Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 30
Reconhecimento e Dever


Notas iniciais do capítulo

Olá =]
Mais um cap; já aviso q depois desse só restam mais 2 cap's da história da Sarah.
P quem for ler isso; nos vemos ali em baixo



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Lúcia e Sarah estavam no dormitório do 4-B. Lúcia tinha nas mãos vários tipos de remédios, uma bacia com água, alguns panos limpos e algumas ataduras. Sarah estava sentada para que a outra a ajudasse a retirar a camisa para que o ferimento pudesse ser limpo e tratado devidamente, algo que não tinha sido feito até então.

--Tem certeza de que esta tudo bem eu cuidar disso aqui? – perguntou Lúcia encarando a porta.

--Lúcia, nenhum deles vai entrar aqui até você sair. Não tem que se preocupar com isso – respondeu Sarah enquanto a amiga a ajudava a retirar a camisa já manchada de sangue.

--Oohh, nossa – murmurou Lúcia quando viu o ferimento.

--Você vai ter que limpar tudo primeiro – falou Sarah se deitando com as costas para cima.

--Como foi que você deixou isso acontecer? – perguntou Lúcia preocupada se referindo ao ferimento.

--Não era pra ter acontecido – disse Sarah – Mas aconteceu e agora tudo o que posso fazer é esperar cicatrizar.

--Você foi descuidada, não foi? – perguntou Lúcia acusando a amiga – Acha que não noto, mas eu vejo que você volta com ferimentos cada vez mais graves. Você esta sendo descuidada, Sarah. Esta exigindo demais de si mesma.

--Sem lições de moral, Lúcia. Por favor – reclamou Sarah – Estou com um corte enorme nas costas que vai ter que ser limpo, não me faça ter que escutar suas reclamações sobre o que faço ou deixo de fazer para cuidar de mim mesma.

--Falar não adianta, não é? – dizendo isso Lúcia começou a limpar o ferimento.

Sarah não respondeu, e nem poderia. A água e o pano que Lúcia passava sobre o corte a faziam pensar que cuidar do ferimento estava sendo pior do que deixar que a ferissem. Depois de alguns, dolorosos, minutos ela termina de limpar e Sarah diz a ela onde encontrar um emplasto que havia ganhado em uma das missões mais antigas. Sarah sempre procurava por remédios e como fazê-los por onde quer que andasse para que assim não precisasse depender da enfermaria da Academia nem de mais ninguém para se tratar. Claro que em situações como aquela ajuda era algo que ela não podia dispensar. De toda forma, ela tinha um caderno onde anotava as receitas dos remédios e sob a sua cama havia um baú cheio de potes com os mais variados tipos de medicamentos e ingredientes. Foi um desses potes que Lúcia pegou antes de devolver o baú ao seu lugar e separar o que iria usar para o curativo.

Depois de limpar e aplicar o remédio, Lucia ajuda Sarah a se levantar. Ela se senta atrás da amiga e começa a fazer um curativo cobrindo o ferimento com um pano limpo antes de começar a enfaixar o tronco de Sarah. É quando a porta se abre e por ela entra Eliot com uma expressão nada agradável. Lúcia se assusta e levanta, estava para dizer algo quando o reconhece e decide se afastar um pouco. Ele se aproxima e para em frente a filha encarando-a serio. Sarah se senta e encara o pai.

--Phillip? – ela fala presumindo que tinha sido ele a contar o que aconteceu ao pai dela.

--E faz diferença – murmurou o Hawkey mais velho.

--Não exatamente, é só pra saber com quem gritar por ser um fofoqueiro depois.

--Eles estão preocupados!!! – Eliot quase gritou, mas conseguiu manter a voz num tom quase normal – Todos eles, Sarah. Seus ferimentos estão ficando cada vez mais comuns e isso os está assustando.

--As missões só estão ficando mais difíceis.

--Besteira!!! Você esta ficando irresponsável, descuidada e impulsiva – acusou Eliot erguendo um pouco a voz – Podia ter capturado aquele homem depois. Formulado um plano; formado um grupo; estabelecido uma estratégia. Aceitar receber um ferimento para não perder o alvo foi burrice!!!

--Ele era perigoso! – gritou Sarah de volta – Se conseguisse escapar eu poderia não encontrá-lo nunca mais e falharia na missão porque tenho certeza de que ele não ficaria quietinho o resto da vida.

--Fala como se falhar fosse algo não permitido pra você.

--Não é – Sarah falou se levantando – Se eu falhar vou por tudo a perder. Tudo o que eu fiz até agora vai ter sido inútil na primeira falha minha. Mas não foi esse o motivo de eu ter feito o que fiz. Aquele homem era treinado e muito bom no que fazia. Ele tinha estratégia e planejamento coisa que muitos dos outros grupos que enfrentei não tinham. Se ele escapasse iria começar tudo de novo e mais precavido ainda. Seriam mais roubos, mais mortes, mais pessoas sofrendo por causa deles. Isso eu não iria permitir nem que tivesse que dar minha vida pra garantir que ele fosse capturado.

--Vai acabar se matando se continuar a pensar e agir assim – falou Eliot com uma expressão triste e preocupada que fez Sarah suspirar e se acalmar – Você tem que pensar mais em si mesma, filha. Não pode jogar sua vida fora assim. Era importante prender esse homem, eu entendo. Só que você é muito mais necessária viva e prendendo mais do dobro de criminosos que qualquer outro esquadrão na história da academia.

--Não pretendo me matar por nada, pai – disse Sarah respirando fundo logo depois.

--Mas é o que parece, ultimamente – opinou Lúcia em voz baixa.

--As coisas estão ficando complicadas – disse Sarah encarando o chão – A cada dia há mais bandidos e a guerra não acaba então existem cada vez menos soldados patrulhando cidades e estradas. Eu só estou tentando fazer o que posso para lutar contra isso.

--Você não pode assumir responsabilidade de corrigir tudo o que esta errado – disse Eliot.

--Não, mas posso tentar – falou Sarah seria.

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Depois daquilo Sarah foi suspensa por um mês ou até se recuperar de seus ferimentos. Nathan foi o escolhido pelo esquadrão para ficar como guarda-costas dela para impedi-la de se meter em confusão; ou melhor, para impedir a confusão de se meter com ela. Mesmo assim a Capitã do esquadrão 4-B não ficou parada. Apesar de também não poder frequentar a forja ela andava a Academia toda. Sempre enviando ou recebendo mensageiros, os que saiam eram para levar ordens e observações dela aos grupos que estavam em missão enquanto que os que chegavam eram, na maioria, mensageiros trazendo informações dos conhecidos dela e do 4-B.

Infelizmente, depois daquele grande grupo apareceram outros e alguns ainda maiores. A guerra afastava soldados das cidades e estradas na mesma velocidade que atraia bandidos e mercenários. As coisas ficaram ainda mais complicadas quando o rei, Rendlan Graywolf, ficou gravemente doente e teve que se afastar do comando das tropas e deixar as decisões sobre isso nas mãos do Conselho Real. Os conflitos só aumentaram depois disso e manter territórios ficava cada vez mais difícil passando a não ser incomum o exercito do Reino perder terreno para Maincrafss. Com isso a situação nas vilas menores e mais distantes era cada vez pior.

No outono, quase um mês depois do que seria o comum devido a grande quantidade de missões que o 4-B recebia, o Diretor-Comandante Rohkston graduou-os a 5ª Ordem. Eles então realmente se tornaram o Esquadrão Rapina; conhecido e respeitado em vários pontos do Reino. O fato de ser liderado por uma mulher se tornou tão dispensável que não era mais assunto de comentários; o que fazia alguns se surpreenderem ao descobrirem ou verem Sarah pela primeira vez. O esquadrão Rapina passou a ser o mais requisitado da Academia chegando a se separar em grupos com menos de 10 para resolver algumas missões mais simples, mas sempre com Sarah supervisionando tudo o que faziam mesmo que já não fosse necessário.

A Hawkey, por sua vez, ficava cada vez mais convencida que os efeitos da guerra eram piores que a guerra em si. Ela via a vida calma de pequenas vilas se tornar algo sob constante pressão e desconfiança. Quanto mai afastadas dos grandes centros estavam as pessoas mais receosas ela eram e tinham motivo porque bandidos, criminosos e todo o tipo de pessoas má intencionadas eram cada vez mais comuns. Algum tempo depois de serem graduados a 5ª Ordem Sarah tomou uma decisão que manteve para si mesma por muito tempo.

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A Hawkey caminhava pelas áreas de treino com Phillip ao seu lado. Os dois voltavam de uma reunião com o Diretor sobre algumas possíveis novas missões e ela estava mais pensativa que o normal.

--Aconteceu algo? – perguntou o Crensor.

--Porque pergunta? – quis saber Sarah ainda um pouco distraída.

--Está meio obvio se levar em conta a sua expressão pensativa – respondeu ele rindo um pouco.

Por um momento Sarah preparou a resposta comum que sempre usava dizendo que era só imaginação dele para fugir do assunto. Mas na hora em que foi falar pensou que talvez já fosse hora de contar a alguém e ninguém melhor do que Phillip pra isso.  Ela, então, continua a caminhar por um tempo antes de falar:

--Faz algum tempo que estou pensando em algo e quanto mais coisas acontecem mais penso que estou certa – falou a Hawkey encarando o caminho a frente.

--O que é? – perguntou Phill curioso.

--Vou deixar o esquadrão assim que nos formarmos – declarou Sarah e continuou a andar.

Ao ouvir aquilo o Vice-Capitão parou com os olhos arregalados encarando as costas da Hawkey. Depois de se recuperar do susto ele se apressou a alcançá-la.

--Porque? – perguntou confuso – Sarah, nos precisamos de você, é nossa líder. O que faremos sem você por perto??

--O que já estão fazendo – respondeu ela com um leve sorriso orgulhoso – O que estive treinando vocês esse tempo todo para fazerem. Eu não sou indispensável, Phill. Só vocês ainda não notaram que já não precisam mais de mim.

--Isso não é verdade – contrariou ele – Sua presença é o que nos deixa a vontade e nos dá confiança. Não somos nada sem você.

--Está errado. Eu os treinei para serem mais do que qualquer um desses outros soldados. Phill, qualquer um de vocês seria um grande líder de qualquer esquadrão. Tenho certeza disso porque os preparei para isso. E, de toda forma, já estou decidida. Assim que nos formarmos vou deixar o exercito real.

--Pra fazer o que? Seu lugar é com uma arma na mão cumprindo o dever de proteger as pessoas, Sarah. O que vai fazer se sair do exercito? – indagou o Crensor.

--Não disse que vou abandonar minha espada, Phillip e muito menos que vou deixar de lado o dever que dei a mim mesma de proteger quem precisa de proteção. Ao contrario; estarei saindo do exercito para fazer exatamente isso – a expressão confusa dele a fez continuar explicando – Enquanto todos os soldados são convocados para frente de batalha, as pessoas ficam desprotegidas em suas casas. Enquanto o exercito se preocupa com soldados inimigos os bandidos ficam a solda no Reino. Sei que não posso fazer muito, mas se eu estiver sempre pelas estradas hora ou outra vou me deparar com esses grupos menores com os quais posso lidar sozinha e, ao menos esses, posso tirar de circulação. Vou fazer minha parte protegendo o povo enquanto vocês fazem a de vocês lutando nas batalhas, Phillip.

--Achei...achei que você pretendesse nos liderar em batalha e, assim, mostrar a todos do que é capaz – falou Phillip surpreso com os planos dela.

--E era – respondeu Sarah pensativa – Mas hoje vejo que ser reconhecida ou não deixou de ser algo importante pra mim.  Uma vez eu perdi pessoas importantes pra mim porque não era capaz de protegê-las; não quero passar por isso de novo e hoje vejo que também não quero que outras pessoas passem por isso. E, se fizer o que planejo, sei que posso impedir que isso aconteça a muitas pessoas.

Phillip a olha com um sorriso calmo. Ele a conhecia a tempo suficiente para saber pelo tom de voz dela que nada a faria mudar de ideia. Entretanto, depois de ouvir os motivos da Hawkey, ele pensou que não queria que tentasse fazê-la mudar de opinião. Ela estava pretendendo fazer algo que mais ninguém no mundo teria coragem ou disposição para fazer e, no fundo, ele se sentia orgulhoso de poder dizer que tinha conhecido e sido próximo de alguém como ela. Porque Sarah Hawkey era o tipo de pessoa que não existe em qualquer lugar e muito menos se aproxima de qualquer um.

Depois dessa conversa e do Crensor dar sua palavra de que não comentaria aquilo com mais ninguém até ela decidir contar a todos os dois se separaram. Era fim de verão; logo depois da primavera eles estariam formados e, pela primeira vez desde que se conheceram, aqueles 49 homens estariam por conta própria, mas Sarah tinha certeza de que eles estavam prontos para isso. Assim como ela estava pronta para se afastar de todos os que conhecia, viajando pelo Reino para proteger aqueles que precisavam de proteção. Só houve um único acontecimento que fugiu aos planos da Hawkey, mas, no fim, talvez tenha sido até melhor.


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Notas finais do capítulo

Adiantando logo a informação; a história do meu mundo ñ acaba com a Sarah; só troca de foco, mas vou falar mais disso no ultimo cap.
Bem, espero q tenham gostado. P quem quiser tirar um tempinho p comentar vou adorar responder =]
Bjs, pessoas, até



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