39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 3
A Colheita


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora!!!!!!!!
Finalmente saiu!



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Quill se levantou tarde aquela manhã. Não havia nada que ela precisasse fazer na casa e não arrumou nenhum bico, fora que, aquele não era um dia em que ela estaria disposta, nunca esteve. Talvez nervosa ou ansiosa, mas nunca disposta.

Ela se levantou de sua cama e caminhou sonolentamente até o terraço do casebre. Sua avó estava sentada no banquinho de sempre. Estava quieta, mas ela não aparentava estar calma, seus olhos encaravam horizonte, pensativa, apreensiva. Ao perceber que a neta tinha chegado Jodhi a encarou, os olhos ternos, passando pena, tristeza. Mas sua expressão logo mudou, para desaprovação.

“Você ainda está assim?”

“Eu acordei agora” Quill disse meio sem jeito

“Dá para perceber. Ande logo! Vá se arrumar. A praça é longe daqui! E eu estou velha demais para ficar correndo pelos campos por causa do atraso de netas preguiçosas!”

“Certo, Vovó.” Quill disse já rindo.

“Do que você está rindo, Quillana? Vá logo se arrumar!”

Quando Quill estava quase entrando no banheiro sua avó gritou:

“Outra coisa. Eu faria algo com esse cabelo, parece mais que uma vaca passou a noite toda mastigando ele!”

Quill rolou os olhos e entrou no pequeno banheiro. “Será que todo mundo tirou a semana para zoar com o meu cabelo?” Ela pensou ainda rindo da personalidade forte da avó.

 Quill tirou seu pijama, tomou um rápido banho e colocou a roupa que sua avó havia separado para o dia da Colheita: Uma camisa de botões branca com delicadas florzinhas cor-de-rosa, uma saia azul-marinho na altura dos joelhos e sapatilhas pretas. “Grossa, porém, atenciosa” Pensou Quill. Ela se olhou no espelho e ficou se encarando. Seus cabelos eram pretos e muito lisos, caindo na altura dos ombros; “Lisos demais...” Ela pensou. Seus olhos eram castanho-claros, levemente puxados nas pontas; as sobrancelhas eram arqueadas e finas; o nariz afilado. Seu rosto era delicado, suave. “Se eu fosse um pouco mais alta e tivesse seios maiores, a roupa ficaria ótima!” Ela pensou já fechando a porta do banheiro.

Ao chegar ao terraço, sua avó estava na mesma posição, ainda encarando o horizonte, como se o tempo não tivesse passado.

“Vamos, Vó Jodhi?”

Sua avó a olhou sobressaltada, os olhos arregalados e disse:

“Que me matar menina! Que susto!”

“Desculpe, vovó.”

“Desculpe? Quando eu lhe der um cascudo você vai aprender o que é certo!” Jodhi disse com uma carranca, onde dois de seus dentes ficaram para fora da boca, arrancando risadas de Quill.

“Não fique aí rindo! Venha e ajude sua avó a levantar. Temos uma longa caminhada pela frente.” Quill foi até sua avó e a ajudou a se levantar. Não estava mais rindo. Havia se lembrado qual seria o destino delas nesse dia. A Colheita.

***

Depois de meia hora de caminhada, ouvindo muitas reclamações e levando muitos cascudos, Quill e Jodhi finalmente chegaram à praça. O Distrito 10 não era um distrito muito rico, logo, sua praça não era muito bonita. A praça se localizava no centro da cidade, fazendo com que a maioria das ruas terminassem nela.  Tinha a forma de um grande círculo, não era calçada, mas toda de terra batida. Havia algumas arvores nela e alguns bancos velhos aqui ou ali. O Palanque já estava montado, ocupando cerca de um quarto da praça.

A praça já estava bem cheia, a maioria das crianças já estava devidamente posicionada. Quill olhou para avó e falou:

“Eu preciso ir vovó! Já está bem tarde. Não quero problemas.”

Jodhi ainda tentou fazer uma carranca, mas seu rosto logo se acalmou, seus olhos marejados. Com uma voz suave ela disse:

“Você está tão linda... me lembra tanto sua mãe...” A mãe de Quill, Mirian, morreu quando ela ainda era um bebezinho. Foi atacada por uma mutação de touro, que tinha o dobro do tamanho e o triplo da raiva. Seu pai, Jhon, o filho de Jodhi, fugiu quando sua mãe ainda estava grávida. Portanto, Quill nunca conheceu nenhum dos dois. Sua vó logo interrompeu sua linha de pensamento:

“Ande logo, menina! Quer arrumar encrenca?”

“Já estou indo, vovó.” Ela disse e se virou, já correndo. Foi quando sua avó gritou:

“Que a sorte esteja sempre ao seu favor!”

“Que irônico.” Quill pensou.

Quill logo se colocou no seu lugar, na fila das garotas de quatorze anos. Ela olhou para fila dos garotos de 17 anos, procurando por Ney. Lá estava ele. Estava usando uma camisa social verde clara de mangas longas, uma calça social preta, e sapatos lustrosos, também pretos, seus cabelos estavam bem penteados, usando um pouco de gel. “Impecável!” Quill pensou. Ela acenou para ele, que retribuiu com um largo sorriso.

O Prefeito, Lian Godweel, se levantou de sua cadeira e se dirigiu até o microfone no centro do palanque e começou a ler o Tratado da Traição. O Prefeito era gordinho. e meio calvo, tinha por volta dos 50 anos, as bochechas eram bem cheias e gordinhas. No palanque estavam ainda a família do prefeito e os dói únicos vencedores do Distrito: Rory Flinch,um senhor baixinho de aproximadamente 45 anos, e Destinee Holcomb. Destinee era alta e magra, tinha por volta dos 1,70m, com 30 anos de idade. Seu rosto era bem fino, os olhos grandes e bem azuis, o nariz pontudo e o queixo pequeno. Era simpática, calma e caridosa. Quase todos amavam Destinee, Exceto uma pessoa: Jodhi.  A avó de Quill dizia a neta que havia algo na Vitoriosa que não descia na Velha. “As pessoas parecem que esquecem como foi que Destinee ganhou os jogos. Ela foi falsa, cruel. Não havia necessidade daquilo tudo. Eles esqueceram. Eu não.” Ela dizia para a neta. Para Quill, Destinee era uma ótima pessoa. Sua avó é que estava ficando velha e rabugenta.

Quando o Prefeito terminou de ler o tratado, Mira Applestorm subiu no palanque. Mira era a representante da Capital que deveria sortear, instruir e acompanhar os tributos do Distrito 10. Ela era baixinha e magra, tinha a pele um pouco rosada de mais, o sorriso sempre estampado no rosto e os olhos violeta sempre brilhantes. Tinha a voz doce e suave, mas com um sotaque estranho. Esse ano ela estava usando uma peruca verde brilhante, um vestido roxo com flores laranja e sapatos altos transparentes. Com muita dificuldade, Mira se dirigiu ao microfone e começou com sua costumeira ladainha:

“Bem-Vindos! Sejam Bem-Vindos aos 39º Jogos Vorazes! Sem mais delongas, vamos sortear nossos tributos desse ano! E que a sorte esteja sempre ao seu favor!”

Ela se dirigiu aos grandes globos de cristal, localizados à direita do palanque. Com um esforço um tanto exagerado, Mira se inclinou e esticou a mão dentro de um dos globos.

“Primeiro as damas!” Ela disse sorridente.

O estomago de Quill dava piruetas, sua testa estava suando, suas mãos tremendo. “Não tem como te escolherem, não tem como te escolherem” ela repetia para si mesma, tentando se acalmar, mas não estava dando muito certo. Ela tentou procurar sua avó, mas ela não conseguia achá-la em lugar algum, mas achou os olhos de Ney. Ney olhava para ela, calmo, fazendo sinal para que ela se acalmasse.

Mira finalmente escolheu um papel no globo e, sorridente, começou a abrir o papel.

“Quillana Rivera!”

Quill não escutava mais nada, não se movia, não sentia nada. Seria ela? Mas como? Ela pensava. Não havia como, Ela nem havia se inscrito para as Tésseras. Vovó. Quem cuidaria dela? Quill ainda estava parada. Chocada. Foi só depois de Mira repetir seu nome que ela conseguiu mover as pernas e se dirigir ao palco. Quando estava subindo as escadas seu pé ficou preso e ela tropeçou caindo bem perto de Rory.

“Oh!” Exclamou Mira, com uma teatralidade um tanto exagerada. “Alguém ajude a pobre dama! Está tão emocionada.”

Rory lhe deu a mão e a ajudou a levantar. Quill andou até bem perto de Mira.

“Venha doçura! Fique aqui!” Disse Mira. “Agora os rapazes!” Disse se dirigindo ao segundo globo.

Quill observa cada uma das pessoas na praça. Alguns tinham uma expressão de pena no rosto, outros, alívio. Sua avó chorava, mas irredutível, séria. Ney e Livian estavam boquiabertos, chocados, mal se moviam. Quill tentava pensar em como isso poderia ser pior. Ela estava indo para um local distante de casa, onde ela provavelmente seria brutalmente assassinada e sua avó ficaria sozinha. Havia como ficar pior? Foi nesse momento que Mira tirou o papel do globo. Ela tirou o papel, toda sorridente e o abriu, mas sua expressão logo se tornou séria. Gaguejando ela falou:

“Pacco Holcomb...”

“Pacco Holcomb?” Quill pensou. Porque esse nome não lhe era estranho? Foi quando sua ficha finalmente caiu. “Não...”

Um garoto começou a caminhar, vindo da fila dos garotos de dezesseis anos, ele era alto e magro, tinha cabelos pretos bem arrumados e olhos verdes. O garoto subiu no palanque e se posicionou ao lado de Quill. Ainda um pouco atônita, Mira cochichou para os tributos:

“Por favor, dêem as mãos.”

Quill e Pacco se observaram por um segundo e, ainda desconfiados, deram-se as mãos. As mãos de Pacco estavam suadas.

“Os Tributos do Distrito 10!” Falou Mira. “Quillana Rivera e Pacco Holcomb!”

Quill tinha absoluta certeza que estava perdida. Pacco Holcomb, seu parceiro de Distrito. Filho de Destinee Holcomb, sua mentora. “Pode, pode piorar.” Ela falou para si mesma, sentindo o rosto molhado pelas lágrimas.


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Notas finais do capítulo

Queria pedir desculpas a TatianeFrancetto e a Malu Becker, por que me confundi e exclui uma repetição do capítulo que tinha comentários de vocês!!!

Foi muito maaal!

Espero que todos curtam esse capítulo!

Abção!!!!!!