Nascido Do Sangue escrita por Viúva Negra


Capítulo 48
O Momento do Nosso Amor




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___ Como vai?___ indagou ela com o cândido sorriso no qual jamais poderia se esquecer.

O moço entreabriu os lábios, mas nada saiu de dentro deles, encarou Andreea e percebeu que estava contente dançando entre os camponeses, logo após voltou a fitar a garota diante de si, não sabia o que dizer a ela, não queria apenas encarar aquele rosto tão lindo e ao mesmo tempo em que lhe despertava alegria, trazia-lhe grande tristeza. Em silêncio se afastou indo em direção às árvores escuras e quietas.

___ Damian? Damian?

A jovem não compreendeu tal atitude do rapaz, então o seguiu. A cada passo que dava para longe dela era inútil, ouvia se aproximando, gritando por seu nome, pedindo-lhe um pouco de atenção. Por mais que tentasse manter distância, havia uma corrente invisível que os unia e nada o ferreiro poderia fazer parar mudar isto, pelo menos não naquele momento.

___ Damian, espere, por favor, Damian, pare! Damian, precisamos conversar ___ Rosalind chamava por ele, implorava entre suspiros cansados, pois os passos do garoto aumentavam a velocidade.

Já estavam escondidos entre os grossos e obscuros galhos quando Damian detivera seus passos e, ainda de costas para a donzela, falou:

___ Não é direito uma moça comprometida ser vista com outro rapaz ___ o tom frio de sua voz foi capaz até mesmo de surpreendê-lo.

___ Por favor, não fale assim ___ havia agora decepção na voz da garota.

Ele então se virou, queria encará-la, queria que olhasse no fundo de seus olhos, queria que soubesse quanta dor lhe causou.

___ Talvez devesse cumprimentá-la pelo futuro matrimônio e até perguntar-lhe quando ocorrerá este magnífico evento ___ disse ele em tom sarcástico tentando esconder seu sofrimento.

___ Não fale assim, será pior para ambos.

___ Como pode ser pior para você? Irá se casar com o filho de um dos homens mais ricos desta pequena comuna! Por favor, corrija-me se estiver errado, mas onde está o ponto ruim nisto para você?

___ Eu não amá-lo.

Petrescu tentou manter-se forte por fora, mas por dentro sentia tudo arder e queimar como a viva chama de uma fogueira, não pronunciou uma só palavra com medo de que suas lágrimas jorrassem e por fim entregassem o que naquele momento estava se esforçando em esconder.

___ Nossos pais fizeram um acordo, de nada sabia, apenas tomei conhecimento quando Tristan e seu pai vieram nos visitar, e assim recebi a notícia com imenso pesar ___ as últimas três palavras saíram em um tom rouco e gélido que até o adolescente pôde perceber que foram sinceras.

___ E por que está me contando? Por acaso ele a engravidou e foi por isso que as famílias entraram em um acordo? Parece que não estava tão bêbado na noite da festa da colheita ___ por mais que estivesse machucado por dentro, o ferreiro não largaria a amarga ironia que borbulhava em sua língua, era sua mais forte e melhor defesa contra a compaixão desmedida naquele instante.

___ Não houve nada entre nós naquela noite!___ revelou Rose quase vomitando as palavras.

Os olhos do garoto arregalaram-se, sentiu a boca seca à medida que seu coração aumentava as batidas em tom de ansiedade, uma ânsia eufórica, não sabia o que dizer diante daquela ótima notícia, tentou apenas segurar a vontade de sorrir, pegar aquela jovem em seus braços e a rodopiar de felicidade, ela ainda era sua doce e virginal Rosalind.

___ O que?___ perguntou ele com um fio de voz, lutando para que ela não percebesse sua alegria vibrando em suas cordas vocais. Mais uma vez entendera o que lhe fora dito, mas mais uma vez queria apenas uma confirmação.

___ Foi o que ouviu. Aliás, não me lembro bem do que acontecera naquela noite, me recordo de ter dançado com Tristan mesmo após tê-lo visto debruçado sobre a mesa, dançamos até o fim da noite e depois ele me levou para a casa, penso que foi isso que aconteceu ___ falava ela olhando para um ponto no escuro como se buscasse visualizar seus passos naquela noite, pareciam apenas imagens confusas criando uma história sem sentido.

Damian não tinha certeza das palavras da moça, poderia estar mentindo, pois a vira dançando com outro alguém, mas também não tinha certeza, estava um pouco alterado por conta de algumas taças de vinho, estava com raiva do rival, havia tantas pessoas amontoadas, podia ter imaginado um sujeito tão semelhante a ele, poderia mesmo ter sido Tristan, entretanto estava tão radiante naquele momento que não mais quis pensar neste assunto.

Todavia, lembrou-se de que sua alegria de nada adiantava, sua amada havia sido destinada a outro alguém, seu melhor amigo e nada poderia fazer para mudar isto, então seu semblante voltou a tornar-se obscuro fazendo com que seus olhos perdessem o brilho infantil que a tantos encantava.

___ Não mais me deve explicações e pelo que sei não mais me deve ver, não seria correto para a futura senhora Dumitrescu.

___ E quanto a você ___ Rosalind novamente tentava desesperadamente mudar o foco do diálogo para o rapaz ___, por que está com aquela meretriz? Por que a acompanha a todos os lugares, por que a aceitou como prêmio, por que ela?!

___ Não jogue seu fardo para cima de outra pessoa, Rosalind, o erro é seu e somente seu!___ o tom congelante e lancinante ainda estava em sua fala amena.

___ Como posso ter cometido um erro? Eu não queria isso!___ a garota alterava sua voz à medida que a passividade do ferreiro lhe punha contra a parede.

___ Poderia ter recusado, fugido, relutado, feito qualquer coisa para provar que não está de acordo com tal loucura.

___ Por que eu faria isso? Amo e respeito meu pai e o mínimo que posso fazer é consentir ___ argumentou com certo nervosismo em seu timbre.

___ Quem a ouve falar assim pensa que é tão frágil e ingênua... Mas sei que não é. O que falou mais alto, Rose, a paixão ou a ganância?

Damian então sentiu uma das pequenas mãos da garota arder em seu rosto.

___ Nunca mais fale assim comigo!

Ele podia ver as lágrimas nos cantos dos olhos lutando para não caírem, Rosalind sempre fora uma jovem forte e persistente, sabia que não iria aceitar que tomassem decisões por si e não entendia como estava consentindo no momento.

___ Estou vendo que será inútil tentar estabelecer um diálogo com você, adeus, Damian.

Ela tentou se afastar, mas os dedos pálidos do ferreiro se entrelaçaram no fino braço da garota acompanhados de um pedido:

___ Por favor, não vá.

___ Por que não deveria? Eu não consigo conversar, eu nunca consegui conversar com você, Damian, sempre tão perdido e confuso, alheio a tudo ao seu redor e se preocupando apenas consigo mesmo. Como posso ficar ao lado de alguém assim?

___ Já disse que não sou assim, Rose!___ defendeu-se Damian.

___ Mas é claro que é, neste exato momento está importando-se apenas consigo mesmo! Quer que eu volte atrás em uma decisão que não coube a mim para quê? Tenho certeza que se eu desistisse você não faria o mesmo.

___ Como assim?

___ A viúva Voiculescu, Damian, por que está com ela?

___ Tenho meus motivos ___ respondeu o rapaz vagamente.

___ E quais poderiam ser? A paixão ou a ganância?

O garoto não soube responder, não queria responder, pois a resposta era tão clara quanto o dia, era persistente e tentadora, era frágil e bela e lutava para não chorar, a resposta olhava para si com um olhar como cachorro de rua morto de fome esperando que um pedaço de pão caísse ao chão.

___ Então é assim, isto acaba aqui e agora?___ indaga o rapaz ainda fugindo do olhar da amada.

___ Não, ainda não acabou.

E assim como naquela noite, um breve silêncio se formou até por fim Rosalind tocar com ternura e paixão os suculentos lábios de Damian, não fora um beijo doce, pois as lágrimas misturavam-se à paixão, a dor encontrava-se com o prazer e a culpa só iria existir quando o sol nascesse.

Levou alguns segundos para o garoto compreender que aquela criatura etérea pela qual suspirava estava novamente em seus braços, tocando seus lábios contraídos pelo repentino ato, eis então que começou a retribuir o beijo que lhe era dado envolvendo seus lábios nos dela, suas línguas entrelaçando-se e seus olhos fechados ainda não crendo que a tinha mais uma vez para si, porém de forma tão proibida que chegava a ser lasciva.

Suas mãos a apertavam e puxavam seu pequeno corpo para junto de si, estava difícil suportar seu desejo pela carne tão macia e rosada de Rosalind, seu doce perfume entrava por suas narinas fazendo-o delirar. Arriscou alguns movimentos com suas mãos clamando para que a donzela concordasse e foi o que acontecera, seus ebúrneos dedos enterrados naqueles cabelos bronzeados enquanto sua boca passeava por aquela tez tão delicada quanto uma flor.

Tão suavemente desamarrou o espartilho da garota retirando-o e o fazendo tocar o solo revestido por galhos e folhas secas, ela passeava seus dedos por dentro da camisa marrom do rapaz e a empurrando para cima até que também estivesse estirada ao chão.

A cada peça retirada, um olhar, um beijo, uma carícia, uma delicada recompensa para cada ação executada lentamente, para que nenhuma oculta ou desconhecida sensação não fosse deixada de ser apreciada.

Deitados sobre as próprias roupas, as pernas entrelaçadas e os corpos unidos em um fervoroso laço de paixão e desejo. Damian acariciava gentilmente os firmes seios da garota ao mesmo tempo em que a ponta de seus dedos brincavam com os rosados mamilos, seus beijos agora eram quentes e apaixonados, sentia os finos dedos e as tão bem-feitas unhas pintadas de cor-de-rosa claro arranhando-lhe as costas, uma de suas mãos desceu até a virilha da moça enquanto sua boca perdia-se na dela.

Os beijos cessaram-se para que a jovem pudesse respirar, de olhos fechados e testa franzida procurava concentrar-se no prazer que o garoto estava lhe proporcionando, o que o excitava ainda mais, saber que ela estava gostando. Acarinhava gentilmente seu clitóris no sentido horário, ia aumentando seus movimentos à medida que a respiração da amada ficava mais rápida e seus dedos rosados apertavam-no junto a ela.

Rosalind não estava completamente nua, ainda vestia uma lúrida camisola colada ao corpo, o vestido verde claro estava sob seu corpo, não poderia descrever a deliciosa sensação que estava tendo, a única coisa que conseguia fazer era apertar cada vez mais forte seu corpo ao de Damian até atingir o ponto alto de um prazer que, pelos seus gemidos tímidos, nunca havia conhecido ou sentido.

Não pôde ao menos recuperar o fôlego, logo sentiu o pênis de Damian dentro de si, em lentos movimentos que no início foram dolorosos para a donzela, estava nervosa e rígida por ser a primeira vez que deitava-se com alguém, porém ao buscar os olhos de Damian sentiu-se mais calma, ele não iria machucá-la jamais, deixou-o conduzir o ato fazendo-a gemer.

Petrescu estava enlouquecido de volúpia, sempre havia sonhado com este momento, porém não da forma em que estava ocorrendo, mas o importante era que a garota que amava estava em seus braços e não poderia desperdiçar esta divina oportunidade.

Esta dança luxuriosa aumentava na medida do prazer e dos gemidos da senhorita Iordache, porém nada fora tão calmo e deleitoso como o garoto esperava que fosse, Damian começou a ouvir as batidas de um coração, como se fossem tambores altos e incômodos, sangue correndo tão profundo e rapidamente como águas de um rio, de olhos fechados pôde ver o brilho do luar iluminando o gume da adaga, o som do metal cortando o silêncio noturno e pequeninos rubis caindo ao chão.

Estranhamente aquilo parecia excitá-lo e perturbá-lo ao mesmo tempo, não podia parar, não iria parar enquanto não atingisse o ápice do ato no qual tanto esperou e algumas vezes até esteve desiludido de que nunca iria acontecer, mas estava ocorrendo e não poderia parar, não agora... Suas mãos seguraram firmemente os punhos da jovem sobre a terra quente, sua força e sua libido apenas aumentavam quando a ouvia gemer de dor e prazer.

As imagens iam e vinham brincando com sua mente, os ruídos estridentes da arma branca sendo amolada, faíscas voavam cruzando a escuridão como tênues estrelas cadentes esperando por um sorriso e um pedido que nunca seria realizado, os rubis espalhados pelo chão enquanto a constante trilha sonora era o bater de um coração acompanhado pelo barulho de sangue correndo, os sons estavam cada vez mais altos e as imagens mais vivas em sua cabeça à medida que a ação estava perto de se perfazer, mas não iria parar, com isso apertava ainda mais os pulsos da amada e tentava penetrar-lhe o mais forte e fundo que poderia.

Procurava concentrar-se em Rose, seus finos gemidos voluptuosos, seu corpo quente junto ao seu, aos poucos as imagens foram sumindo e os sons morrendo no silêncio da noite, podendo assim dedicar sua atenção somente ao que estava acontecendo.

A bela garota estava sentindo-se um tanto incomodada com a força na qual o parceiro apertava seus pulsos, sentia os lábios dele em seu pescoço, porém sentia também seus dentes tocando levemente sua pele, o modo como entrava e saía de seu corpo não estava sendo mais tão prazeroso, havia dor e incômodo em seus gemidos, estava sendo um momento desagradável.

Damian pareceu ter seus olhos cegados por um estranho desejo, queria mais do que tudo o corpo dela para si e não estava contentando-se em apenas penetrá-lo, não estava satisfeito com apenas fazer amor, adoraria sentir o gosto da carne dela, do sangue, adoraria de todas as formas possíveis prová-la, chegando até o mais íntimo de sua alma e os gemidos da dama apenas o faziam desejá-la mais e mais.

Apesar da intensa dor que a moça estava sentindo, procurou acalmar-se e desfrutar daquele momento ao lado do rapaz. Chegaram juntos ao clímax do prazer, o garoto novamente teve sua mente tomada pelo delicioso negrume de não poder pensar em nada, apenas desfrutar os poucos segundos de seu orgasmo. Rosalind sentiu o pênis de Damian penetrar-lhe ainda mais profundamente e não mais se mover liberando então o quente esperma dentro de seu corpo, suas respirações estavam arfantes, mas ainda assim, selaram aquele momento com um brando e apaixonado beijo, o rapaz foi caindo sobre o suado e magro corpo da amada e entre os suspiros exaustos a jovem sussurrou em seu ouvido:

___ Eu te iubesc¹, Damian.

Petrescu sentiu-se estranho, acabara de ter o momento mais desejado por si próprio ao lado da jovem que amava, mas não fora tão sublime e regozijante quanto ouvi-la dizer aquelas palavras. O som de sinceridade emanado pela voz dela fora ainda mais deleitoso do que ter-lhe proporcionado seu primeiro momento de amor, do que ter sentido o corpo feminino dela contorcendo-se e estremecendo, contraindo e depois relaxando e suspirando... Não sabia se era boa ou ruim esta sensação, mas a apreciou.

A paz entre ambos durou bem menos que uma fração de segundo, pois ouviram gritos distantes vindos da direção em que a festa estava acontecendo.

___ O que foi isso?___ inquiriu a dama assustada.

___ Eu não sei... ___ respondeu o parceiro esbaforido.

Vestiram-se rapidamente e foram caminhando de mãos dadas de volta para o povoado, eis que o ferreiro deteve a parceira, pois vira algo, os dois ficaram espreitando por detrás das árvores.

Na direção de onde o grito viera, havia alguns camponeses reunidos olhando para o solo, Petrescu nada conseguiu ver, pois todos que ali estavam juntaram-se ao redor do que quer que fosse.

Eis que um homem abre passagem possibilitando que o moço visse o que se tratava, viu o corpo de uma jovem caída e ao lado dela uma mulher chorava desesperadamente, o homem amparou aquela mulher que só sabia gritar Minha filha! Minha filhinha!, Percebeu que Rosalind tapou a boca com as mãos em sinal de espanto e sussurrou:

___ Ionela!

O ferreiro conhecia aquela jovem, a viu junto da amada na festa da primavera e agora ela estava morta com uma poça de sangue em volta do pescoço, o rapaz tentou consolá-la abraçando-a, mas a donzela pôs-se a chorar assim como o casal ao lado do cadáver, qualquer um saberia que aqueles eram seus pais e o cavalheiro esmaecido ao lado era o robusto Ciprian com quem estava comprometida.

Damian não suportou ver sua querida chorar, não depois daquele imaculado momento juntos, a noite não poderia terminar assim para nenhum dos dois e puxando-a para a direção oposta à tragédia, ele disse:

___ Venha, vamos sair daqui.



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Notas finais do capítulo

1. "Eu te iubesc" significa "Eu te amo" em romeno.



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