39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 19
Apenas eu e as estrelas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!!
Primeiramente, sinto muito pela demora. Tive problemas com o tempo e a criatividade...
Esse capítulo está um pouquinho diferente dos outros: Está em primeira pessoa.
Decidi que vou fazer isso de vez em quando, contar a história pela voz dos próprios personagens.
Hoje, o ponto de vista é o da Quill.

Espero que gostem!

Até as notas finais :)



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Quillana Rivera – Distrito 10

Desisti de tentar descobrir quantas horas haviam passado quando acordei pela terceira vez. Não que eu não estivesse cansada, eu estava morta, mas era complicado dormir relaxadamente quando um tributo enlouquecido e sedento de sangue poderia entrar a qualquer momento e tentar matar a todos. Fora as bestantes. A Capital pode ser bem criativa quando se trata de monstros. Quando estávamos procurando um abrigo, ouvi alguns ruídos estranhos, com certeza “não humanos”, mas decidi ficar de boca fechada. Já tínhamos problemas o suficiente com Drielle, Nyssa e os outros carreiristas.

Pelos meus cálculos, já estava na hora de substituir Pacco na guarda. Tentei fazer o mínimode barulho para não acordar Lori. Ela dormia tranquilamente, quase não se mexia. Seu rosto estava perdido em meio ao turbilhão de cachos dos seus cabelos. Ela merecia dormir bem, seu dia tinha sido bem difícil. Na verdade, o dia de todos havia sido.

Pacco estava sentado em uma rocha próxima à entrada da gruta. Ele estava apoiado relaxadamente em sua espada. Seu rosto estava voltado para uma pequena fresta na camuflagem da entrada. A luz da lua iluminava seus olhas, tornando-os ainda mais verdes e cintilantes. Sua pele, levemente bronzeada, adquiriu um brilho sombrio e azulado.

É claro que eu tinha percebido o quanto Pacco era bonito, afinal, não sou cega. Tapada, talvez. Mesmo assim, havia algo em Pacco que não me descia, ficava entalado. Talvez fosse por ele ser filho daquela megera. Fora que não havia tempo para pensar nessas besteiras. Se eu quisesse vencer, mais cedo ou mais tarde eu teria que... Teria que...

"Quill? Já está acordada?"

Quase dei um grito quando ouvi a voz de Pacco. Estava tão distraída que não percebi o tempo passar. Ótimo. Ele me viu olhando para ele com cara de idiota. Provavelmente eu devia estar enrolando uma mecha do meu cabelo. Nunca me odiei tanto. Minha avó provavelmente daria um belo tapa na minha nuca e me chamaria de cabrita demente. Mira, com certeza, amaria minha avó.

"Achei que já estivesse na hora de fazermos a troca. Já faz um bom tempo que você está aí..."

Ele se espreguiçou, abrindo um largo sorriso, do jeito que só ele saberia fazer.

"Estava tão distraído olhando as estrelas que perdi a noção do tempo. Sabe... o céu deles, mesmo sendo artificial, é incrível. Até mesmo as constelações que conhecemos foram recriadas. Mesmo elas estando em lugares completamente errados..." Ele fez uma careta no final, como se errar o local das constelações fosse um pecado.

"Entende de estrelas?" Perguntei casualmente.

"Eu sou obcecado por elas!" Seu sorriso havia passado de largo para psicótico. Ele fez um gesto para que eu me sentasse ao seu lado. Esprememos-nos na pequena rocha e tentamos dividir a fresta.

"Está vendo aquelas ali?" Ele falou apontando para um grupo de estrelas ao leste. "É o Cruzeiro do Sul. E aquelas mais ao norte. Vê? É a Ursa Menor..."

Percebi tarde demais que estávamos próximos demais. Definitivamente muito próximos. Tão próximos que eu podia sentir sua respiração quente em minha bochecha. Seus olhos pareciam ainda mais impressionantes e brilhantes a essa distância. O brilho da lua o deixava ainda mais bonito, destacando os contornos levemente angulosos do seu rosto em harmonia com a curva do seu sorriso. Pacco poderia não ser muita coisa, se comparado ao Carreirista/deus do Distrito 4, Travis, mas não havia nada no mundo comparado ao seu sorriso. Era quente, acolhedor e divertido. Eu tentava me forçar a me afastar, mas algo me prendia a ele.

Só acordei dos meus devaneios quando percebi que ele também me olhava com cara de idiota. Seu sorriso havia desaparecido. Ele se aproximava cada vez mais do meu rosto. Forcei-me a lembrar qual era meu objetivo nesse jogo: Ganhar, não me apaixonar. Me esquivei delicadamente dele e perguntei, como se nada tivesse acontecido.

"Err... Com quem você aprendeu todas essas coisas?"

Por um instante assustador, eu pensei que ele insistiria naquilo, mas ele se afastou calmamente, se endireitando, e falou.

"Com minha mãe..."

"Destinee!?" Eu falei um pouco surpresa demais. Descrição nunca foi o meu forte.

Ele fez uma careta e abriu um sorriso

"Minha mãe não aquela pessoa áspera em tempo integral, sabia? Ela tem seu lado bom..."

Não pude evitar fazer uma cara de descrença. Ao menos contive o riso. Destinee. Lado bom. Isso era a maior antítese que eu conseguiria imaginar.

"Certo.” Ele disse após ler minha expressão “Eu sei que ela nunca foi com a sua cara. Até te ameaçou algumas vezes..."

"Muitas vezes."

"Muitas vezes. Mas você deveria dar um desconto a ela.”

“Ele disse que me mataria...” Eu disse o mais enfática possível, como se estivesse falando com uma criança de cinco anos.

Ele ignorou o que eu disse (exatamente como sua mãe) e continuou “O único filho dela, sua única família restante, está em um jogo sangrento e ele tem mais chances de morrer que de viver..."

Não pude responder dessa vez. Eu nunca havia tentado enxergar dessa forma, em parte por causada própria Destinee. E se fosse eu? Se fosse minha família que estivesse caminhando para a própria morte? Se fosse minha avó? Ou o Ney? Será que eu não agiria da mesma forma? Talvez.

"Nós nos sentávamos na varanda todas as noites quando eu era pequeno. Levávamos algumas cobertas e pipoca. Eu me aninhava no colo dela e ela me mostrava todas as constelações que conhecia... Até eu adormecer..." Sua voz vacilou no final. Seus estavam marejados, a expressão triste, distante. Não acreditei que ele fosse continuar. Aquilo o machucava. Eu via em seus olhos.

Depois de alguns instantes de um silêncio cortante ele falou:

"Acho que vou descansar um pouco... Pode ficar sozinha na guarda?"

"Claro. Vá descansar. Eu posso dar um jeito nisso sozinha..."

"Incrível como isso não me deixa menos preocupado..."

"Cale a boca." Eu disse sorrindo.

Ele retribuiu o sorriso e foi se deitar ao lado de Lori, me deixando sozinha. Apenas eu e suas estrelas.


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Notas finais do capítulo

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Abçs!



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