39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 5
Colheitas - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Oi!
espero que gostem!
Só vou postar mais um capítulo de colheitas!
Abçs.



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Distrito 3 – Lori Cooper

Lori estava nervosa. Muito nervosa. Dias de colheita sempre eram uma tortura, não só para Lori, mas para praticamente todos no Distrito 3. Lori caminhou calmamente por toda sua casa, procurando por algo interessante. Ela gostava de fazer isso para passar o tempo e se acalmar, descobrir novas coisas, analisá-las, estudá-las. Em suas andanças, viu sua mãe, Jeaninne, sentada, cantarolando e trabalhando em alguma coisa em seu escritório. O escritório era minúsculo. Cabiam apenas uma escrivaninha, uma cadeira e algumas prateleiras, que estavam abarrotadas de livros, projetos e lembranças. Ao perceber que a filha a observava, Jeanine sorriu docemente e falou:

“Lori! Entre. Tenho uma surpresa!” Ela disse empolgada.

Lori entrou cautelosamente no apertado escritório, sempre atenta a qualquer coisa que poderia saltar em sua cabeça. Afinal, Jeaninne era uma inventora amadora, e nem sempre seus inventos davam muito certo, alguns, como sua lapiseira inteligente, podiam ser bem perigosos. Ao perceber a hesitação da filha, a mãe falou, em um tom impaciente:

“Vamos, Lori! Você não pode generalizar por causa de um caso isolado!”

“AlgunS casoS isoladoS” Lori disse entre risos. Sua voz era calma e suave, quase aveludada.

“Hilária.” Sua mãe disse também sorrindo. Seu rosto estava cansado, mas, apesar de seus 46 anos, bonito e jovial. “Venha ver o que fiz pra você!”

Lori se espremeu ao lado da mãe e olhou para a mesa. Havia inúmeras coisas na escrivaninha: papéis, alicates, tesouras, lixas, pedaços de alguns metais, serras e, próximo as calejadas mãos de sua mãe havia uma gargantilha.

“O que achou?” Jeaninne perguntou quase não se contendo de ansiedade.

Lori admirava o colar. Ele era tinha um cordão todo de prata e um delicado pingente de forma losangular, também prata. O pingente era enfeitado com vários desenhos curvilíneos gravados no mesmo. O colar era bem simples, mas delicado.

“É lindo mãe... Onde conseguiu tanta prata?” Lori disse ainda olhando para o colar, estudando-o.

“O melhor ainda estar por vir!” Disse Jeaninne eufórica, ignorando a pergunta da filha. Ela analisou o pingente e, em uma das faces, apertou um discreto botãozinho, que se misturava com os desenhos. O pingente começou a vibrar. Lori deu um passo para trás. O pingente começou a se abrir, fazendo discretos ruídos, e a reorganizar suas faces. Em poucos segundos, o pingente havia tomado a forma de um coração, e os desenhos se reorganizaram, formando a frase Amo Você.

Os olhos de Lori brilhavam, os de sua mãe estavam marejados. Lori pegou o colar e olhou para a mãe.

“É... Perfeito.”

“Que bom que gostou, filhota!” Jeaninne disse sorrindo “Queria que você usasse ele hoje, na Colheita.”

Lori olhou séria para a mãe e disse:

“Agente deve usar coisas assim em ocasiões especiais, não em ocasiões fúnebres.” Seu tom era sombrio. A mãe suspirou e disse:

“Filha, por favor... Vai ficar lindo com seu vestido!”

Lori revirou os olhos e disse ainda séria:

“Certo, eu uso.”

Jeaninne sorriu e disse “Venha, eu coloco em você!” Jen colocou o colar na filha, que havia voltado ao seu formato original, e admirou. Lori estava usando um vestido de alças rosa claro, que combinava com suas sapatilhas brancas. Seus longos e cheios cabelos cacheados, que eram castanho-escuros estavam meio presos, com várias mechas caindo. Jen olhou para os olhos cor-de-mel da filha e disse:

“Você está tão linda!”

“Pronta para a ceifa” Ela disse sarcástica “Onde está o papai?”

“Trabalhando na fábrica.”

“Até na “Sagrada Hora da Colheita”? Isso não é justo, eles exploram o papai.”

“Ele precisa por comida na mesa, filha”

A família de Lori era extremamente inteligente e estudada, mas muito pobres. Para sustentar a família, Kenk trabalhava horas a fio.

Jen pegou algo na mesa e falou para filha.

“Vamos Lori, hora da Colheita.”

***

A praça do Distrito 3 era deplorável, apesar de ser bem cuidada. Todas as crianças já estavam devidamente organizadas, apenas esperando saber quem seriam os azarados desse ano. No rosto de todos, havia um ar de desespero e ansiedade.

Florence, o homem designado pela Capital, que já tinha quase 80 anos, já estava posicionado. Esse ano seu terno era azul turquesa, os cabelos eram verdes e sua pele estava um pouco arroxeada. Florence começou a falar com sua voz calma, rouca e enrolada.

“Sejam bem vindos futuros tributos! E que a sorte esteja sempre ao seu favor! Vamos à Colheita!” Ele se encaminhou vagarosamente até os globos de cristal e de lá tirou um papelzinho. Depois de muito tempo, ele finalmente conseguiu ler o nome escrito nele e falou, mas ninguém conseguiu entender o que ele tinha falado, deixando todos ainda mais nervosos. A Prefeita caminhou até Florence e leu o papel. Com os olhos tristes ele disse em voz alta.

“Lori Cooper!”

Uma garota de pele pálida (talvez pelo choque) com uma expressão abismada saiu da fila das meninas de 16 anos e começou a caminhar até o palco. Ao subir, Florence falou alguma coisa, que Lori interpretou como: “Fique do meu lado direito.”.

Florence retirou outro papel do globo e leu para o público, que, dessa vez entendeu perfeitamente.

“Edward Crinshow!”

Um garoto loiro bem magro saiu da fila dos meninos de 13 anos e começou a andar até o palanque. Ele estava tremendo. Ao chegar lá, ele se colocou a esquerda de Florence. Com muita dificuldade, o senhor tentou levantar os braços dos tributos e disse tentando passar emoção:

“Lori Cooper e Edward Crinshow! Os tributos do Distrito 3!”

Distrito 4 – Drielle Wonder e Travis Utah

“Driell! Venha aqui. AGORA!”

“Não enche!” Driell gritou em resposta. Ela estava sentada relaxadamente no sofá, comendo besteiras e assistindo à televisão.

Uma mulher entrou possessa na sala, seus olhos ardiam de fúria. Em suas mãos estava um bracelete de ouro, que estava partido no meio. Ela olhou para a menina e esbravejou:

“Foi você que o quebrou, monstrinho?” Driell nem sequer olhou para a mulher, continuou olhando para a televisão com uma expressão de deboche no rosto. A mulher se colocou na frente da garota, segurou seus ombros e a sacudiu, gritando:

“Drielle Mae Wonder! Me responda! Eu sou sua mãe! Você me deve respeito!”

Driell riu e disse, falando bem alto:

“Sim, Eu quebrei, mamãe!”

“Por quê?!”

“Eu estava com raiva. Precisava quebrar algo. Só achei esse troço ai.” Ela disse apontando com o queixo para o bracelete, já que sua mãe ainda apertava seus ombros. Sua mãe a soltou com força no sofá e disse:

“Só por que você é uma “carreirista” não significa que pode fazer o que bem entender! Você será castigada severamente!”

Driell deu uma gargalha estrondosa e disse, agora gritando, sua voz ecoando por toda a casa!

“E você vai fazer o que? Me por de castigo? Eu vou me voluntariar hoje, sua burra!”

“Me respeite, Drielle!” Sua mãe gritou. Driell fingiu que não tinha ouvido e continuou:

 “E quando voltar como VITORIOSA, Eu não vu precisar obedecer ou “dever respeito” para mais ninguém! Serei minha dona!”

“Não interessa! Você vai pagar por seus erros e...”

“Olha, eu adoraria continuar com essa conversa.” Ela disse com um tom doce, interrompendo sua mãe “Mas, infelizmente, eu preciso ir para a Colheita! Chato, não!?”

Driell se dirigiu para a porta e, quando já estava saindo, sua mãe gritou:

“Você é uma PESTE!”

“Tchau, mamãe!” Ela disse fechando a porta.

***

Travis estava brincando no quintal com sua irmã, Frida, quando seu pai, Virgio, apareceu e o chamou para uma conversa. A expressão de Virgio era séria, impaciente.

“Travis” Ele chamou “Você poderia vir aqui.”

“Claro, pai.” Ele disse. Ele se voltou para Frida, que estava enfeitando sua boneca, muito entretida. “Eu volto num minuto, Frie.”

Frida levantou seus grandes olhos castanhos para o irmão, e disse sorrindo:

“Uhum, mas a Senhora Mary Poppins precisa de mais jóias para ficar bem bonita! Traz mais pra mim Travis, por favor!” Ela falou, fazendo aquela voz e beicinho que só garotinhas sabem como.

“Claro!” Travis disse com o olhar tenro.

“Travis...” Virgio disse com certa impaciência.

“Estou indo, pai.”

Virgio e seu filho entraram na cozinha da casa. Travis se sentou numa das cadeiras, já Virgio ficou de pé, andando impacientemente de um lado para o outro.

“Você deveria estar treinando.” Ele disse com um olhar severo.

“Eu estou bem preparado, pai. Só queria passar essas últimas horas com a Frie...” Travis respondeu muito calmo.

“Você terá muito tempo para brincar com sua irmãzinha quando voltar um vitorioso!” Os olhos de seu pai reluziram ao pronunciar essa última palavra. O sonho de Virgio sempre foi ser um vitorioso, mas ele nunca teve coragem de ir aos Jogos Vorazes. Quando cresceu, depositou todos os seus sonhos em seu filho, Travis, e o treinou desde muito cedo para que ele vencesse os Jogos.

“Pai me escute. Eu treinei minha vida toda a minha vida para esse dia. Eu só queria um tempo com minha família!” Travis falou com um tom doloroso, mas seu pai nem o escutou, estava muito absorto em seus devaneios. Seria capaz de colocar a felicidade de todos para realizar seu sonho. E foi isso que ele fez. Colocou a felicidade de seu filho em segundo plano.

“Treinamento nunca é demais! Um dia pode ser a diferença entre a vitória e a derrota! Mas agora já é tarde. Vá se arrumar para a Colheita. Quero que você chegue cedo ao seu grande dia!”

Travis suspirou profundamente. Ele amava seu pai, mas sabia que a sede por fama e fortuna do mesmo o cegava. Seu pai era confiante, afinal, Travis era o melhor arqueiro de todo o Distrito 4. Mas Travis não pensava da mesma forma. Mesmo estando bem preparado, Travis sabia que as chances dele não retornar da arena eram altas.

 Ele se virou e pegou, em uma das gavetas da cozinha, uma caixinha cor de rosa, enfeitada com desenhos de flores e corações.

Travis começou a voltar para o quintal, quando seu pai falou:

“Aonde você pensa que vai? Precisa ir se arrumar! Não vou permitir que você se atrase no nosso grande dia!”

Travis se virou calmamente e falou, olhando para o chão:

“Não se preocupe, eu não vou me atrasar. Vou apenas levar as jóias da Senhora Mary Poppins e vu me arrumar.”

***

Mal o prefeito havia terminado de ler o Tratado da Traição, Sweetly Candy, a acompanhante designada para o Distrito 4, já estava plantada ao lado dele, tirando o microfone de suas mãos.

Sweetly era baixinha e bem gordinha. Sua pele era rosa, assim como seus cabelos, roupas, olhos e sapatos, fazendo com que ela parecesse uma goma de mascar tamanho família. Ela era simpática, alegre e doce. Doce demais.

“Sejam Bem vindos, doçuras! Bem vindos à 39º edição dos Jogos Vorazes! E que sorte esteja sempre, sempre, sempre à seu favor!” Ela disse sorridente. “Vamos ao sorteio! Damas primeiro!”

Sweetly foi rebolando até os grandes globos de cristal e se inclinou para puxar um papelzinho, mas foi interrompida por uma garota.

“Não se de o trabalho, doçura” Ela disse com um tom sarcástico. “Eu serei o tributo esse ano!”

Sweetly quase caiu de tanta emoção.

“Voluntários! Que tudo! Venha até o palco, pãozinho-de-ló!”

Uma garota alta e marrenta começou a caminhar até o palanque. Ela tinha a pele pálida e utilizava uma maquiagem pesada. Seus cabelos eram negros, assim como seus olhos, cortados irregularmente. Ela usava uma calça jeans velha, botas de couro com pontas de ferro e uma camisa preta, onde estava escrito You Sucks! Ela tinha um sorriso sádico no rosto e olhava para todos como se fossem suas presas.

Ela subiu no palco e se colocou ao lado de Sweetly.

“Qual o seu nome, coração?”

“Drielle Mae Wonder, docinho!” Ela disse rindo, ironizando o jeito da Candy, que nada percebeu.

“Obrigada!” Ela disse sincera. “Agora, os rapazes!”

“Eu me voluntario como tributo!”

Um garoto alto e bronzeado começou a andar em direção ao palco. Ele tinha cabelos e olhos castanhos, um nariz grande e a expressão séria.

Sweetly dava gritinhos de euforia.

“Qual o seu nome, meu rapaz?”

“Travis. Travis Utha.” Uma garotinha de aproximadamente seis anos deu um gritinho de espanto ao ouvir o nome do tributo.

Sweetly saltitou para se colocar entre os dois e disse com sua vozinha de soprano:

“Distrito 4, conheçam seus adoráveis tributos: O galante Travis Utha e a forte Drielle Wonder!”


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Notas finais do capítulo

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