Vidas Em Guerra escrita por A Granger


Capítulo 21
Dia Comum, ou Nem Tanto


Notas iniciais do capítulo

Sei q estou atrasada, mas é que tive duas provas nessa semana.
Sim, provas ¬¬' faço faculdade e com a greve das federais ano passado meus semestres estão uma bagunça, então ainda não estou de férias.
Espero não ter que atrasar o cap da semana que vem, mas se isso acontecer me perdoem.
Boa leitura =]



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Dentro da Academia todos os alunos tinham uma rotina básica fixa: 05:30h-desjejum no refeitório; 06:00-treino da manhã; 12:00h-almoço no refeitório; 13:00h-treino da tarde; 18:30h-jantar no refeitório; 20:00h-toque de recolher. De acordo com cada instrutor os treinos poderiam ser encerrados antes dos horários das refeições; os alunos também podiam ser liberados individualmente em horários distintos. Com o toque de recolher era diferente, todo e qualquer aluno que estivesse fora de seu dormitório, exceto aqueles designados as vigias noturnas na muralha, receberiam uma severa punição. Apenas permissões especiais concedidas pelo Diretor-Comandante podiam ignorar essa regra, entretanto as 21:30h todas as luzes, exceto as da muralha, tinham que estar apagadas. Sarah tinha uma dessas permissões desde que, na sua quarta semana, tinha começado seu primeiro projeto nas forjas.

Mas falando ainda em rotinas, a de Sarah Hawkey era completamente diferente da citada acima. Às 04:30h ela levantava e, sem acordar ninguém, se vestia e ia até a cozinha que estava começando a funcionar. Às 04:45h Sarah já tinha comido e estava treinando em um dos pátios de treinamento com uma das espadas de treino que não tinha corte. Às 05:30h ela ia até as forjas e preparava tudo o que usaria no dia, deixando tudo organizado. Ia para o treino às 06:00h. Sempre era dispensada antes das 12h, pois nunca tinha dificuldades nos treinos. Uma rápida passagem pela cozinha e ela ia comendo até as forjas iniciar seus trabalhos (Eliot costumava ascender o forno para ela no meio da manhã para que o mesmo já estivesse quente ao meio-dia). Nessa uma hora até os treinos da tarde Sarah estudava o livro dos Hawkey’s. E, assim como nas duas refeições anteriores, o jantar Sarah passava nas cozinhas, comia qualquer coisa e voltava as forjas para continuar seus projetos.

Não é preciso dizer que o tempo que ela passava com os outros alunos, excluindo seus companheiros de Ordem, era quase nenhum. Esse pequeno detalhe provavelmente foi o que a impediu de se envolver em muitas brigas. E reduziu também os encontros dela com Anthon, um aluno da 4ª Ordem, filho do Conde Culligan e irmão mais velho de Brian; o rapaz que recebeu uma surra dela durante o exame de admissão de Sarah. Por ordem do pai Brian tinha saído da Academia depois da vergonhosa derrota e, era óbvio, Anthon não gostava nem um pouco dela por isso.

Ainda assim, essa rotina confusa de Sarah tinha outro ponto positivo. Durante suas visitas constantes a cozinha ela fez amizade com Bill, o cozinheiro chefe, e com sua filha Lúcia, que também trabalhava na cozinha. Lúcia tinha 14 anos e os mesmos olhos castanhos e cabelos loiros do pai, mas os dela eram cacheados e compridos e os dele bem curtos. Bill era alto e corpulento, chegando a ser gordo, enquanto Lúcia era pequena e magra. Toda manhã ela separava algumas frutas e pão recheado de queijo recém-saído do forno para Sarah. Em seus dias de folga Sarah ia ajudar Bill e Lúcia na cozinha de manhã e ao meio-dia Lúcia levava um almoço quente para Sarah nas forjas e as duas conversavam do lado de fora enquanto Sarah comia.

Fora isso, em suas cinco semanas e quatro dias na Academia, a Hawkey não havia trocado cinco frases com outros que não Bill e Lúcia e não se importava com isso. Até porque ela não usava muito de seu tempo tentando aprender os rostos de seus companheiros muito menos quem eram. Mas, como para Sarah, ser indiferente não significava ignorar injustiças, isso acabou mudando.

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Dia anterior a 1ª folga do mês

Aquele dia começou como todos os outros: Sarah saindo antes dos outros acordarem, o treino as 06:00h, Sarah ignorando o instrutor, o instrutor ignorando todos os outros, quase todos com problemas e dificuldades; nada fora do comum. Eram 11:30h quando o instrutor se cansou e dispensou  a todos. Sarah terminou uma sequencia sendo a ultima a sair. Infelizmente o 3-B não foi o único grupo liberado mais cedo.

Da área de treinamento onde eles estavam precisavam passar em frente a cozinha para chegar ao refeitório. Em frente à entrada dela, a uns 15 metros, havia um poço, Kaill parou ali para beber água; Dalton, Phillip e Nathan estavam quase virando a esquina do prédio indo em direção ao refeitório quando viram quatro alunos se aproximarem de Kaill. Eram todos membros da 4ª Ordem e podiam andar armados (até a 3ª era proibido aos alunos portarem armas dentro da Academia). Era óbvio que Kaill seria vitima de alguma brincadeira de mal gosto dos mais velhos, mas isso era algo comum. Os três amigos não queriam confusão com os quatro nobrezinhos irritantes, mas resolveram fica onde estavam, a uns 70 metros do poço, para irem ajudar Kaill quando os outros fossem embora.

Tudo parecia normal; os quatro fizeram Kaill puxar água para eles, derrubaram o balde de volta para dentro do poço e fizeram o mais novo trazê-lo cheio de novo, depois começaram a caçoar e empurrar Kaill. Tudo normal até ai, se esse fosse qualquer outro grupo, mas eram Anthon e seus amigos. Sarah vinha saindo de um corredor seguindo em direção a cozinha quando um dos amigos de Anthon, Dimitri, resolveu usar Kaill como saco de pancadas para testar seus socos. Enquanto dois seguravam os braços de Kaill mantendo-o parado e Anthon ria de braços cruzados assistindo a cena Dimitri, entre gargalhadas, acertava socos no menor. Depois de um cruzado de direita nas costelas, um direto de esquerda no abdômen e um gancho de direita no rosto Kaill já era sustentado de pé pelos dois que o seguravam. Dalton, Nathan e Phillip não estavam realmente prestando atenção até que viram o terceiro soco notando que a brincadeira tinha se tornado agressão. Assim que se levantaram de onde estavam para ir ajudar os três viram Sarah correr em direção ao grupo e ficaram sem reação.

Sendo Dimitri 15cm mais alto que ela, Sarah usou o impulso da corrida para pular e acertar uma cotovelada no rosto dele quebrando-lhe o nariz. Anthon foi o primeiro a reagir tentando puxando a espada, mas não antes de Sarah girar e acertar um chute com a perna esquerda na barriga de um dos que seguravam Kaill. Quando viram a espada do Culligan descer em direção a Sarah Dalton, Nathan e Phillip acordaram e correram naquela direção.

Sarah viu quatro coisas ao mesmo tempo antes de decidir o que fazer, já que tinha ficado com tanta raiva que só notou o que estava fazendo quando viu Dimitri cair com o nariz sangrando. A primeira delas foi Kaill escorregando pela parede do poço até estar sentado no chão; a segunda foram os três correndo na direção dela; a terceira foi o que outro que estava segurando Kaill se atrapalhar tentando puxar a espada e por ultimo Dimitri e Folson, o outro que ela havia derrubado, começando a se levantar. Ela decidiu que tinha duas opções; a primeira de desviar do golpe de Anthon e jogá-lo no chão e ir embora antes de Dimitri e o outro se levantarem ou a segunda de enfrentar os quatro, realmente ajudar o garoto caído a suas costas e provar a todos que ela não estava ali para brincar. Não é difícil imaginar o que ela escolheu.

Sarah avançou um passo, o antebraço esquerdo contra o pulso direito de Anthon bloqueando a espada, um soco no ombro direito e ele derruba a espada. Dimitri e Folson se levantaram, Cestern finalmente consegue desembainhar a espada. Sarah chuta o peito de Anthon derrubando-o, flexiona os joelhos e a espada de Cestern passa por cima de sua cabeça. Dimitri avança e ela se vira para ele, o golpe dele vem mais baixo; ela avança e soca a mão de Dimitri que estava segurando a espada. Dalton chega acertando Folson com o ombro por trás jogando-o no chão. Phillip ergue Kaill tirando-o do meio da briga. Nathan acerta um chute em Dimitri que recua e cai. Cestern avança erguendo a espada por trás de Dalton, Sarah se põem ao lado do companheiro e com um soco que passa por baixo do braço erguido de Cestern acerta-o no queixo jogando-o para trás deixando-o caído no chão tonto demais para levantar. Dalton se vira assustado vendo que acabara de ser salvo por ela. Phillip grita. Sarah vira e acerta o antebraço esquerdo no peito de Dalton tirando-o da frente do golpe da adaga de Anthon. Um corte aparece na camisa dela. O cotovelo esquerdo de Sarah acerta o braço de Anthon logo depois Nathan o puxa jogando-o para trás. Sarah olha para a própria camisa e depois encara Anthon se levantando. Vários alunos estavam em volta assistindo a briga, mas nenhum deles dizia nada. Sarah passa por Nathan indo em direção a Anthon enquanto Dimitri, Folson e Cestern atravessavam os espectadores aos tropeços. Ela segura Anthon pela frente da camisa fazendo-o terminar de se levantar e o empurra para que ele ficasse a um passo dela.

--É divertido bater em alguém que não vai revidar Culligan? – pergunta ela de forma clara, mas não em voz alta. Entretanto o silencio em volta deles é tamanho que todos podem ouvi-la. Anthon não responde e se limita a encará-la com ódio, ele não é tão mais alto e por isso seus olhos ficam quase no mesmo nível – Porque não fazemos o seguinte então – continua ela apontando com o indicador direito o corte fazendo o tecido tocar seu tronco e se manchar de vermelho – Bem aqui, onde você acabou de me cortar; acerte um soco bom o bastante para me fazer recuar e eu te deixo sair daqui com esse nariz inteiro – termina ela com uma expressão irritada.

--Hawkey! – repreende Phillip já que Nathan e Dalton pareciam tentar não rir da cara de Anthon – Já chega, já acabou!

Ninguém pareceu ouvi-lo. Anthon continuava encarando Sarah que ergueu os cotovelos quase a altura dos ombros, expondo as costelas, e o encarando por cima das mãos fechadas em punho esperando o soco. Os murmúrios começaram entre os que estavam assistindo. Phillip e Nathan tentavam esconder meios sorrisos enquanto Dalton esboçava um tão largo que parecia pronto para se tornar uma gargalhada. Não golpeá-la ou acertá-la em qualquer outro lugar faria Anthon se passar por covarde, ele não tinha outra escolha alem de acertá-la ali se quisesse manter sua reputação. O Culligan então se preparou, deu meio passo acertando um gancho de direita nas costelas de Sarah exatamente sobre o corte aumentando a mancha vermelha que cobria o tecido da camisa dela. O impacto fez o pé direito dela afundar milímetros na terra úmida, mas sua expressão não se alterou.

--É só isso? – ela pergunta.

Anthon arregalou os olhos e tentou recuar, mas foi lento demais. Pé direito à frente e ela acerta um cruzado de esquerda na lateral do pescoço dele. Pé esquerdo à frente e a mão direita dela segurou-o pela nuca e puxando-o para baixo enquanto o joelho direito dela era erguido. A próxima coisa que todos viram foi Anthon Culligan tombar com as mãos no rosto e o nariz quebrado manchando toda a camisa de sangue.


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