O Vazio escrita por Liminne


Capítulo 4
Capítulo 4




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No dia seguinte, na hora do almoço, começamos a conversar como pessoas normais. Eu resolvi perguntar tudo que queria saber sobre ele.

- Você não mora por aqui, não é?

- Não. Eu sou de uma cidade vizinha. – ele respondeu de boca cheia.

- Então você vem para o colégio só para... – corei. – Só por causa de mim? Porque você também não estuda!

Ele virou o rosto sorridente para mim.

- Isso aí, Ichigo. Eu só venho por causa de você. Não se sente orgulhoso disso? – riu.

Eu desviei o rosto. Às vezes era tão difícil suportar o olhar dele.

- Por que você não estuda? – resolvi mudar de assunto. – Você não se preocupa com o seu futuro, não?

Ele suspirou.

- Sei lá. – balançou os ombros com descaso e concentrou-se de novo na comida.

- Seus pais não fazem nada quanto a isso? – eu estava começando a me preocupar de verdade. Vai ver que ele tinha algum motivo para ser assim. Nunca se sabe!

- Minha mãe está feliz que eu tenho ido para o colégio todos os dias. - sorriu de um jeito diferente. Parecia demonstrar uma certa compaixão que eu nunca havia visto antes. – Mas no fundo ela sabe que deve ter algum outro motivo para eu vir.

- Sabe, eu não tenho mãe... – eu disse encarando os hashis. – Eu acho que você devia orgulhar a sua.

Ele ficou olhando para mim. Eu o olhei de volta e ficamos em silêncio. Será que ele estava pensando no que eu havia dito? Ou será que ia soltar uma gargalhada e me chamar de imbecil?

- É difícil... – ele disse ao invés de rir. Pelos menos isso. – Eu não levo jeito para essas coisas sérias. Eu detesto regras! Não sei como ainda estou usando essa gravata idiota! – apontou para a gravata toda frouxa no pescoço. Até parece que ele estava sentindo ela. Francamente.

Eu larguei o meu almoço e fui até ele. Apertei sua gravata devidamente e olhei para a careta que ele estava fazendo.

- Ei! – ele protestou. – Eu acabei de dizer que não gosto dessa porra!

Fiquei olhando para ele. E sorri sem querer.

- Sua mãe ia gostar de te ver assim.

Ele revirou os olhos e bufou. Depois continuou comendo. Mas não a afrouxou de novo.

- Você também gosta? – ele perguntou de repente.

Eu arregalei os olhos. Por que ele sempre tinha que apelar para me deixar sem jeito?

- C-como assim? Do que está falando? – franzi as sobrancelhas com mais força.

- Você também gosta de me ver assim? – sorriu provocante. – Mais arrumadinho?

- Só estou preocupado com o seu futuro, ta? E com a sua mãe. – eu me defendi evitando olhar para ele.

- Tudo bem. – ele riu. Estava se divertindo. – Se você disser que gosta, eu vou começar a usar assim. Que tal?

- Para com isso. – eu murmurei. Meu rosto já estava fervendo.

- Então eu vou tirar essa merda. – ele ameaçou colocando a mão na gravata. – Vou ficar parecendo ainda mais delinqüente e deixar a minha mãe chateada.

Cerrei os dentes. Uma coisa eu não tinha errado sobre ele: ele era maníaco!
- Tá bom! – gritei. – Eu gosto... De você assim... – mas minha voz perdeu a força quando eu confessei.

- O que você disse? – ele continuava me enlouquecendo. – Diz pra mim olhando nos meus olhos! – puxou o meu rosto para perto do dele.

Eu travei. Não consegui abrir a boca.

- Vamos, Ichigo!

- Eu gosto de você assim. – repeti baixinho forçando os olhos para baixo.

- Nos meus olhos! – ele insistiu e apertou meu maxilar.

- Eu gosto de você assim, porra! – gritei de uma vez, com os olhos chamejantes.

Ele me soltou e riu. E eu fiquei irado. Antes não tivesse tocado naquela gravata maldita!

- Eu gosto quando você me olha nos olhos, Ichigo. – ele disse.

Meu coração deu um pulo por causa do tom de voz dele.

- Então estamos quites. – eu falei emburrado.

- É... – ele concordou. – Estamos.

 

****

 

Acho que ele se animou com o que eu disse na hora do almoço. Só que foi um pouco mais do que eu queria.

Ele passou metade do resto da aula olhando para mim com uma cara muito esquisita e a outra metade me cutucando para falar comigo.

Não que ele não fizesse isso antes de hoje. Mas de algum modo, a coisa tinha ficado pior. Era como se o elogio o tivesse feito sentir mais à vontade para isso.

- A aula é lá na frente. – eu disse a ele, já estava ficando muito sem graça.

- Você sabe que eu não estou interessado na aula. – ele respondeu como se fosse lógico.

- Mas eu estou. – fiquei sério. – E só vou falar com você se for sobre a aula. – tentei parecer firme, mas ele ainda estava sorrindo por causa do meu rosto vermelho.

- Deixa de ser certinho, Ichigo. Uma vez na vida. – ele tentou me convencer.

Mas eu não respondi. Me segurei e ignorei-o.

- Ichigo! – ele insistia.

Virei para ele irritado.

- Eu só vou falar com você se for sobre a aula! – repeti impaciente. – Que saco! Eu não sou tão interessante pra você ficar me olhando o dia inteiro!

O sorriso dele me arrepiou.

- Pior que é. – ele disse.

Eu virei para frente gritando mentalmente que eu não ia mais dar confiança para ele. De jeito nenhum. Como ele queria que eu pensasse bem dele fazendo uma cara assim? O que será que ele estava pensando?!

Não sei se eu realmente quero saber.

O problema é que não tinha mais volta. Eu [i]queria[/i] dar confiança para ele. Quando as coisas ficaram tão sérias assim?!

- Eu quero estudar em paz, okay? – porém, eu ainda tentei. – Você devia fazer o mesmo!

Ele soltou o ar fazendo questão de exibir sua insatisfação. Mas eu fingi que não vi. Chega. Eu tinha mesmo que estudar!

Passou um tempo e me cutucou de novo. Cerrei os punhos com vontade de gritar com ele.

- Eu não vou falar... – fui dizendo devagar e bem severamente cada sílaba. Mas ele me interrompeu.

- Ichigo... É assim que se escreve essa palavra? – ele me mostrou no caderno dele.

Meus olhos quase pularam das órbitas. Era a primeira vez que eu o via usar o caderno!

Tá, já notei que ele fica rabiscando nele quando não tem nada para fazer. Ou usando-o de travesseiro. Mas dessa vez ele estava fazendo o exercício da aula!

- Ahn... É. Tá certo. – eu respondi ainda meio atrapalhado.

- Viu só? – ele sorriu parecendo totalmente diferente de minutos antes. – Eu consigo fazer quando eu quero.

Eu balancei a cabeça incentivando. Às vezes ele parecia tão simples, como uma criança. Sempre querendo provar a si mesmo que era capaz de qualquer coisa.

- É, consegue sim. – eu disse. Estava feliz de vê-lo fazer algo produtivo.

Não que eu quisesse mudá-lo... Mas eu só queria que ele pensasse mais em suas escolhas. Seria bom para ele.

Por que eu estava tão preocupado afinal?!

- Para semana que vem eu quero que façam esse trabalho. – a professora apontou na lousa. – Como é um pouco complicado, vou dividi-los em grupos de cinco.

Era só o que faltava. Um trabalho em grupo. E pior: a professora que ia dividir esses grupos! Eu estava com medo do que ela faria com Grimmjow.

Se bem que... Talvez ele não estivesse a fim de fazer trabalho nenhum mesmo.

De qualquer jeito, me virei para olhar o rosto dele. Ainda estava tentando fazer o exercício de antes, e percebendo minha atenção, sorriu para mim.

- Você... Hun... Ouviu sobre o trabalho? – perguntei sem saber onde queria chegar.

- Ouvi. – voltou os olhos para o caderno.

- E pretende ignorar isso? – perguntei quase certo da resposta.

- Eu posso fazer um trabalho. – ele me encarou como se tivesse sido desafiado. – Eu não sou tão burro assim. – estava com raiva. Já vi que o orgulho dele era precioso demais para ser tocado.

Merda. Isso ia dar confusão. Por que eu fui cutucá-lo, hein? Agora ele queria provar que podia fazer a porra do trabalho. E se estivesse longe dos meus olhos, eu não ia ficar sossegado.

Não mesmo. As pessoas podem ser bem arrogantes com pessoas do tipo dele. E eu sei que ele pode ser destruidor de volta com elas.

- Então... – a professora encarou a classe. Seus olhos passaram por mim e pararam em Grimmjow. Eu engoli em seco. – Quem vai acolher o aluno novo?

Quando percebeu que ela estava falando sobre ele, Grimmjow ajeitou a postura na cadeira e olhou ao redor da classe com o queixo em pé demais.

Ai não. Ele ia mesmo fazer isso!

Eu precisava tomar uma atitude... Eu precisava evitar um desastre.

- Eu! – quando dei por mim, tinha levantado da cadeira e dito bem sonoramente. Senti os olhares como raios em cima de mim, todos atônitos. – E-eu... Eu acho que posso ajudar... – sentei de novo na cadeira com o rosto fervilhando.

- Ótimo! – a professora recuperou-se do próprio choque e fez uma anotação. – Então o grupo vai ser... Kurosaki, Jeaggerjaques, Ishida, Yasutora e Inoue.

O quê?! Ishida? Puta merda. Alguém rogou praga para mim.

- Como assim?! – como eu esperei, Ishida protestou. Aquele nerd chato. – Professora, eu não posso fazer um trabalho com... Com essas pessoas!

- Ishida, por favor. – a professora tentou convencê-lo. – Acho que... Essas pessoas... – usou o mesmo tom de desprezo dele. – Precisam de alguém como você, não é?

- De quem é que ele está falando? – Grimmjow perguntou cerrando os dentes e estalando os dedos.

Alguém podia me acordar desse pesadelo tipo... Agora?

- Fica frio, Grimmjow! – eu sussurrei para ele. Já estava me sentindo tonto. Aquele quatro olhos desgraçado podia engasgar e calar a maldita boca!

- Eu concordo que precisem. – mas não... Ele continuou com aquele tom de superioridade. – Mas não acho que vão colaborar. Nem comigo e nem com a Inoue-san.

- T-tudo bem, Ishida-kun! – Inoue se meteu na conversa. – Eu não me importo de fazer o trabalho com eles. – sorriu sem jeito.

Só esperava que ele ficasse quieto depois dessa.

- Se a garota não se importa... – Grimmjow ficou de pé e começou a falar do nada. Meu coração quase abriu meu peito e foi embora. – Acho que você não devia reclamar. Ou então vou começar a achar que você é mais sensível que ela. – sorriu daquele jeito debochado e ameaçador ao mesmo tempo.

Na hora a sala toda se manifestou com risinhos, burburinhos e interjeições de ironia.

- Eu acho que você está jogando em cima de mim o que você está escondendo sobre você. – porém, Ishida respondeu à altura. Mesmo que seu rosto pálido tenha corado visivelmente.

- Ahh, é? – Grimmjow riu e cruzou os braços para ele. – E o que é que eu estou escondendo, hein? Não me lembro de estar escondendo nada que não seja a vontade de quebrar sua cara! – ele ameaçou partir para cima dele e eu segurei seu braço imediatamente.

- Grimmjow! Para com isso! – eu gritei me esforçando para segurá-lo. Puxa, ele não era mesmo fácil de domar!

- Sai da minha frente, Ichigo! – com mais uma tentativa ele se livraria de mim. – Não posso deixar essa florzinha metida à gente falar assim comigo!

- Grimmjow! – eu gritei de novo desesperado. – Por favor! Por favor, pare! Você vai ser expulso! – droga. Eu estava mesmo descontrolado. Eu nunca agiria assim em circunstâncias normais. O que iriam pensar de mim depois que a confusão acabasse?

De algum modo, eu estava mais importado com ele. Agora que ele parecia disposto a se esforçar... Não podia perder tudo!

Ele se soltou de mim. Seu sangue quente não ia deixar pensá-lo em mais nada. Eu sabia que o Ishida merecia umas porradas, mas se ele fizesse isso, a vitória não seria dele. Seria expulso e Ishida ficaria satisfeito no fim das contas. Mas ele nunca ia pensar nisso! Não quando foi provocado daquela forma!

Até que, no meio da gritaria e das ameaças da professora de chamar o diretor, alguém apareceu para ajudar.

Chad. Eu sempre podia contar com ele.

Ele segurou o braço do Grimmjow. E, não dava para negar. Era maior e mais forte que ele.

- Me solta! – ele estava mesmo irado. – Se não vai sobrar pra você também!

Chad não disse nada. Ele nunca dizia. Apenas continuou segurando-o.

Eu olhei profundamente agradecido para ele. E em seguida, fui até a fera descontrolada.

- Grimmjow... – falei com calma. – Não vai valer à pena brigar com ele. Pense bem. É tudo que ele quer. Que você seja tido como um delinqüente que não pensa e vai ser expulso por agressão. Mostre para ele que você é mais. Que você não é isso que as pessoas pensam!

Ele parou de se debater e me encarou.

- Mas Ichigo! É isso mesmo que eu sou! – disse com um sorriso amargo. Sim, era amargo, eu podia sentir.

- Não é. – eu olhei nos olhos dele, mesmo que aquilo me custasse. Afirmei com força. Porque eu tinha certeza. – Você é muito mais do que isso.

E então os olhos azuis dele se encheram de confusão. Parecia não estar acreditando nas palavras que saíram da minha boca. Ou melhor... Dos meus olhos.

Então o sorriso amargo foi ficando doce. E seus músculos relaxaram.

Chad entendeu e soltou-o.

- Estou muito orgulhoso de você, Grimmjow. – eu disse bem baixinho, sem saber se ele conseguiu ouvir.

Ao invés de me responder, ele apenas lançou um olhar majestoso para Ishida e voltou a se sentar. Estava se sentindo vitorioso.

Eu gostava de como a postura dele ficava quando ele... Ah! Não importa!

A briga acabou. Senti como se vinte toneladas tivessem saído das minhas costas.

- Então... – a professora voltou a falar quando todos calaram a boca. – Está combinado. Se esse trabalho não sair, vocês todos estão ferrados! – ameaçou.

 

****

 

Quando a aula terminou, alcancei o Chad.

- Chad... Muito obrigado. – eu fazia questão de agradecer. Se não fosse por ele, o que teria acontecido com o Grimmjow?

Ele apenas balançou a cabeça. Queria dizer que não foi problema.

- O Grimmjow não é uma pessoa tão ruim... – me peguei explicando. Quero dizer... Chad não sabia, não é? E de repente eu estava protegendo um cara totalmente estranho.

- Eu sei. – ele assentiu. – Ele é importante para você.

Eu fiquei vermelho. Muito vermelho. Desviei os olhos para o chão. Ele tinha percebido... Embora eu já desconfiasse, é sempre uma surpresa quando as palavras vêm em sua direção.

- É. – eu afirmei.

Certo, o que eu estava falando? Eu estava, pela primeira vez, admitindo aquilo? Mas era tão... Natural! Era como se eu simplesmente não pudesse mais negar.

- Eu vou indo, Ichigo. – ele olhou para além de mim e foi andando na frente. – A gente se vê.

Eu olhei para trás. Era o Grimmjow. Claro.

- Até mais, Chad! – acenei para ele.

- O que ele é seu? – assim que Chad desapareceu, a voz de Grimmjow perguntou de modo cortante aos meus ouvidos.

Voltei-me para ele. Tinha uma mão enfiada no bolso, os ombros empertigados e o semblante muito fechado. Achei estranho, mas também um pouco engraçado. Parecia até que ele ia começar a rosnar a qualquer momento.

- Ele é meu amigo. – respondi casualmente. – Ele é um bom parceiro.

Grimmjow passou a minha frente e foi andando a passos duros.

- Ei! – fui até ele. – Não vai me esperar hoje?

- Deixa de ser lerdo, garoto. – ele parecia irritado. Será que ainda era por causa da briga com o Ishida?

Ou será que...

Não. Ele não estava... Com... Há! Não podia ser...

- Por que você quis me incluir no seu grupo? – ele perguntou de repente.

Eu esqueci meus pensamentos num estalo.

- Ahn... Porque eu sou o único que pode lidar com você? – respondi erguendo as sobrancelhas. Era óbvio!

- Você ainda está me subestimando? – ele olhou para mim. Não parecia o olhar de sempre.

- Não estou! Eu só... – abaixei a cabeça tímido. – Eu só queria te proteger de pessoas como o Ishida.

Droga! O que eu estava falando?! Protegê-lo... Parecia até piada!

- Hunf. Eu sei me virar. – ele empinou o nariz.

Típico. Criança teimosa.

- Ah, sabe. – eu ironizei. – Quando alguém te insulta, o que você faz é voar em cima da pessoa e partir para a violência. Muito sensato!

Ele me olhou com tanta raiva, que eu me encolhi. Me arrependi de ter aberto a boca.

- Não foi você que disse que eu podia ser mais que isso?! Por que agora está me tratando como um animal? – ele explodiu.

- Eu acredito em você! Mas eu quero estar ao seu lado para evitar que coisas assim aconteçam! Você perde a calma fácil demais! Só queria te ajudar a controlar isso! – respondi mais na defensiva do que no ataque.

- E manda seu amigo fortão me segurar! – ele riu com desgosto.

- Me desculpa, ta?! – gritei. E estava sentindo uma coisa quente e horrível no peito. – Me desculpa se eu só estava importado com você! Me desculpa se eu pisei no seu orgulho precioso! Eu não fiz por mal!

Eu estava enganado. Ele não tinha se sentindo vitorioso. Ele estava achando que eu estava esmagando sua dignidade.

Que pessoa difícil! Mais do que eu supusera!

- Você está chorando? – de repente ele mudou a voz e me encarou com o rosto inclinado.

- Não! – gritei com a voz tremendo um pouquinho. Bem pouquinho. – Não sei de onde você tirou isso!

- Está sim! – ele teimou e me olhou mais de perto. – Está choramingando aí!

Ele agarrou meu rosto com uma das mãos, mas eu desviei bravamente os olhos. Eu não estava chorando! Não estava! Que absurdo!

- Ichigo... – ele disse mais baixo. – Eu tive um dia meio estressante hoje. Eu não costumo tentar provar coisas para as pessoas... Você sabe. – soltou meu rosto.

Não resisti. Olhei para o rosto dele. Agora era ele quem parecia deprimido.

- Me desculpe... – minha voz também se suavizou. – Eu acabei forçando você a fazer isso, não foi?

A indignação voltou aos olhos dele.

- Eu não quero que você prove nada para mim nem para ninguém. Eu só... Talvez achei que pudesse te ajudar. Com o vazio da sua vida... – segurei a gravata dele. – Se quiser, pode afrouxá-la de novo.

Ele riu. Agora parecia o mesmo de sempre.

- Eu disse que usaria a gravata desse jeito se você dissesse que gostava. – o sorriso cresceu. – Eu posso ser um fora da lei, mas ainda sou um homem de palavra.

Eu sorri para ele. Sem nem mesmo perceber.

- Nós vamos mostrar ao Ishida como podemos acabar com ele nesse trabalho! – eu disse mais empolgado.

- Ah, vamos! – ele concordou com os olhos brilhando. – Eu vou adorar ver a cara dele em pedaços!

Lancei-lhe um olhar desconfiado.

- Você sabe. De choque. De surpresa. – ele justificou-se.

- Eu sabia! – ri e voltei a andar.

E ele também.


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Notas finais do capítulo

Continua...