Alice Madness Insanity escrita por Lizzie


Capítulo 2
Um Novo Começo




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No meu primeiro dia como aluna novata em Mackenzie High School, eu não passava de uma garota recém vinda de outra cidade, sem qualquer coisa que fosse especial. Nada de burburinhos e comentários sobre, nada de olhares curiosos à minha volta, nada de nada afinal. A única pessoa que se interessou em falar comigo foi uma garota muito bonita chamada Kimberly (e seu amigo Chris, mas sobre ele eu falo depois). Ela era de baixa estatura, olho profundamente azul, longo cabelo escuro e ondulado, também irradiava confiança e tudo nela se dava a um ar angelical.

Kimberly também era responsável por todos os clubes daquela escola, então ela organizava os horários das atividades, das competições no caso dos clubes esportivos, e quando os representantes dos clubes precisavam de algo, era ela quem passava os recados para a diretoria e arrecadava fundos. Sem mais. Quando eu me sentei na mesma mesa que Caitlin na hora do almoço, deixei de ser invisível e me tornei uma sombra para os fãs de vôlei, "a irmã da Lovefox". Ahn? Como? Sim, Caitlin era a melhor jogadora do esporte, ágil como uma raposa (?). E eu era mais velha do que ela, e mais impopular também. Mas a minha sorte é que em Mackenzie não tinha desse esquema de alunos populares do tipo "idiotas que esnobam todo mundo", pelo contrario, eu poderia ter sido amiga de quem eu quisesse se eu soubesse lidar com a 'não' exclusão social em que me encontrava a partir dali. Ou seja, finalmente poderia ter amigos, se encontrasse os certos. E ai veio o problema: como eu acharia alguém com quem me identificasse? Não importava que acrobacia eu fizesse para me tornar comum, isso é uma proeza a qual eu jamais consegui realizar. Perfeito!



Caitlin já havia se retirado do refeitório quando Kimberly veio se sentar comigo.

– Então Megan, o que você gosta de fazer afinal?

– Eu... - além de nada? - Eu escrevo bem, eu acho.



– Poxa, legal. Tem uma galera da literatura que se reúne na sala A9 quase todos os dias, à tarde, depois da ultima aula.

Sorri radiante, finalmente uma luz!

– Valeu pela dica, vou lá depois. Alias, queria escrever algo novo mas fiquei sem ideias ultimamente.

– Hum, o que você tem lido?

A única coisa que me veio à mente foi o velho exemplar de Alice no Pais das Maravilhas dentro da minha mochila.

– Então tenta uma fanfiction, que tal?

– O quê?

– Ué, tenta escrever a sua versão da estória.

Olha que ideia legal, não tinha pensado nisso! E falando em 'olhar', reparei então que Kim encarava alguém sentado numa mesa próxima à nossa. Ele era alto, cabelos displicentemente despenteados, porém charmosos e na altura dos ombros, escuros tanto quanto os olhos, que eram marotos como o sorriso torto na boca. Era um perfeito irresponsável, notavelmente. Sua pele um pouco bronzeada era total contraste com a da garota sentada ao lado dele. Ela era linda! Linda com sua pele tão pálida, como a minha; seus olhos castanho-claros, como os meus; cabelos ondulados na mesma cor dos olhos, perfeitamente combinando um e outro; lábios finos e rosados; ar doce, mas nem um pouco inocente... Ela era Caitlin.

– Qual o problema de vocês? - Esse era o Chris chegando com a bandeja do almoço e sentando-se à nossa mesa. E ele perguntou isso porque eu e Kimberly, ambas encarávamos abobadas aquele casal da outra mesa. - Ah, ja sei, mais admiradoras do Kevin, certo?.

– Errado Chris, a Caitlin é minha irmã e nunca havia me contado que tinha um namorado.

– Talvez não tenha te contado ainda, afinal você mal chegou nessa cidade.

Olhei séria para ele, sabendo que ele não via a situação como eu e nem mesmo Kimberly entenderia...

Depois do almoço, mais aulas durante a tarde. Depois das aulas, fui até a sala A9, mas para o meu azar, naquele dia o clube de literatura não havia marcado reunião. Soltei um muxoxo desapontado e voltei pra casa sem esperar por Caitlin.

E lá estava eu em nosso quarto, dando uma folheada no meu velho livro que pertencera à minha mãe. Buscava alguma inspiração para a minha fanfiction, coisa que nunca tinha escrito até então. Quando finalmente tive uma ideia, sentei à mesa onde tinha posto minha maquina de escrever e comecei digitando o que já tinha escrito à mão numa folha avulsa.

Traidora!

Essa palavra ecoava em minha mente.

Traidora!

– Oi Megan - ela finalmente chegara em casa.

Traidora!– Falei sem querer, pondo pra fora aquilo que se repetia na minha cabeça o tempo todo. Ela me olhou confusa.

– Como?

– Por que não me contou? Achei que eu fosse sua amiga, e você era a minha única até então. - Eu quis parecer acusadora, mas ao invés disso minhas palavras soaram suplicantes. Ela riu.

– Ora, Megan, que é isso? Esta com ciúmes?

Furiosa eu fiquei. Sai do quarto e ouvia a risada dela enquanto descia o lance de escadas. Em seguida subi novamente para pegar minhas folhas, mas então quem saiu do quarto foi ela. E no meio disso tudo eu tive a inspiração que precisei, escrevi algumas paginas e acabei por dormir em cima da maquina de escrever. Tive sonhos estranhos e desconexos, mas ao acordar no dia seguinte, não conseguia me lembrar deles e quando percebi que me atrasaria, não parei pra pensar nisso. Peguei as tais folhas e enfiei na mochila, agarrando um pacote de bolachas na saída de casa e então eu fui correndo pra escola, já que pelo visto, Caitlin não havia me acordado (que raiva!) e meu pai iria pro trabalho mais tarde. Porém chegando na esquina, esbarrei com Chris, que me deu carona de carro enfim.

Dessa vez eu consegui achar o pessoal reunido na sala A9 no fim da tarde, eles foram bem legais comigo, e por sorte, Chris era do clube de literatura também. Discutimos sobre os movimentos literários, alguns autores, e eu nem vi as horas passarem. Quando acabou a reunião, Chris estava me dando umas ideias e então me deixou em casa. Chegando lá, me joguei no sofá da sala com meu notebook na mão e acabei dormindo por lá mesmo.

Os dias se seguiram e eu comecei a ter uma leve dor nas costas. E isso era tudo o que eu fazia: estudava, me reunia com alguns colegas depois das aulas, passava bastante tempo com Kim e Chris, mas também com Caitlin, assistia aos jogos de vôlei pra torcer por ela... E assim as semanas se arrastavam também. E quanto ao Charles, ele não era de ficar muito em cima, então eu me sentia bem sem ter que dar satisfação das coisas o tempo todo, e na verdade, minha vida não tinha tanta emoção mesmo...

De qualquer forma, minha estória ia se desenvolvendo conforme eu escrevia, e ganhando vida dentro de mim. E isso ajudava a me preencher. A verdade é que eu nunca tinha me envolvido com ninguém, ou ao menos havia tido um contato muito próximo com alguém, como um beijo ou algo assim. Talvez porque nunca tinha gostado tanto de alguém. Com o tempo percebi que a minha Alice se parecia um pouco comigo e também com Caitlin, assim como outros personagens se pareciam com pessoas da minha vida e... Havia um em especial, um personagem que eu gostaria que fosse real de qualquer forma. Talvez tivesse me envolvido com alguém que tivesse a descrição dele, que a mim me parecia perfeito. Acho mesmo que eu havia colocado no papel e então na minha estória, ou melhor, fanfic, a pessoa que eu sempre quis pra mim, e não sabia.




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