39º Jogos Vorazes - Quill Rivera escrita por Time


Capítulo 11
O Desfile - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas!!!!
A segunda parte do desfile quentinha, quentinha para vocês!
Espero que gostem!
Abção!
Boa leitura!!!



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Quill já estava ficando tonta com tanto corre-corre. Ela tomou outro banho (ainda pior que o primeiro), arrumou os cabelos e foi maquiada. Essa sessão “Salão de Beleza do Medo” já dava náuseas nela.

Quando se encontrou com Pacco, ela percebeu que ele havia passado pelo mesmo tratamento que ela e, pela cara que estava fazendo, também não tinha gostado muito da tortura. Seus cabelos haviam sido cortados e ele cheirava a flores ensaboadas.

Kya e Celene chegaram poucas horas antes do desfile, trazendo as roupas dos dois escondidas em bolsas pretas.

Celene era uma típica mulher da Capital. Espalhafatosa, sorridente e bastante colorida. Seus olhos eram grandes e esbugalhados, de um laranja psicótico. Sua pele era cor de chocolate, macia e brilhante. Seus cabelos fúcsia eram revoltos e curtos. Já Kya, era simples e tranqüila. Além, é claro, de assustadora.

Ao ver os olhos de Kya, Pacco deu um passo para traz, fazendo Quill soltar um risinho. “Se essa foi minha expressão ao vê-la, eu fiquei hilária.” Ela pensou.

“Sua roupas garotos” Kya disse “Vistam-nas e digam-nos o que acharam.” Ela disse trocando olhares com Celene, que prendia o riso.

As roupas dos dois eram muito simples. Quill usava um vestido de couro cru com alças grossas, na altura dos joelhos, um chapéu de cowboy e botas também de couro. Pacco também era a próprio curtume: Sua camisa, calças, botas e chapéu também eram todos de couro.

“O que acharam?” Celene perguntou abafando um risinho.

“Bem...” Quill disse desconcertada. “São diferentes, bonitas...” Ela mentiu. Sinceramente, ela esperava bem mais, principalmente depois da maquiagem pesada que puseram em seu rosto. Até ir de vaca seria mais emocionante.

“São... Legais...” Pacco disse envergonhado

“Ótimo” Kya disse “Por que o melhor ainda está por vir...”

Pacco e Quill se entreolharam. Os dois estavam apreensivos. O que seria “o melhor”?

***

Todos os tributos foram levados para a esplanada onde ocorreria o desfile. Lá, eles encontraram com seus mentores e acompanhantes, e finalmente puderam ver seus oponentes mais de perto.

Mira estava em êxtase, corria de um lado para o outro, arrumando algo por aqui, retocando algum detalhe ali.

Já Destinee ficou mais distante deles, conversando algo com Pacco. Sua expressão era severa, mas serena. Pacco escutava tudo de cabeça abaixada, Sem dizer uma única palavra.

“Florzinha!” Mira disse para Quill “Lembre-se de acenar e mandar beijos para a platéia. Se quer patrocinadores precisa ser carismática!”

E sádica...” Quill pensou, mas quando quis se auto-repreender se assustou com uma estrondosa gargalhada.

A garota do 4, Drielle, ria descontroladamente. Nos olhos dela havia um brilho um tanto sombrio.

Quill a achou até bonita, mas sua personalidade, mimada e perversa, a deixava podre. Fora que Quillana ainda tentava se recuperar de seu pesadelo, onde a garota era uma das antagonistas.

Ao perceber que Quill a encarava, mesmo que fosse inconscientemente, Drielle gritou:

“Ta olhando o quê, Garota do 10?”

Quill corou e abaixou a cabeça. A última coisa que ela precisava era de mais inimigos. Mas Drielle já tinha achado o que procurava: Um motivo para sacanear alguém.

“Eu me lembro de você!” Ela disse arregalando os olhos e arqueando um sorriso idêntico ao de Destinee. “A garota destrambelhada!” Ela disse explodindo em gargalhadas. A garota do 1 também começou a rir, mas discretamente.

“Cuidado para não tropeçar no desfile e sair chorando para seu quarto, doçura!” Ela disse debochando.

Dessa vez muitos tributos riram. Inclusive Pacco.

Quill abaixou a cabeça e cerrou os punhos. Definitivamente, ela odiava aquela garota.

“Você terá o que merece...” Ela disse baixinho.

Ela deveria ficar quieta. Sabia que era o certo a se fazer. Arrumar confusões ainda no desfile não seria bom para ela. Mas Quill estava pouco se lixando para o certo, ou o errado.

“Não se preocupe 4” Quill disse em tom de deboche “Com uma cara feia dessas e essa fantasia de barracuda mal passada, nem se eu desmaiasse chamaria mais atenção que você.” Quill pausou um pouco e continuou “DOÇURA.”

Ódio irradiava dos olhos de Drielle. Ela tentou correr para destripar Quill, mas o garoto de seu distrito a segurou. Ele tinha um sorriso no rosto, assim como a maioria dos tributos e mentores.

Ainda se debatendo nos braços do garoto, Travis, Drielle gritou

“Ninguém debocha da minha cara e sai ileso 10! Você não tem a mínima noção de com quem você está se metendo! Você vai ter o que merece! Sua vadia, vaca, arromb...”

“Ora, cale essa merda de boca!” Quill disse, dando as costas para a garota do 4 e ignorando os outros “elogios” que sua mais nova amiguinha vomitava, fazendo com ela se contorce-se ainda mais.

Mira, Pacco e até mesmo Destinee estavam boquiabertos com Quill. Nenhum deles esperava que aquela garotinha chorona enfrentasse alguém daquela forma. Ainda mais uma carniceira como Drielle.

A única que permanecia calma, e até um pouco sorridente, era Kya.

“Não foi muito esperto.” A estilista disse “Mas tenho certeza que deve ter sido bom.”

Quill a encarava calada, ainda meio perplexa por ter agido daquela forma. Mas ela concordava com Kya, ela se sentia ótima, revigorada. E assustada. “Ótimo”. Ela pensava “Minha lista de inimigas está aumentando...”

“Espero que não se arrependa...” Kya disse serenamente.

“Eu também...” Quill sussurrou encarando o chão, mais para si mesma que para Kya.

***

O desfile começou mais ou menos meia hora depois da confusão entre Drielle e Quill. Os estilistas corriam de um lado para o outro, tentando ajustar os últimos detalhes das roupas e das carruagens. Alguns até desmaiavam de ansiedade.

Após serem liberadas, as carruagens começaram a entrar, uma a uma, na esplanada. A multidão ia ao delírio a cada tributo que passava. Eles jogavam flores e confetes para as mais novas celebridades da Capital.

Quill observava atentamente todas as carruagens. Por mai que os Jogos fossem insanos, ela não conseguia achar que o desfile não fosse interessante.

A carruagem do Distrito 1 estava completamente coberta de jóias, plumas e paetês. Os tributos estavam apenas com roupas íntimas feitas de rubis e safiras e algumas plumas. Eles acenavam e soltavam beijos para todos. A garota, Lux, adorava toda aquela atenção. Ser o centro das atenções era seu forte.

Os tributos do 2 estavam vestidos de gladiadores, como em quase todos os anos. O garoto, Gabbro, arriscava curtos e ríspidos acenos para a multidão. Já Valeria, permanecia imóvel e séria.

As fantasias dos tributos do 3 e do 5 eram roupas High-Tech, suas roupas mudavam de cor e nela apareciam imagens e frases. Não muito longe dali, quatro estilistas se estapeavam e chamavam uns aos outros de ladrões.

Drielle e Travis estavam vestidos, respectivamente, de sereia e tritão. Perolas e conchas adornavam suas caudas falsas e cabelos. Drielle acenava e mandava beijos. Travis apenas sorria, fazendo as garotas da Capital derreterem como manteiga.

A garotinha do 7 estava vestida como uma arvorezinha, e o garoto, como um típico lenhador. Ambos estavam tristes e abatidos. A garotinha chorava e era consolada pelo garoto. “Brincadeira de mau gosto!” Quill pensava.

“Vocês são os próximos!” Celene gritou, tirando Quill de seus pensamentos.

“Já?!” Ela disse em coro com Pacco.

O coração de Quill palpitava. Só o fato de pensar em encarar toda aquela multidão fazia seu estômago dar voltas.

Kya se aproximou de Quill calmamente. Em suas mãos havia uma haste de ferro que no Distrito 10, era usado para marcar o gado. A ponta do ferro incandescia em vermelho vivo

“O que você pensa que vai fazer com isso?” Pacco disse histérico ao ver a haste de ferro.

“Dar o toque final.” Kya disse pressionado o ferro contra a roupa de Pacco, que tentou se afastar, mas Kya foi incrivelmente rápida.

O ferro havia deixado uma marca incandescente, parecida com uma ferradura de cabeça para baixo, no meio da ferradura estava escrito “D10”.

“Machucou?” Kya perguntou já pressionando a haste no vestido de Quill, antes mesmo de saber a resposta.

“Não...” Ele disse olhando para o símbolo que incandescia em sua roupa.

“Ótimo.” Ela disse cética “Agora, vão!”

A carruagem começou a se mover e, em poucos segundos, estava no campo de visão da multidão. Ao verem a carruagem do Distrito 10, os espectadores deliraram; jogavam flores e gritavam loucamente.

Isso fazia Quill querer desmaiar. Todos a encaravam. Todos a vigiavam. Ela era o próprio desespero.

Pacco seguia à risca as instruções de Destinee, acenando e cativando a todos que olhavam para ele.

A cada centímetro que a carruagem deles avançava, a multidão parecia gritar cada vez mais, cada vez mais desesperados e apaixonados.

“Por que, afinal, eles estão olhando para cá?” Ela se perguntava “Não há nada de especial em... Oh, merda.”

Quill não conseguiu concluir sua frase. O que viu deixou-a boquiaberta. Ao olharpara o próprio vestido ela começou a entender o porquê de tanta euforia. O local onde Kya havia pressionado a haste de ferro, que antes só incandescia, agora se espalhava por toda a roupa, consumindo-a. Por onde as pequenas brasas passavam, transformavam o couro cru e sem graça, em um couro preto e lustroso.

A reação inicial de Quill foi de tentar apagar as brasas, mas, a cada vez que batia na roupa, as brasas consumiam o vestido cada vez mais depressa.

O vestido estava se tornando mais apertado e curto. “Ela quer me deixar pelada!” Quill pensava em pânico. Ela ponderava se jogar no chão e correr loucamente.

Em poucos segundos toda a roupa dos tributos havia sido completamente consumida. Quill admirava o couro lustroso que estava usando. Ainda confusa e em pânico, ela levantou os olhos e encarou Pacco, tentando procurar explicações.

A roupa do garoto, que antes era sem graça e morta, agora era linda e até um pouco sensual. O chapéu de cowboy havia desaparecido, óculos escuros haviam aparecido em seu rosto e ele usava uma jaqueta de couro preta, que lhe dava um ar de Bad Boy. Pacco estava tão surpreso quanto ela, mas tentava se mostrar confiante e calmo, o que não estava funcionando muito bem.

O garoto se virou para ver se sua parceira estava tão abobada quanto ele. Ao olhar para Quill a única coisa que ele conseguiu falar foi:

“Uau.”

“O quê?” Quill disse com a cara mais intrigada e perdida de todo o desfile. “O que diabos você está olhando?”

Pacco apontou para a grande tela que se localizava no canto leste da esplanada. Ainda com cara de perdida, Quill voltou-se para o televisor.

Nele, uma garota de aproximadamente dezesseis anos olhava intrigada para algum lugar. Ela usava um vestido tomara-que-caia curto e bem marcado de um couro preto brilhante. Em seus pés, estavam longas botas, também de couro. Ela usava uma maquiagem marcante e sensual. A garota parecia muito sensual, mas algo estava errado para Quill.

Quillana demorou alguns segundos para raciocinar. Sua expressão agora estava mais perdida e desesperada do que antes. Ela não conseguia acreditar no que via. Perplexa, ela falou:

“Aquilo...Sou...Eu...” A garota do telão imitou cada movimento de Quill. “Impossível...”

“Você está... caraca... linda...”

“Eu me sinto ridícula!” Ela disse ainda olhando para a garota do televisor.

“Bem, pra mim você está uma gata.” Ele disse vasculhando cada parte de Quill, procurando algum vestígio daquela menininha chorona.

“Temos que aproveitar desse presente!” Ele disse abrindo um largo sorriso. Se tinha uma coisa que Pacco sabia, era aproveitar uma boa oportunidade

“O quê?” Quill disse sem continuar entendendo nada

Pacco bufou. Ele segurou a mão de Quill e a levantou, fazendo a multidão ir ao delírio.

“Um beijo faria eles nos carregarem nos ombros...” Ele disse encarando-a nos olhos.

Quill arriscou um sorriso sem graça para a multidão.

“Se você tentar se aproximar de mim, eu juro que arranco sua língua.” Ela disse sorrindo, fazendo Pacco gargalhar de modo relaxado.

“Ok.” Ele disse rindo e acenando para a multidão “Sem beijo.”

Enquanto Pacco desfrutava de toda a atenção que haviam roubado dos outros tributos, tentando conseguir patrocinadores, Quill continuava com a uma cara perdida. Mas, mesmo assim, arriscava uma aceno ou outro, todos automáticos, tentando entender o que estava acontecendo.

Ela e a garota do telão precisavam sentar e deliberar sobre a situação que as haviam metido. Depois, teriam uma conversinha com Kya.


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Notas finais do capítulo

E aí? curtiram o capítulo?
Não esqueçam de comentar!!!
Até a próxima!