39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 13
Treinamento - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoinhas!!!
Muito obrigado à Gabrieli pela recomendação!!! :D
#felizfeliz!
Saindo mais um Cap para o deleite de vocês!
Espero que gostem!
Abção!



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Quill remexia pensativamente seu almoço. Não é que ele estava ruim, na verdade, parecia muito apetitoso, mas ela precisava resolver muitas coisas, como num meio de escapar das arras de Drielle. O almoço poderia esperar.

Quill olhou para Lori, que, diferente da garota do 10, parecia comer como se não houvesse um amanhã. Quillana suspirou e falou:

“Lori?”

“Hum?” Ela respondeu enquanto tentava empurrar um ravióli  na boca.

“Você acha que nós podemos ter... alguma chance?” Quill perguntou incerta. Ela não queria parecer medrosa para a garota do 3, mas era exatamente isso que ela estava sentindo: Medo.

Lori engoliu seu ravióli (o que não foi muito fácil) e falou muito séria:

“Sinceramente? Só nós duas? Provavelmente não...”

“Você acha...”

“Eu tenho quase certeza disso.” Lori não gostava deter que admitir isso, mas ela também não gostava de rodeios e de criar falsas esperanças. Mas ela nunca apresentava um problema sem ter ao menos uma saída. “Seremos alvo de Drielle, talvez de todos os carreiristas, o que dificulta as coisas. Alguns tributos podem te achar uma ameaça, por causa da sua confusão com a “Barracuda”, o que também será um problema...”

Quill não estava gostando nada daquela conversa. A cada colocação de Lori, Quill se sentia cada vez mais próxima da morte. Ao perceber o semblante deplorável da sua aliada, Lori se adiantou em dar uma solução:

“Mesmo assim, acho que se conseguirmos juntar um bom número de tributos podemos ter alguma chance contra os carreiristas, que são, de longe, o nosso maior problema...”

“Mais aliados?” Quill perguntou um pouco incomodada “ Não sei se seria uma boa... Não podemos confiar em qualquer um...”

“Claro que não.” Lori disse com uma expressão firme “Precisamos ser... seletivas. Mas precisamos de mais aliados, Quill. Precisamos de alguma vantagem para quando toparmos com os carreiristas.” Lori parou um pouco para analisar a expressão de Quill. Era algo entre o assustado e o triste. Lori suspirou e continuou:

“Fora que nenhuma de nós duas é tem muitas habilidades em combate...” Lori baixou os olhos ao falar isso. Falar de fraquezas não a deixava muito confortável.

Quill teve que admitir que Lori estava certa. Ela sabia manusear uma faca, mas não o suficiente para competir contra Luxury ou Valeria. Ela provavelmente seria fatiada viva por elas.

Com uma clara expressão de desgosto e derrota, Quill finalmente cedeu

“Certo. Você venceu. Mas quem nós vamos chamar?”

“Boa pergunta. Tenho algumas sugestões em mente, mas nada muito concreto...”

“Que tal o garoto do seu Distrito?” Perguntou Quill.

“Edward? Não acho que seria uma boa... Que tal o garoto do seu Distrito? Parece forte...”

“Pacco!?” Quill disse um pouco alto demais, fazendo com o garoto, que estava três mesa depois escutasse perfeitamente o espanto de Quill “Não confio nele. Nem um pouco. Ele é estranho...”

“Estranho?” Disse Lori “ Estranho, como?”

“Quem é estranho?”

Quill soltou um gritinho com o susto que tomou. “De todos os 24 tributos, justo ele tinha que se aproximar?” Ela pensou ao encarar seu parceiro, Pacco.

“Posso sentar?” Ele disse com uma educação claramente forçada. Seu sorriso, apesar de um pouco falso, irradiava por toda a mesa.

“Claro...” Lori disse um pouco assustada, mas muito calma.

Quill não falou nada. Ela não esperava que Pacco tivesse o disparate de se sentar na mesma mesa que ela e Lori, e isso a deixava muito nervosa. A única coisa que ela conseguia fazer era enrolar seu cabelo.

Pacco, que ainda mantinha um sorriso no rosto, quebrou o silêncio:

“E então, garotas? Quem é estranho...”

“Ninguém importante.” Quill disse rapidamente.

“Eu ouvi meu nome, então resolvi me juntar a vocês...”

“Lori apenas havia me perguntado o nome do meu colega de Distrito, sabe...”

“Você é uma péssima mentirosa...” Ele disse enquanto dava uma gargalhada solta. “Sério. Você precisa praticar um pouco mais...”

Quill não respondeu. Ela sabia que era uma péssima mentirosa. Quando ia mentir, ela sempre ria nervosamente ou enrolava mechas do cabelo.

“Vocês estavam discutindo sobre alianças, certo?”

“Você estava nos espionando?” Quill perguntou surpresa.

“Claro que sim.” Pacco disse muito calmo

“E você ainda admite?!”

“Faça-me o favor, Quillana. Se eu quero fazer alguma aliança com alguém, eu preciso saber sobre ele. Mas é claro que eu não fico encarando ou dando bandeira. Principalmente se forem carreiristas...”

Quill corou. Era obvio que ele estava falando dela. Mas seu tom não era acusador um sarcástico. Era quase como um conselho.

Lori, que esteve calado durante o diálogo dos dois, quebrou o silêncio.

“E o que você sabe fazer?” Ela disse tentando parecer firme.

“Como?” Pacco falou um pouco confuso.

“Bem...” Lori disse um pouco tímida “Você estava nos analisando, provavelmente estava pensando em criar algum vínculo conosco. Mas, bem, não se ofenda, preciso saber o que você teria a oferecer para a aliança...”

“Bem...” Pacco disse ainda tentando assimilar as colocações de Lori, ele queria ser sarcástico, ou dizer que ela estava equivocada, mas não conseguiu. Ele estava surpreso demais para dissimular.

“Você o está convidando para a aliança?” Quill perguntou surpresa

“Não...” Lori disse incerta “Mas...”

Antes que Lori pudesse continuar seu pensamento, Pacco começou a despejar suas habilidades.

“Sou bom com lanças e manjo um pouco de arco e flecha... Não sou muito forte, mas sou esperto e posso conseguir patrocinadores. Minha mãe a mentora do Distrito 10.”

“Tentador...” Lori disse inexpressiva. Ela não parecia surpresa ou feliz, mas também não demonstrava decepção ou desconfiança.

“Não confio em você...” Quill soltou. Ela não queria falar dessa forma, mas Lori não podia se quer cogitar simpatizar com Pacco. “Você é estranho. Ora você é frio e indiferente, ora parece ser sincero e bondoso... Não dá pra confiar em você. Fora que sua mãe me detesta! Ela faria de tudo para me ver morta...”

Tanto Pacco, quanto Lori permaneceram em silêncio. Pacco foi o primeiro a falar:

“Certo. Eu não lhe culpo por desconfiar de mim. Na verdade, até a considero esperta por isso. Mas não me julgue tão duramente. Você está certa: Minha mãe te detesta e fará de tudo para te ver morta.”

“Animador...” Quill disse sarcástica.

“Mas...”

“Mas...” Quill disse impaciente.

“Será mais difícil para ela tentar te mandar algum veneno letal ou uma bestante se você estiver comigo...”

“Faz sentido Quill...” Lori falou calmamente

“Talvez...” Quill disse incerta “Mas o que você ganharia com isso?”

“Uma aliada extremamente inteligente, que possui um vasto conhecimento em plantas venenosas e medicinais...” Ele disse olhando para Lori “E uma aliada corajosa o bastante para enfrentar uma carreirista sozinha, além de um maio de manter a boa imagem que Kya criou para nós.”

Os três permaneceram em silêncio durante um bom tempo, até que, não agüentando de ansiedade, Pacco falou:

“E então? Estou aceito?”

Quill e Lori trocaram olhares. Parecia estar acontecendo uma conversa inteira ali. Depois de alguns segundos de muita discussão silenciosa, Quill desviou o olhar e abaixou a cabeça.

“Bem vindo, Pacco...” Lori disse um pouco sorridente. Ela estendeu a mão para o garoto. Pacco abriu um largo sorriso e apertou a mão de sua nova companheira. Ele estendeu a mão para Quill, que, relutante, retribuiu o gesto.

“Mas que fique claro que eu ainda não confio em você...” Ela disse com um olhar sério.

“Eu espero poder provar que sou de confiança...”

“Eu também, Pacco. Eu também...” Ela sussurrou.

***

Os dois dias seguintes do treinamento foram bastante calmos. Lori, Pacco e Quill tentavam gastar parte do seu tempo nos estandes de sobrevivência, se arriscando um pouco nos de combate, quando os carreiristas se afastavam. Nos intervalos e almoços, eles tentavam bolar estratégias e decidir se deveriam, ou não, fazer mais aliados.

“Que tal a garota do 5?” Lori falou “Ela parece ser confiável...”

“Mas é fraca.” Pacco disse enquanto brincava com uma almôndega. Quill revirou os olhos.

Por mais que Pacco se mostrasse prestativo e útil, ela não conseguia confiar no filho de Destinee Holcomb. Destinee também não estava facilitando as coisas. Desde que ela havia descoberto que Pacco e Quill estavam na mesma aliança, as provocações e brigas entre ela, Mira e Destinee só faziam aumentar. Além das dores de cabeça, é claro.

“Que tal o garoto do 7?” Pacco falou “Ele é bastante forte e ainda não criou nenhuma aliança...”

“E eu acho que nem irá criar...” Quill disse enquanto encarava discretamente os tributos do 7, Cae e Clair.

Eles estavam sozinhos, sentados algumas mesas depois deles. Cae conversava com Clair, que mantinha seu semblante triste. Durante os dias de treinamento, Clair e Cae passavam a maior parte do tempo no setor de camuflagem. Clair parecia ser muito boa, apesar de não muito empolgada. Cae apenas parecia feliz por ver que Clair estava se distraindo.

“Acho que os dois estão certos...” Lori disse, retirando Quill dos seus pensamentos “Cae com certeza seria um ótimo aliado, é forte, esperto e confiável...” Ela fez uma pausa e continuou. “Mas não acho que ele se aliaria a mais alguém, além da Clair, é claro.”

“Acho que ele não confiaria em mais ninguém...” Quill concluiu.

“Não custa tentar...” Pacco disse, já se levantando para ir propor uma aliança aos tributos do 7, mas algo esbarrou nele, fazendo com que ele se sentasse novamente.

“Eita!” Ele exclamou “Não olha por onde anda?”

A garota do 11 lançou um olhar fuzilador para  Pacco, que logo se calou, e continuou seu caminho.

Todos os tributos, com exceção dos carreiristas, eram um pouco apreensivos com relação à garota do 11. Ela era muito alta e forte. Seu corpo era atlético e esguio. Ela tinha cabelos cacheados revoltos na altura do queixo. Seus lábios eram grandes e cheios e seus olhos eram grandes, negros e frios. Seu olhar sempre passava superioridade, falsidade e impaciência.

“Não gosto dela...” Pacco disse encarando-a.

“Está com medo dela, Pacco?” Quill disse entre risos.

“Cale a boca, Barbie de couro.” Ele disse impaciente.

Lori olhava para os dois com ar decepção. Ela suspirou e disse:

“Parem com isso. Aquela é Nyssa. Não sei muita coisa sobre a história dela, mas ela dará trabalho na arena, com toda certeza.”

“Onde ela pensa que está indo?!” Pacco disse surpreso. Quill e Lori logo olharam para Nyssa, para saber o que estava acontecendo.

Nyssa estava andando em direção à mesa dos carreiristas. Sem falar absolutamente nada, ela se espremeu entre Travis e Luxury e começou a comer seu almoço.

Gabbro, Travis, Zircon e Luxury olhavam boquiabertos. Nenhum deles conseguiu falar absolutamente nada. Ninguém esperava que alguém pudesse ser tão ousado ao ponto de se sentar na mesa dos carreiristas. Nenhum deles conhecia quem era Nyssa.

Valeria nem se deu ao trabalho de levantar os olhos, ela não se importava se mais alguém havia se sentado na mesa. Por ela, se sentava sozinha. Achava uma perda de tempo ter de se socializar com os outros tributos. Todos eles estariam mortos em poucos dias. Ela apenas aceitou se aliar aos outros para manter os olhos em Gabbro, o único que ela considerava um oponente relevante.

“Uma patricinha besta, um bad boyzinho de nada, um ‘bom moço’ e uma revoltadinha de merda...” Ela pensava “Grande aliança...”

A única que pareceu incomodada e que reagiu foi Drielle. Ela deu uma gargalhada e disse:

“Perdeu alguma coisa? Talvez seu juízo?”

Nyssa nem sequer se mexeu, ela continuou comendo seu almoço tranquilamente.

“Ta surda? Eu falei com você, idiota! Perdeu alguma coisa?! Desaparece, sua...”

Drielle não conseguiu terminar seu insulto. Em uma fração de segundo, Nyssa se lançou no pescoço de Drielle, o segurando com um das mãos e apontando uma faca nele com a outra. A garota do 4 olhava pasma para ela. Toda a sala estava em silêncio. Até mesmo Valeria havia levantado o olhar, um sorriso havia nascido em seu rosto ao ver a cena.

“Eu ficaria caladinha se fosse você.” Nyssa falou. Sua voz era grave e pesada, quase masculina. “Você não é muito educada, mas, comigo, vai ter que aprender a ser...”

Nyssa soltou pescoço de Drielle, que estava vermelha de raiva e vergonha, mas não fez coisa alguma contra a brutamontes do 11.

“Eu vim aqui oferecer minha habilidades para a sua aliança.” Ela disse encarando os carreiristas “Sou rápida e forte, como puderam ver. Seu manusear lanças, espadas e machados. Estou interessada em me aliar aos carreiristas, mas só se vocês me aceitarem, claro.”

Ela ficou olhando para eles, esperando uma resposta. Pela sua expressão, ela poderia passar horas a fio esperando um retorno.

“Por mim, tudo bem...” Luxury disse recobrando sua postura um pouco receosa. Suas mãos tateavam sua perna para ter certeza de que a adaga ainda estava ali.

“Se está ok para Lux, por mim também.” Zircon falou.

“Bem.” Travis falou “Acho que sim...”

“Faça o que bem entender...” Valeria disse firme “Só não se meta no meu caminho...” Seus olhos sádicos encaravam o rosto de Nyssa.

“Não se preocupe. Não irei...” Nyssa respondeu, tentando parecer forte, mas até mesmo ela sentia arrepios ao olhar nos olhos de Valeria.

“Acho que não precisa votar Drielle...” Ela disse encarando a garota do 4, que apenas bufou e voltou a almoçar.

“Certo...” Lori disse ainda abismada “Isso foi, no mínimo, estranho...”

“Estranho? Aquilo foi quase surreal...” Quill disse boquiaberta.

“Aquela garota é completamente pirada...” Pacco falou ainda encarando os carreiristas.

“Só espero que não seja mais um problema para nós...” Quill disse voltando-se para seus aliados.

Ela estava completamente enganada.


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Notas finais do capítulo

Oi oi de novo!
Desculpem qualquer erro :/
Se curtiram (ou não) não deixem de comentar!
Um Abção!