andar? – Pergunta inocente.

Amy fica de pé e puxa a ruiva para o mesmo. Ajeita a longa saia do vestido da espadachim para que ela não tropeçasse.

— Primeiro, ajeito sua postura. – Pede a rosada. – Você é uma rainha, então aja como uma.

— Ah, certo. – Estica a coluna, desconfortável depois de um tempo.

— E para andar... – Pega um livro na prateleira ao lado e coloca sobre a cabeça de Elesis. Ela olha confusa, parada com medo que caísse. – Agora ande, sem deixar o livro cair.

— E o que isso tem a ver?

— Apenas tente, Elesis.

Continuava sem ver um propósito no que faria, mas fez. Sem tocar o livro, deu passos cuidadosos, com medo que ele caísse. Era mais difícil que esperava, seu corpo paralisava a cada passo dado, logo se desequilibrando e deixando o livro cair.

— É um bom começo. – Elogia Pan. – Deve se acostumar rápido.

— Eu espero. – Elesis não parecia muito positiva.

Lass é o primeiro a sentir alguém entrar na sala. Elesis se assusta, jogando os braços para trás para tentar manter uma pose elegante, como julgava, para Luke. Amy chega ao seu lado e solta suas mãos, colocando-as para frente. Era melhor assim, apesar do gesso.

— Desculpe interromper. – Ele pede. Inclina o corpo por um instante. – Mas o príncipe Gareth já chegou.

— Oh, mas já? – Pan parece surpresa, mas não no bom sentido. – Mande-o entrar.

— Mandarei. – Outra reverência antes de sair da sala.

Com a saída de Luke, Jin entra. Chega ao lado de Lass, observando Elesis com o longo vestido enquanto as garotas explicavam rapidamente como ela deveria agir. A ruiva parecia confusa, entendendo aos poucos o que deveria fazer. Seu maior desafio era saber como Elizabeth agia, o que não havia sido dito ainda.

— Eu posso falar a maioria das coisas, mas em algum momento, você terá que tomar a conversa. – Diz Pan. – Você precisa agir como uma apaixonada para o príncipe Gareth, mas não tanto. Consegue fazer?

— Não tenho muita escolha, não é mesmo? – Suspira.

Deu alguns passos à frente e sentiu seu corpo encolher quando a porta se abriu. Pan apoia a mão contra suas costas e ela volta a ficar com a postura certa. Luke foi o primeiro a entrar, parando ao lado da porta.

O príncipe Gareth entra em seguida. Era um rapaz de estatura comum, como Jin, sem muito um físico esportivo, pelo o que via sobre as roupas elegantes que usava. Os cabelos escuros estavam bem penteados, formando uma franja sobre sua testa. Quando seus olhos verdes, como de um gato, viram Elesis, um sorriso apaixonante se abriu em seu rosto. Ao fundo, a ruiva sente Amy voltar a se sentar com a beleza do príncipe.

— Elizabeth, minha dama. – Ele fala com um calmo, espontâneo de se ouvir. Continua os passos até ela. – Pensei que fosse mentira quando disseram que havia mudado a cor dos cabelos e olhos. Achei que não fosse combinar, mas agora que a vejo, tenho me enganado.

Para de frente a jovem, percebendo melhor a nova aparência de “Elizabeth”. O mesmo via Elesis, notando como o príncipe era bonito diante de si, o verde de seus olhos clareando cada vez que piscavam.

— Está tão quieta. O que foi? – Ele nota.

— Liz só está surpresa por sua presença. Ela está muito nervosa, é isso. – Explica Pan.

— É, tinha esquecido do nosso casamento. – Fala Elesis, tentando o máximo parecer com Elizabeth. – Agora eu me lembrei e estou muito feliz. – Força um sorriso, que parece convencer.

Esconde a confusão que sente quando o rapaz segura seu rosto com as duas mãos. Elesis fica tensa pelo o contato, querendo recuar.

— Me desculpe pela insensibilidade, Elizabeth. – Enquanto falava, sua voz aquecia seu corpo. Gareth atingia até mesmo Elesis com seu charme. – Às vezes, esqueço que você é delicada como uma flor.

— Não se preocupe com isso. – Diz a ruiva. Torcia para que sua voz não saísse trêmula. – O importante, é que você está aqui agora.

— Ah, sim! – Ele sorri. – Tinha me esquecido completamente da promessa que havia feito. Por isso que está tão quieta, não?

— É-É sua promessa. – Ri sem jeito. No fundo, queria que aquilo acabasse de vez. – Bem, estou aqui, pode cumpri-la agora.

— Como quiser.

A promessa soava tão inocente para a ruiva que ela não esperava pelo o que vinha em seguida. O príncipe Gareth a beija, diante todos, inclusive a Lass. O ninja não se preocupava de início, considerava o rapaz inofensivo para ele, mas quando o mesmo se aproximou, a mão do ninja, automaticamente, cai sobre o cabo de sua katana. Seu sangue ferve em raiva, ciúmes, o que fosse que sentisse naquele instante.

Dá um passo à frente e Jin o segura antes disso. O ruivo sabia o que ele pensava, impedindo que o plano acabasse por um ciúme bobo.

— Calma, Lass. – Sussurra Jin. – Por favor.

Ele não se acalma. Lass não se atreve a avançar, mas sua face fica fechada pela a raiva. Ao menos, ele não ousaria fazer algo que arruinasse tudo.

Elesis sente os lábios de Gareth se afastarem. No começo, fica surpresa, logo trêmula pela a surpresa. Ele a olha, esperando por uma resposta, que com certeza, soubesse que Elizabeth diria.

Precisava seguir o plano, qualquer palavra errada e ele perceberia. Engole seco e toma uma atitude que a torna irreconhecível.

Segura a gola da camisa do príncipe e o puxa para perto de seu rosto, encarando o rapaz com um largo sorriso em provocação.

— Eu esperava por mais. – Diz Elesis. O tom usado, faz Lass querer se encolher no chão, desaparecer do lugar. A ruiva nunca tinha o provocado assim, uma pontada de inveja pelo o príncipe.

— Desculpe, mylady. – Diz Gareth. – Mas não em público.

— Ah, claro. – Solta, fingindo parecer emburrada. Não sabia de onde vinha toda essa atuação. – Nos vemos mais tarde então.

O rapaz não se ofende, faz uma rápida reverência e se afasta.

— Até daqui a pouco, Elizabeth. – Dá as costas, acertando um leve tapa no ombro de Luke. – Vamos, parceiro.

A ruiva quase desaba com a saída da dupla. Pan solta a respiração que prendia, feliz por ter dado certo. Amy cai de lado no sofá, ainda drogada pela a beleza do príncipe.

Enquanto isso, Elesis olha para Lass, já sabendo o olhar furioso do rapaz sobre ela.

***

Não sabia quanto tempo teria que aturar isso. Até o final da semana, o que era considerado longo pela a situação atual. Podia parecer Elesis pensando isso, mas era Lass, indignado pelo o que tinha acontecido horas atrás. Tentou falar com a ruiva, porém, ela estava ocupada com Pan e Amy.

Isso era um dos motivos para estar irritado. Ser ignorado como se nada tivesse acontecido.

— Eu posso falar agora? – Pergunta o rapaz.

Elesis saía do quarto de Elizabeth, com um vestido e aparência trocada. Lass quase não consegue fazer a pergunta quando ver a mesma, mais bela que antes.

— Daqui a pouco, ela irá jantar com o príncipe Gareth. – Explica Pan, ao lado. – Terá que ser rápido e num lugar privado. Não será bom alguém vê-los juntos.

— Certo, então.

Pan se afasta para não ser acerta pela a saia do vestido de Elesis. Lass pega a ruiva pelas pernas e a joga sobre o ombro, saindo apressado. A espada sacudiu para ser solta, envergonhada pelo o que passava.

— Lass, me solta. – Fala com a voz baixa, não querendo chamar a atenção.

Não percebe quando entra no armário de limpeza e é solta. O vestido quase a faz tropeçar, segurando-se na parede ao lado. Quando firme, encara o rapaz, tendo a mesma expressão.

— Por que está agindo assim? – Ela pergunta. – Não fiz nada.

— Sério que você vai fingir que nada aconteceu? – Fala surpreso. – Aquele cara te beijou e você não fez nada!

— Queria que eu batesse nele? Você mesmo disse para eu ficar e agir como a droga da rainha. – Apoia as mãos na cintura. – E bem, estou fazendo exatamente isso.

— Poderia ter feito outra coisa, em vez de provoca-lo.

— Eu já disse que estou fazendo minha parte! – Bate contra o peito do rapaz. – Tente se colocar no meu lugar.

Não deveria agir dessa forma com a ruiva. Tinha sido ele quem havia a forçado a fazer isso. Precisava se acalmar, agia como um garoto ciumento, o que não queria.

— Mas e... – Para de falar, limpando a garganta enquanto desviava o olhar. Elesis estranha. – O beijo... Ele beija bem?

— Por que você mesmo não vai experimentar? – Diz seca.

— Eu só não tô querendo ficar em segundo plano. – Disse irritado.

Elesis ri, acertando um tapa no braço do rapaz para acalma-lo. Lass abaixa os ombros tensos, querendo poder rir junto com a ruiva.

— Você deveria estar preocupado em achar a rainha, e não quem eu beijo. – Falava Elesis. – E não será um bom beijo que fará eu perder o interesse em você.

Elesis passa por ele para abrir a porta. É impedida pela a mão do rapaz que cai sobre a porta, fechando-a novamente.

— Então você gostou do beijo. – O rapaz acusa, sério.

— Eu não disse isso. – Diz envergonhada.

— Você disse agora.

— Pare com isso. Já está me irritando.

Saiu do local antes que Lass persistisse no assunto. Ele poderia ter razão para ficar daquele jeito, mas não para a espadachim. Se a irritasse, não importasse o porquê, teria as consequências.

***

No começo, tinha ficado séria, firme para não demonstrar medo. Após algumas horas, sentiu o desespero tomar conta de seu corpo. Rejeitou. Se deixasse ser tomada desse jeito, de nada adiantaria.

Pensava assim, até sua pele começar a ser cortada em finos cortes nos braços. Ela gritou quando o primeiro fio de sangue desceu, depois as lágrimas vieram pela a dor sentida. Não queria mais continuar ali, o lugar era abafado e escuro. Tudo que pôde fazer foi fechar os olhos e rezar pelas as deusas.

— Ei, princesa, pare de chorar. – Fala alguém. Ela não consegue ver, seus olhos vendados apenas faz a escuridão ser familiar. – Precisamos te entregar inteira, então para de choramingar tanto.

A voz fazia eco na sala onde estavam. Era aterrorizante. Eram poucas pessoas ali, mas os barulhos de suas respirações criavam a ilusão de mais. Devia ser uma estratégia.

Elizabeth já não aguentava mais viver diante àquela tortura psicológica.

***

Lass não conseguia tirar a atenção de Elesis. Ela estava na mesa de janta, acompanhada por aquele ser que o ninja tanto criava ódio. Gareth estava na outra ponta, distante para tentar outro beijo ou algo similar na ruiva. Era para estar calmo com isso, mas o fato de Elesis ignorar a comida para conversar com o príncipe o irritava.

— Vamos logo. – Repete Jin. Agora, o puxava pelo o braço para fora do salão.

As ordens eram deixa-los sozinhos. Lass não queria isso, mesmo após a conversa com Elesis. Ficaram esperando em outra sala enquanto o príncipe conversava com ela, tão gentil que até mesmo Jin era afetado por seu carisma.

— Após o jantar, ela irá para o quarto descansar. – Menciona Pan, sentada no sofá enquanto via alguns papeis. – Não se preocupe, príncipe Gareth tem bons modos.

— Eu percebi quando ele invadiu os lábios da minha ruiva. – Não percebe a forma de chamar Elesis.

— Então vocês são namorados mesmo. – De início, Pan achava ser uma queda que o ninja tinha por ela, mas logo percebe que há algo a mais. – Deve ser chato para você.

— O problema não é esse. – Jin invadi a conversa. – Precisamos encontrar Elizabeth o mais rápido. Eu irei amanhã, precisaria de uma companhia para ajudar.

— Eu posso ir com você. – Fala Pan.

— Não, será muito suspeito você ausente no reino. Como a Elizabeth, você também é importante. – Disse Lass. – Jin, você vai levar o troço rosa com você.

Poderia parecer, mas Amy estava presente no cômodo. Ela olha com as bochechas inchadas para o ninja, emburrada pelo o que disse.

— Estou aqui para ajudar minha amiga, sem esperar nada em troca. – Explica a jovem. – E o mesmo vale para o Jin. Se ele quer ajuda, eu ajudarei então.

— Mui-Muito obrigado, Amy. – Diz Jin, tímido. Esfrega o cabelo com o rosto corado. – Será muito boa a sua ajuda.

— Que seja. – O ninja revira os olhos. – Quando o jantar acaba? Estão demorando muito.

— Logo. – Pan ri com os ciúmes que o rapaz não conseguia esconder.

***

Ao chegar no quarto, Elesis dispensa as empregadas que a esperavam. Elas estavam ali para ajudar a mesma tirar o vestido e colocar seu pijama, como se a mesma precisasse disso. Era uma invasão de privacidade, que a envergonhou quando aconteceu pela primeira vez. Se alguém fosse tirar sua roupa, que fosse ela mesma e sem alguém para olha-la. Aliás, ninguém podia ver a cicatriz em suas costas, pois poderia haver um grande desconfio.

Além disso, tinha o príncipe Gareth. Pelo o que notou, ele não desconfiou ou demonstrou durante a conversa que teve. Toda vez que ele perguntava sobre algo do passado que tinham passado juntos, Elesis mudava de assunto.

— Por que eu não fugi antes? – Pergunta para si. Retirava o vestido, cuidadosa para não o danificar. – Deveria nem estar aqui.

Fingir ser uma rainha, agir como uma dama era sufocante para a ruiva. Tirou seu longo vestido e pegou outro sobre a cama, mais leve para poder dormir.

— Elesis.

A voz vem da varando. Olha para a direção e se assusta ao ver Lass pular para dentro. Sem pensar duas vezes, puxou o coberto da cama e se enrolou nele, envergonhada em ser vista daquele jeito pelo o rapaz.

— Não sabe bater? – Arrasta a voz pela irritação. Chega na porta da varando, olhando o ninja de perto.

— Seria muito suspeito se eu entrasse pela a porta, invadindo o quarto da rainha enquanto ela está sozinha. – Diz Lass. – E só estou aqui para explicar o plano de amanhã.

— Então fala. – Cruza os braços. Não estava com paciência para lidar com os ciúmes do rapaz. – O plano.

— Jin e Amy vão tentar achar a Elizabeth até o final do dia. Temo que o sequestro dela não seja por simples interesse de dinheiro. – Ficava nervoso quando pensava nas chances.

— E teria algum outro motivo para pegarem ela? – Pergunta, confusa.

— Talvez você não acredite, mas tudo isso pode estar ligado com Cazeaje. – Entende a expressão da ruiva. – Alguns ataques de Serdin aqui, que poderia provocar uma guerra. Cazeaje é capaz disso.

Elesis estremecia ao pensar assim. Provocar um desastre desse era comum da parte da líder, independente do motivo.

— O que eu devo fazer enquanto isso? Sinto que tenho o poder nas mãos para ajudar.

— Apenas... – Era difícil para o ninja aceitar. – Seja a Elizabeth e faça de tudo para que aquele idiota não perceba.

— O príncipe Gareth?

— É, ele mesmo. – Diz impaciente. – E o guarda dele. Luke parece ser bem observador.

— Se você me falasse mais sobre essa Elizabeth, talvez eu conseguisse atuar melhor.

Não havia tanta diferença, na personalidade em especial. As duas eram nervosas e gostavam de mandar, porém, Elizabeth estava em um nível além de Elesis.

Seria complicado explicar a ruiva sobre isso.

— Você está indo bem. – Diz Lass. – Seja você mesma. Só não bata nas pessoas.

— Se você diz...

Ela cruza os braços com mais força sobre o cobertor, que não soltaria tão em breve. Lass percebe algo a incomodar, e sabia o que era. Elesis continuava afetada pela a ida de Depas, sobre as verdades e tudo que aconteceu durante os treinos. Poderia ter ido até ele, vestir-se daquele jeito e fingir ser Elizabeth, mas no fundo, ela continuava fragilizada.

— Não deveria ter vindo. – Ele fala. Não queria voltar ao assunto, tentava ser delicado para não a ferir. – Sei que estava preocupada comigo, mas... Primeiro sua saúde.

— Eu pretendia ficar, por causa das minhas pernas. – Dizia com o olhar baixo. – Eu sei que você ficaria bem, não importa o que fosse. Só que, lembro de Gerard, Cazeaje... Até mesmo as chamas. Agi sem pensar.

— Não sei se Gerard tentaria me atacar. – Tinha certeza, apesar de não poder contar à ruiva. – E Cazeaje está ocupada demais para ir atrás de mim.  Enquanto as chamas não fariam isso sem chamar a atenção.

— Mesmo assim, eu fiquei preocupada. Só queria ter certeza que estava tudo bem.

Elesis escondia o medo que teve de perde-lo, o mesmo para Jin. Não queria receber mais notícias ruins, e se fosse, que estivesse ao lado dele para isso.

Puxa a espadachim e a abraça. Sente a ruiva se encolher sob seus braços, surpresa pelo o ato. Passa a mão em seus cabelos, mostrando que não tinha o que temer. Ele estava ali.

— Quando tudo isso acabar, prometo que você terá seu momento de paz. – Diz Lass com a voz firme. – Sem treinos, preocupações ou qualquer coisa para mexer com você.

— É engraçado você falar isso, Lass. – Sua risada sai fraca.

— Por quê? – Percebe a tristeza nas palavras de Elesis.

Ela se afasta de seus braços, permanecendo apoiada no mesmo. O sorriso aberto é como uma mascará para seu sofrimento.

— Às vezes, sinto que nasci apenas por uma coisa, e que quando eu tiver feito... – Joga os ombros, sem saber mesmo a resposta. – Eu não terei meu final feliz. Posso estar vestida de princesa, rainha, mas isso não quer dizer que eu seja feliz para sempre.

— Você não pode ter certeza disso. – Fala sorrindo.

— E por que você tem tanta certeza?

Lass se ajoelha e segura sua mão.

— Porque para um final feliz, você precisa de um príncipe. – Disse o ninja.

— Então vou chamar o Gareth. – Fala brincalhona.

Isso atinge os nervos do rapaz, que fingi não se importar. Continua a sorrir, levando sua mão ao peito.

— Na verdade, você está olhando para ele.

Consegue tirar um sorriso da ruiva. Ela se agacha à sua frente, quase do mesmo tamanho que ele.

— E para o que você está olhando? – Pergunta Elesis.

Antes de beija-la, as palavras soam forçadas e mentirosas. Porém, tudo era tão verdadeiro da parte do ninja.

— Para a minha razão de viver.

***

Não sabia qual era o motivo de seu coração bater tão forte e rápido. Podia ser diversos motivos. Talvez devesse parar a caminhada, por estar se esforçando demais. Poderia até ser isso, se não fosse pela a presença de Amy ao seu lado.

— Tem certeza que devemos ir para esse lado? – Ela pergunta.

Tinham partido de manhã para achar Elizabeth, seguindo uma trilha pela floresta. Jin acharia que seria fácil sair sozinho com a rosada, mas quando se passaram minutos em silêncio, seu corpo foi tomado pelo o nervosismo. O que deveria fazer numa situação daquelas? Essa era a chance que As Deusas estavam dando para ele se confessar?

— Me pergunto se não tem problema com a Lothos em vim nessa missão. – É tudo que consegue falar. – Não deveria voltar?

O que estava dizendo? Não queria que ela voltasse.

— Na verdade, Lothos quem me pediu para acompanha-la. – Dizia Amy. – Lire e Arme estavam ocupadas, eu parecia disponível demais, como ela disse, e pediu para que eu ficasse ao lado da Elesis enquanto isso. Pediu para que eu protegesse ela.

— Nunca achei que se importasse tanto com a Elesis. – Jin fica surpreso. – Sabe, ela nunca foi de falar de você, e quando falava, não era um elogio.

— Eu sei, todos me odeiam. – Pelas palavras, não deveria sorrir. Mas ela fez. – Mas eu tento não me importar. Uma diva não precisa disso, não acha? – Joga os cabelos para o lado.

Esquecia dos momentos em que Amy poderia ser facilmente atingida por insultos. Embora fingisse ter um ego bem grande, por baixo de todo aquele glamour, ela era uma garota simples e frágil. E foi por essa mesma garota que Jin se apaixonou anos atrás. Amy pode ser uma narcisista, mas só se tornou uma por tudo que passou.

— É muito gentil da sua parte, Amy. – Menciona Jin, o nervosismo sumindo. – Não conhece a Elizabeth, mas está aqui, procurando por ela.

— Só estou curiosa para conhecer a rainha. – Pela a animação, era considerado verdade. – Como recompensa, ela pode me dar algumas joias.

Jin não segura a risada. Amy olha confusa a gargalhada que o ruivo dava. Estava sendo sincera, não era uma piada, como parecia.

— É muito bom ter você aqui, Amy. – Uma parte, ele consegue confessar.

***

— É o quê? – Lass olha desentendido.

A primeira coisa a se fazer ao acordar é ver Elesis, nada além disso. Jin e Amy tinham partido cedo, podendo nem ao menos se despedir apropriadamente. Sem eles, faria seu único trabalho, proteger Elesis e ficar ao seu lado.

Até Pan o parar no corredor.

— O príncipe Gareth disse que não há necessidade de você proteger a Elizabeth. – Explica novamente. – Luke ficará no seu lugar.

— Ele acha que eu vou aceitar isso? – Diz indignado. – Quem ele acha que é?

— O cara que vai se casar com ela. – Ao menos, era verdade. – Olha, eu tentei discordar com ele, mas não consegui. É melhor deixar para lá.

— Se eu estando ao lado dela já fico preocupado, imagina sem mim.

— Desculpa, Lass. Não posso fazer muita coisa, nem você. – Junta as mãos. – Por favor, não se intrometa. Só irá piorar a situação.

Deixar Elesis nos cuidados de Luke e Gareth. Não gostava deles, desde o raio que tomou no peito. Precisava fazer algo, que não fosse contra o pedido do príncipe.

Após conversar com Pan, tinha resolvido um jeito de proteger Elesis. Estava sentado no telhado, observando Elesis e o príncipe Gareth no jardim, passeando enquanto conversavam. A ruiva, mesmo longe, estava bela com o vestido laranja, combinando com seus cabelos. Poderia não gostar da situação que ela estava, mas sua aparência o faz esquecer este detalhe.

— Alguma notícia? – Pergunta ao atender o celular, entediado.

— Podemos dizer que sim. – Diz Ronan do outro lado. – Não achei nada, mas acredito que seja Cazeaje envolvida nisso. É bem a cara dela.

— Que bom que concorda. Não queria ser o único a achar isso. – Enquanto falava, seguia com o olhar a ruiva. Não queria perder a mesma de vista. – Então, por que acha que ela faz isso?

— Sinceramente, sinto pena de você, Lass. Posso estar enganado, mas acho que está relacionado às chamas. – Toma uma pausa. – Cazeaje é louca.

— Está dizendo que ela quer provocar uma guerra para ter as chamas? – Nem mesmo ele acreditava. – Eu acredito, mas...

— Provocando uma guerra, ela teria uma desculpa para te usar. Não existiria lei que impedisse isso.

— E o que ela ganharia com isso? Ela me forçaria a usar as chamas, mas não as teria.

— É o que você pensa. – Suspira. – Pelos os arquivos que achei, a última guerra que teve foi o motivo de Cazeaje ser a líder. Ela já participava do Conselho, mas por causa da guerra, pediram para que ela tomasse as rédeas. Bem, acredito que ela só tenha aceitado para tentar as chamas no meio do caos.

— Bem capaz. – Queria fingir que era mentira, mas não. Era tudo muito possível com Cazeaje envolvida. – Alguém precisa parar essa mulher.

— Concordo. Seria muito bom achar alguém que pudesse a derrubar. Talvez com as chamas, você consiga, Lass. Mas seria um risco a correr, porque teria os outros Conselhos para te punir.

Não gostava de pensar nisso. Ser uma marionete de Cazeaje já o assustava, muito mais sabendo que poderia ser dos outros Conselhos.

— Eu conheço alguém que pode derruba-la. – Não deveria falar. Cale-se, pensava. – A única, eu acho.

— Quem seria?

— Gerard. Elesis pode o odiar quanto quiser, mas ele é o único que resta.

Consegue ouvir a risada de Ronan do outro lado da chamada. Imaginava essa reação, de qualquer um. Ninguém conhecia Gerard como ele, o rapaz era inocente, mas aos olhos dos outros, era o principal vilão.

— Você tá contando uma piada, certo? – Pergunta enquanto parava de rir.

— É sério. Não conte para Elesis o que eu vou falar, mas acho que Gerard é uma pessoa boa. E também, não temos muitas escolhas além dele para derrotar Cazeaje.

Num tom sério, Ronan fala:

— Sabe que ele quer as chamas, né? Ele não vai pensar duas vezes antes de te matar para consegui-las.

A língua do ninja coça para contar tudo ao rapaz. Ronan era confiável para contar sobre Gerard, ele não contaria a ninguém, nem mesmo Elesis. No entanto, mantem-se calado, querendo que tudo aquilo ficasse apenas entre ele e Gerard.

— Não importa. – Diz com seriedade. – Se Gerard vai me usar, farei o mesmo com ele. Algumas vezes, precisamos sacrificar certas coisas para conseguir algo maior.

Não percebe a forma que falava, tão parecida com o ruivo.

— Tudo bem então. – É uma surpresa para Lass. – Não importa o que seja, estarei junto. Como você, quero ver a queda de Cazeaje.

Lass agradece. Ronan poderia não saber a verdade, porém ajudaria. Ele era uma grande peça para esse jogo, já que faz parte do Conselho e sempre saberia o que estaria acontecendo dentro do lugar.

Despede-se e desliga imediatamente. Fica de pé sobre as telhas, apertando com força a bainha da katana. Era normal a reação do mesmo ao ver Elesis tão próxima de Gareth. O príncipe tinha se aproximado como da outra vez, uma ameaça nos olhos do ninja.

Pula do telhado, pousando no chão com leveza. Corre em direção à dupla, a mão sobre o cabo da katana para tira-la da bainha.

— É melhor se afastar! – Grita Lass.

Elesis é a primeira a notar o rapaz. Recua um passo assustado, enquanto Gareth continua parado, encarando o ninja em desprezo. Pelo visto, o príncipe não gostava de sua presença, principalmente na situação que estava.

O corpo de Lass voa para o lado, caindo contra o gramado. Seu corpo estremece com a eletricidade que o percorria.

— De novo isso? – Ouve a voz de Luke.

Lass levanta com o corpo querendo cair. Olha furioso para o loiro.

— Talvez você devesse esfriar a cabeça no calabouço. – Sugere Gareth. – Seu intrometimento é desnecessário.

— Como?! – Rosna Lass.

Já prepara para tirar a katana da bainha, até ver o brilho da espada de Luke ser apontada para ele. Uma carga de eletricidade se acumulava na ponta da lâmina. Sem se importar, Lass dá um passo em ameaça.

Teria atacado o loiro, se não fosse por Elesis. A ruiva para na frente deles, o semblante como de Elizabeth. Ela precisava fazer aquilo para deixar o ninja inteiro, para que o disfarce continuasse.

— Concordo com ele. – Fala Elesis. – É melhor você ir para o calabouço.

Mesmo sabendo que não era a ruiva falando aquilo, Lass se machuca com as artificiais palavras da espadachim.