Lado A Lado - A História ao Contrário escrita por Filipa


Capítulo 2
"Decisões"




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Os minutos tornavam-se horas. Laura estava já na sala caminhando de um lado para o outro impacientemente quando Edgar finalmente retorna a casa.

Edgar: Pronto, está feito. Já enviei a carta para Portugal, deve chegar em alguns dias.

Os dois se olham de frente visivelmente abalados pelos últimos acontecimentos. Um turbilhão de emoções e o medo de se magoarem os impedem de falar de imediato. Vendo que Laura continua em choque e sentindo-se culpado por não conseguir disfarçar a felicidade que sentia por saber que era pai, Edgar toma coragem e se aproxima da esposa.

Edgar: Laura, eu sei que não está sendo fácil p´ra você. Acredite, p´ra mim também não mas nós precisamos conversar. Eu preciso saber o que você está sentindo, eu preciso te abraçar e te sentir em mim, comigo, como a gente era ontem, antes dessa carta.

Laura: O que eu sinto! Você quer saber o que eu sinto Edgar? Raiva, ódio, nojo, medo, humilhação, traição. Era isso que você queria ouvir? Porque é isso que eu sinto, é assim que eu me sinto. Traída pelo meu marido, traída pela vida que me impede de ter um filho do homem que amo e ao invés lhe dá uma filha da ex amante.

O tom de Laura se altera, a sua voz calma se agudiza e aos gritos e entre lágrimas ela prossegue.

Laura: Eu estou sentindo tanta raiva, tanto ódio e nojo dessa mulher, da ideia de você com essa mulher…. Eu estou com medo… de te perder, de perder o que a gente construiu sobre essa casa, o nosso amor! E como se não bastasse toda essa humilhação eu ainda tenho que ver o meu marido agir irracionalmente perante tudo isso, sem sequer ponderar que essa carta pode ser mentira e essa criança ser filha de outro pai.

Edgar: Me perdoa Laura, me perdoa. Como eu posso duvidar? Porquê ela me mandaria essa carta se a Melissa não fosse mesmo minha filha? A Catarina não é uma mulher convencional mas eu não tenho porque duvidar da seriedade dela. Sei que não é o momento, sei que você precisa de mim mas eu preciso conhecer a minha filha. Laura eu preciso ir a Portugal ver a Melissa, olhar no rostinho dela e ver o que eu posso fazer p´ra ajudar.

Laura: Ir a Portugal? Não! Você não pode ir Edgar, a gente resolve de outro jeito, aqui no Brasil. Manda quantas cartas forem precisas mas você não pode ir lá. Eu não posso ficar aqui, eu não posso ver o meu marido embarcar p´ro outro lado do oceano p´ra ver outra mulher.

Edgar: Que outra mulher Laura? Não tem mulher nenhuma além de você. Olha p´ra mim – fala segurando o rosto de Laura com ambas as mãos. – Eu te amo. Você é a única mulher que eu amei na vida, a única que eu vou amar p´ra sempre. Nada, nem mesmo a Melissa, vai mudar o que eu sinto por você. Você está nervosa, se acalme. Vou pedir p´ra Matilde te fazer um chá e levar no nosso quarto.

Laura: Eu não quero chá nenhum. Eu quero que você fique aqui, comigo. Edgar se você me ama não vai, por favor, não vai.

Edgar: Eu preciso ir Laura, você sabe que é o certo a se fazer.

Os dois se perdem por momentos num abraço apertado e firme como se tentassem conter nele toda a força do sentimento que os une e impedir que a dor do momento os apartasse mais. Decidida, Laura se afasta do marido e, certa da sua decisão, afirma enfática:

Laura: Pois se você está decidido a ir a Portugal eu vou junto. Vou com você conhecer a menina. Nós dois vamos resolver essa situação.

Edgar: Ir comigo? Não Laura, não. Não seria prudente te levar comigo, eu não sei o que vou encontrar por lá… Não! Você fica, eu vou e volto num piscar de olhos.

Laura: É assim que você diz que me ama Edgar? Me excluindo da decisão mais importante que temos que tomar desde que nos casamos? Pois se você acha que pode decidir isso por mim está enganado. Ou você me leva junto ou eu garanto que assim que você puser os pés p´ra fora dessa casa em direção ao porto o nosso casamento acaba. Eu peço o divórcio e você só vai voltar a colocar os olhos em mim na audiência em frente ao juiz.

Pego de surpresa pela reação intempestiva e decidida de Laura, Edgar não sabe o que dizer.


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