Laura e Edgar- Um romance desde o Início escrita por Nanda


Capítulo 82
Dia Agitado




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Laura fica atônita com a resposta de Edgar... sabia que ela poderia esperar algum tipo de reprovação de parte dele, mas não que chegasse a esse ponto...

Laura: Edgar... você mesmo disse... é tarde.... fica aqui...

Edgar: Não Laura... hoje não...(indo em direção a porta)

Laura: Amor... eu entendo que você esteja zangado... entendo que queira pensar... mas você não precisa ir... podem te fazer alguma coisa no caminho... e eu vou morrer de preocupação...

Edgar: Laura... assim que chegar eu telefono...

Laura (puxando Edgar de volta para sala): Não.... Edgar... eu juro que fico bem quietinha... te deixo pensar o quanto quiser.... mas fica... (abraçando Edgar, que faz um esforço enorme para não envolve-la em seus braços... ela dá vários beijinhos por seu rosto... )

Edgar: Meu amor... Laura... não faz isso comigo... (tentando se esquivar) desse jeito eu não vou conseguir pensar em nada...

Laura: Então não pensa... (continuando com os beijos por seu pescoço) ou melhor... esquece isso e pensa na gente... no quanto é bom quando a gente....

Edgar não deixa Laura terminar a frase... a beija com intensidade e urgência... cede... esquece por um momento tudo o que estavam discutindo... aprofunda ainda mais o beijo e a envolve em seus braços...Afastam-se um pouco para recobrarem a respiração e Laura tomando suas mãos o conduz ao quarto...lá terminam por amarem-se e dormir aconchegados...durante a madrugada Edgar acorda... olha para Laura que dorme tranquilamente a seu lado... apesar de tudo, seu desagrado em relação ao novo emprego de Laura e o desconforto por ela não aceitar sua ajuda continuam... não consegue mais dormir.... pensa... por que essa necessidade de trabalhar sem importar em que?... sem levar em consideração os anos de estudo e preparação que teve para lecionar... sem levar em conta sua vocação? Essa vontade tamanha de mostrar aos outros que não depende de ninguém... que pode se sustentar sozinha... porque ela é tão teimosa... tão obstinada...? E ao mesmo tempo... tão doce... tão linda... tão sensata... tão valente!... Talvez seja por isso mesmo... por ser desse jeito... que ele nunca conseguiu esquece-la... nunca conseguiu deixar de ama-la... Ele volta a olhar para ela... não quer de forma alguma perde-la outra vez... aconchega-se a ela e a abraça... ela suspira ao contato dele e aninha-se em seu abraço... ele fica ali...preso a todos aqueles pensamentos... até voltar a adormecer...

No dia seguinte, Laura acorda animada... faz sua toilette e começa a vestir-se... Edgar também acorda... apenas lhe cumprimenta e começa a arrumar-se para sair... Ela vai para sala e fica esperando por ele para tomarem o desjejum...quer conversar... mas não sabe como lhe abordar... Enquanto aguarda vê o Correio da Republica sobre a mesinha de centro...Laura pega o jornal e começa a ler atentamente a matéria de capa... Nisto Edgar chega e vão para a sala de refeições... enquanto tomam café, Edgar folheia o jornal tentando desviar o inevitável...até que não suportando mais aquilo, Laura resolve iniciar alguma conversa...

Laura: Edgar... por quanto tempo pretende continuar com isso? Você sempre lia o jornal após o café...Que me lembre você dizia que era patético ler o jornal na mesa... essas folhas na cara do outro...

Edgar: Desculpe...

Laura: Tudo bem... leu a matéria da primeira página?

Edgar (fingindo descaso): Li por cima....

Laura: Por cima? Pois deveria ler atentamente... como sempre o Ferreira está fazendo denúncias seríssimas...

Edgar: É... a situação dentro da Marinha está caótica...

Laura: Esse homem é incrível... a coragem que tem de denunciar... como será que ele consegue tantas informações? Ele descreve tão bem a situação... parece que esteve mesmo nas instalações da Força Naval...

Edgar (envaidecido com cada palavra de Laura mas tentando disfarçar e falando secamente): Ele deve ter suas fontes... acho que devia se preocupar com a crítica que o Neto escreveu sobre o espetáculo da Isabel... está pesada...

Laura: Eu vi... depois do trabalho pretendo ir vê-la...

Eles voltam a ficar em silêncio... Laura novamente tenta manter uma conversação

Laura: Edgar... você... dormiu bem?

Edgar: Eu quase não dormi Laura..eu pensei... pensei muito...

Laura (com medo de ouvir a resposta): E... a que conclusão chegou?

Edgar: Eu não concordo com o que você está fazendo... mas eu sei que você faz o que bem quiser da sua vida... nós não somos mais casados e você não me deve nenhuma satisfação

Laura: Mas Edgar... depois de tudo que tem acontecido entre a gente... eu tinha entendido que a gente reatou...

Edgar: Se reatamos... por que você age dessa maneira?

Laura: Só porque a gente reatou eu tenho que fazer tudo o que você quer?

Edgar: Não... mas precisa fazer tudo o que eu não quero?

Laura: Edgar

Edgar: Me deixa terminar........ eu aceito... não consigo entender tudo isso... essa sua necessidade em trabalhar em qualquer coisa para se sustentar... essa sua teimosia em não aceitar ajuda de ninguém... essa sua obstinação em só voltar para casa quando tudo estiver resolvido... mas me resigno... só te peço...não como marido ou seja lá o que eu seja... mas como um amigo que quer o teu bem...se surgir alguma coisa relacionada com a tua verdadeira profissão... ou pelo menos algo que se mostre um emprego melhor... que você não vai pensar duas vezes...

Laura: Está bem... é justo...e lógico que se eu conseguir alguma coisa como professora eu saio da loja no mesmo dia... (pegando a mão dele) Amor... obrigada por pelo menos tentar...

Edgar (acenando a cabeça): Laura... entende uma coisa... se aceito que você continue morando aqui com nosso filho é por que prefiro ter vocês por perto do que simplesmente não te ver mais... só a ideia de não ter mais você me desespera...

Laura (sorrindo): Essa ideia não desespera só a você...(dando um beijinho no marido)

Edgar (sorrindo): E agora vamos... você tem que trabalhar e eu também...

Laura: Sim... vamos... estou ansiosa... não sei o que me espera...

Edgar: Sapatos... muitos sapatos.... o pior sou eu... sei bem o que me espera...

Laura: Vai ter aquela conversa com seu pai?

Edgar: Sim... e tenho certeza que não será nada fácil...

Matilde (entrando na sala): D. Laura... acho que meu trabalho nesta casa acaba hoje...

Laura: Como Matilde?

Gertrudes (entrando): Bom dia, menina Laura... Dr. Vieira...

Laura: Gertrudes! que bom te ver aqui! Quando chegou?

Gertrudes: Cheguei há pouco... entrei pelos fundos para não incomodar

Edgar: Que bom que voltou Gertrudes... e sua filha... como está?

Gertrudes: Bem Dr.... graças a Deus já está trabalhando novamente....

Edgar: Bem... já que a Gertrudes voltou... acho que a Matilde volta lá para casa... Matilde eu só não te levo por ter de passar na tecelagem antes... mas aqui tem dinheiro para o bonde

Matilde: Certo...posso me despedir do Daniel?

Laura: Matilde... você não pode... você deve... obrigada por ter cuidado tão bem dele por esses dias... e não só dele... da casa... de mim... de tudo por aqui...

Edgar: Matilde... não se preocupe.. você vai continuar vendo o Daniel e a Laura com frequência... (olhando para Laura) Vamos? (olhando para Gertrudes) Bem-vinda Gertrudes...

Laura: Vamos... Gertrudes... te conto o que aconteceu por aqui quando voltar....Bom dia

Eles saem... Edgar deixa Laura na Rua do Ouvidor e segue para Tecelagem Vieira... Lá terá uma conversa bastante difícil... chegando a fábrica vai direto ao escritório de seu pai, onde Bonifácio, Margarida e Fernando o esperam...

Edgar: Bom dia

Bonifácio: Bom dia Edgar... até que enfim chegaste...

Edgar: E então? Alguma novidade sobre o caso?

Fernando: Nenhuma... o motorista nem sequer soube fazer um retrato falado de quem o atacou... e da carga não temos nenhuma pista...

Bonifácio: O fato é que estamos completamente endividados... ontem passei analisando os números... vamos ter de decretar concordata e hipotecar a casa e vender algumas propriedades para quitar todos os compromissos...

Margarida: Mas, Bonifácio, não haverá outra alternativa? Um empréstimo...

Bonifácio: Tenha a santa paciência Margarida... como vou pedir um empréstimo para quitar outro? Para comprar as máquinas novas que precisaríamos para fazer esse maldito pedido foi feito um empréstimo... vou ter de renegocia-lo...

Fernando: Pai... o senhor sabe que há outra maneira... nós podemos abrir o capital da fábrica...

Bonifácio: Fernando... eu já disse que isto está fora de questão... eu levei anos para construir essa fábrica... ela é da nossa família

Edgar: Pai... o Fernando está certo... é a melhor opção... depois não vamos colocar todas as ações à venda... em torno de 35%... o senhor ainda vai deter a maioria... vai continuar sendo o sócio majoritário...vejamos... o senhor tem 39%... Fernando e eu temos 10 e a mamãe tem 6%... ainda seremos maioria... e com a venda conseguimos honrar todas as dívidas...

Margarida: Bonifácio... por favor... ouve teus filhos...eles sabem o que fazem...

Bonifácio: O Fernando já provou não saber... mas... pensando melhor... a alternativa é realmente a mais viável... vamos colocar 35% das ações da fábrica à venda... Fernando... hoje mesmo vá aos jornais e publique o anúncio da venda... e você Edgar... prepare os documentos que serão necessários...

Enquanto terminam de discutir os detalhes da transação das ações, na Rua do Ouvidor Laura está adaptando-se a seu novo emprego... já atendera alguns clientes e até fora elogiada pelo dono da sapataria pelo bom gosto ao indicar um sapato... Vendeu alguns pares, o que deixou Sr. Veronense bastante satisfeito com o trabalho da nova funcionária... enquanto está atendendo um senhor bastante distinto, suas tias, Celinha e Carlota, estão a flanar pelo centro da cidade... e qual não é a surpresa de ambas ao verem a sobrinha ali... naquela loja... ajoelhada em frente àquele senhor provando-lhe um calçado!

Celinha: Carlota... olhe... é a Laura!

Carlota: Vamos daqui...já não basta toda a vergonha que essa menina já nos fez passar... e agora... mais isso....

Celinha: Como você é Carlota! É a nossa sobrinha... e eu vou cumprimenta-la (atravessando a rua e quase sendo atropelada por um carro a motor... Carlota ainda a tenta impedir, mas sem graça acaba por atravessar a rua também)

O cliente sai da loja e Laura começa a guardar as caixas que trouxera para que ele escolhesse o modelo que lhe aprouvesse. Quando vira-se vê suas duas tias à porta... fica feliz ao ver uma... e preocupada ao ver outra...

Laura: Tia Celinha (abraçando com carinho a tia)... como vai tia Carlota?

Celinha: Estamos bem... e você? Quando começou a trabalhar aqui?

Laura: Bem... hoje é meu primeiro dia...

Carlota: Celinha... vamos! (afastando-se)

Celinha: Não ligue para ela... querida...outro dia conversamos... cuide-se

Laura despede-se e volta a suas atividades de vendedora. Carlota não se conforma com a afronta que a sobrinha está fazendo à família... Constância precisa intervir nisso...

Na casa do Cosme Velho, Daniel recebe com festa sua antiga babá. Mas... ao ver que Matilde está indo embora começa a chorar...

Daniel: Mas... Tide... fica aqui também..

Matilde: Eu não posso meu amor... eu tenho que cuidar da casa do seu papai... e agora que a Tude voltou... ela vai cuidar de você... mas sempre que você for ver o seu papai a gente vai se encontrar... Distante dali, Edgar e sua mãe estão na casa dos Vieira... diante dos acontecimentos, ele resolvera ficar para conversar um pouco com D. Margarida

Margarida: Meu filho... tem certeza que esse negócio vai dar certo?

Edgar: Não sei... mas é o mais sensato...

Margarida: Sabe... mudando um pouco de assunto... tenho te visto tão pouco nos últimos tempos... você quase não tem ido me ver... esqueceu que tem mãe?

Edgar: Desculpe mamãe... mas ando tão ocupado...

Margarida: E triste... filho.. estou a cada dia mais preocupada contigo... sempre tão sozinho...Edgar...você necessita companhia...

Edgar: D. Margarida... do que está falando?

Margarida: Da solidão... ela não é boa para ninguém...Filho... eu tenho uma amiga... Heloisa.. ficou viúva tão jovem... vocês deveriam se conhecer... talvez possam se tornar bons amigos... podem fazer companhia um ao outro...

Edgar: Companhia? Mãe... a Laura...

Margarida: Eu sei... ela voltou.. mas vocês estão divorciados... imagino que ela deva ter refeito a vida dela... já passou da hora de você refazer sua... esquecer a Laura... e tudo o que um dia ligou vocês...

Edgar: Mãe... eu nunca vou esquecer a Laura... e mesmo que eu quisesse ou pudesse... há algo que me liga a ela que jamais vou esquecer... tenho um vínculo com Laura que nunca será quebrado...

Margarida: Os únicos vínculos que ligam homens e mulheres dessa forma são... Edgar.. o que está querendo me dizer?

Edgar: É o que a senhora entendeu... Laura e eu temos um filho...

Margarida: O que? Eu tenho um neto?

Edgar: Sim... tem.. ele se chama Daniel... e tem 4 anos...

Margarida: 4 anos?

Edgar: Eu não sabia... a Laura estava grávida quando nos divorciamos... e não me contou... em parte pela situação que estávamos atravessando por conta da vinda da Melissa e principalmente da Catarina para cá... e em parte por ter medo que se eu soubesse não aceitasse o divórcio ou tirasse a criança dela...

Margarida: Filho... isso é imperdoável.. ela não te falou...

Edgar: ela tentou.... mas eu só fiquei sabendo há uns meses... me aproximei aos poucos... há pouco tempo ele sabe que sou pai dele... Mãe... ele é adorável... esperto.. inteligente como a mãe dele... soube que era meu filho no momento que o vi...

Margarida: Quero conhece-lo... e logo... acha que Laura vai se opor?

Edgar: Não.. lógico que não... hoje mesmo eu falo com ela sobre isso...

Margarida: Mas mesmo assim te vejo triste... como você e a Laura estão?

Edgar: ai minha mãe... eu nem sei definir como é essa nossa relação..nós reatamos...mas ela não quer voltar para casa... e nos vemos todos os dias.... eu sempre me achei tão moderno.. mas isso está moderno demais para mim...

Margarida: É filho... mas ela disse por que ela não quer voltar?

Edgar: Me disse que até que não tenhamos resolvido todas as nossas pendências.. até aceitar essa independência dela... ela não vai voltar... que não suportaria ter de sair daquela casa outra vez... mãe... eu tenho de concordar... se ela sair outra vez de lá acho que eu não aguento...

Edgar conversa com sua mãe mais um tempo e vai para sua casa. Matilde já está a postos e começara a limpar tudo... só deixara o escritório, pois não sabe o que fazer com a quantidade enorme de papeis que há espalhados por todos os cantos... Edgar entra em e olha para tudo aquilo...

Edgar: Se nem eu sei por onde começar imagine a Matilde... não tem jeito... não posso adiar mais... preciso urgentemente de uma secretária... alguém que consiga por ordem nisso tudo e me ajude com essa pilha de documentos...(parando e pensando) Por que não pensei nisso antes? É o mais lógico!!! Espero que aceite....


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