39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 9
O Trem e a aliada


Notas iniciais do capítulo

Oi, galerinha!
Mil desculpas pela demora!
Minha semana está muito conturbada!
Mas espero que gostem!
Abção!



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Mira entrou atônita na saleta. Estava com uma expressão ensolarada no rosto, praticamente iluminava a sala escura. Quill quase caiu da cadeira com tanta emoção que ela estava irradiando.

“Vamos florzinha! Precisamos andar rápido para não atrasarmos a saída do trem!”

Quill olhava para aquela doçura de aberração. Ela havia repaginado seu visual. Sua peruca, agora, tinha longos cachos azulados; seu vestido era curto, armado e branco, cheio de vaquinhas sorridentes; Usava sapatilhas pretas lustrosas e, em sua cabeça, havia um diadema com dois chifrinhos de vaca rosados e brilhante; no pescoço, havia um sino para o gado, eu badalava sempre que ela se mexia; apenas sua pele continuava a mesma, bem rosada. Mas bem rosada mesmo. Era a coisa mais bizarra que ela já havia visto, superando muitas bestantes da Capital.

“Isso na sua cabeça são... Chifres?” Quill perguntou ainda olhando perplexa para Mira.

“Você gostou? É uma pequena homenagem ao Distrito 10! Amo vocês. Sério. Eu mesma fiz. Os chifres são de um polímero bem resistente e muita purpurina! Mas não temos tempo para conversar anjinho, precisamos correr!” Mira disse saindo de seu transe.

Mira segurou o braço dela e começou a arrastá-la pelos corredores da prefeitura. Vez ou outra Quill esbarrava em algum móvel, ou parede. O som do sino ecoava por toda a prefeitura, parecendo que havia um estouro da boiada dentro do prédio.

No meio do caminho, ainda na prefeitura, Quill não conteve sua curiosidade e perguntou:

“Onde está o Pacco?”

“Com a Sra. Holcomb. Provavelmente no trem.” Mira respondeu rapidamente, agora não tão sorridente. Quill sabia que ela não engolia Destinee, sua expressão sempre escurecia ao falar sobre a megera. Ela só precisava saber o porquê.

Após muitas portas, corredores e de uma longa viagem de carro, elas finalmente chegaram à estação de trem do Distrito 10. Como todas as outras edificações do Distrito, ela estava caindo aos pedaços e não era nada majestosa. Isso só fazia o Trem parecer mais majestoso ainda. Quill estava boquiaberta. Ela nunca havia visto nada tão grande e lindo em toda a sua vida.

“É... enorme.” Ela disse admirando o Trem.

“Vocês, tributos, são tão fofinhos! Que bom que gostou do trem, ele será sua casa durante um tempo!” Mira disse sorrindo para Quill, enquanto dava saltinhos.

Ela entrou no trem, seguida por Quill. Logo que saíram da escadinha, a porta se fechou e o trem começou a se movimentar suavemente.

O interior do trem era ainda mais bonito que o exterior. O piso era todo forrado com um carpete verde escuro luxuoso, os móveis eram de vidro ou prata e as paredes de algum metal cromado, com detalhes dourados.

“Venha, Quill! Pacco e a Sra. Holcomb estão nos esperando no vagão restaurante!” Mira disse acordando-a de seu transe.

“Claro...” Ela disse ainda admirando o trem.

Elas andaram por uns três vagões até chegar ao restaurante. Lá, havia uma mesa enorme repleta dos mais diferentes pratos. Quill nem sonhava que existiam tantos tipos diferentes de comida.

Destinee e Pacco esperavam sentados na mesa. Ao ver Quill, a face de Destinne se sobressaltou, mas ela rapidamente voltou a sua expressão cética de sempre. Já Pacco, quase se engasgava com a comida ao ver Mira-vaca-rosada. A Sra. Holcomb pareceu não ligar.

“Boa Tarde, Mira.” Ela disse, ignorando completamente a presença de Quill no vagão.

“Boa Tarde, Sra. Holcomb.” Mira respondeu secamente. Ela definitivamente não gostava da mentora. Destinne abriu um sorrisinho cínico ao perceber como a irritava. “Boa tarde, Pacco! Como está? Esta é a Quill, sua parceira!”

“Olá, Pacco...” Ela disse tímida e relutante.

“Oi” Ele disse sem levantar os olhos. Para ele, os ovos de avestruz com bacon de búfala pareciam mais interessantes que Quillana.

Quill pensava que Destinee iria tentar matá-la quando a encontrasse, então, para ela, ser ignorada era quase que estar no lucro. Mas ela esperava que Pacco fosse um pouco mais simpático, afinal, eles estavam no mesmo barco. Na verdade, ele estava no barco, ela estava mais para “segurando na corda amarrada ao barco”.

“Sente-se, Quillana. E sirva-se!” Mira disse sorrindo.

A Srta. Applestorm saltitou barulhentamente até perto de Quill e puxou uma cadeira para que ela se sentasse, depois voltou para seu lugar, na ponta da mesa.

Após um longo tempo em silêncio, Mira, que já não agüentava mais ficar calada, falou um tanto nervosa e alegre demais.

“Ora, ora. Creio que a Sra. Holcomb gostaria de conversar com as crianças, para lhes dar instruções sobre os Jogos. Correto? Bem, e então, quais suas habilidades, sonhos...”

“Com todo respeito, Mira, mas eu acho que a mentora sou eu, sendo assim, eu decido quando” Ela disse olhando para seu filho “e se” ela se virou, pela primeira vez, para Quill “eu irei instruí-los.”

Mira ficou boquiaberta. Ela nunca havia levado uma cortada como essa.

“Bem...” Ela disse completamente perdida “Se você, Destinee, não pretende instruí-los tão cedo, eu irei começar com as minhas instruções, afinal, a acompanhante sou eu. Correto, Destinee?” O tom ácido na voz Mira, corroía até mesmo os ouvidos de Quill. Ela nunca pensara que a doce acompanhante da Capital poderia ser tão azeda.

“Claro, Mira. Eles são todos seus.” Destinee disse com um sorriso malévolo. Ela adorava irritar a acompanhante do Distrito 10.

Mira encarou a Sra. Holcomb nos olhos e se voltou, agora sorrindo, para os tributos:

“Que tal começarmos vendo os vídeos de seus concorrentes? Ouvi dizer que alguns são uma graça!” Ela disse sorrindo.

Quill se perguntava como as pessoas da Capital podiam ser tão estranhas. Como ela gostavam de matar crianças inocentes, fazendo-as pagar por erros que não cometeram. Ela também se perguntava se Pacco também achava o mesmo. Não se espantaria se Destinee também achasse os Jogos um agradável passatempo.

“Se você quiser, Holcomb.” Ela disse olhando para a megera “Pode ficar e assistir conosco. Talvez aprenda alguma coisa útil.”

Ai!” Quill pensou. Ela começava a gostar dessa... Bem, dessa vaquinha.

Mira se encaminhou para o enorme televisor e colocou uma gravação que continha todos as colheitas.

“Bom filme!” Ela disse sorrindo.

Quill procurou analisar bem todos os tributos. Cada detalhe poderia ser útil na arena. Ela não se importava se Pacco ou Destinne faziam o mesmo. Já havia percebido que estava sozinha.

Para Quill, a garota do Distrito 1, era de longe, a garota mais bonita que ela já havia visto. Perto dela, Filles parecia... Bem, com Quillana Rivera. Além de parecer bem mais ameaçadora que a namorada de Ney.

Ela decidiu que se manteria a uma distância segura dos tributos do Distrito 2, principalmente da garota com cara de psicopata.

A garota do três não parecia muito ameaçadora. Na verdade, ela parecia bem confiável para Quill. Mas, perto do trêmulo garoto do três, ela parecia uma carniceira.

O garoto do Distrito 4 era ameaçador. Ameaçador e lindo, para Quill. Mira suspirou ao ver o garoto, então ela deduziu que a Srta Applestorm concordava com ela.

A garota do Distrito 4, Drielle Mae, dava mais nojo e raiva, do que medo para ela. “Como alguém pode ser tão debochada?”. Ela pensava.

Os tributos do cinco estavam sérios, tristes. Não pareciam ameaçadores, mas também não demonstravam fraqueza.

Uma garotinha de doze anos foi sorteada no Distrito 6, fazendo Quill se sentir muito mal. “Ela é apenas uma criança...”. O mesmo aconteceu com os Distritos 7, 8 e 9. A garotinha do 7 foi sorteada, ela tremia muito. Mas um garoto robusto se ofereceu para ir junto com ela. “Talvez seja seu irmão...”. No Distrito 8, uma garotinha ruiva também foi sorteada. Espantosamente, ela não parecia ter medo. Parecia... Entediada. No Distrito 9, um garotinho muito pequeno foi azarado da vez. Ele chorava. Chorava muito.

“Vocês são os próximos! Ai que emoção! Será que ficaram bem? Claro, que sim! Vocês são adoráveis!”

Na Colheita do Distrito 10, uma garota pálida e assustada foi sorteada. Ela caiu ao tentar subir no palanque, bem aos pés do vitorioso do seu Distrito. A outra vitoriosa sorria maliciosamente com a cena. A garota chorava descontroladamente, parecendo muito indefesa e tola. O garoto sorteado também parecia um pouco assustado, mas pelo menos ele não havia caído.

Quill cobriu o rosto com as mãos.

“Eu pareço ridícula. Fraca.” Ela disse ainda incrédula. Ela tinha certeza que todos os outros tributos zombavam dela e pensavam na melhor forma de trucidá-la na arena.

Destinee gargalhava descontroladamente. Quill corou ao se sentir ridicularizada.

“Você estava certa, cara amiga” Ela disse tentando conter o riso “Assistir às Colheitas foi uma idéia maravilhosa”

“Cale a boca, Destinee!” Mira disse sobressaltada. Ela tentou recobra sua postura e continuou. “Ainda faltam dois Distritos.”

Os tributos do Distrito 11 eram altos e atléticos. A garota era muito séria e parecia olhar para todos com certa superioridade.

Os tributos do Distrito 12 estavam tão tristes quanto os do Distrito 5. A garota passou mal e desmaiou no final da Colheita.

“Oh!” Mira exclamou “Ela estava tão emocionada!”

“Acho que achou uma parceira a altura, Quillana.” Destinee disse com desdém. Seu sorriso era largo e malvado.

Quill, que não aguentava mais as provocações da Megera, falou com toda a acidez que conseguiu:

“Ao menos, ela parece ser confiável. Diferente de certas pessoas que conheço. Fora que ela não parece uma Fuinha velha e desnutrida...”

Mira abafou uma gargalhada. Pacco arregalou os olhos e arqueou um sorriso. Destinee cerrou os punhos, estreitou os olhos e rangeu os dentes.

Para tentar evitar um confronto, Mira falou

“Acho que por hoje já basta! Todos se dirijam aos seus quartos. Ou tocas...” Ela disse abafando um riso.

“Não brinque comigo, Applestorm!” Destinee vociferou.

“Calma, Holcomb... Onde está o seu senso de humor? Vamos! todos para seus aposentos.” Ela disse batendo palminhas.

Enquanto se encaminhavam para os seus quartos, Destinee segurou Quill pelo braço e sussurrou em seu ouvido:

“Você não foi muito esperta, Rivera... Não vai querer que eu seja sua inimiga...”

“Não estou aqui para fazer amiguinhas, Sra. Holcomb.” Ela disse se livrando da mentora e a encarando nos olhos. “Você não me assusta.”

Quill se virou e se encaminhou para o seu quarto, deixando Destinee sozinha.

***

O quarto que foi designado para Quill era lindo. Não era muito grande, mas muito aconchegante. Ele era decorado com um papel de parede claro com desenhos de cerejeiras. Havia um guarda-roupa de mogno no canto do quarto e uma cama extremamente macia bem no centro dele.

Quill se jogou na cama, despejando toda sua tristeza e seu estresse nos macios lençóis de algodão. Ela nunca tinha sentido algo tão confortável. Havia passado toda sua vida em camas de palha.

Depois de um tempo deitada, Quill decidiu tomar um banho. O banheiro era tão luxuoso como qualquer cômodo daquele trem. Havia uma grande banheira de porcelana e inúmeros frascos com diferentes fragrâncias. Mas não utilizou nenhuma delas, apenas um sabonete com cheiro de rosas do campo.

Após o banho, ela colocou uma camiseta bege e um short azul-escuro, cedidos pela Capital e se atirou no meio daqueles travesseiros e lençóis. Ela imaginou sua avó naquele lugar. Ela provavelmente daria um cascudo na cabeça dela por ser tão impulsiva e mal educada. E a mandaria varrer o quarto. Quill sorriu ao pensar no jeito da velha Jodhi. Como ela desejava que ela estivesse ali com ela.

Foi nesse instante que alguém bateu à porta. Mas, fosse quem fosse, não esperou resposta. Abriu a porta vagarosamente e entrou no quartinho.

“Olá, Srta Applestorm.” Quill disse ao ver a acompanhante. “Algum problema?”

“Problema? Não, doçura! Só vim fazer uma visitinha!” Ela disse sorridente.

Mira usava um pijama lilás com vaquinhas roxas, pantufas roxas felpudas com chifrinhos e um gorro, também lilás, com uma bolota roxa felpuda na ponta. Seus cabelos estavam rosa bebê, caindo em cachos nos seus ombros, e sua pela estava levemente azulada.

Quill ficou encarando Mira sem saber o que dizer.

“Bem...” Mira começou a confessar “Na verdade, eu vim aqui para parabenizar o jeito que você tratou a vaca da Destinee Holcomb...”

Quill se surpreendeu com o vocabulário da fina dama da Capital. Meio sem jeito, ela continuou:

“Fazia muito tempo que ela estava precisando de um belo corretivo...”

“Bem... Obrigada, eu acho...” Quill falou incerta “ Você também se saiu bem...”

O rosto de Mira se abriu em uma careta, que Quill deduziu ser um sorriso

“Você acha?”

“Claro...”

“Você é uma graça, Quillana...” Mira disse olhando ternamente para a tributa.

Quill também encarava-a. Mesmo sendo uma louca excêntrica da Capital, Mira parecia ser uma boa pessoa. Na medida do possível.

“Há outro motivo da minha visita...” Mira disse interrompendo os devaneios de Quillana.

“E qual seria ele?” Quill disse sem rodeios.

“Dizer-lhe que você não está sozinha. Que eu sou sua amiga. Sua aliada...”

“Bem... Obrigada...”

“E lhe entregar isso...”

Mira retirou uma coisa do bolso do pijama. Quill logo percebeu o que era. Seus olhos se arregalaram e se encheram de lágrimas. Mira havia trago uma das bonecas de palha horrorosas de sua avó.

“Onde você...” Quill tentou falar meio abobada

“A própria Jodhi me entregou. Ela é um doce! Meio azedo, mas um doce...”

Quill não respondia, apenas alisava a boneca e a encarava com os olhos arregalados.

“Ela pediu para dizer que você não deve se esquecer que nunca estará só. Que você tem a nós...”

“E por que eu confiaria no que você está dizendo?” Quill disse sem levantar os olhos.

Mira ficou um pouco ofendida com a pergunta, mas relevou.

“Você não tem muitas opções, garota e eu, com certeza, sou melhor que madame Holcomb...” Ela suspirou e continuou. “E Jhodi me mandou fazer isso, caso você duvidasse” Mira se inclinou e de um cascudo na cabeça de Quill.

“Com certeza, minha avó lhe enviou...” Ela disse esfregando a cabeça.

Mira sorriu e disse:

“Eu preciso ir...”

“Mas, por que você iria me ajudar...”

“Teremos tempo de para falar sobre isso amanhã, doçura... Agora, vá dormir seu sono de beleza. Chegaremos a Capital bem cedinho. Você vai amar!”

Mira se levantou e saiu do quarto, deixando Quill sozinha.

Quill se aninhou na cama e abraçou fortemente a dura e incomoda boneca, fechou os olhos e chorou bem baixinho até adormecer.


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Notas finais do capítulo

Novamente, espero que gostem!
Mais Abçs!