Tempos Complicados escrita por Anônima


Capítulo 4
Talvez tudo seria melhor se nós não existíssemos.


Notas iniciais do capítulo

Estória fictícia.



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LEMBRETE: Antes de começar, queria dizer que eu NÃO sou a favor do uso de drogas. De NENHUM TIPO. Os fatos aqui escritos são todos fictícios e eu NUNCA usei nenhum tipo de droga. Obrigada, espero que gostem.

"Nós acabamos com nossa vida, a cada dia que passa". Essas foram as ultimas palavras de Pete. Sabe aquelas cenas dramáticas de filmes que a pessoa grita quando alguém morre em sua frente? Isso não é real. Sua garganta aperta, te impedindo de gritar, te impedindo de fazer qualquer coisa. Queria poder dizer que foi apenas um sonho e eu acordei no chão de algum lugar, com alguém desconhecido por perto. Mas não foi isso não é verdade.

Estávamos em casa, eu e Jake sem fazer nada. Só pensando em qualquer coisa que poderíamos fumar, cheirar e talvez, beber. Quando a mãe de Pete nos ligou, eu atendi daquela vez. Talvez se eu estivesse ficado quieta e não tivesse atendido nada teria acontecido, talvez se nesse dia eu tivesse saído, nada teria acontecido. Talvez Pete ainda estaria conosco. Dizem que quando alguém morre, ele não morre e sim, fica para sempre eu nossos corações. Mas isso é uma puta mentira. Na hora que eu atendi o telefone, tudo mudou, Jake não entendia nada, fiquei paralisada por um momento mas logo gritei o que estava acontecendo para Jake. Ele também não acreditou. Pegamos o carro e fomos até onde a mãe de Pete disse que ele estaria, era um parque cujo no fim havia uma alta ponte que dava para o rio. Cujo, o mesmo, está congelado. Não tínhamos ideia do que se passava má cabeça de Pete então saímos correndo pelo parque procurando por ele. Eu fiquei com a parte da ponte. Corri mais do que em qualquer momento da minha vida. Passava por grupos de pessoas e ia gritando o nome de Pete, batia em arvores, quebrava arbustos, pisava em flores, porque naquele momento, nada importava. Até que eu cheguei na ponte, Pete estava sentado na grade que separava a ponte de uma queda em um rio congelado. Cheguei próximo a ele, tão próximo que quando ele subiu na grade, sacou a arma e deu um tiro em sua cabeça caindo no rio congelado, seu sangue espirrou em mim. "Nós acabamos com nossa vida, a cada dia que passa" ele disse. Essas palavras giravam em minha mente, minha garganta se embolava me impedindo de me manifestar de qualquer modo. As pessoas que estavam antes amontoadas em grupos vieram ver o que havia acontecido, Jake chegou junto com ela. O abracei, ele continuou chocado, como eu, não se manifestava de nenhuma forma. Ligamos para a mãe de Pete, ela foi a única que fez algo, chorou. Seus gritos, seu choro e a frase de Pete penetravam minha mente como um som de uma torneira pingando de madrugada. Precisava sair dali, ouvir os gritos agoniados de sua mãe, me deixavam cada vez mais e mais deprimida.

Um dia, dois dias, três dias, uma semana, um mês ou até mesmo uma hora. Tanto faz. Estava presa em meu quarto, não por obrigação, só queria ficar lá, isolada do mundo, para sempre. Mas por algum motivo, sentia falta de contato humano, não somente de contado, seria falta de olhar nos olhos de qualquer pessoa, de ouvir a voz de alguém, mas no momento que eu tocava na maçaneta, voltava ao meu canto escuro e isolado, com meu escudo de magoas e cobertores unidos com o propósito de me isolar do mundo. Depois de um tempo, não sei quanto, estava sem vontade de contar, e pensar. Não sabia se era dia, ou noite. Não sabia quantos dias havia se passado desde a morte de Pete, até o momento que Tracy e Sid entraram no meu quarto.

– Levanta! Todos estão sentindo falta de você na escola - exclamou Sid enquanto abria a janela. Tracy puxou meu pequeno escudo de cobertores e me tirou de meu isolamento completo.

– Nossa, você está horrível. Vamos, tome um banho e pare de ficar assim. Já faz 1 mês, seu irmão já superou, até mesmo a mãe de Pete deve estar em uma situação melhor e menos nojenta que a sua. Confie em mim. - ela me levantou em seus braços e me levou até o banheiro, ligou o chuveiro e começou a tirar minha roupa. Eu negava e retirava a mão dela de cima de mim, mas isso não adiantava em nada. - Se for por culpa do Sid, pode parar com isso. Ele já te viu nua mais de uma vez.

– Se quiser eu saio. - disse Sid. Fiz não com a cabeça e parei de resistir. Tracy me colocou embaixo do chuveiro e ela junto com Sid começaram a me dar banho. Os dois riam e jogavam água um no outro, essa era uma típica cena de filme água com açúcar. Isso me fazia rir porém, também me enojava. Quando terminaram, ambos me trocaram e me colocaram para dormir. Estava me sentindo um bebê.

Dormi por alguns minutos e quando acordei, Tracy e Sid estavam transando. Sid beijava o pescoço de Tracy enquanto ela gemia e se contorcia, os movimentos continuavam cada vez mais rápido e Sid abafava os sons altos que saiam da boca de Tracy com beijos. Eles pensavam que eu estava dormindo. Os filhos da puta achavam que eu estava dormindo. Sid estava fudendo minha melhor amiga no meu quarto. E Tracy estava dando pro garoto que eu estou apaixonada e ela sabia. No meu quarto. Minha vontade era de jogar fogo neles, fogo e muito, muito álcool. Mas percebi que na realidade, Sid nunca me pertenceu e Tracy podia fazer o que bem entendia com ele. Mesmo pensando nisso, meus olhos se encheram de lagrimas, e não pude conter os soluços, e Tracy, também não conseguiu conter seus gemidos, gritando alto com muito prazer. Era para eu estar na porra do lugar daquela puta desgraçada. Minha garganta se embolou, e meu coração começou a bater cada vez mais e mais rápido, me enfiei nos cobertores e tentei pensar em um lugar feliz. Infelizmente, isso é a realidade, e lugares felizes são inexistentes.

Depois da morte de Pete, muitos começaram a viver sua vida menos intensamente, tomando cuidado para que o mesmo não acontecesse com ninguém. Mas para que isso? Todos nos somos vermes, nascemos, vivemos e logo depois, morremos esmagados nos transformando em um bando de gostas nojentas que todos limpam nas costas dos amiguinhos. Nós acabamos com nossa vida, a cada dia que passa. Essa é a realidade, e ninguém nunca poderá negar.

A vida é um bueiro, e todos nós somos apenas merdas flutuantes.


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Notas finais do capítulo

Comentem qualquer coisa :)



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